29 de Setembro
de 2013
Ano C

Lc 16,19-31
Comentário do
Evangelho
Quais os meios para entrar no
Reino de Deus?
Os versículos 14 a 18 do capítulo 16 fazem a transição da
parábola do administrador desonesto para o do rico e Lázaro.
Estes versículos nos deixam a impressão de que os
fariseus amam o dinheiro (cf. v. 14) e exaltam em seus corações o que é
detestável (até mesmo idolátrico) aos olhos de Deus (cf. v. 15). O que é um
momento pobre para os fariseus é, na verdade, um grande momento, pois é um
tempo em que todo homem se esforça por entrar no Reino de Deus (cf. v. 16),
pela obediência à Lei (cf. v. 17). O que Jesus está tentando fazer ver aos
fariseus é que, num tempo onde os meios para entrar no Reino de Deus estão na
Lei de Deus, eles correm o risco de abraçar não a Lei, mas o que é abominável
aos olhos de Deus.
É sobre esse pano de fundo que Jesus conta a parábola
do rico e de Lázaro, nosso evangelho de hoje, em que se vive a vida como se a
Lei não impusesse obrigações com relação ao próximo, como: “Amarás o teu
próximo como a ti mesmo” (Lv 19,18). O desprezo pelo outro compromete o
cumprimento dos mandamentos. Marcos no seu evangelho nos alerta para situação
semelhante: “Abandonais o mandamento de Deus, apegando-vos à tradição dos
homens” (Mc 7,8). Da região dos mortos (v. 23), o rico compreende que é a
obediência à Lei o meio de entrar no Reino de Deus, por isso ele pede a Abraão
que envie Lázaro ao seu irmão para alertá-lo (vv. 27-28). Mas Abraão insiste
que eles já têm os meios: Moisés e os Profetas (v. 29.31), isto é, toda a
Escritura, que é preciso ouvir (v. 29). Se eles rejeitam este meio, rejeitarão
também Lázaro, ressuscitado dos mortos (cf. v. 31).
Cabe a eles, como também a nós, buscar os meios
adequados, não quaisquer meios, mas os consignados na Escritura, para entrar no
Reino de Deus. A Lei e os Profetas são dados para esta vida em vista do Reino
de Deus.
Vivendo a Palavra
O homem rico pedia aparições miraculosas de
mortos para a conversão de seus parentes. Jesus ensina que a nossa opção deve
ser feita diante de um milagre – sim, um milagre! – mas o milagre da vida e das
relações com os irmãos. A Igreja é lugar de viver a fraternidade – caminho
natural para o Reino de Deus.
Meditação
Você
é rico? Em que consiste sua riqueza? - Você é pobre? Pobre de que coisas? - Sua
riqueza espiritual lhe dá sentido à vida? - Como você encara seus irmãos
pobres de bens materiais? - Você participa de alguma obra que socorre os
necessitados?
Padre Geraldo
Rodrigues, C.Ss.R
REFLEXÕES DE HOJE

29
de SETEMBRO – DOMINGO
1 - IGNORAR O POBRE É IGNORAR O PRÓPRIO JESUS! - Olívia
Coutinho
2 - O HOMEM RICO E O POBRE LÁZARO - José Salviano
3 - Lázaro e o homem rico - Padre Queiroz
4 - Na companhia dos anjos ou no tormento - Helena Serpa
5 - Quem vai para o Céu?-Diac. José da Cruz
Liturgia comentada
No outro mundo... (Lc 16, 19-31)
Notável a parábola do “rico
indiferente”, ou melhor, a “parábola dos seis irmãos”, como sugere J. Jeremias
(“As Parábolas de Jesus”, Ed. Paulinas, 1983). Parábola que pode ser lida com
humor ou com tremor...
Uma narrativa em dois tempos: neste
mundo, o pobre entre dores e o rico entre gozos; no outro mundo, posições
invertidas. E... para sempre, sem remissão... Detalhe curioso: é a única
parábola de Jesus em que um dos personagens tem nome: Lázaro (ou Eleazar), que
significa, em hebraico, “Deus ajuda”. Já o apelido do rico indiferente – Epulão
– é posterior e não consta do original.
