domingo, 24 de junho de 2018

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 24/06/2018

ANO B



NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA

Ano B - Branco

“Serás Profeta do Altíssimo, ó menino.”

Lc 1,57-66.80

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Nesta solenidade, a Palavra de Deus apresenta-nos a figura profética de João Batista. Escolhido por Deus para ser profeta, ainda antes de nascer, ele é um “dom de Deus” ao seu Povo. Sublinhando a importância de João na história da salvação, a liturgia não deixa, contudo, de mostrar que João não é “a salvação”; ele veio, apenas, dirigir o olhar dos homens para Cristo e preparar o coração dos homens para acolher “a salvação” que estava para chegar.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, hoje, dia do Senhor, a Igreja no mundo inteiro recorda solenemente o nascimento de São João Batista. Quis Deus que fosse João Batista aquele que teria a missão de preparar a chegada do Messias. Zacarias e Isabel, pais de João Batista, foram escolhidos para acolher o desígnio amoroso de Deus que se manifestou na vida deste santo casal. Celebremos, pois, jubilosamente, o nascimento de São João Batista e, como Igreja no Brasil, apresentemos ao Senhor os frutos da Semana Nacional do Migrante que se encerra hoje.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Hoje celebramos a natividade de São João Batista, precursor de Cristo e profeta que atuou na passagem entre o Antigo e o Novo Testamento. Ele anunciou o Messias e o identificou em Jesus de Nazaré. Foi ele quem batizou o Autor do batismo e testemunhou a revelação trinitária de que Jesus é o Filho de Deus. Hoje também é o Dia Nacional do Migrante, para lembrar que o nosso País vive uma situação desconfortante e injusta por causa das migrações forçadas daqueles que não conseguem estabelecer-se em um lugar que lhes dê condições de vida digna. A figura de João Batista, habitante do deserto e profeta da justiça, incentiva-nos a rezar pelos migrantes e sonhar com um Brasil onde todos tenham oportunidade de viver dignamente e criar vínculos estáveis com o lugar que é parte da sua história.

O NASCIMENTO DE SÃO JOÃO BATISTA

Hoje, Dia Nacional do Migrante, a Igreja celebra a festa da Natividade de João Batista. Uma figura imponente, que recebe de Jesus um elogio extraordinário: dos nascidos de mulher não há nenhum maior do que ele (Lc 7, 28). Vamos procurar entender os motivos que levaram Jesus a fazer essa afirmação.
Hoje celebramos o seu nascimento, quando normalmente celebramos a festa santos relacionada com a data de sua morte. Essa prerrogativa se deve ao fato de que João Batista recebeu a graça divina e foi santificado ainda no ventre de sua mãe, Santa Isabel.
No momento da visita de Maria à casa de sua prima Isabel, João Batista, que ainda estava no ventre de sua mãe, manifestou a chegada do Salvador dando pulos de alegria: assim que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio (Lc, 1,44). Ou seja, João Batista foi santificado antes de nascer, pela chegada de Jesus, também ainda não nascido. Porque essa era a missão para a qual foi criado.
Ele é o Batista: não foi batizado e, quando chegou o momento, batizou o Senhor Jesus no Jordão. Ele também é considerado último e o maior dos profetas, porque foi ele quem indicou o Messias. João representa a linha divisória entre os dois Testamentos: E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor e lhe prepararás o caminho, para dar ao seu povo conhecer a salvação, pelo perdão dos pecados (Lc 1, 76).
A sua missão caracteriza-se sobretudo por ser o precursor, aquele que anuncia a chegada do Messias. João está sempre dirigido a Cristo. A pregação do Precursor estava em perfeita harmonia com a sua vida austera e mortificada: Fazei penitência porque o reino de Deus está próximo (Mt 3,2). Estas palavras causaram forte impressão em a toda região e, em breve, João se viu rodeado por um numeroso grupo de discípulos. Vinham a ele multidões de todas as partes. João tem uma palavra que converte, que coloca as pessoas diante de sua responsabilidade. Pelo zelo com que recebe as pessoas, a festa de São João Batista foi escolhida pela Igreja para a celebração do Dia Nacional do Migrante.
Dom Carlos Lema Garcia
Bispo Auxiliar de São Paulo

