segunda-feira, 14 de março de 2022

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 13/03/2022

ANO C


2º DOMINGO DA QUARESMA

Ano C - Roxo

“Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!” Lc 9,35

Lc 9,28b-36

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Somente em contato com Deus pela oração, nos realizaremos como seguidores de Jesus, a quem buscamos escutar no profundo de nosso ser. O diálogo íntimo com o Senhor transforma a existência, transfigurando nossas vidas marcadas pelo pecado e pelo erro.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A liturgia deste domingo mostra que somente em contato com Deus pela oração, nos realizaremos como seguidores de Jesus, a quem buscamos escutar no profundo de nosso ser. Não há cristão, não há Apóstolo, não há testemunha, sem oração pessoal e comunitária. O diálogo íntimo com Deus transforma a existência, transfigurando nossas vidas marcadas pelo pecado e pelo erro.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, estamos no segundo domingo de nosso caminho quaresmal rumo à Páscoa. Assim como Jesus chamou seus discípulos para o monte Tabor, para ali ser transfigurado, hoje Ele nos chama para fazermos a mesma experiência. Este lugar sagrado em que nos reunimos torna-se, para nós, um espaço da manifestação da glória do Senhor, da qual participamos sacramentalmente pelo Batismo, sinal antecipado de nossa Páscoa.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Um rito sacrifical sela o pacto entre Deus e Abraão, na mesma linha dos ritos que toda religião realiza como expressão de suas relações com a divindade. A iniciativa vem de Deus, sua é a escolha de Abraão, sua é a promessa de uma terra e uma descendência que ultrapassa toda esperança. Cristo se apresenta como a aliança definitiva entre Deus e o seu povo. Também para ele a aliança se faz através de um êxodo (no evangelho, Moisés e Elias falam do seu êxodo, sua morte) e de um ingresso - a face do Cristo muda de aspecto e suas vestes fulgurantes indicam a ressurreição. Os apóstolos não compreenderam, no momento, o episódio da transfiguração, mas quando o Espírito desce sobre eles, tornam-se as testemunhas do fato decisivo da cruz e da ressurreição. A eles e a toda a comunidade suscitada por seu testemunho é confiado o memorial da nova aliança, selado não com o sangue de animais imolados, mas com o sangue do próprio Cristo, para remissão dos pecados.
Fonte: NPD Brasil em 17/03/2019

CONTEMPLAR A FACE DE JESUS!

O Evangelho que ouvimos nos narrou aquilo que acontece quando Jesus sobe sobre o alto monte levando consigo três dos discípulos: Pedro, Tiago e João. Enquanto estavam lá em cima, sozinhos, a face de Jesus se tornou fulgurante e suas vestes puras. É isto que chamamos “Transfiguração”: um mistério luminoso, confortante. Qual o significado disto? A Transfiguração é uma revelação da pessoa de Jesus, da sua realidade profunda. De fato, as testemunhas oculares do evento, isto é, os três Apóstolos, foram envolvidos por uma nuvem, também esta luminosa – que na Bíblia anuncia sempre a presença de Deus – e ouviram uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!”. Com este evento, os discípulos foram preparados para o mistério pascal de Jesus: a superar a terrível prova da paixão e também para compreender bem o fato luminoso da ressurreição.
A narração fala também de Moisés e Elias, que apareceram e conversaram com Jesus. Efetivamente, este episódio tem uma relação com outras duas revelações divinas. Moisés subiu sobre o monte Sinai e ali teve a revelação de Deus. Pediu para ver a sua glória, mas Deus o respondeu que não o poderia vê-lo de frente, mas somente pelas costas (cf. Ex 33,18-23). Em modo análogo, também Elias teve uma revelação de Deus sobre o monte: uma manifestação mais íntima, não através de uma tempestade, de um terremoto ou pelo fogo, mas por uma brisa leve (cf. 1 Rs 19,11-13). A diferença em relação a estes dois episódios é que na Transfiguração não é Jesus a ter a revelação de Deus, mas sim é n`Ele mesmo que Deus se revela e que revela a sua face aos apóstolos. Portanto, quem quer conhecer a Deus, deve contemplar a face de Jesus, a sua face transfigurada: Jesus é a perfeita revelação da santidade e da misericórdia do Pai.
Além disso, recordemos que sobre o monte Sinai, Moisés teve também a revelação da vontade de Deus: os Dez Mandamentos. E, sempre sobre o monte, Elias recebe de Deus a revelação da missão a cumprir. Jesus, ao invés disso, não recebe aquilo que deverá cumprir: já o conhece, na verdade são os apóstolos a ouvir, nas nuvens, a voz de Deus que manda: “Escutem-no”. A vontade de Deus se revela plenamente na pessoa de Jesus. Quem quer viver segundo a vontade de Deus, deve seguir Jesus, escutá-lo, acolher dele as palavras e, com a ajuda do Espírito Santo, também aprofundá-las. É este o primeiro convite que desejo fazer-vos, caros amigos, com grande afeto: Cresçais no conhecimento e no amor a Cristo, seja de modo particular, seja como comunidade paroquial, encontrem-no na Eucaristia, na escuta da sua Palavra, na oração, na caridade.
(Papa Emérito Bento XVI, fragmento de homilia, 20 de março de 2011)
Fonte: NPD Brasil em 17/03/2019