Entre os dois “tempos”, a morte como um
limiar e uma virada, que tudo multiplica por (–1), invertendo todos os valores.
O mendigo sofredor acaba no “seio de Abraão” (imagem do Céu), enquanto o rico
gozador acaba atormentado no inferno (dispensa imagens!). O rico tenta um
recurso paradoxal: pede a Abraão uma espécie de mediação do próprio Lázaro,
para refrescar sua sede infernal. O mesmo que, antes, negara migalhas de pão,
agora suplica por uma gota d’água...
Como isto era impossível, pois um
abismo intransponível (chaos magnum, em latim) impede o contato entre céu e
inferno, o condenado mostra preocupação com seus cinco irmãos que ainda vivem
na terra e – supõe-se – viviam um estilo de vida semelhante ao que ele mesmo havia
escolhido. Pede que o fantasma de Lázaro vá alertá-los. E ouve do Pai Abraão a
resposta: “Eles têm Moisés (a Palavra escrita, lógos) e os Profetas (a Palavra
viva, rhema). Basta ouvi-los!”
O ricaço ainda argumenta que a aparição
de um morto teria mais impacto e os levaria à conversão. E a crua resposta:
quem não ouve a Lei e as Profecias, também não daria ouvidos a um morto...
Quantas lições para nós! Não se vive
impunemente. Há uma retribuição proporcional. Ficar surdo à Lei de Deus é coisa
séria, de graves consequências. A indiferença ao pobre é mortal!
Prefiro, contudo, fixar-me em uma única
lição: existe um OUTRO MUNDO. Este mundo não é o único. Aliás, este é
provisório, passageiro. O outro, sim, é definitivo, tecido de eternidade. E
viver como se nada houvesse além deste mundo, é pura insanidade!
Para que mundo nós estamos vivendo?
Orai sem cessar: “A ti, Senhor, o pobre
se abandona confiante!” (Sl 10, 14)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br
Liturgia de 29.09.2013 -
25º DTC - O rico e Lázaro
29 de setembro – 26º DOMINGO DO TEMPO COMUM
COITADO, SÓ TEM DINHEIRO!
I. INTRODUÇÃO GERAL
As
leituras do 26º domingo comum dificilmente deixarão insensível o coração do
verdadeiro cristão. Trazem uma contundente crítica à ganância, que, esta sim,
torna insensíveis as pessoas. As leituras de hoje trazem um forte
chamamento à conversão à solidariedade e à justiça social para a
transformação de uma realidade injusta e iníqua, segundo a vontade de Deus.
Essa necessidade de conversão não é apenas para os ricos, mas também para os
pobres que têm coração e mentalidade de ricos e para todos os que não abrem os
olhos para a realidade social injusta.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (Am 6,1a.4-7)
Mais
uma vez (como no domingo passado) Amós, mestre da ironia profética (veja as
“vacas de Basã”, Am 4,1), critica a “sociedade de consumo” de
Samaria e de Jerusalém (Sião). Os ricos, especialmente os da corte real,
aproveitam a vida sem se importar com a “casa de José”, ou seja, com a ruína do
povo. A “casa de José” são as tribos de Efraim e Manassés, filhos de José
do Egito, que constituíram o reino do Norte (Samaria). José, porém, distribuía
alimentos ao povo, enquanto os donos de Samaria tiravam o pão do povo. Por
isso, essa elite tem que ir ao cativeiro, para aprender o que é a justiça e o
direito.
Na
leitura da semana passada, Amós revelava a ambiguidade dos ricos
comerciantes da Samaria. Hoje, censura-lhes a irresponsabilidade. Denuncia
o luxo e a luxúria das classes dominantes. Evoca ironicamente a gloriosa
história antiga: os ricos, porque têm uma cítara para tocar, acham que são
cantores como Davi… enquanto o povo é ameaçado pela catástrofe da injustiça
social e da invasão assíria. Por isso, esses ricaços sairão ao exílio na frente
dos deportados…
2. Evangelho (Lc 16,19-31)
A
insensibilidade pelo sofrimento do pobre é também o tema da leitura evangélica
deste domingo, a parábola do ricaço e do pobre Lázaro, Lc 16,19-31.