Comentário do Evangelho

Missão profética de João e de Jesus

Os evangelhos, na medida em que procuram resgatar e interpretar memórias da vida de Jesus, apresentam semelhanças com as antigas biografias de profetas e de filósofos. O evangelho de Marcos, o mais antigo dentre os canônicos, apresenta a história de Jesus começando com o batismo de João e terminando, após a crucifixão de Jesus, com o encontro do túmulo vazio pelas mulheres. Um anexo tardio apresentará narrativas de aparições, extraídas dos outros evangelhos. O evangelho de Mateus, escrito cerca de uma década depois de Marcos, amplia a história de Jesus, apresentando, de início, narrativas relativas à concepção, nascimento e infância de Jesus, bem como, na parte final, narrativas de aparições do Ressuscitado, após o encontro do túmulo vazio. Este esquema é também adotado por Lucas.
Contudo, Lucas, de maneira original, começa seu evangelho com os anúncios das concepções de João, feitos a Zacarias, esposo de Isabel, e de Jesus, feito a Maria, apresentando, em seguida, as narrativas do nascimento dos dois. Com esta aproximação dos dois meninos, desde suas origens, Lucas procura acentuar, de maneira convincente, a íntima relação entre as missões proféticas de João e de Jesus. Esta relação é reafirmada pelos quatro evangelistas, no encontro de Jesus com João Batista, com a recepção de seu batismo, seguindo-se o início do ministério de Jesus, cujo anúncio da chegada do Reino e apelo à conversão assemelham-se aos do Batista. No Segundo Testamento, depois do nome de Pedro, o nome de João Batista é o que mais aparece nos textos, ultrapassando muito as demais ocorrências dos nomes dos próprios apóstolos.
Zacarias era sacerdote do Templo de Jerusalém. João, filho único, deveria receber o nome do pai, bem como manter a sua linhagem sacerdotal hereditária. Contudo, conforme o anúncio do anjo, o nome que lhe dão é João. Um nome diferente que já prenuncia a ruptura com o sacerdócio e com o Templo de Jerusalém. João atuará como profeta, nas regiões desérticas da Judeia, longe de Jerusalém. Chamado desde o seio materno para sua missão profética, João foi associado ao servo do livro de Isaías (primeira leitura). Ele abre os horizontes para a missão universal de Jesus, sem fronteiras nacionalistas ou raciais. João se caracteriza pelo seu batismo de conversão (segunda leitura). É a conversão à justiça, pelo que o pecado é superado. Jesus, assumindo em si todos os valores humanos, proclama a conversão à justiça como o caminho para ingresso no Reino de Deus, já presente entre nós. É o mundo novo, revestido de imortalidade e eternidade, no amor e na misericórdia.
José Raimundo Oliva
Oração
Pai, toma-me sob a tua proteção e robustece-me com o teu Espírito, de modo que eu possa cumprir, com coragem e fidelidade, as tarefas do Reino que me são confiadas.
Fonte: Paulinas 24/06/2012

Vivendo a Palavra

João Batista não é apenas um nome do passado, que o Evangelho aponta como Precursor do Messias. Ele deve ser revivido por cada um de nós, que somos a Igreja de Jesus, e nós o fazemos todas as vezes que anunciamos que o Reino de Deus já está presente na história, trazido pelo Filho Unigênito do Pai Misericordioso.
Fonte: Arquidiocese BH em 24/06/2012

VIVENDO A PALAVRA

João Batista não é apenas um nome do passado, que o Evangelho aponta como Precursor do Messias. Ele deve ser revivido em cada um de nós, que somos a Igreja de Jesus, e nós o realizamos todas as vezes que anunciamos que o Reino de Deus já está presente na história, trazido pelo Filho Unigênito do Pai Misericordioso.