A TRANSFIGURAÇÃO E O TESTEMUNHO

No contexto da Sagrada Escritura a montanha é um lugar privilegiado para o encontro com Deus, por isso muitos templos eram edificados em lugares altos, como as colinas. Subir a montanha se torna, então, uma atitude de buscar um encontro com Deus para ouvir o que Ele tem a dizer. Subir a montanha é um uma atitude que exige escuta, discernimento e disposição, porque depois também é preciso descer e comprometer-se com aquilo que foi ouvido. Assim, a montanha também se torna um lugar de apelo para uma Igreja em saída.
Quando Jesus foi à montanha, levando os discípulos, ele buscava escutar o Pai, para que sua missão não fosse entendida como projeto pessoal. Na aparição de Elias e Moises, o Antigo Testamento, a Lei e os Profetas, se esclarecem na pessoa de Jesus. Ele é filho amado, que deve ser ouvido e seguido, porque foi por ele que a luz veio ao mundo para iluminar a todos. Mas o brilho dessa luz também causa medo nos discípulos, que ainda não entenderam a forma como o Reino acontece. Por isso pareceu a eles que era bom estar ali, e que era preciso estabelecer um lugar, construir tendas e acomodar-se.
Mas a palavra de Jesus é desconcertante e provocativa, porque ele não veio para criar uma estrutura de bem-estar pessoal, mas sim para convidar à conversão do coração e das atitudes. Por suas palavras e por seus gestos, ele demonstrou que “a superação da alienação na graça da meditação da Palavra nos conduz pelos caminhos das obras de misericórdia” (Texto base – CF2019). Por esse motivo a escuta da Palavra de Deus dinamiza a vida dos discípulos e da Igreja, renovando sempre o impulso de saída, para ir de encontro as realidades da vida das pessoas.
Os cristãos são chamados à participação e ação nas coisas do mundo, mas não podem esquecer de subir a montanha e escutar o que Deus fala, pois quem quer ser discípulo precisa aprender a ouvir como filho. Sem essa escuta, a Igreja acabaria se tornado aquilo que o Papa Francisco censurou dizendo que “a Igreja não é uma ONG”. Se os discípulos se envolvem com as coisas do mundo, com políticas públicas nesse caso, é para trazer a essas realidades uma contribuição que vem da escuta de Deus. A luz de Cristo pode mudar a vida de uma pessoa e certamente também pode humanizar e melhorar as instituições humanas.
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo Auxiliar de São Paulo
Fonte: NPD Brasil em 17/03/2019