Nesta parábola, própria de Lucas, o narrador acentua o perigo da riqueza.
Mostra a insensibilidade de quem vendeu sua alma em troca de riqueza
– quem é tão pobre que só possui dinheiro!
A
descrição do pobre e de sua contrapartida, o ricaço, é extremamente viva. As
sobras da mesa do rico não vão para o pobre, mas para o cachorro. Parece que é
hoje. Significativo é que Lázaro tem nome, e seu nome quer dizer: Deus ajuda. O
rico não tem nome, é ignominioso. Quando então sobrevém a morte, igual para
ambos, o quadro se inverte. Lázaro vai para “o seio de Abraão” (é acolhido por
Abraão no lugar de honra do banquete, podendo reclinar-se sobre seu lado). O
rico, entretanto, vai para o xeol, a região dos mortos, onde passa por
tormentos. Há entre os dois um abismo intransponível, de modo que Lázaro não poderia nem dar
ao ricaço um pouco de água na ponta do dedo para aliviar-lhe o calor
infernal. Na realidade, esse abismo já existia antes da morte – o abismo entre
ricos e pobres –, mas com a morte tornou-se intransponível, definitivo. Então,
o rico pede que Lázaro possa avisar seus irmãos, que vivem do mesmo
jeito como ele viveu. Mas Abraão responde: “Eles têm Moisés e os profetas. Nem
mesmo se alguém ressuscitasse dos mortos, não acreditariam nele”: alusão a
Cristo.
Dureza,
isolamento, incredulidade: eis as consequências do viver para o
dinheiro. Podemos verificar esse diagnóstico em redor de nós, cada dia, e,
provavelmente, também em nós mesmos. A pessoa só tem um coração; se o coração
se afeiçoa ao dinheiro, fecha-se ao irmão.
Os
ricos são infelizes porque se rodeiam de bens como de uma fortaleza. É a
impressão que suscitam hoje os condomínios fechados. São “incomunicáveis”. As
pessoas vivem defendendo-se a si e a suas riquezas. Os pobres não têm nada a
perder. Por isso, “as mãos mais pobres são as que mais se abrem para tudo dar”.
Em
nosso mundo de competição, a riqueza transforma as pessoas em concorrentes. A
riqueza é vista não como “gerência” daquilo que deve servir para todos, mas
como conquista e expressão de status. Tal atitude marca a riqueza
financeira (capitalização sem distribuição), a riqueza cultural (saber não para
servir, mas para sobrepujar) e a riqueza afetiva (possessividade, sem
verdadeira comunhão). Considera-se a riqueza recebida como posse em vez de
“economia” (palavra grega que significa: gerência da casa). Não se imagina o
tamanho deste mal numa sociedade que proclamou o lucro e a competição como seus
dinamismos fundamentais. Até a afetividade transforma-se em posse. As pessoas
não se sentem satisfeitas enquanto não possuem o objeto de seu desejo, e,
quando o possuem, não sabem o que fazer com ele, passando a desejar outro… Não
sabem entrar em comunhão. Assim, a parábola de hoje é um comentário do “ai de
vós, ricos” (Lc 6,24).
3. II leitura (1Tm 6,11-16)
A
2ª leitura de hoje não participa da temática principal da 1ª leitura e do
evangelho, mas completa-a, no sentido de apresentar o contrário da dureza e
avareza.
Imediatamente
antes do trecho de hoje, a primeira Carta a Timóteo fala da avareza, que chega
a abalar a fé (6,10). Também os ministros da Igreja devem cuidar-se dela.