Reflexão

O nascimento de João Batista nos mostra a atuação de Deus na história e que nem sempre entendemos esta atuação ou os nossos projetos são os mesmos dele. Quando existe discordância entre a vontade de Deus e a nossa vontade, nós nos tornamos limitados e incapazes de viver plenamente na graça divina e de comunicar esta graça aos nossos irmãos e irmãs, mas quando a nossa vida é conforme a vontade de Deus, a graça divina atua em nós, a mão do Senhor está conosco e a nossa boca se abre para anunciar suas maravilhas e proclamar os seus louvores.
Fonte: CNBB em 24/06/2012

HOMÍLIA

Pe. Jacir de Freitas Faria, ofm

NATIVIDADE DE JOÃO BATISTA

ELE SE CHAMARÁ JOÃO, ISTO É, “DEUS SE MOSTROU MISERICORDIOSO”

I. INTRODUÇÃO GERAL

Celebrando hoje a Natividade de João Batista, a Igreja relembra a importância dessa personagem para o cristianismo. O nascimento de João Batista foi testemunhado pela tradição como um evento importante (Lc 1,5-25.57-80). Seu pai, Zacarias, estando a exercer suas funções sacerdotais no Templo, recebe de um anjo o anúncio de que a sua mulher, Isabel, idosa e estéril, conceberia e daria à luz um filho, a quem ele poria o nome de João. Deus promete alegria com o nascimento de João, pois o menino seria um consagrado – um nazireu, daí a proibição de lhe dar vinho ou bebida embriagante; estaria sempre cheio do Espírito Santo; converteria os filhos de Israel e teria o espírito e o poder de Elias, o profeta que subiu ao céu em um carro de fogo e que, segundo a tradição, voltaria antes da visita de Deus (Eclo 48,9-11). Zacarias, tendo duvidado de tudo isso, tornou-se, naquele instante, mudo e surdo. João nasceu em um lugarejo chamado Ain Karim, naquele tempo distante oito quilômetros de Jerusalém, hoje bairro dessa cidade.
As leituras deste domingo nos ajudam a compreender o papel de João e sua relação com o ministério de Jesus, seu primo. Aliás, a natividade de João Batista só pode ser entendida no ciclo dos evangelhos da infância de Jesus. As histórias são parecidas: um anjo também aparece a Maria, que não era estéril, mas virgem; assim como Zacarias, Maria duvida; Deus promete o seu Espírito; tal como Zacarias, Maria teria a obrigação de pôr determinado nome em seu filho.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. Evangelho (Lc 1,57-66.80): João, profeta e precursor