Comentário do Evangelho

Promessa de ressurreição

Esse relato da transfiguração está presente, com pequenas variantes, nos três primeiros evangelhos. O modelo para o relato de Lucas é o de Marcos. Do ponto de vista literário, o relato é uma prolepse dos acontecimentos de Jerusalém: ". conversavam sobre a saída deste mundo que Jesus iria consumar em Jerusalém" (v. 31), isto é, a paixão, morte e ressurreição. Na montanha, lugar de encontro com Deus, Pedro, Tiago e João são admitidos na oração de Jesus e podem contemplar, na glória, Jesus juntamente com Moisés e Elias; ambos aparecem "revestidos de glória" (v. 31), o que sugere a promessa da ressurreição. O que faz com que o rosto de Jesus seja transfigurado, na sua oração, é que ele mantém a sua face voltada para o Pai. É a comunhão com o Pai que transfigura e revela o mistério do Filho. A visão da glória de Jesus (cf. v. 32) faz com que Pedro tome a iniciativa de fazer a proposta de construir três tendas (cf. v. 33). Mas a sua sugestão cai no vazio, pois é Deus que os envolve na nuvem, ou seja, os faz participar da intimidade divina. O medo que eles sentem corresponde à entrada na presença de Deus; eles sabem que ver Deus é morrer (Jz 6,23; 13,22; Ex 33,20). Na verdade, diz o evangelista, Pedro "nem sabia o que estava dizendo" (v. 33). O que Pedro não compreende é que a verdadeira tenda, o lugar da presença de Deus, é Jesus. Aos discípulos cabe, então, descer da montanha e acompanhar Jesus na sua subida para Jerusalém. O leitor do evangelho, prevenido pelo relato para não sucumbir ante o "escândalo" da paixão e morte de Jesus, é convidado a percorrer o mesmo caminho, encorajado pela antecipação da experiência pascal. A voz que sai da nuvem e interpreta o acontecimento (v. 35) retoma a voz por ocasião do batismo (3,22; Is 42,1); a diferença que dessa vez a declaração do Pai se abre aos discípulos: Jesus é um profeta poderoso em gestos e palavras - trata-se de escutá-lo. A transfiguração não se oferece à visão, mas à fé que faz ver. Pedro, Tiago e João foram testemunhas oculares (Lc 1,1-4), mas "ficaram calados e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto" (v. 36). Será preciso esperar a realização de tudo o que foi sugerido pelo relato para, então, eles poderem, impulsionados pelo Espírito do Ressuscitado, dar o seu testemunho, pois será impossível deixar de falar sobre o que viram e ouviram (cf. At 4,20).
Carlos Alberto Contieri,sj
Oração
Espírito de glorificação, ajuda-me a compreender a paixão de Jesus sob o prisma da transfiguração, pois foi o Filho predileto do Pai quem se tornou vítima da maldade humana.
Fonte: Paulinas em 24/02/2013

Vivendo a Palavra

A Pedro, João e Tiago foi revelado o mistério do Homem-Deus. Para nós, o jeito tão humano de Jesus não poucas vezes dificulta a aceitação de sua divindade; por outro lado, os sinais que Ele realiza nos impedem de compreender e aceitar sua humanidade. Na transfiguração, o próprio Pai confirma o Mistério que devemos proclamar como testemunhas.
Fonte: Arquidiocese BH em 24/02/2013