Depois, positivamente, exorta Timóteo a cultivar as boas virtudes (6,11-12), a
ser fiel à profissão da fé (6,12.13), confiada a ele por Cristo, até sua volta
(6,14.15-16). A Igreja está no tempo do crescimento; deve conservar o que lhe é
confiado.
O
testemunho de Cristo neste mundo não é nada pacífico. É uma luta:
o bom combate. Importa travar esta luta – como o fez Paulo – até o
fim, para que vivamos para sempre com aquele que possui o fim da História.
(Poder-se-iam acrescentar à leitura os versículos que seguem, 1Tm 6,17-19, e
que são uma lição do que o cristão deve fazer com seus bens.)
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
A
riqueza que endurece: ouvimos as censuras de Amós contra os ricos da
Samaria, endurecidos no seu luxo e insensíveis ao estado lamentável em que se
encontra o povo. Jesus, no evangelho, descreve esse tipo de comportamento na
inesquecível pintura do ricaço e seus irmãos, que vivem banqueteando-se,
enquanto desprezam o pobre Lázaro, mendigo sentado à porta. Quando morre e vai
ao xeol, o rico vê, de longe, Lázaro no céu, com o pai Abraão e todos os
justos. Pede a Lázaro que venha com uma gota d’água aliviar
sua sede. Mas é impossível. O rico não pode fazer mais nada, nem sequer
consegue que Deus mande Lázaro avisar seus irmãos a respeito de seu erro. Pois,
diz Deus, nem mandando alguém dentre os mortos eles não acreditam. Imagine, se
mesmo a mensagem de Jesus ressuscitado não encontra ouvido!
E
nós? Nós continuamos como o rico e seus irmãos. Os pobres morrem às nossas
portas, onde despejamos montes de comida inutilizada… (Alguma
prefeitura poderia talvez organizar a distribuição das
sobras dos restaurantes para os pobres.) Será que devemos criar uma nova
estrutura na sociedade, de modo que não haja mais necessidade de
mendigar nem supérfluos a despejar? Isso certamente aliviaria, ao mesmo tempo,
o problema social e o problema ecológico, pois o meio ambiente não precisaria
mais acolher os nossos supérfluos. Mas, ao contrário, cada dia produzimos mais
lixo e mais mendigos.
O
exemplo do rico confirma a mensagem de domingo passado: não é possível servir a
Deus e ao dinheiro. Quem opta pelo dinheiro afasta-se de Deus, de seu plano e
de seus filhos. Talvez decisivamente.
Em
teoria, aceitamos essa lição. Mas ficamos por demais no nível pessoal
e interior. Procuramos ter a alma limpa do apego ao dinheiro e, se nem sempre o
conseguimos, consideramos isso uma fraqueza que Deus há de perdoar. Mas não
fazemos a opção por Deus e pelos pobres em nível estrutural, ou seja, na
organização de nossa sociedade, de nosso sistema comercial etc. Temos até raiva
de quem quer mudar a ordem de nossa sociedade. Prendemo-nos ao sistema que
produz os milhões de lázaros às nossas portas. Pior para nós, que não teremos
realizado a justiça, enquanto eles estarão na paz de Deus.
A
“lição do pobre Lázaro” só produzirá seu efeito em nós, “cristãos de bem”, se
metermos a mão na massa para mudar as estruturas econômicas, políticas e
sociais de nossa sociedade. Porém, que adiantariam novas estruturas se também
não se renovassem os corações? Quem conhece a história sabe que nenhuma
estrutura social ou econômica é definitiva, porque é fruto do
trabalho humano, que é sempre provisório. As estruturas mais justas não
dispensam a sensibilidade por aquele que sofre, e é assumindo nossa
responsabilidade diante do sofrimento de cada um, na dedicação ao amor
fraterno, que cuidaremos também de tornar mais fraternas as próprias estruturas
da sociedade.
Pe. Johan Konings, sj
Nascido
na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor
em Teologia e licenciado em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade
Católica de Leuven (Lovaina). Atualmente, é professor de Exegese Bíblica na
Faje, em Belo Horizonte. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a
partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de
Cristo e formação dos fiéis – anos A - B - C; Ser cristão;
Evangelho segundo
João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje.
