ANO B

Jo 6,1-15
Comentário do Evangelho
Jesus é o Pão da
vida que sacia as multidões
O relato dos pães precede o longo discurso do
“pão da vida” (Jo 6,35-58). Encontramos esse relato também na tradição sinótica
(Mt 14,13-21; Mc 6,30-44; Lc 9,10-17). A multidão é atraída a Jesus pelos
sinais que ele fazia em favor dos doentes. Na verdade, a multidão é atraída
pelo imediato, mas não consegue, ainda, dar o salto da fé. Por isso, para o
evangelista o que Jesus fazia em favor dos enfermos é “sinal”, mas não é o caso
para a multidão. Basta nos remetermos à crítica que Jesus faz aos que o
procuravam, depois do acontecimento dos pães (cf. Jo 6,26). Por sua própria
natureza o sinal é ambíguo; ele precisa ser compreendido e discernido para que
remeta a pessoa à realidade para a qual aponta. A evocação da Páscoa dos judeus
é importante, uma vez que ela nos faz ler e compreender o relato à luz da
Páscoa de Jesus Cristo, em que Deus selou uma Aliança definitiva com o seu
povo. A pergunta posta por Jesus a Filipe é para testá-lo. Lido à luz da Páscoa
do Senhor, o relato põe implicitamente para o leitor outra questão: Qual é o
verdadeiro alimento do povo que o Cristo atrai e reúne? A resposta será
exaustivamente explicitada no discurso do pão da vida.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Oração
Senhor, que nosso
coração esteja sempre aberto para compreender os teus sinais. Que não nos falte
o pão do sustento e o pão da Palavra.
Vivendo a Palavra
São
Francisco chamava carinhosamente o seu corpo de ‘burrinho’, pois ele o ia
carregando pelo caminho de volta à Casa do Pai. Jesus, depois de alimentar a
multidão com a Palavra Criadora que trazia do Pai, lembra da humanidade de seus
ouvintes e lhes dá o alimento para o corpo. Uma reflexão que nós, sua Igreja
neste mundo, devemos levar em consideração.
Reflexão
O
capítulo sexto do evangelho de São João é reservado para o discurso sobre o
sacramento da Eucaristia, e Jesus, no uso da sua pedagogia, prepara os judeus
para esse discurso através da multiplicação dos pães. A prática pedagógica de
Jesus deve ser o grande iluminativo para a nossa prática missionária, pastoral
e evangelizadora. Nós devemos anunciar o evangelho a partir da realidade das
pessoas, de suas experiências de vida, dos seus valores e das suas
expectativas. Antes de anunciar a Palavra de Deus, precisamos criar a
necessidade dela no coração das pessoas como Jesus, que a partir da necessidade
do pão, cria a necessidade do pão da vida eterna.
Meditando
o Evangelho
O VERDADEIRO PROFETA
A multiplicação dos pães levou a multidão a
considerar Jesus como o verdadeiro profeta, aquele que todos esperavam, desde
longa data. O fato de ter alimentado uma imensa multidão, contando apenas com
cinco pães de cevada e dois peixes, revelou-se como sinal inequívoco da
messianidade de Jesus. Daí o desejo do povo de fazê-lo rei, na esperança de que
todos os seus problemas fossem resolvidos da mesma forma eficiente e rápida,
que acabavam de presenciar. Foi grande a expectativa criada em torno dele.
Todavia, Jesus não se deixou levar por tal raciocínio demasiado
pragmático. O povo não havia entendido o sentido do milagre, uma vez que o
consideravam apenas sob o aspecto material de superação da fome pela abundância
de pão. O objetivo visado por Jesus era bem outro: ensinar a todos que a
partilha fraterna é um sinal irrefutável da presença do Reino, acontecendo na
história humana. Por outras palavras: a partilha é um imperativo na vida de
quem aderiu ao Reino, fazendo dele o centro de sua vida. Ou seja, o milagre
dependeu da postura interna de cada pessoa, e não somente da iniciativa de
Jesus.
O Mestre é o verdadeiro profeta não porque multiplicou os pães de forma
prodigiosa, à revelia das pessoas, e sim, porque abriu o coração humano para o
amor, muito bem expresso na partilha dos bens.
Oração
Espírito de partilha, arranca do meu coração
toda tentação egoísta de usufruir sozinho os bens deste mundo,
sensibilizando-me para a pobreza dos meus irmãos.
Oração Final
Pai Santo, que o testemunho de vida e, quando
oportuno, uma palavra inspirada pelo teu Espírito, ajudem nossos vizinhos
peregrinos a encontrar o Caminho de volta para o Lar Paterno. E que nosso
cuidado os socorra nas necessidades sofridas durante a caminhada. Pelo Cristo
Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
http://www.arquidiocesebh.org.br/mdo/pg06.php

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