Reflexão

ROSTOS TRANSFIGURADOS

Jesus se transfigura diante dos discípulos que o acompanham no monte, aonde se dirigiram para rezar, em contato mais profundo com o Pai. É aí que se completa e se plenifica a aliança de Deus com a humanidade, iniciada com Abraão. Cristo, transfigurado diante dos três discípulos, será dentro em pouco o Cristo “desfigurado” da paixão. Sua glória, revelada na transfiguração, passará, portanto, pelo sofrimento e pela humilhação.
Na cena do evangelho de hoje, Jesus se entretém numa conversa com Moisés e Elias (representantes do Antigo Testamento: leis e profetas) sobre sua partida próxima, ou seja, sobre seu êxodo definitivo para a casa do Pai.
O rosto de Jesus, em oração ao Pai, muda de aspecto. É exemplo de oração que transforma não apenas a pessoa, mas também os outros e a própria realidade. Todo encontro autêntico e sincero com Deus deixa marcas em cada rosto orante.
Os três discípulos, dominados pelo sono, acabam dormindo. Quando o mestre está ameaçado ou quando pede compromisso com seu projeto, eles não entendem – ou não querem entender – e se entregam ao sono. É muito mais fácil sonhar com aplausos e triunfos do que se comprometer com a realidade exigente da missão. Os problemas do dia a dia e o compromisso com o mestre podem nos assustar e nos fazer desanimar.
Pedro só tem olhos para a glória deslumbrante: É bom estarmos aqui. Ele quer permanecer na ilusão sem passar pela paixão e morte, mas a glória só acontece após o êxodo. Pretende acampar no ponto de chegada, sem passar pelo caminho penoso que conduz até aí.
Antes desse passo definitivo, há a necessidade de descer da montanha. O apóstolo transfigurado deve enfrentar o compromisso com o povo, e a sua realidade nem sempre é tão brilhante como nas alturas. Na montanha, em contato com Deus, rezamos, escutando a voz do Filho e pedindo nossa transformação, para que, na planície, nos solidarizemos com os rostos desfigurados dos sofredores.
Pe. Nilo Luza, ssp
Fonte: Paulus em 24/02/2013

Reflexão

O segundo domingo da Quaresma apresenta o Evangelho da transfiguração. Jesus e três discípulos sobem à montanha para rezar e lá o Mestre se transfigura diante deles. Enquanto Jesus dialoga com Moisés e Elias, representantes do Antigo Testamento, os três discípulos dormem e não escutam a voz que fala do êxodo (morte) do Mestre. Depois de acordarem, eles contemplam a glória de Jesus e, fascinados pela beleza, sugerem eternizar essa realidade, construindo moradia. Porém uma voz veio da nuvem e pediu-lhes para escutar e seguir o que o Filho determina. A transfiguração mostra que a paixão e a morte fazem parte de projeto de Jesus. Ele é o verdadeiro intérprete da Escritura. É a ele que devemos ouvir e obedecer. A voz do Mestre nos desinstala e nos leva a descer da montanha, onde realizamos nossa missão de tornar presente o Reino de Deus. Não podemos ficar acomodados no alto da montanha e permanecer eternamente contemplando a glória do Filho. É lá embaixo, na planície, que estão os desafios e o povo sofrido com suas necessidades e ansioso pela transfiguração da realidade sofrida.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 17/03/2019

Reflexão

O Evangelho apresenta a cena conhecida como “transfiguração de Jesus”, ou seja, momento em que ele se revela em sua glória, em todo o seu esplendor. É uma forma de animar os seus seguidores, mostrando-lhes que o sofrimento será coroado com a glória e a cruz se transformará em sinal de vitória. O Mestre convoca três discípulos próximos – Pedro, Tiago e João – e os leva ao alto da montanha. Foi grande o privilégio e a alegria desses três apóstolos, tanto que Pedro sugere construir tendas e permanecer nessa visão deslumbrante. Logo em seguida, uma voz revela que Jesus é o filho amado e escolhido, e que os discípulos precisam escutá-lo. Escutar o que Jesus diz significa, às vezes, renunciar aos próprios caprichos para seguir a vontade do Pai. Ao longo da vida, presenciamos pequenas transfigurações, momentos de alegria e otimismo, mas também momentos de dúvidas e sofrimentos. Uma certeza nos anima: o Senhor vai acendendo as luzes à medida que necessitamos. De maneira ao mesmo tempo misteriosa e maravilhosa, o Senhor dá sinais de que estamos no caminho certo. Para isso, porém, é preciso estar com Jesus, permanecer com ele, atender o seu convite de subir a montanha para rezar. Ao seu lado, recebemos a força para não sucumbir quando vierem as noites de solidão.
(Dia a dia com o Evangelho 2022)