E-mail: konings@faculdadejesuita.edu.br
29 de
setembro – 26° DOMINGO COMUM
TEMOS MISERICÓRDIA EM NÓS?
Lázaro
passava necessidades, enquanto o homem rico fazia banquetes refinados todos os
dias, sem se importar com o clamor daquele e de outros pobres. Não tinha
misericórdia. Poderíamos dizer que era alguém que só pensava no próprio sucesso
e não se compadecia dos sofredores, só levava em conta seu prazer e bem-estar.
Em nosso dias, fala-se muito em ter sucesso, em conquistar o máximo de bens
para si. Todos sabemos que bens materiais são importantes; por isso é que,
inspirada em Jesus e em seu evangelho, a Igreja nos manda assistir os
necessitados em suas dificuldades, partilhar o pão com os famintos,
proporcionar refúgio aos desabrigados. No entanto, o evangelho nos ensina a
viver com o necessário. Quem deseja ser discípulo de Jesus não pode fazer do
bem-estar, do conforto, o principal objetivo da vida.
A
parábola de Lázaro e do rico nos faz considerar uma verdade de nossa fé: quem
só pensa em si mesmo e não é sensível aos sofrimentos dos outros fica longe do
reino de Deus, por mais dinheiro que tenha, por mais riqueza que possua. Existe
até uma propaganda de cartão de crédito que diz que o dinheiro não compra tudo,
mas parece que muitos ainda não se convenceram disso e têm como meta de vida
possuir mais e mais. O evangelho não está sugerindo que devemos ser
displicentes ou desorganizados com nossas finanças, mas quer chamar a nossa
atenção para o que é mais importante na vida. Vamos ouvir agora, enquanto temos
tempo, “a Lei e os profetas”. A vida passa rápido, e o tempo perdido não volta.
Muita
gente não desperdiça uma ocasião sequer de ganhar dinheiro. Não há problema
nisso se não está trapaceando ou prejudicando alguém. No entanto, como
discípulos e missionários de Jesus, não nos convém desperdiçar as ocasiões de
fazer o bem a alguém. Lázaro estava passando fome e precisando de cuidados
médicos. O rico o ignorava. A companhia do pobre eram os cachorros, que vinham
lamber suas feridas. Talvez o evangelho queira nos dizer que quem ignora o
sofrimento dos outros, quem não cuida do irmão, está abaixo dos cães, dos
animais. Tudo isso não deve nos levar a julgar as outras pessoas, mas fazer um
exame de consciência. Cada pessoa se pergunte: estou cuidando do meu próximo ou
só penso em minhas necessidades?
Senhor,
fazei-nos instrumentos de paz e amor!
Claudiano
Avelino dos Santos, ssp
29 de setembro: 26º domingo comum
ABISMO ENTRE RICOS E POBRES
Pobreza
e riqueza, eis uma questão presente no evangelho de hoje que se torna assunto
de encontros e conferências ao longo do tempo e nos lugares mais remotos.
Há
várias interpretações para a existência de pobreza e riqueza, pobres e ricos:
muitos ligam pobreza e riqueza à sorte e ao acaso; outros veem na pobreza sinal
de incompetência e preguiça e na riqueza prêmio de competência e dedicação. A
verdade é que a pobreza deve ser combatida e a riqueza partilhada.
Segundo
a parábola, o rico não é condenado por ser explorador, por tratar mal seus
empregados, por este ou aquele ato, mas porque, enquanto se banqueteava em
“festas esplêndidas”, não via o pobre faminto em frente à sua casa. Foi
insensível e indiferente à necessidade do pobre. Eis o grande pecado de hoje, o
abismo que separa ricos e pobres: a indiferença, que pode tornar-se definitiva,
permanente, até a eternidade.
O
perigo da riqueza mostra-se real quando desumaniza a pessoa, tornando-a
insensível e indiferente à realidade de miséria e sofrimento de muitos filhos e
filhas de Deus. A razão de ser dos bens, fruto do trabalho de todos, é a promoção
de todas as pessoas da sociedade.
