Ano A

Jo 15,26–16,4a
Comentário do Evangelho
O Espírito Santo é dom do Pai e do Filho.
Já dissemos anteriormente, os capítulos 15 e 16, devido à série de repetições, parecem ser duplicata dos capítulos 13 e 14. A promessa do Espírito Santo tem por finalidade consolar os discípulos no contexto da paixão e morte de Jesus. O Espírito Santo é dom do Pai e do Filho. O Espírito Santo é Espírito da Verdade porque ensina e recorda as palavras de Jesus. Dito de outra maneira, é Espírito da Verdade porque revela o mistério de Jesus Cristo, torna, depois da ressurreição, as palavras e os gestos de Jesus vivos e atuais. Missão do Espírito é dar testemunho de Jesus, e porque ele “permanece” nos discípulos, esses também darão testemunho de Jesus. O Espírito da Verdade é dado para o testemunho (cf. At 1,8). Dando testemunho de Jesus Cristo, a comunidade cristã será perseguida, em primeiro lugar, pelos judeus, de cujas sinagogas os discípulos de Jesus serão expulsos. É o Espírito quem sustentará a comunidade para que não esmoreça diante da perseguição. Equivocados, os judeus pensam estar defendendo a Deus quando perseguem os cristãos, por falta de conhecimento de Deus. Com essa instrução Jesus se apresenta como verdadeiro profeta, cuja palavra se realiza (v. 4a; cf. Dt 18,21-22).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que o testemunho do Espírito cale fundo no meu coração e seja acolhido com discernimento e docilidade, de modo a consolidar minha fé no Senhor Jesus.
Fonte: Paulinas em 26/05/2014
Vivendo a Palavra
O supremo gesto de Amor do Pai – enviar ao mundo o Filho Unigênito – completa-se com a comunicação do Espírito Santo, que nos revela o Mistério da Encarnação. A nós cabe, então, como discípulos missionários, anunciar o Cristo, Filho Unigênito do Pai, feito homem em Jesus de Nazaré – Caminho, Verdade e Vida.
Reflexão
Estamos na penúltima semana do tempo da Páscoa e a Igreja vem, através da liturgia da palavra da sexta semana do tempo pascal, nos preparar para as festas que se aproximam, ou seja, a festa da Ascensão de Jesus, que iremos celebrar no próximo domingo, e a festa de Pentecostes, que iremos celebrar no domingo seguinte. Por isso, vemos no Evangelho de hoje Jesus prometendo o Espírito Santo a seus discípulos e, ao mesmo tempo, falando a eles como será a vida sem a sua presença, ou seja, o testemunho que deverão dar do Evangelho e a conseqüente perseguição que virá com este testemunho.Mas as suas palavras são antes de tudo um estímulo para que os apóstolos sejam fiéis nos momentos difíceis.
Recadinho
Sua presença é sempre a presença de Cristo para o próximo? Em que sentido? - Os advogados que você conhece trabalham de fato pela justiça? - Dê exemplo de um mistério da vida que não se refira a coisas de religião. - Você tem devoção ao Espírito Santo? Em que consiste? - Procissão é um testemunho público de fé. Como é sua participação?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 26/05/2014
Meditando o evangelho
O DOM DO PARÁCLITO
Jesus havia advertido os discípulos para a tentação de se sentirem órfãos e desamparados. Ao longo da missão, eles não teriam mais a presença física de Jesus, que lhes fora, outrora, um referencial importante. A condição de Ressuscitado exigia dos discípulos reformularem sua forma de se relacionar com ele. A presença física do Mestre fora substituída pela presença espiritual.
Antevendo o risco que corriam, Jesus havia prometido aos discípulos enviar-lhes, de junto do Pai, o Defensor que estaria sempre junto deles, dando-lhes força para perseverarem no testemunho. O Espírito Santo reforçaria a fé dos discípulos. Reforçaria também a compreensão de tudo o que o Mestre lhes tinha ensinado, levando-os a perceber as reais dimensões de sua fé. Seguros de não estarem crendo em vão, os discípulos se predisporiam a dar um testemunho, mais e mais autêntico, do Senhor.
O Defensor é Espírito da Verdade que livra os discípulos do erro. Impede-os de cair nas ciladas do mal. Preserva-os do engano no qual o mundo os quer enredar. Alerta-os diante da possibilidade de serem levados pela mentira dos inimigos do Reino. Este dom é indispensável ao discípulo em missão, para que não perca o rumo de sua ação.
O Defensor, em última análise, é o Espírito do Pai caminhando, com os discípulos do Filho Jesus.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, que o Defensor, enviado por ti de junto do Pai, esteja sempre comigo, ajudando-me a realizar a missão de maneira autêntica e frutuosa.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. TEOLOGIA PASTORAL PARA LEIGOS…
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Dizia-me um aluno da minha classe de Teologia Pastoral para leigos, quando eu falava sobre a História da Igreja e essa tensão entre a Igreja Mistérica e a Igreja institucional: “Nós não podemos fazer a parte que é do Espírito Santo, e Ele também não vai fazer a nossa”.