Meditando o evangelho

UMA EXPERIÊNCIA FASCINANTE

A contemplação de Jesus transfigurado foi uma experiência fascinante na vida dos três discípulos escolhidos pelo Mestre para subirem com ele ao alto monte. Neste lugar carregado de simbolismo (a montanha era tida como o lugar privilegiado de encontro com Deus) puderam contemplar Jesus transfigurado, revestido de glória e majestade, e "vê-lo" no fulgor de sua santidade.
A transfiguração foi, de certo modo, uma antecipação da ressurreição. Depois de ressuscitado, o esplendor de sua glória já não fulguraria, por pouco tempo, para um grupo seleto de discípulos. Pelo contrário, não só poderia ser contemplada por todos os discípulos, como também deveria ser proclamada a todos os povos da Terra. A ordem de guardar segredo ("não dizer a ninguém a respeito da visão") perderia sua razão de ser.
Contudo, a contemplação do Ressuscitado haveria de ser precedida por uma experiência aterradora: a de ver o Messias Jesus pendente na cruz. O fascínio daria lugar ao pavor e à estupefação, porque a morte de cruz não encontraria explicação, uma vez que o Mestre sempre dera mostras de ser um homem justo e, em sua pregação, falara de Deus como um Pai amoroso e fiel.
Só quem fosse capaz de superar o impacto da cruz e reconhecer no Crucificado o Filho de Deus, chegaria a reconhecê-lo fascinantemente ressuscitado.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, que eu seja capaz de contemplar a cena patética de Jesus pendente da cruz, sem me deixar abater pela estupefação, para poder contemplá-lo glorioso na ressurreição.
Fonte: Dom Total em 17/03/2019