O evangelho se inicia dizendo que chegara o tempo de Isabel dar à luz. Parentes e vizinhos se alegram ao ouvirem dizer que Deus a havia cumulado de misericórdia. Para Deus nada é impossível (Lc 1,36-37). Em tempos bíblicos, a esterilidade era considerada desonra e castigo (Gn 30,23; 1Sm 1,5-8; 2Sm 6,23). Várias mulheres estéreis dão à luz para demonstrar que Deus “abriu a sua madre”, de modo que ela voltasse a ser fecunda, assim como a terra que faz germinar a semente. Isabel é uma dessas mulheres, tal como Sara, a esposa de Abraão (Gn 21,6), que riu ao receber o anúncio divino e gerou um filho, Isaac, cujo nome significa “aquele que ri”.
Oito dias após o seu nascimento, João teria de ser circuncidado. A comunidade de Lucas valoriza muito o rito da circuncisão de João. Em relação a Jesus, diz-se apenas que foi circuncidado e recebeu o nome de Jesus (Lc 1,21), pois o mais importante seria ressaltar o seu nascimento em Belém (Lc 2,1-20). Já em relação a João, é relatada a dificuldade em decidir pelo nome do menino. Muitos queriam que ele recebesse o nome do pai, Zacarias – “Deus se lembrou” –, pois este já era velho e não haveria motivo de confusão das pessoas. Nesse momento, sem saber que o anjo já havia revelado o nome do menino a seu marido, Isabel toma a palavra e diz que o seu filho se chamaria João, Yohanan, que significa “Deus (Y de Yahweh) tem misericórdia” (hanan). A bem da verdade, Deus teve misericórdia com o velho casal e lhe deu um dom, um presente, chamado João.
O nome significava a essência e a missão da pessoa. Ele até podia mudar. Abrão (pai elevado) torna-se Abraão (pai de muitos). Não por menos, ao nome de João foi acrescentado Batista, aquele que batiza. João batizou Jesus, que mais tarde também se chamaria Cristo, o ungido. João foi testemunha da misericórdia de Deus, ao chamar o seu povo para a conversão, de modo que Deus pudesse agir com misericórdia. Misericórdia não teve, no entanto, o impiedoso Herodes Antipas, que mandou decapitá-lo (Mc 6,17-29).
O episódio do nome termina com Zacarias dando a palavra final, escrevendo em uma tabuleta: “Seu nome é João”. Logo em seguida, ele voltou a falar e todos se maravilhavam com o ocorrido. Da boca de Zacarias veio o anúncio da ação de Deus em João – o protegido, símbolo da gratuidade de Deus para com seu povo – por meio de um canto de ação de graças chamado Benedictus (v. 68-79). Como a jovem Maria, que, inspirando-se no canto de Ana (1Sm 2,1-10), louva a Deus, o velho Zacarias rende louvores a Deus pelo nascimento de seu filho e acrescenta: “E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo; pois irás à frente do Senhor, para preparar-lhe os caminhos, para transmitir ao seu povo o conhecimento da salvação, pela remissão de seus pecados” (vv. 76-77). O último versículo do evangelho de hoje – fazendo forte alusão a outro menino, Jesus – diz que o menino crescia e se fortalecia em espírito. Além disso, ele moraria no deserto até o dia em que se manifestaria a Israel (v. 80).
Essa manifestação, como cumprimento da profecia, aconteceu por volta do ano 20 E.C., no movimento que ele mesmo começou no deserto da Judeia, à beira do rio Jordão. João anunciava o batismo e a conversão dos pecados para obter o perdão. O batismo na água punha as pessoas em relação direta com Deus. Já não eram necessárias as práticas rituais do templo de Jerusalém. Assim, os batistas se tornaram perigosos para a ordem judaica estabelecida desde o Templo. João conclamava o povo a ir ao deserto, o que, simbolicamente, retomava a figura de Moisés e o êxodo. E do deserto, de novo, o povo entraria na terra da promessa, perdoado e batizado, para destruir o império romano. Assim, o movimento de João Batista tornou-se perigoso também para o império romano. A destruição romana viria pelas mãos de Deus, aquele que vem. Herodes Antipas, prevendo uma rebelião de João contra Roma, mandou decapitá-lo. João foi um crítico do poder e por isso foi assassinado, não necessariamente por questões morais, relativas à sua crítica ao relacionamento amoroso de Herodes Antipas e Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe (Mc 6,17-29).

2. I leitura (Is 49,1-6): João é a luz que aponta a luz definitiva, Jesus

A primeira leitura de hoje é tirada do livro do profeta Isaías, ou melhor, do Segundo Isaías, que escreve no fim do exílio babilônico (587-536 a.E.C.), propondo aos deportados um projeto de vida nova, baseado em uma releitura, no presente, dos valores antigos. Israel se tornaria luz para os estrangeiros. Chamemos esse projeto de “Luz das Nações” (Is 49,6), o qual teve o seu apogeu entre os anos 520 e 445 a.E.C.
A nossa primeira leitura fala também de um servo escolhido por Deus, desde o ventre materno, para ser luz e guia do povo de Israel e de todas as nações. E é nesse sentido que podemos aplicar o espírito do texto a João, de quem celebramos o nascimento. Ele foi escolhido para ser luz e apontar para todos a luz definitiva, o salvador e Messias Jesus.

