ANO C

João 8,31-42
Comentário do Evangelho
Depois do episódio da mulher adúltera, retornamos
ao discurso de Jesus. O gênero do discurso é um dos traços característicos do
evangelho segundo João.
Os destinatários desta parte do discurso são os
judeus que haviam crido em Jesus (v. 31), mas que têm dificuldade de se abrir e
compreender em profundidade seu ensinamento, e colocá-lo em prática.
É em Jesus que se revela a verdade de Deus que
liberta. Esta verdade não é, em primeiro lugar, movimento do intelecto, mas
algo recebido na fé e na escuta atenta da Palavra encarnada de Deus. É essa
verdade, recebida como dom pela revelação, que permite ao ser humano não cair
na escravidão. O pecado escraviza e nega a liberdade, pois é fechamento à
comunhão com Deus.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, ajuda-me a acolher, sem preconceitos, a revelação de Jesus, pois sua identidade messiânica de Filho de Deus transparece nas palavras e nos sinais que ele realizou.
Fonte: Paulinas em 20/03/2013
Vivendo a Palavra
O pior escravo é aquele que não tem consciência
da própria escravidão e se considera livre. Jesus adverte aos seus conterrâneos
para a condição de dependência a que o pecado conduz, apontando o único caminho
de libertação: ouvir, guardar e viver a Palavra Criadora que Ele encarna.
Fonte: Arquidiocese BH em 20/03/2013
VIVENDO A PALAVRA
O Mestre afirma que a libertação vem através do
conhecimento da Verdade. As autoridades dos judeus não se sentiam escravas, por
serem filhas de Abraão e, portanto, não existia a necessidade de serem
libertadas. Elas não atinavam com a escravidão gerada pelo pecado. E nós: temos
consciência que o pecado nos torna escravos e, por isto, devemos procurar o
Caminho – sabendo que ele passa pela Verdade – que é Jesus Cristo?
Reflexão
Em que consiste a liberdade? A resposta a esta
pergunta sempre nos parece clara, mas só à primeira vista. O
Evangelho de hoje nos mostra que os judeus pensaram que eram livres e,
no entanto, não eram, porque existem muitas formas sutis de escravidão,
sendo que as piores são as nossas tendências ao mal, as nossas
imaturidades e as nossas fraquezas, e são piores porque brotam no nosso
interior, nos enganando, porque pensamos que estamos fazendo a nossa
vontade quando na verdade estamos cedendo aos nossos desejos, que não nos
deixam ser livres. Somente permanecendo unidos a Cristo é que podemos vencer
a nossa natureza e sermos verdadeiramente livres.
Fonte: CNBB em 20/03/2013
Reflexão
A liberdade de que fala Jesus não consiste em
livrar-se de toda obrigação, de toda responsabilidade, não é poder fazer o que
bem entendemos e não ter que prestar contas a ninguém. A liberdade é fruto da
missão. Trata-se de libertar-nos do pecado, para levarmos vida nova, deixando
Deus reinar em nossa vida. Jesus diz que seus adversários são escravos do
pecado, por buscarem matar o libertador. Os adversários afirmam que são filhos
de Abraão. Jesus contesta: Se fossem filhos de Abraão fariam as obras de Abraão
e não perseguiriam a ele, Jesus, que é o fiel descendente de Abraão. Por fim,
os adversários argumentam que o pai deles é Deus. Jesus mostra que são
contraditórios: como podem ser filhos de Deus, se rejeitam aquele que o Pai
enviou ao mundo?
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditando o evangelho
ESCRAVIDÃO E LIBERDADE
Escravidão e liberdade resultam da postura que as pessoas assumem,
diante de Jesus e de seu projeto. A liberdade brota da obediência ao Mestre,
explicitada em forma de comunhão e solidariedade, de maneira especial, com os
mais fracos e pequeninos. Este gesto de amor é possível quando o discípulo se
liberta da tirania do egoísmo, e se projeta para além de si mesmo. A escravidão
acontece quando, tiranizadas pelo egoísmo, as pessoas não são capazes de
superar seus pequenos interesses, abrindo-se para Deus e para o próximo.
Existem religiosidades falsamente libertadoras, que levam as pessoas a
se apegarem a elementos secundários, tornando-se incapazes de acolher o projeto
de Deus.
Jesus entrou em atrito com gente deste tipo. O orgulho de pertencerem à
descendência de Abraão levava certas pessoas a se oporem, abertamente, a Jesus,
o enviado do Pai, e à sua proposta de conversão. Pensando ser filhos de Deus,
acabavam por se fazer filhos de outro pai. Não pode haver contradição no agir
de quem provém de Deus. Se rejeitam o Filho, é porque não estão enraizados no
Pai.
A missão de Jesus consistiu em libertar a humanidade, fazendo-a conhecer
a verdade. Não podemos nos contentar com uma libertação apenas aparente e
enganadora. Só Jesus pode tornar-nos, efetivamente, livres.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe.
Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE –
e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de libertação, não permitas que eu me deixe enganar pela
liberdade aparente, e sim, que eu conheça a verdade que me torna livre.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. A VERDADE QUE LIBERTA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe.
Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e
disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
No confronto com os judeus, Jesus apresentou-se
como a única verdade que pode trazer libertação. Com isto, punha em xeque a
prática religiosa judaica na qual fora educado e que era a base da fé de seus
discípulos e de seus interlocutores. Em que sentido o ensinamento de Jesus era
diferente, a ponto de proporcionar uma libertação impossível de ser alcançada
por outras vias?
A força libertadora da verdade ensinada pelo
Mestre está ligada à sua origem: ele ensinava o que havia visto junto do Pai.
Suas palavras tinham uma força única de colocar os discípulos em contato com o
desígnio do Pai e estabelecer uma profunda comunhão de amor com ele. A
libertação resultava da presença amorosa do Pai no coração do discípulo.
Presença capaz de banir toda forma de egoísmo escravizador e estabelecer
relações fraternas com o próximo. Presença suficientemente forte para arrancar
o discípulo das trevas do pecado e introduzi-lo no reino da luz. Presença
humanizadora e plenificadora.
Jesus considerava a doutrina dos judeus
demasiadamente contaminada por elementos espúrios, nem sempre compatíveis com o
querer divino. De fato, de tanto se intrometer na Lei de Deus, os judeus
acabaram por desvirtuar-lhe o sentido.
As palavras de Jesus serviam de alerta para quem
desejava tornar-se discípulo. Urgia deixar-se libertar pela verdade proclamada
por ele.
Oração
Pai, liberta-me por tua palavra de verdade que
afasta o egoísmo do coração, e capacita-me a amar meu semelhante, como amor
total, a exemplo de Jesus.
Fonte: NPD Brasil em 20/03/2013
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Grande Desafio
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim
– SP)
Jesus está falando com um grupo de
Judeus que a princípio acreditaram nele, entusiasmados pelas suas sábias
palavras e pelos prodígios que realizava. Jesus os convida a darem um passo á
frente: permanecer na Palavra que um dia acolheram... É aí que vem o grande
desafio.
Às vezes as pessoas vagam de paróquia
em paróquia, principalmente nos grandes centros urbanos, á, procura de padres
que sejam pregadores de primeira. O que essas pessoas buscam? A palavra
transformadora ou palavras bonitas e frases de efeito, buscam um evangelizador
ou um exímio orador?
Claro que hoje em dia se exige um
desempenho melhor dos nossos pregadores de celebrações, sejam eles sacerdotes,
Diáconos ou Ministros Leigos, evidentemente nos estudos teológicos deve constar
da grade curricular uma boa aula de comunicação, técnicas para aprimorar a
oratória, postura, impostação da voz, pois a concorrência é muito grande e há
pastores evangélicos que nesse particular são ótimos comunicadores.
Mas uma pregação, para ser boa,
depende de como ela é acolhida, conheço sacerdotes que não têm muita eloquência
no falar, mas são sábios no pouco que dizem pois o Espírito Santo não fica
selecionando oradores para os inspirar, não é esse o critério de Deus...
Quando não se acolhe interiormente a
Santa Palavra, mas apenas a ouve como algo bonito e comovedor, acontece o que
aconteceu com esse grupo de admiradores de Jesus: não percebem que a Palavra de
Deus manifestada em Jesus é essencialmente Libertadora!
Em resumo, Jesus fala muito bem,
prega muitas verdades, tem uma linha profética diferenciada e superior aos
demais, entretanto, a pregação serve para o meu vizinho, pois em mim não há
nada a ser mudado, está tudo muito bem... "Pertencemos a Tradição de
Israel, somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém, não
precisamos tanto assim da sua Palavra.
É o homem da pós-modernidade
"escritinho"! Aprecia o cristianismo, é capaz até de frequentar a
celebração dominical, vibra ao ouvir as leituras e a pregação ( quando o
pregador tem cultura e conhecimento teológico) entretanto, do jeito que entra
ele sai, não sendo um crente sincero, mas apenas um admirador de Jesus e da sua
Igreja.
E quando esse grupo de fervorosos
Judeus que haviam manifestado uma certa queda por Jesus, perceberam que seus
ensinamentos e o seu modo de viver, contrariava certas regrinhas e normas
importantes do Judaísmo, passaram a rejeitá-lo e agora articulam sua morte.
E no final Jesus os chama de
"Judeus de meia Pataca", porque se diziam descendentes de Abraão, mas
não seguiam o seu exemplo de Homem Santo, temente a Deus e fiel na sua Fé, quem
é realmente de Deus, jamais apoia as forças da morte e da violência...
Muitos cristãos há que, finda a
celebração, guardam o seu cristianismo em uma das gavetas junto com a Bíblia, e
vivem e pensam de um modo que contradiz tudo o que celebram aos domingos...
Aborto, pena de morte, desigualdade
social, intolerância religiosa, opressão, exploração e violência. Filhos de
Abraão ou Cristãos de meia tigela?
2. Só temos um Pai
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn.
Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no
Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Quem és tu, Jesus, que te identificas com o próprio Deus e te encaminhas
para a morte na cruz? Não foi fácil para seus contemporâneos compreenderem o
que Jesus falava. Os fariseus reafirmam sua liberdade, sua descendência de
Abraão, sua filiação divina. “Nós não nascemos da prostituição. Só temos um
pai: Deus.” Jesus, por sua vez, abre a eles a possibilidade de serem seus
discípulos, de conhecerem a verdade e se tornarem livres para sempre.
HOMILIA DIÁRIA
Postado por: homilia
março 20th, 2013
No Evangelho de hoje está o caminho da santidade
que passa pelo seguimento a Cristo. Fazer-se seus discípulos, isto é, o caminho
da santidade é, na realidade, um caminho na verdade e na liberdade. De fato,
Jesus diz: ”Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente
meus discípulos; conhecereis a verdade e a verdade libertar-vos-á”.
Propor a santidade de vida não é mais do que
propor o caminho da verdade e da liberdade.
À luz da fé, a santidade é vida na verdade total
não limitada às realidades materiais ou apenas à vida terrena. Com efeito, o
santo tem em consideração tanto os bens materiais como os espirituais; tem em
consideração tanto a realidade terrena como a sobrenatural; contempla a própria
vida não apenas na perspectiva temporal, mas também eterna. Por outras
palavras, o santo vive na verdade considerando todos os aspectos da própria
existência.
Aquele que deseja a santidade abre-se a Deus, bem
supremo e fonte da verdade. Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”
(Jo 14, 6). Depois da Sua Morte e Ressurreição, prometeu que nos enviaria o
Espírito Santo como “o Espírito de verdade” (Jo 16, 13), que nos “guiaria à
verdade total” (Jo 16, 13). Rezou ao Pai pelos seus
discípulos: ”Consagra-os na verdade. A tua palavra é verdade” (Jo 17, 17).
Diante de Pilatos disse: ”Foi por isso que nasci e para isso vim ao mundo: para
dar testemunho da verdade” (Jo 18, 37). Seguindo radicalmente Cristo,
caminhamos na verdade, na verdade total, na verdade que não desilude (cf. Rm 9,
33).
A santidade de vida e a abertura à graça
ajudam-nos na realidade a compreender, mais profundamente, as verdades de Deus.
São Paulo justamente escreve: ”O homem natural não compreende as coisas do
Espírito de Deus; para ele são loucura, e não é capaz de as compreender” (1 Cor
2, 14). Ou ainda: “Todo aquele que peca não viu Deus nem o conheceu” (1 Jo 3,
6). Não alcançamos a contemplação plena do rosto do Senhor unicamente com as
nossas forças, mas deixando-nos guiar pela graça.
Somente a experiência do silêncio e da oração
oferece o horizonte adequado no qual pode maturar e desenvolver-se o
conhecimento mais verdadeiro, aderente e coerente do mistério de Deus. Por este
motivo, com frequência nos surpreende a compreensão perspicaz da verdade de
Deus que os santos demonstram, mesmo os que não fizeram muitos estudos.
Sim, o caminho da santidade é um caminho na verdade,
na verdade total.
No Evangelho, Jesus diz também que “a verdade
libertar-vos-á”. O Mestre Divino fala aqui da liberdade verdadeira, espiritual.
Na realidade, o caminho na verdade, isto é, o olhar sobre todos os aspectos da
nossa existência, ajuda-nos a encontrar uma justa escala de valores. Ajuda-nos,
por conseguinte, a não nos tornarmos – ou a permanecermos – escravos dos bens
materiais e das nossas concupiscências, dos vícios, do pecado, mas estimula-nos
e torna-nos capazes de desejar os valores mais importantes, indestrutíveis,
perenes.
Jesus, no Evangelho de hoje, responde aos judeus
de maneira clara: ”Em verdade, em verdade vos digo: aquele que
cometer pecado é escravo do pecado”. Vem à nossa mente tantos jovens que hoje
são escravos da droga, do sexo, do prazer, do dinheiro, do orgulho, da
preguiça, da inveja, etc. Não são livres. Não são livres de desejar os valores
maiores. Contudo, quem de nós não experimentou e não experimenta – em maior ou
menor medida – a escravidão de vários vícios e debilidades? Santo Agostinho,
que depois de uma vida tão libertina teve que se esforçar bastante para
encontrar esta liberdade espiritual, isto é, para partir as correntes dos seus
maus hábitos e da paixão carnal, depois escreveu com convicção: ”Ouso
dizer que, na medida em que servimos a Deus, somos livres, enquanto que na
medida em que servimos a lei do pecado somos escravos”.
Santo Agostinho também tinha a consciência de que
a liberdade espiritual não se alcança plenamente com as próprias forças, mas
unicamente por meio da graça, da ajuda do Senhor. Contudo, Jesus afirma isto de
maneira clara no Evangelho que ouvimos: ”Por conseguinte, se
o Filho vos libertar sereis
verdadeiramente livres”. Portanto, seremos verdadeiramente
livres se o Filho nos libertar!
O caminho da santidade é um caminho para a liberdade
verdadeira, espiritual, que pode se manifestar “até em condições de constrição
exterior” como nos ensinou o beato João Paulo II, na carta Encíclica Redemptor
hominis, 12. A condição da sua autenticidade é “a exigência de uma relação
honesta em relação à verdade [...] a toda a verdade acerca do homem e do
mundo”, continua Sua Santidade. Assim, voltam à nossa mente as palavras de
Jesus no Evangelho de hoje: ”a verdade libertar-vos-á”.
Peçamos ao Senhor que nos ajude a aceitar
seriamente o convite à santidade nas nossas condições de vida cotidiana, que
não é mais do que um convite a caminhar na verdade total e na liberdade
autêntica.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 20/03/2013
Oração Final
Pai Santo, que a nossa consciência de pecadores
nos torne um terreno preparado para acolher a semente de tua Palavra; que
cuidemos dela com carinho, que a vivamos em nossas relações com os companheiros
do caminho e a proclamemos ao mundo. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso
Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 20/03/2013
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, embora nos reconhecendo filhos de
Abraão, nós sabemos que somos escravos do pecado. Ensina-nos, amado Pai, a
procurar Jesus de Nazaré, o Cristo, teu Filho Unigênito que se fez nosso Irmão,
e reconhecer nele o Caminho, a Vida e a Verdade que nos liberta nesta jornada
de retorno ao Lar Paterno, o Reino de Amor.

Nenhum comentário:
Postar um comentário