segunda-feira, 5 de março de 2018

LEITURA ORANTE DO DIA - 04/03/2018



LEITURA ORANTE

Jo 2,13-25 - Jesus é o novo templo


Thomas Merton dizia:
“Quando rezo, não estou mais falando com Deus nem comigo,amado por Deus.
Quando rezo, a Igreja rezem mim.
Minha oração é a oração da Igreja.”
Sinto-me assim neste momento:
milhares de pessoas, unidas na mesma fé, oram comigo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser.
Eu vos adoro, amo e agradeço.

1. Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz?
Leio com atenção, na Bíblia, o texto de hoje: Jo 2,13-25.
Alguns dias antes da Páscoa dos judeus, Jesus foi até a cidade de Jerusalém. No pátio do Templo encontrou pessoas vendendo bois, ovelhas e pombas; e viu também os que, sentados às suas mesas, trocavam dinheiro para o povo. Então ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas:
Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado! Então os discípulos dele lembraram das palavras das Escrituras Sagradas que dizem: "O meu amor pela tua casa, ó Deus, queima dentro de mim como fogo." 
Aí os líderes judeus perguntaram: Que milagre você pode fazer para nos provar que tem autoridade para fazer isso?
Jesus respondeu: Derrubem este Templo, e eu o construirei de novo em três dias! Eles disseram:
A construção deste Templo levou quarenta e seis anos, e você diz que vai construí-lo de novo em três dias?
Porém o templo do qual Jesus estava falando era o seu próprio corpo. Quando Jesus foi ressuscitado, os seus discípulos lembraram que ele tinha dito isso e então creram nas Escrituras Sagradas e nas palavras dele.
Refletindo
Jesus sabe o que as pessoas pensam. Quando Jesus estava em Jerusalém, durante a Festa da Páscoa, muitos creram nele porque viram os milagres que ele fazia. Mas Jesus não confiava neles, pois os conhecia muito bem. E ninguém precisava falar com ele sobre qualquer pessoa, pois ele sabia o que cada pessoa pensava.
Este Evangelho tem como tema o templo. Jesus purifica o antigo templo, expulsando do mesmo, com o chicote de cordas, vendedores e mercadorias. Assim, apresenta a si mesmo como o novo templo de Deus que os homens destruirão, mas que Deus fará ressurgir em três dias.

2. Meditação (Caminho)
- O que a Palavra diz para mim?
Neste texto, Jesus ensina que o templo de Deus é, em primeiro lugar, o coração da pessoa que acolheu sua palavra. Falando de si e do Pai, diz: «viremos a ele, e faremos morada nele» (João 14, 23). E Paulo escreve aos cristãos: «Não sabeis que sois templo de Deus?» (1 Cor 3, 16).
O cristão é templo novo de Deus. Mas o lugar da presença de Deus e de Cristo também se encontra «onde estão dois ou três reunidos em meu nome» (Mt 18, 20).
Por que, então, os cristãos dão tanta importância à Igreja, se cada um de nós pode adorar o Pai em espírito e verdade em seu próprio coração ou em sua própria casa?
Por que é um mandamento da Igreja ir à Missa  todos os domingos?
A questão é que Jesus não nos salva separadamente; veio para formar um povo, uma comunidade de pessoas, em comunhão com Ele e entre si.
Grandes religiosos como Agostinho, Pascal, Kierkegaard, Manzoni, eram homens de  interioridade profunda e sumamente pessoal e, ao mesmo tempo, estavam integrados em uma comunidade, iam à sua igreja. Os bispos em Aparecida, disseram:
"Jesus está presente em meio a uma comunidade viva na fé e no amor fraterno. Ali Ele cumpre sua promessa: “Onde estão dois ou três reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles” (Mt 18,20). Ele está em todos os discípulos que procuram fazer sua a existência de Jesus, e viver sua própria vida escondida na vida de Cristo (cf. Cl 3,3). Eles experimentam a força de sua ressurreição até se identificar profundamente com Ele: “Já não vivo eu, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Jesus está nos Pastores, que representam o próprio Cristo (cf. Mt 10,40; Lc 10,16)." (DAp 256).
Pergunto-me:
Tenho consciência de que sou templo vivo de Deus?
Participo da minha comunidade paroquial?

3. Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Rezo com o Salmista:
Até o pássaro encontra um abrigo e
a andorinha um ninho para pôr os seus filhotes:
nos vossos altares, Senhor do universo, meu rei e meu Deus!
Felizes os que habitam em vossa casa:
sem cessar podem louvar-vos (Sl 83,4s).
E com toda a Igreja rezo:
Oração da CF 2018
Deus e Pai,
nós vos louvamos pelo vosso infinito amor
e vos agradecemos por ter enviado Jesus,
o Filho amado, nosso irmão.
Ele veio trazer paz e fraternidade à terra
e, cheio de ternura e compaixão,
sempre viveu relações repletas
de perdão e misericórdia.
Derrama sobre nós o Espírito Santo,
para que, com o coração convertido,
acolhamos o projeto de Jesus
e sejamos construtores de uma sociedade
justa e sem violência,
para que, no mundo inteiro, cresça
o vosso Reino de liberdade, verdade e de paz.
Amém!