Meditando o evangelho

A SANTIDADE REVELADA

Os discípulos estavam longe de conhecer o Mestre, com quem partilhavam a vida e a missão. Nada de extraordinário havia em Jesus, que o distinguisse dos demais seres humanos. Com certeza, alguns traços de sua personalidade faziam dele uma pessoa especial. Contudo, nada que o fizesse impor-se às pessoas, obrigando-as a confessarem sua condição de Filho de Deus.
A transfiguração revelou aos três discípulos escolhidos o que, em Jesus, está além das aparências: sua santidade. Tudo, na cena, aponta para isto. Jesus transfigurou-se, enquanto estava em oração, em profunda intimidade com o Pai. Seu rosto assumiu uma nova fisionomia. A candura fulgurante de suas vestes, e tudo o mais, apontavam para a riqueza interior do Mestre. O ápice da experiência dá-se quando o Pai proclama-o com sendo seu Filho amado. Não resta lugar à dúvida: a humanidade de Jesus encobria sua santidade, que o colocava na esfera divina.
A proposta dos discípulos, encantados com o que viram, não convenceu a Jesus. Querer ficar no alto do monte, contemplando a glória do Mestre, não era um desejo viável. Era preciso descer a montanha e, com ele, caminhar até a cruz. Só então, para sempre, o fulgor de sua glória despontaria na ressurreição.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de revelação, como aos três discípulos, mostra-me a santidade de Jesus, com quem devo caminhar até a cruz.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. TRANSFIGURAÇÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Eu estava empolgadíssimo ouvindo o relato sobre um filme, assistido por um amigo meu, que voltou cheio de entusiasmo falando maravilhas do mesmo e narrando com precisão o início, quando toda a história começa a se desenvolver, mas, porém, ao chegar na parte principal, quando todo o mistério seria revelado, bastante sem graça ele confessou-me que só se lembrava do final porque, dominado pelo sono acabou dormindo no melhor da história, que raiva que me deu! Com Pedro, Tiago e João aconteceu à mesma coisa no alto daquele monte onde Jesus havia subido para rezar, como frisa o evangelista, e justamente na hora em que Moisés e Elias, personagens importantes do Antigo Testamento, conversavam com Jesus sobre o seu “Êxodo”, os discípulos nada viram e nem ouviram, simplesmente porque pegaram no sono.
Esse “dormir” teológico sempre aparece na Escritura Sagrada para mostrar como o homem é pequeno diante do grandioso mistério de Deus, no paraíso o homem dormia quando Deus tirou uma de suas costelas para fazer a mulher, no Horto da Oliveira à cena se repetirá, quando os discípulos dormem em um momento em que Jesus vive a sua angústia. Quando dormimos não sabemos nada do que se passa ao nosso redor, portanto, na vida de fé, dormir é não perceber a ação de Deus em nossa vida.
Ainda bem que eles tiveram bom censo e diferente do meu amigo, decidiram não contarem nada a ninguém sobre tudo o que tinha acontecido no alto da montanha – afirma o evangelho em seu final – e particularmente acho que fizeram muitíssimo bem porque se saíssem falando, não iriam dizer coisa com coisa, pois no fundo não haviam compreendido nada daquelas coisas que estavam acontecendo com o Mestre. Ao anunciarmos Jesus e falarmos do seu evangelho, devemos fazer com muita clareza e convicção, caso contrário corremos sempre o risco de ficarmos fantasiando o Cristo do evangelho.
Subir em uma montanha não é tarefa das mais fáceis, requer esforço, concentração e muita atenção, pois qualquer escorregão, além de poder ser fatal, a gente ainda perde todo o esforço do trabalho já feito. Jesus havia subido á montanha para rezar e nós também “subimos”, isso é, fazemos a nossa ascese quando nos entregamos à verdadeira oração, aquela onde Deus nos envolve na sua vida de comunhão, como aquela nuvem envolveu os discípulos, e revela-nos quem somos e qual a nossa missão.
Essa experiência nós a podemos fazer na oração pessoal, ou quando nos reunimos na comunidade, em torno da Palavra e da Eucaristia, onde celebramos a paixão, morte e ressurreição de Jesus, isso é, celebramos as dores e os fracassos, o amargor do cálice da derrota, mas também a glória da ressurreição, que marcou o seu êxodo, tema da conversa entre os dois personagens e Jesus.
Mas sempre há os cristãos-soneca, que também dormem o tempo todo, isso é, participam de todo este mistério sem compreendê-lo e vivenciá-lo em seu dia a dia e daí, como o apóstolo Pedro, acordam assustados, com a vontade de armarem as tendas do comodismo, fechando-se em seu grupo ou em sua comunidade, para fugir dos desafios que missão certamente lhes trará, são aqueles cristãos que só querem sombra e água fresca.
Para compreender todo o mistério, uma só coisa é necessária; ouvir com atenção as palavras de Jesus o Filho de Deus! “Escutai o que ele diz...”, dia a voz que sai do meio da nuvem, sigam pelo caminho que ele indicar, vivam do modo como ele viveu, ponham o evangelho no coração, e teremos enfim o Reino dentro de nós, irradiando muita vida e esperança, pois a transfiguração mostra-nos a glória na qual seremos envolvidos, porém, também lembra-nos que há todo um êxodo a ser percorrido, um caminho que não será dos mais fáceis, mas somente nele é que encontraremos as pegadas Daquele que venceu e foi glorificado pelo Pai.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com

