sábado, 5 de abril de 2025

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 05/04/2025

ANO C


Jo 7,40-53

Comentário do Evangelho

Ele é o Cristo!


Quem é afinal esse Jesus que fala no meio do povo, que diz ser o enviado do Pai, que se faz igual a Deus, realiza sinais extraordinários e provoca muitas discussões sobre sua pessoa? É ele “o” profeta? Qual profeta? Às portas da Terra Prometida, Moisés tinha dito ao povo que Deus iria fazer surgir no futuro um profeta semelhante a ele, que falaria a palavra que Deus iria colocar em sua boca. A este profeta era preciso ouvir. Seria ele Jesus de Nazaré? A discussão se encaminha para a origem de Cristo e do Profeta. Não será da Galileia, porque da Galileia não surge profeta, disseram os fariseus. Eles queriam dizer “não surge ‘o’ profeta”. Havia profetas na Galileia. O profeta, o Messias prometido, viria de Belém da Judeia.
Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2019’, Paulinas

Reflexão

As divergências sobre a messianidade de Jesus continuam. João desenvolve o tema com vários pormenores e certa ironia, zombando da ignorância dos chefes dos judeus sobre a origem de Jesus. Sua mensagem conduz a uma tomada de posição. Muitos creem e seguem Jesus, mas a dureza de coração e a cegueira da hipocrisia impedem os sacerdotes e fariseus de o reconhecerem como o Messias. O Evangelho de hoje nos alerta ainda para a importância de não julgar ninguém sem antes o ouvir e saber o que ele fez. Em certos acontecimentos, hoje como ontem, a sociedade julga pelas aparências e a partir de seus preconceitos. Muitas vezes, são os próprios cristãos que acabam caindo nesse pecado.
(Dia a Dia com o Evangelho 2025 - PAULUS)

Reflexão

«Ninguém jamais falou como este homem»

Abbé Fernand ARÉVALO
(Bruxelles, Blgica)

Hoje o Evangelho nos apresenta as diferentes reações que produziam as palavras de nosso Senhor. Este texto de João não nos oferece nenhuma palavra do Mestre, mas sim as consequências do que ele dizia. Uns pensavam que era um profeta; outros diziam «Ele é o Cristo» (Jo 7,41).
Verdadeiramente, Jesus Cristo é esse “sinal de contradição” que Simeão havia anunciado a Maria (cf. Lc 2,34). Jesus não deixava indiferentes aos que lhe escutavam, até o ponto em que nesta ocasião e em muitas outras «surgiu uma divisão entre o povo por causa dele» (Jo 7,46). A resposta dos guardas, que pretendiam prender o Senhor, centraliza a questão e nos mostra a força das palavras de Cristo: «Ninguém jamais falou como este homem» (Jo 7,46). É como dizer: suas palavras são diferentes; não são palavras ocas, cheias de soberba e falsidade. Ele é a “Verdade” e seu modo de falar reflete este fato.
E se isto acontecia com relação aos seus ouvintes, com maior razão suas obras provocavam muitas vezes o assombro, a admiração; e, também, a crítica, a murmuração, o ódio… Jesus falava a “linguagem da caridade”: suas obras e palavras manifestavam o profundo amor que sentia por todos os homens, especialmente pelos mais necessitados.
Hoje como então, os cristãos somos —temos de ser— “sinal de contradição”, porque não falamos e atuamos como os demais. Nós, imitando e seguindo a Jesus Cristo, temos de empregar igualmente “a linguagem da caridade e do carinho”, linguagem necessária que, definitivamente, todos são capazes de compreender. Como escreveu o Santo Padre Bento XVI na sua encíclica Deus caritas est, «o amor —caritas— sempre será necessário, mesmo na sociedade mais justa (…). Quem quer desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem».

Pensamentos para o Evangelho de hoje

- «O Verbo de Deus se fez homem e o Filho de Deus se fez Filho do homem para que o homem, intimamente unido à Palavra de Deus, pudesse se tornar filho de Deus por adoção» (Santo Irineu de Lyon)

- «Na raiz do mistério da salvação está, de fato, a vontade de um Deus misericordioso, que não quer se entregar à incompreensão, à culpa e à miséria do homem» (Francisco)

- «Entre as autoridades religiosas de Jerusalém, não somente se encontravam o fariseu Nicodemos e o notável José de Arimateia, discípulos ocultos de Jesus, mas também, durante muito tempo, houve dissensões a respeito d'Ele ao ponto de, na própria véspera da paixão, João poder dizer deles que ‘um bom número acreditou n' Ele’, embora de modo assaz imperfeito (Jo 12, 42); o que não é nada de admirar, tendo-se presente que, no dia seguinte ao de Pentecostes, ‘um grande número de sacerdotes se submetia à fé’ (Act 6, 7) e ‘alguns homens do partido dos fariseus tinham abraçado a fé’ (…)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 595)

Reflexão

«Ninguém jamais falou como este homem»

Rev. D. Antoni CAROL i Hostench
(Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)

Hoje notamos como se “complica” o ambiente ao redor do Senhor, poucos dias antes da Paixão ocorrida em Jerusalém. Por causa Dele se gera todo tipo de discussão e controvérsia. Não podia ser de outro modo: «Pensais que eu vim trazer a paz à terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer a divisão» (Lc 12,51).
E não é que o Redentor deseje a controvérsia e a divisão, e sim que ante Deus não valem as “meias tintas”: «Quem não está comigo é contra mim; e quem não recolhe comigo, espalha»(Lc 11,23). É inevitável! Diante Dele não há nenhuma postura neutra: ou existe, ou não existe; é meu Senhor, ou não é meu Senhor. Ninguém pode servir a dois senhores (cf. Mt 6,24).
João Paulo II considerava que ante Deus temos que optar. A fé simples que nosso bom Deus nos pede implica uma opção. Devemos optar porque Ele não que nos impor; veio à Terra de maneira discreta; morreu humilhado, sem chamar a atenção de sua condição divina (Flp 2,6). É o que expressa maravilhosamente são Tomás de Aquino no Adoro Te devote: «Na cruz se escondia só a divindade, aqui [na Eucaristia] se esconde também a humanidade».
Devemos optar! Deus não se impõe; se oferece. E fica para nós a decisão de optar a favor Dele ou de não fazê-lo. É uma questão pessoal que cada um —com a ajuda do Espírito Santo— há de se resolver. De nada servem os milagres, se as disposições do homem não são de humildade e de simplicidade. Diante dos mesmos fatos, vemos aos judeus divididos. E é que em questões de amor não se pode dar uma resposta morna, pela metade: a vocação cristã comporta uma resposta radical, tão radical como foi o testemunho de entrega e obediência de Cristo na Cruz.

Reflexão

Quem são os acusadores de Jesus? (a questão dos “judeus” em João)

REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI)
(Città del Vaticano, Vaticano)

Hoje no Evangelho percebemos certa “polémica” entre os “judeus” ao redor de Jesus. No quarto Evangelho este não é um fato pontual, senão que aparece como uma constante na subida de Jesus a Jerusalém. Mas, no fim, quem foram realmente os acusadores de Jesus Cristo? Segundo João, são simplesmente “os judeus”. Mas esta expressão não indica em modo algum o povo de Israel como tal e, menos ainda tem um tom “racista”.
João mesmo pertencia ao povo israelita, como Jesus e os seus. A comunidade cristã primitiva estava formada inteiramente por judeus. Esta expressão tem em João um significado preciso e rigorosamente delimitado: Refere-se somente à aristocracia do templo (inclusive nela, pode haver exceções, como Nicodemos). Em Marcos, aparecem “os judeus”, quer dizer, os círculos sacerdotais distinguidos e, também o “ochlos” (a "massa”), que estava formada pelo grupo de partidários de Barrabás, mas não o povo judeu propriamente dito...
—Jesus, aqui estou eu para te defender, porque me chamas pelo meu nome.

Comentário do Evangelho

Sobre Jesus: «Ninguém jamais falou como este homem»


Hoje, a Escritura volta a dar-nos uma “foto” refletindo o ambiente pouco antes da Semana Santa. Passaram mais de 20 séculos e muitos continuam na mesma. Curioso!
- Menos mal que há gente com sentido comum: «Jamais um homem falou como esse homem fala», diziam alguns.

Meditação

A Palavra: dos ouvidos ao coração!

Os sumos sacerdotes e fariseus têm sempre motivo para recusar Jesus. Era tido como galileu, e o rejeitam porque esperavam fosse da Judeia. Os guardas, enviados para prender Jesus, têm o real critério de o avaliar: “Ninguém jamais falou como este homem!” Também Nicodemos: Temos de “o ouvir e saber o que Ele fez”. As obras, e só elas, é que revelam a identidade de alguém, assim também de Jesus. Dizem os opositores de Jeremias: “Vamos cortar a árvore em toda a sua força, eliminá-lo do mundo dos vivos”. A árvore, seus frutos, isso é o que vale. Os fariseus e sumos sacerdotes querem eliminar a “Árvore”, que é Jesus, e devido a seus frutos.
Oração
SENHOR, na vossa misericórdia dirigi os nossos corações, pois, sem o vosso auxílio, não vos podemos agradar. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

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