3. II leitura (At 13,22-26): João é o precursor do Messias

Nesta leitura, Paulo, pregando aos judeus, relembra a figura de João Batista como proclamador de um batismo de arrependimento, em preparação à vinda do Messias. Paulo lembra que João não se deixou confundir com o Messias. Afirmava que depois dele viria “aquele de quem não sou digno de desatar a correia das sandálias” (v. 25; Jo 1,27). João aqui é o precursor do Messias.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

– Demonstrar que o nascimento de João Batista significa novo tempo de fecundidade para a comunidade de Lucas e para nós hoje. Não há mais como ficarmos estéreis, surdos e mudos. Chegou o tempo do anúncio da palavra de misericórdia e de libertação de Deus.
– Deixar claro que, ainda hoje, “os caminhos do Senhor devem ser abertos” por todos nós, quais outros “Joões Batistas” que nascem para anunciar a vida nova. Para que isso se concretize, só nos resta a constante conversão, o rompimento com o erro, de modo que possamos renascer e aderir ao projeto de Jesus.
– “João” somos todos nós quando nascemos para o reino. Somente assim tem sentido celebrar a Natividade de João, o nascimento de uma Igreja voltada para a justiça social.
Fonte: Paulus em 24/06/2012

Reflexão

Na solenidade da natividade de João Batista, o evangelho não podia ser outro. Ele nos traz justamente o relato do nascimento do precursor, que tem muitos traços em comum com o do nascimento de Jesus. O nascimento de João é uma bênção para os pais, já idosos e Isabel estéril, e motivo de alegria para a vizinhança. Ainda hoje são João é celebrado com muita festa e alegria pelo povo brasileiro. O nome João, proposto pela mãe e confirmado pelo pai, significa “Deus é misericórdia”. Com a chegada de João, Deus confirma sua misericórdia para com os pobres. Eles são os portadores do amor misericordioso de Deus Pai. Lá nas periferias, longe do centro político e religioso, nasce a esperança do povo. Com o aparecimento de uma criança, surgem a esperança e a dúvida, o que será dessa criança? Sim, essa criança será o futuro anunciador da misericórdia divina e o precursor do Messias. Ele cresce e se fortalece no Espírito do Senhor e, no deserto, se prepara para assumir sua missão, que era preparar o povo para a chegada de Jesus. Abre os caminhos para que o Mestre chegue.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)

Meditando o evangelho

SOB A PROTEÇÃO DO SENHOR

O texto evangélico sublinha a intensa manifestação divina nos fatos ligados ao nascimento de João Batista, a quem seria confiada a tarefa de preparar os caminhos do Messias Jesus. E isto, a tal ponto que, por toda a redondeza, espalhou-se um temor divino, levando o povo a se perguntar: “O que será que esse menino vai ser?”
A mudez inexplicada de seu pai Zacarias foi um evidente indício de que algo maravilhoso estava acontecendo. Ele só voltou a falar quando cumpriu a ordem divina de dar ao filho o nome de João, que significa “Deus é favorável”, embora sua parentela julgasse que o mais normal seria chamá-lo de Zacarias, como o pai.
O parto de Isabel também foi interpretado como “demonstração de uma grande misericórdia do Senhor” para com ela. De fato, sem a ajuda divina jamais poderia conceber e dar à luz, dado a sua idade avançada e sua esterilidade.
A proteção divina dispensada a João Batista enquadrava-se no projeto de Deus de confiar-lhe a tarefa de preparar o povo para acolher o Messias, predispondo-o à conversão. A gravidade desta tarefa exigia que fosse “robustecido” pelo próprio Espírito, de modo a capacitar-se para o cumprimento do desígnio divino.
João Batista soube corresponder à ação do Espírito. Sua vida haveria de ser um testemunho fulgurante de temor a Deus, de cujos caminhos jamais se desviou, mesmo devendo padecer o martírio.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, toma-me sob a tua proteção e robustece-me com o teu Espírito, de modo que eu possa cumprir, com coragem e fidelidade, as tarefas do Reino que me são confiadas.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. COMPLETOU-SE O TEMPO...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Nossa vida de fé é marcada por muitas promessas, a primeira delas no Batismo, quando pais e padrinhos, falando por nós prometem e se comprometem em professar uma fé viva, capaz de um testemunho autêntico diante do filho ou do afilhado, e na unção crismal prometemos acolher em nossa vida o dom do Espírito Santo e deixarmo-nos conduzir por ele.
O “amém” ao receber a Eucaristia não deixa de ser também uma promessa, de viver sempre em comunhão com Jesus, e nos sacramentos da ordem ou do Matrimônio, prometemos viver um amor total de entrega e doação à Santa Igreja, ou um ao outro, na vida conjugal. Fazemos muitas promessas diante de Deus, antes de receber o sinal sacramental e sabemos muito bem, que por causa dos nossos pecados, muitas vezes quebramos promessas sagradas, quando acontecem as separações, o abandono da comunidade ou de uma vocação religiosa.
Não é de hoje que o homem não cumpre suas promessas diante de Deus, à Bíblia está repleta de relatos onde as pessoas, e próprio povo descumpriu algo prometido diante de Deus. Entretanto, não encontramos uma só palavra ou frase, no antigo ou no novo testamento, onde afirme que Deus deixou de cumprir alguma de suas promessas, feitas para o homem.
A natividade de João Batista, único santo que no calendário da Igreja, tem comemorado o seu nascimento, se reveste de fundamental importância na história da salvação, justamente por ser um elemento divisor entre o tempo chamado das promessas, e o tempo do cumprimento das mesmas.
Há na religiosidade do povo brasileiro uma prática que a modernidade não conseguiu matar: a de fazer promessas! Todas as promessas são feitas para Deus, mas com a intercessão dos santos. A história da Salvação teve início com uma promessa, feita pelo próprio Deus. Ele prometeu através de líderes como Moisés, dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, dos profetas e demais homens e mulheres de Deus.
“Terminou para Isabel o tempo da gravidez e ela deu a luz um filho...”. Este não é um nascimento qualquer de um israelita, Lucas faz questão de salientar que se completou o tempo de gestação, o tempo de espera, e o útero de Isabel, antes estéril e incapaz de gerar vida, tocado por Deus torna-se fértil, simbolizando de repente o coração de todo um povo, cansado de sofrer, de andar por caminhos errados, por atalhos que só levavam à morte, guiados por falsos líderes, toda a esperança que este povo guardava no coração nas promessas de Deus, irrompe agora como um lençol d’água que fura a rocha e flui à flor da terra, para saciar os sedentos de esperança e de vida nova.
João Batista é a resposta de Deus aos anseios do povo, após um silêncio de quase três séculos! Inspirados por Deus, todos os profetas haviam falado deste tempo novo, para consolar e fortalecer um povo desiludido, desmotivado, esmorecido e sem esperança, certamente esses profetas foram tidos como loucos, sonhadores, fantasiosos, mas muitos guardaram no coração essas promessas, e souberam transmiti-las de geração em geração, sem deixar morrer a esperança, o próprio Zacarias, sacerdote do templo e pai de João Batista, faz parte deste povo que espera, seu nome significa “Deus se recordou”.
A sua súbita mudez, longe de ser um castigo, é prenúncio do tempo feliz que com ele irá se iniciar, e ao apresentar a criança no templo, para ser circuncidado como era costume, ele confirma o nome de “João” que significa “Aquele que anuncia” e recuperando a voz, glorifica a Deus que visitou o seu povo.
Que significado tem, para nós cristãos, a celebração do nascimento de João Batista neste 24 de Junho? Se ficarmos apenas na popularidade e nos festejos joaninos típicos desta data, iremos nos divertir muito, mas certamente não iremos aprender nenhuma lição.
O nosso povo, tanto quanto aquele povo de Israel, em meio aos sofrimentos físicos e morais, também têm guardado no coração essa esperança, de que um dia o bem supremo irá triunfar sobre as forças do mal, é verdade que conforme os dias vão passando, as vezes o desânimo vai tomando conta do coração de muitos que perderam a crença em Deus, no amor e na própria vida, são certas promessas mirabolantes que nunca se realizam, são líderes charlatães que iludem, enganam, roubam. São lideranças religiosas que não cumprem e nem honram seu papel de ministros de Deus, criando uma religião fantasiosa, que explora e cria tantas ilusões.
João vislumbra algo que ninguém tinha ainda vislumbrado: que o reino já estava no meio dos homens, na pessoa e na missão de Jesus de Nazaré. Anuncia a necessidade de uma mudança de mentalidade e de coração, para acolher este reino novo, que não se fundamenta em mentiras e fantasias, mas na Verdade que é Jesus Cristo, o Cordeiro que tira o pecado do mundo.
Olhando para a origem de João, seu nascimento e a missão de precursor do Messias, que Deus lhe confiou, podemos refletir sobre tais acontecimentos à luz do evangelho, e mais do que refletir, já está na hora de vivermos esse evangelho, que fala de um tempo novo, de um reino que já está entre nós e que consegue restituir ao coração humano toda essa Esperança que é Jesus de Nazaré, pois como João Batista, todos nós nascemos para ser os portadores e anunciadores dessa Boa Nova, ao homem descrente deste terceiro milênio.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com

2. A mão do Senhor estava com ele
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Nasceu João Batista, filho de Isabel e Zacarias. Seu nome significa “o Senhor é favorável, o Senhor se compadece”. O nome foi escolhido por Deus e comunicado pelo anjo Gabriel ao sacerdote Zacarias, quando oferecia o incenso no Templo. O nascimento de João Batista foi para seus pais um acontecimento inesperado. Não tinham filhos e eram idosos, mas chegou a boa notícia. E assim, mais uma vez Deus mostra que a última palavra é dele. João nasce num ambiente de alegria. Ele já havia saltado no ventre de sua mãe quando Maria, a mãe de Jesus, foi visitar seus primos em Ein Karem, nas montanhas de Judá. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e a alegria da salvação iluminou os rostos que contemplavam as maravilhas de Deus sem saber explicá-las.
O Senhor falou e desde o útero materno preparou o seu servo para restaurar as tribos de Jacó e preparar para Deus um povo que lhe fosse agradável. João não era a luz. Ele veio para mostrar aquele que é a luz das nações. Desde sempre soube que era preciso que o que viria depois dele crescesse e que ele mesmo diminuísse. Não foi um caniço agitado pelo vento nem um palaciano fútil de roupas finas. Foi a voz que clama no deserto: “Preparem o caminho do Senhor!”. Bendito seja o Senhor Deus de Israel, que visitou e redimiu o seu povo. Fez surgir, na casa de Davi, o Salvador, que veio nos libertar das mãos dos inimigos e mostrar a sua misericórdia conforme o juramento que tinha feito a nosso pai Abraão.
Assim nos foi concedido servir a Deus em santidade e justiça todos os nossos dias. E o que será deste menino que acaba de nascer? Ele será chamado profeta do Altíssimo e irá à frente do Senhor para preparar-lhe o caminho. Será o precursor e anunciará ao povo a salvação pelo perdão dos pecados. Graças ao coração misericordioso do nosso Deus, o Astro das alturas vem nos visitar e iluminar os que estão nas trevas guiando-nos no caminho da paz. O menino, João, foi crescendo e se desenvolvendo, espiritualmente fortalecido. Morou no deserto até o dia em que começou o seu ministério, batizando no rio Jordão um batismo de penitência para o perdão dos pecados. Um diácono da Igreja de Roma, monge do Monte Cassino, estando sem voz, que era bela e forte, e devendo cantar o precônio da Páscoa, para recuperar a voz, como Zacarias, compôs em honra de São João Batista o hino das primeiras Vésperas. O hino tem a peculiaridade das notas musicais na primeira estrofe, conservadas em português pelo tradutor: “Doce sonoro, ressoe o canto, minha garganta faça o pregão, solta-me a língua, lava-me a culpa, ó São João”.

REFLEXÕES DE HOJE


24 de JUNHO-DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO

HOMILIA DIÁRIA

Deus não chama ninguém à vida sem lhe dar uma missão

Postado por: homilia
junho 24th, 2012

Com o nascimento de João Batista, temos uma nova etapa na realização do projeto salvador e vivificante de Deus, já iniciado com as concepções de Isabel e Maria.
Os acontecimentos que precedem estes dois fatos são de extrema importância para entendermos melhor o ambiente misterioso em que as duas mães geram os seus filhos.
A concepção de Isabel, em idade tardia, e o nome comum “João”, atribuído ao menino, sem semelhantes entre os parentes, rompe com as estruturas tradicionais dos sacerdotes. Todavia, aponta para uma vocação profética extraordinária do menino.
João, cujo nome significa “Deus é propício”, veio à luz em idade avançada de seus pais. Parente de Jesus, foi o precursor do Messias. É João Batista quem aponta o Senhor, dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Dele é que eu disse: ‘Depois de mim, vem um homem que passou adiante de mim, porque existia antes de mim’”. De si mesmo deu este testemunho: “Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai os caminhos do Senhor”.
São Lucas, no primeiro capítulo de seu Evangelho, narra a concepção, o nascimento e a pregação de João Batista, marcando o advento do Reino de Deus no meio dos homens.
Longe do templo, nos desertos, João viverá fortalecido pelo Espírito. Ele abre os horizontes para a missão universal de Jesus, sem fronteiras nacionalistas ou raciais. O Senhor, em Seu ministério, consagra o anúncio do reino da justiça e do perdão inaugurado por João. Reconhece nele o papel profético. Dentre os filhos nascidos de uma mulher, não apareceu nenhum maior do que João Batista.
É o único santo cujo nascimento e martírio são evocados em duas solenidades pelo povo cristão. Seu nascimento é celebrado pelo povo com grande júbilo: cantos e danças folclóricas, fogueiras e quermesses fazem da sua festa uma das mais populares e queridas da nossa gente.
Embora fossem os pais que desejassem e pedissem este filho, foi o Senhor que o escolheu e marcou, ainda antes de nascer, para a missão que o esperava na vida.
Deus não chama ninguém à vida sem uma missão que lhe dê sentido.
E você? Já descobriu a missão para qual Deus lhe chama? É importante se dar conta dela, ser-lhe fiel e pôr no Senhor a sua confiança, esperança e fé como fez João Batista.
“Sim! Com a graça de Deus vou realizar a minha vocação, pois tenho uma tarefa que é somente minha. Se eu não a fizer, ninguém a fará por mim.”
Jesus, dai-me a graça de corresponder sempre à minha missão aqui na Terra.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 24/06/2012

Oração Final
Pai Santo, envia-nos o teu Espírito para que tenhamos sabedoria, força e coragem para anunciar ao mundo que o teu Reinado de Amor está próximo – ele já está em nós e entre nós – e, assim, vivermos desde agora a aventura maravilhosa de seguir o Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 24/06/2012

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, envia-nos o teu Espírito para que tenhamos sabedoria, força e coragem para anunciar ao mundo que o teu Reinado de Amor está próximo – ele já está em nós e entre nós – e, assim, vivermos desde agora a aventura maravilhosa de seguir o Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo. Amém.

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