2. Mestre, é bom ficarmos aqui
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Jesus sobe a uma montanha para rezar. Leva consigo os apóstolos Pedro, Tiago e João. Durante a oração, Jesus muda de aparência. Sua roupa fica brilhante. Aparecem Moisés e Elias. Moisés, o legislador, e Elias, o profeta. Aparecem revestidos de glória e conversam sobre o “êxodo” de Jesus, que deve acontecer em Jerusalém. Conversam sobre a morte de Jesus na cruz. Os apóstolos estão fora de cena. Tinham adormecido. Estavam com sono. Quando acordaram, viram ainda o ambiente de glória e Moisés e Elias que se afastavam. Pedro se dispôs rapidamente a fazer três tendas, mas não sabia o que estava dizendo.
A revelação é para eles, mas os apóstolos não compreendem o que está acontecendo. Pedro quer cobrir com tendas materiais os seres celestiais que manifestam sua glória. Quando estão sós, Jesus e os apóstolos, o Pai se manifesta. Eis o que os apóstolos precisam saber e devem ouvir para compreender tudo o que virá depois. De uma nuvem que desceu e os envolveu, saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o eleito. Escutai-o”. Aí está o centro da cena da transfiguração, bem no coração do Novo Testamento: o Pai, que revela aos apóstolos quem é Jesus.
No Cristo crucificado vemos Jesus transfigurado. Em sua transfiguração vemos a nossa transfiguração. “Ele transformará nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso”, escreve São Paulo. A transfiguração não é um ato isolado. Ela acontece aqui para dar força aos apóstolos que verão o Cristo crucificado, mas ela está acontecendo o tempo todo no ministério de Jesus, que transfigura quem entra em contato com ele: os pecadores, os doentes, os possessos, os marginalizados. Sabendo que nosso corpo se tornará semelhante ao seu corpo glorioso, aproximemo-nos, como Jesus, de quem precisa ser transfigurado.
A grande prática penitencial da Quaresma será, sem dúvida, a difusão do amor. Assim, tornamos atual a transfiguração de Jesus, que se deu em seu corpo, transfigurando os corpos desfigurados de nossos irmãos e irmãs. Não apreciamos somente as coisas da terra. Sabemos, porém, perceber o valor e a dignidade do corpo humano, sem o qual não somos humanos, corpo que passará pela transfiguração, graças ao poder que Jesus tem de sujeitar a si todas as coisas.
Fonte: NPD Brasil em 17/03/2019

REFLEXÕES DE HOJE

DOMINGO

Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 17/03/2019

HOMILIA DIÁRIA

Jesus nos revela um Deus que surpreende

Postado por: homilia
fevereiro 24th, 2013

Presentes Pedro, João e Tiago, Jesus se transfigura diante deles! Seu corpo ficou luminoso e resplandecente as suas vestes. Com isto, Jesus quis manifestar aos discípulos que Ele era, realmente, o Filho de Deus enviado pelo Pai. Jesus é o cumprimento de todas as promessas do Senhor. É Deus conosco, a manifestação da ternura e da misericórdia do Pai entre os homens.
A Sua Paixão e Morte não serão o fim, mas tudo recobrará sentido quando Deus Pai o ressuscitar e o fizer sentar à Sua direita, na Sua glória. Tudo isto é dito de uma maneira plástica – luz, brancura, glória, nuvem – que indicam a presença de Deus.
Jesus nos revela um Deus que surpreende. Fala da Glória. Todavia, mostra-nos que o caminho necessário para ela é o caminho da cruz, da Paixão e Morte, da entrega total de Sua vida pelo perdão dos pecados.
Já o profeta Daniel ficou surpreendido de ver entrar na glória e receber uma realeza divina, com poder eterno, alguém semelhante a qualquer filho do homem, mas teve de passar pela cova dos leões.
Surpreendidos ficaram também os três apóstolos, no Tabor, ao verem Jesus tão divinamente transfigurado, estando precisamente a rezar preocupado, como qualquer homem, com o que ia sofrer em Jerusalém.
É neste mistério de luz que, hoje, a liturgia nos convida a fixar o nosso olhar. No rosto transfigurado de Jesus brilha um raio da luz divina que Ele conservava no seu íntimo. Esta mesma luz resplandecerá no rosto de Cristo no dia da Ressurreição.
A Transfiguração convida-nos a abrir os olhos do coração para o mistério da luz de Deus, presente em toda a história da salvação. Já no início da criação, o Todo-Poderoso diz:«Faça-se a luz!» (Gn 1, 3), e verifica-se a separação entre a luz e as trevas.
Como as outras criaturas, a luz é um sinal que revela algo de Deus, é como o reflexo da sua glória que acompanha as suas manifestações. Quando Deus aparece, «o seu esplendor é como a luz, das suas mãos saem raios» (Hab 3, 4 s.). Como se afirma nos Salmos, a luz é o manto com que o Senhor se reveste (cf. Sl 104, 2).
No Livro da Sabedoria, o simbolismo da luz é utilizado para descrever a própria essência de Deus: a sabedoria, efusão da glória de Deus, é «um reflexo da luz eterna», superior a todas as luzes criadas (cf. Sb 7, 26.29 s.). No Novo Testamento, é Cristo que constitui a plena manifestação da luz de Deus. A Sua Ressurreição aboliu para sempre o poder das trevas do mal.
Com Cristo ressuscitado, a verdade e o amor triunfam sobre a mentira e o pecado. Nele, a luz de Deus já ilumina definitivamente a vida dos homens e o percurso da história. «Eu sou a luz do mundo – afirma Ele no Evangelho – quem me segue não caminhará nas trevas, mas terá a luz da vida» (Jo 8, 12).
A você que, muitas vezes, se encontra desanimado e assustado, Jesus diz: “O caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva”. Seguir a Cristo é a garantia da vitória final.
Portanto, neste segundo Domingo da Quaresma, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir para chegar à vida nova. E este não é senão o caminho da escuta atenta de Deus e dos Seus projetos, o caminho da obediência total e radical aos planos do Pai.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 24/02/2013