4. Contemplação (Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Segundo a proposta do Mestre, vou cultivar minha espiritualidade pessoal, mas vou participar mais concretamente da vida da Igreja.

Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Ir. Patrícia Silva, fsp
patricia.silva@paulinas.com.br

Leitura Orante
3º Domingo da quaresma, 04 de março de 2018


RELIGIÃO SEM TEMPLOS?

“Tendo feito um chicote de cordas, expulsou todos do Templo…” (Jo 2,15)

Texto Bíblico: João 2,13-25

1 – O que diz o texto?

A Quaresma nos oferece os grandes sinais da vida e da mensagem de Jesus: das tentações (1º dom.) e transfiguração (2º dom.) à expulsão dos comerciantes do Templo (3º dom.).
Este terceiro sinal, vinculado com a construção do novo Templo (formado pela vida dos cristãos, unida à vida de Cristo), está no centro da mensagem de Jesus. E revela-se uma ocasião privilegiada para denunciar a tendência da religião cristã em distanciar-se da mensagem de Jesus e deixar-se contaminar pelo poder, pela riqueza, pela vaidade... Todos devemos nos empenhar em destruir muitas coisas do “velho templo” que fomos construindo ao longo da história.
João, à diferença dos outros evangelistas, situa o relato da expulsão dos comerciantes do Templo no começo do ministério de Jesus. O espaço do Templo tinha se convertido em mercado, e se encontrava dominado pelos comerciantes da religião, vendedores e sacerdotes. Com sua atitude, Jesus combate uma religião que está a serviço do “deus-dinheiro”, deixando de ser mediação de vida, de comunhão e partilha dos bens. Evidentemente, este não é o templo de Jesus, que veio chamar e convocar aqueles que não podem comprar “bois-ovelhas-pombas”.
Jesus expulsou os mercadores-vendedores do templo porque estes expulsaram Deus de suas vidas e da realidade cotidiana; queriam ter Deus sob seu controle para se enriquecer com o sagrado.
Por que este gesto violento de Jesus para com aqueles que dominavam o templo e manipulavam Deus em favor de seus interesses? Porque, para eles, o primeiro e o intocável era “o ritual” e “o sagrado” (com todas as suas consequências). Enquanto que, para Jesus, o primeiro e o intocável, era “o humano” (a vida humana, o respeito ao humano, a dignidade de todos os seres humanos por igual). Jesus se situou do lado da vida e da felicidade dos seres humanos. De fato, as preocupações de Jesus não foram nunca nem as observâncias rituais do templo, nem a inviolabilidade do sagrado, nem a dignidade dos sacerdotes, nem os poderes da religião... As preocupações de Jesus foram: a saúde das pessoas (relatos de curas), a mesa da partilha e da inclusão (relatos de refeições), a reconstrução das relações entre os humanos (o sermão da Montanha).

2 – O que o texto diz para mim?

Jesus foi um profeta leigo; não foi sacerdote, nem funcionário da religião, nem mestre da lei, nem nada parecido. Mais ainda, Jesus viveu e falou de tal maneira que logo entrou em conflito com os dirigentes da religião de seu tempo, os sacerdotes e os funcionários do Templo, que eram os representantes oficiais do “religioso” e do “sagrado”.
Se há algo que é claro e é repetido tantas vezes nos Evangelhos é que os “homens da religião” não suportaram o Evangelho de Jesus, centrado na vida e não no Templo. E não o suportaram porque eles viram, em Jesus, um perigo e uma ameaça aos seus privilégios. Enquanto o projeto deles era defender e manter o Templo com seus ritos e normas, com suas dignidades e privilégios, com seus poderes sobre o povo, o projeto de Jesus centrava-se na cura dos enfermos, na proximidade junto aos mais pobres, aos pequenos, aos pecadores e a todo tipo de pessoas desprezadas e rejeitadas pelos dirigentes religiosos. Tudo isto é o que Jesus privilegiou, inclusive transgredindo as normas da religião, enfrentando os escribas, fariseus, os sacerdotes e atuando com violência contra aqueles que utilizavam o templo como negócio, até convertê-lo em “casa de comércio”.
O Compassivo não quer sangue, nem incenso, nem ritos...; quer compaixão, ternura, quer justiça, quer que todos vivam e vivam intensamente.

3 – O que a Palavra me leva a experimentar?

Sei que em toda religião o determinante está no sagrado. No projeto de Jesus, o centro de tudo está no humano, na dignidade e na felicidade das pessoas, na vida.
Jesus não suprimiu o sagrado, mas o deslocou do religioso ao humano. Este é o verdadeiramente sagrado para Jesus. Seu projeto não é projeto “religioso”, mas a vida humana; o central na sua vida não foi o religioso, mas o humano e a humanidade.
Por isso, Jesus prescindiu do Templo para relacionar-se com Deus. Ele se encontrava com o Pai não no espaço sagrado do Templo, nem no tempo sagrado do culto religioso, mas no espaço cotidiano do encontro com as pessoas. Seu Templo era a convivência com as pessoas, sobretudo as mais excluídas.
Jesus foi um piedoso israelita que teve uma forte experiência de Deus, a quem chamava Pai e que fomentava a oração não no templo, mas no monte, nos lugares solitários e silenciosos. Sua “religiosidade” não estava vinculada ao templo nem aos rituais sagrados.
Frente ao projeto que chamava “Reinado de Deus”, Jesus foi questionando uma religião que desumanizava as pessoas. Ele mesmo foi relativizando os pilares da religião: o sábado, a “pureza” legal, o pecado, o Templo, o culto, os sacrifícios, as doutrinas... Pouco a pouco, foi colocando tudo em questão, infringindo suas normas e atacando a hipocrisia de um culto a Deus que desprezava as pessoas.
Para aqueles que veem em Jesus o novo Templo onde habita Deus, tudo é diferente.
Quem deseja viver a fundo e encontrar-se com Deus (“os verdadeiros adoradores do Pai), não é preciso ir a um templo ou outro, frequentar uma religião ou outra. É necessário aproximar-se de Jesus, entrar em seu projeto, seguir seus passos, viver sob o impulso do seu Espírito.
Neste Novo Templo, que é Jesus, para adorar a Deus não bastam o incenso, as aclamações nem as liturgias solenes. Os verdadeiros adoradores são aqueles que vivem diante de Deus “em espírito e em verdade”. A verdadeira adoração consiste em viver com o “Espírito” de Jesus e na “Verdade” do Evangelho. Sem isto, o culto é “adoração vazia”.

4 – O que a Palavra me leva a falar com Deus?

Senhor, eu sempre digo que a religião é um meio (mediação) para eu me relacionar com Deus. Mas nem sempre caio na conta que a religião com seus rituais (templos, ritos, o sagrado, os sacerdotes, a normativa religiosa...) ocupam tanto espaço e alcançam tanta importância na experiência dos indivíduos e da sociedade que Deus acaba ficando deslocado da vida e desfigurado em sua imagem de Pai/Mãe de misericórdia. O que acontece, com muita frequência, é que a religião, seus ritos, suas hierarquias e suas normas, em lugar de fazer-me aproximar de Deus e fazer-me pessoa melhor, na realidade fazem é complicar minha relação com Deus e, sobretudo, dificultam minhas relações sociais, religiosas ou simplesmente humanas.
No Reino de Deus não se requer “templos”, mas corpos vivos. Estes são os santuários de Deus, onde brilha Sua presença e Seu amor, onde as pessoas vivem dignamente.
Jesus não veio para continuar a linha religiosa tradicional. Veio para propor uma humanidade restaurada a partir do princípio da centralidade da vida das pessoas que vivem com dignidade. Sobre esta base é possível sonhar e construir outra maneira de viver e outra maneira de ser.

5 – O que a Palavra me leva a viver?

Neste Novo Templo, que é a vida dos seguidores e seguidoras de Jesus, não se faz discriminação alguma, nem se fomenta a desigualdade, a submissão e o medo. Não há espaços diferentes para homens e mulheres. Em Cristo já “não há varão e mulher”. Não há raças eleitas nem povos excluídos. Os únicos preferidos são os necessitados de amor e de vida.
Necessito, sim, de igrejas e templos para celebrar e fazer memória de Jesus como Senhor, mas Ele é meu verdadeiro Templo. Os templos físicos não podem ser fronteiras que dividem o sagrado do profano, mas espaços onde vivo a sacralidade de toda a vida.
As portas do “novo Templo”, que é Jesus, estão abertas para todos; ninguém está excluído.
Podem entrar nele os pecadores, os impuros, os excluídos, os marginalizados da religião...
O Deus que habita em Jesus é de todos e para todos.
Sou também o “novo templo”, morada do Espírito, presença que alarga meu interior para que todos possam ali ter acesso.
Estar atenta e descobrir quem são os “frequentadores” do meu “templo interior”.

Fonte:
Bíblia Novo Testamento – Paulinas: João 2,13-25
Pe. Adroaldo Palaoro, sj – reflexão do Evangelho.
Desenho: Osmar Koxne

Sugestão:
Música: Dois riscos – fx 05 (03:01)
Autor e intérprete: Pe. Zezinho, scj
CD: Canções para o sol maior
Gravadora: Paulinas Comep

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