Achei isso fantástico, não sei como ele deduziu isso, ou ouviu alguém dizer, mas pelo jeito assimilou esse ensinamento como membro de uma comunidade. Fantástico! É isso mesmo... Quando deixamos para o Espírito Santo certas tarefas e incumbências que o Pai nos deu, enquanto missão, não estamos sendo cristãos fervorosos, mas apenas cristãos omissos, e quando queremos e insistimos em fazer algo que compete única e exclusivamente ao Espírito Santo, estamos voltando as origens do Gênesis, tentando ser Deus em sua essência, o mesmo pecado de Adão e Eva.
Talvez o leitor comente consigo mesmo: “ Graças a Deus nunca fiz isso...”. Esse é um pecado que todos nós cometemos. Por exemplo, os irmãos e irmãs da comunidade não são e nunca o serão, do jeito que nós queremos: convertidos, virtuosos, atitudes e pensamentos sempre em harmonia com o que NÓS pensamos e fazemos. Pronto! Aí estamos nós, querendo dar uma de Espírito Santo para mudar aquela pessoa.
Por outro lado pensemos: como é difícil conviver com pessoas diferentes de nós, algumas são até irritantes, intransigentes, e até mesmo insuportáveis! Eis aí algo que compete a nós, mas que precisamos do Espírito Santo para nos tornar flexíveis e maleáveis. Nos dois casos é o Espírito que age, porém no segundo, que é a questão da flexibilidade e docilidade para com os outros, temos que fazer a nossa parte, esforçando-nos para controlar nossos instintos egoístas e egocêntristas. No primeiro caso nada temos a fazer, pois é o Espírito Santo que vai agir, que vai trabalhar no coração e na vida daquele irmão insuportável, e o Espírito Santo tem um jeitinho especial, personalizado, para renovar cada um de nós, pois ele trabalha a partir daquilo que somos, por uma razão bem simples: Deus nos ama desse jeito, não exige que sejamos do jeito dele, diferente do modo como tratamos as pessoas.
Há neste evangelho uma realidade que motiva a nossa reflexão, a comunidade Judaica, que contém em si o Cristianismo enquanto uma seita, está sempre em conflito com essa. Qual a razão desse conflito, que no ano 90 irá culminar com a expulsão dos cristãos das sinagogas? É simples, a referência do Cristão, única e verdadeira é o Cristo Jesus e Deus Pai que o enviou, e que eles conhecem, não porque ouviu dizer, mas porque conviveram com ele, todos os da Era Apostólica, tiveram esse privilégio, que não foi só dos apóstolos, mas devemos lembrar que uma multidão de homens e mulheres tornaram-se discípulos de Jesus. Já os da Comunidade Judaica conhecem apenas o Pai, o Deus da Antiga Aliança, mas não têm o coração fervoroso por causa de Jesus, já que a única referência que têm sobre Deus é a Lei de Moisés.
2. O Espírito da Verdade dará testemunho de mim
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
"A conversa se estende por mais um capítulo, preparando a partida de Jesus e o envio do Espírito. De fato, na próxima semana celebraremos a Ascensão de Jesus ao céu e logo depois a vinda do Espírito Santo, no quinquagésimo dia depois da Páscoa, na festa das colheitas ou de Pentecostes. Jesus promete o envio de um Defensor, o Espírito da Verdade, que procede do Pai e dá testemunho de Jesus. E nós também teremos que dar testemunho de Jesus quando nos for pedido, sobretudo nos momentos de incompreensão e de perseguição.
Contamos, porém, com um Defensor, um Paráclito, que vem do Pai e dá testemunho de Jesus. O amor que nos une a Jesus deveria ser suficiente para nos manter unidos. Infelizmente, a realidade não é assim, não só pelas provocações do Maligno e por nossa inclinação natural para o mal, mas também pela maneira humana de compreender as coisas. Não intuímos diretamente a verdade. Precisamos do raciocínio que caminha do que é sensível até as ideias abstratas, e aí nos perdemos e nos desentendemos. O Evangelho diz que o Espírito procede do Pai. Os latinos entenderam essa processão de um modo e os orientais de outro, o que levou à separação do Oriente e do Ocidente em 1054, cisma que até hoje perdura."
Fonte: NPD Brasil
Oração Final
Pai Santo, que o teu Espírito nos ajude a proclamar ao mundo o grande dom que nos deste: o Cristo, teu Filho Unigênito, feito humano como nós em Jesus de Nazaré. Pelo mesmo Cristo Jesus, que passou pela nossa história fazendo o bem, foi fiel até a morte de cruz – mas Tu o ressuscitaste! – e contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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