HOMILIA DIÁRIA

Da oração vem a presença de Deus em tudo aquilo que vivemos

É da oração que vem a força, o estímulo, a luz, a graça e a presença de Deus em tudo aquilo que vivemos

“Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar. Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante” (Lucas 9,28b).

Jesus está nos levando para o monte, a fim de que possamos orar com Ele. Quando o Senhor nos leva para o monte, quando a oração sai do nosso coração, somos também transfigurados e transformados pela presença de Deus.
O discípulo que carrega a sua cruz, a cada dia, contempla sua glória na oração, pois é dela que vem a força, o estímulo, a luz, a graça e a presença de Deus em tudo aquilo que vivemos.
A caminhada quaresmal não nos conduz à morte apenas, mas para a morte que nos leva à vida. É morrer para viver, é morrer para ressuscitar, é morrer para contemplar a glória e sermos glorificados. É por isso que, neste segundo domingo da Quaresma, somos convidados a subir ao monte com Jesus para contemplarmos Sua face, para vermos Sua face resplandescente de glória e, ao mesmo tempo, contemplarmos que n’Ele se cumprem as profecias e leis do Antigo Testamento.
Jesus é a plenitude de toda a revelação divina, é para Ele que devemos voltar o nosso olhar, deixar que a Sua voz chegue aos nossos ouvidos. Escutá-Lo é a principal missão do discípulo. Por isso, o pai está dizendo aos nossos ouvidos: “Escutai-O, esse é o filho amado, predileto, ungido, iluminado, enviado por Deus para nos salvar” (cf. Lucas 9,35).
Quando nós O escutamos, todo o nosso ser é transformado, é transfigurado pela Sua presença. Os nossos sentidos O contemplam com os olhos, os nossos olhos são transfigurados pela Sua presença, falamos da presença d’Ele, porque é bom ficar diante d’Ele, mas só O contemplamos e só falamos d’Ele quando O escutamos.
Precisamos abrir o nosso coração, colocarmo-nos em atitude de oração, para que Jesus fale a nós, fale a nossa vida e ao nosso coração.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 17/03/2019

Oração Final
Pai Santo, que a fé complemente a nossa limitada compreensão diante do grande Mistério da Encarnação do teu Verbo Criador. Faze-nos, Pai amado, ardorosos seguidores e arautos do inefável Dom – teu próprio Filho Unigênito que se fez humano como nós e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 24/02/2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário