A cura do servo do centurião romano na primeira semana do Advento nos faz ver a mesa posta no futuro, quando o Senhor vier em sua glória. Foi posta a mesa do Reino dos Céus e muitos, vindos do Oriente e do Ocidente, a ela se assentarão com Abraão, Isaac e Jacó. Deus disse a Abraão que nele seriam abençoadas todas as nações da terra. Promessa que, segundo a Carta aos Gálatas, não pode ser anulada pelo que veio depois, restringindo-a aos observantes da Lei. A promessa deixou aberta a porta do banquete celeste para os que virão do Oriente e do Ocidente. Nesta mesa se sentará o centurião romano, que era um homem de fé. Era também humilde. Raciocina como um militar, que dá ordens e é obedecido, mostrando crer no poder de Jesus. E revela sua humildade quando diz não ser digno de que Jesus entre em sua casa. Jesus, porém, ultrapassa o obstáculo da Lei e se dispõe a ir até a casa do centurião. Com ele aprendemos a dizer à mesa da Eucaristia: “Senhor, eu não sou digno”.
Cônego Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2024’, Paulinas.
Fontes: https://catequisar.com.br/liturgia/deixemo-nos-guiar-pela-luz-do-senhor/ e https://www.comeceodiafeliz.com.br/evangelho/o-criado-do-centuriao-02122024
Reflexão
Encarregado de manter a ordem social no país, o centurião está a serviço dos ocupantes romanos. No entanto, totalmente desarmado de qualquer preconceito, apresenta sentida súplica ao Senhor Jesus. Reconhece nele um poder superior. Jesus, por sua vez, não lhe pergunta nada. Não lhe fala de religião nem de preceitos morais. Dá ao centurião a certeza de que vai curar seu servo: “Eu irei, e o curarei”. Essa atitude nos faz lembrar a insistência do papa Francisco para sermos uma Igreja em saída. Jesus não vai à casa do centurião, porque este, com fé admirável, poupa esse esforço ao Mestre: “Basta, porém, que digas uma palavra, e meu criado ficará curado”. Jesus, então, engrandece a fé do centurião, que contrasta com a fé pequena de Israel.
(Dia a dia com o Evangelho 2024)
Reflexão
«Em verdade, vos digo: em ninguém em Israel encontrei tanta fé»
Rev. D. Joaquim MESEGUER García
(Rubí, Barcelona, Espanha)
Hoje, Cafarnaum é a nossa cidade e a nossa aldeia, onde há pessoas doentes, umas conhecidas, outras anônimas, frequentemente esquecidas por causa do ritmo frenético que caracteriza a vida atual: carregados de trabalho, vamos correndo sem parar e sem pensar naqueles que, por causa da sua doença ou de outra circunstância, ficam à margem e não podem seguir esse ritmo. Porém, Jesus nos dirá um dia: «todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!» (Mt 25,40). O grande pensador Blaise Pascal recolhe esta ideia quando afirma que «Jesus Cristo, nos seus fieis, encontra-se na agonia de Getsemani até ao final dos tempos».
O centurião de Cafarnaum não se esquece do seu criado prostrado no leito, porque o ama. Apesar de ser mais poderoso e de ter mais autoridade que o seu servo, o centurião agradece todos os seus anos de serviço e tem por ele grande admiração. Por isso, movido pelo amor, dirige-se a Jesus e na presença do Salvador faz uma extraordinária confissão de fé, recolhida pela liturgia Eucarística: «Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Diz uma só palavra e o meu criado ficará curado» (Mt 8,8). Esta confissão fundamenta-se na esperança; brota da confiança posta em Jesus Cristo, e ao mesmo tempo, também do seu sentimento de indignidade pessoal que o ajuda a reconhecer a sua própria pobreza.
Só nos podemos [a] aproximar de Jesus Cristo com uma atitude humilde, como a do centurião. Assim poderemos viver a esperança do Advento: esperança de salvação e de vida, de reconciliação e de paz. Apenas pode esperar aquele que reconhece a sua pobreza e é capaz de perceber que o sentido da sua vida não está nele próprio mas em Deus, pondo-se nas mãos do Senhor. Aproximemo-nos com confiança de Cristo e, ao mesmo tempo, façamos nossa a oração do centurião.
Pensamentos para o Evangelho de hoje
- «Que pensamos que Jesus alabou na fé do centurião? A humildade. A humildade do centurião foi a porta por onde o Senhor entrou» (Santo Agostinho)
- «O Senhor maravilhou-se deste centurião. Maravilhou-se da fé que ele tinha. Por isso não somente encontrou ao Senhor, se não que sentiu a alegria de ter sido encontrado pelo Senhor. É muito importante!» (Francisco)
- Perante a grandeza deste sacramento [a eucaristia], o fiel só pode retomar humildemente e com ardente fé a palavra do centurião: «Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma [só] palavra e serei salvo» (Catecismo da Igreja Católica, n° 1386)
Reflexão
Advento (“adventus”): movimento de Deus para a humanidade
REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI)
(Città del Vaticano, Vaticano)
Hoje a comunidade eclesiástica, enquanto se prepara para celebrar o grande mistério da Encarnação, está convidada a redescobrir e aprofundar sua relação pessoal com Deus. A palavra latina "adventus" se refere à vinda de Cristo e põe em primeiro plano o movimento de Deus para a humanidade, ao que cada um está chamado a responder com a abertura e adesão que apreciamos no centurião.
Ao igual que Deus é soberanamente livre ao revelar-se e entregar-se, porque só o move o amor, também a pessoa humana está livre ao dar seu consentimento, mesmo que tenha obrigação de dar: Deus espera uma resposta de amor. Durante estes dias a liturgia nos apresenta como modelo perfeito desta resposta à Virgem Maria.
—Santa Maria, tu melhor que ninguém podes guiar-nos a conhecer, amar e adorar ao Filho de Deus feito homem. Acompanha-me para que possa me preparar com sinceridade de coração e abertura de espírito a reconhecer em teu Menino de Belém ao Filho de Deus que veio para nos salvar.
Comentário sobre o Evangelho
Jesus cura o servo do centurião, graças à sua fé
Hoje um chefe do exército de Roma nos dá exemplo de humildade e de fé. Mesmo que ele era uma pessoa importante, não se sente digno para que Jesus entre em sua casa. Jesus Cristo é o melhor médico: é Deus! Por isto o centurião complementou: «Basta que o diga de palavra e meu criado se curará». Assim foi!
—Natal: Deus nasce como uma criança. Se eu sou “pequeno” e rogo-lhe confiadamente, Ele me auxiliará. Para isso veio à Terra!
A Palavra: dos ouvidos ao coração!
Neste especial tempo de Deus, Ele mostra que podemos acolher e até tornar atraentes seus sonhos. Nações se convidarão a irem até Ele para que lhes mostre seus caminhos: “Deixemo-nos guiar pela luz do Senhor”. Assim, farão arados de suas espadas, “não pegarão em armas uns contra os outros”.
Estrangeiros acolhem a salvação, como o oficial romano, para quem bastava a Palavra de Jesus para curar seu empregado. Dispensava a presença dele, pois não era digno de o receber em sua casa. Se encontra fé, acolhida, Jesus doa a salvação que trouxe para todos. O oficial mostra mais fé que Israel. Assim, estrangeiros “se sentarão à mesa no Reino dos Céus”, com os patriarcas; serão o verdadeiro Povo.
Oração
SENHOR NOSSO DEUS, dai-nos esperar solícitos a vinda do Cristo, vosso Filho. Que ele, ao chegar e bater à porta, nos encontre vigilantes na oração e exultantes em seu louvor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
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