Muitos
países ricos estão construindo um abismo, fechando a porta a imigrantes que
buscam – em meio à angústia e necessidades – vida com dignidade. Nações ou
grupos multinacionais controlam a riqueza e fazem dela fonte de divisões em
favor de seu domínio econômico.
Há
também o abismo da discriminação e da intolerância derivada da cor, do gênero e
da cultura – esquecendo que nos tornamos mais humanos quando nos relacionamos
com a diversidade e a aceitamos.
O
planeta Terra é a casa de todos ou a “casa comum”, onde convivemos com todos e
nos sentimos em nosso próprio lar, usufruindo dos frutos do trabalho humano e
dos bens – dons de Deus – que a própria natureza nos fornece.
Pe. Nilo Luza, ssp
Não construa sua riqueza em cima da miséria alheia
Onde vivemos, há ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais
pobres. Muitas vezes, a riqueza de alguns é construída em cima da miséria de
muitos.
“Filho
lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez , os
males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado” (Lc 16,25).
Um
dos Evangelhos que relata, de forma muito clara, o drama que vive a comunidade
desde os seus primórdios. O Evangelho nos mostra duas realidades. De um lado, a
do rico que tudo tem, que tudo pode, que esbanja dos bens que tem, das posses,
do dinheiro e de tudo aquilo que as riquezas podem dar a uma pessoa. E do outro
lado, o pobre Lázaro praticamente miserável, que vive das misérias, da boa
vontade das pessoas quando lhe dão algo para comer ou para poder sobreviver, de
modo que ele vive jogado nas ruas, até os cachorros lambiam suas feridas.
No
mundo em que nós vivemos, existem muitos ricos como no Evangelho de hoje; não
existe pecado nenhum em ser rico, não existe mal nenhum em ter bens, em
trabalhar honestamente, em adquirir posses e riquezas. O único mal é quando
você olha a riqueza pela riqueza, faz dela o seu triunfo e coloca nela o
sentido da sua vida, e você não pode olhar mais além; e pior ainda quando você
se torna rico e não se lembra dos pobres.
Onde
vivemos, há ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres. Muitas
vezes, a riqueza de alguns é construída em cima da miséria de muitos.
Muitas
vezes, o rico não se lembra de tratar com dignidade, com respeito e até
promover a dignidade daqueles que estão sofrendo na miséria; por isso o
Evangelho de hoje apresenta para nós o destino final da humanidade. O rico que
vai sofrer os tormentos do inferno e o pobre que vai receber o consolo de Deus.
Lá, o rico vai pedir o consolo ao pobre para vir em seu socorro, mas Abraão,
representando o pai eterno, diz que é um abismo que separa quem está no céu de
quem está no inferno.
Hoje,
pobres e ricos podem conviver juntos pelo menos no mesmo planeta. É óbvio que
um abismo social enorme os separa. É nosso papel, é nosso dever em cima daquilo
que nos ensina o Evangelho, a Doutrina Social da Igreja. Trabalharmos e nos
empenharmos, cada vez mais, para que a pobreza desapareça e para que menos
pessoas passem por necessidades. Cuidemos dos pobres, porque a carne dos
pobres, desprezados e sofridos, é a carne do próprio Jesus.
Deus
abençoe você!
Padre Roger Araújo
LEITURA ORANTE
Lc 16,19-31 - Apelo à conversão

Preparo-me para a oração, rezando com
todos os internautas:
Em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de
seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo,
presente e agindo na Igreja e na
profundidade do meu ser,
eu vos adoro, amo e agradeço.
E invoco o Espírito Santo para que me
ilumine na Leitura Orante:
Vinde Espírito Santo, enchei os
corações dos vossos fiéis.
E acendei neles o fogo do vosso amor.
E acendei neles o fogo do vosso amor.
- Enviai, Senhor, o vosso Espírito e
tudo será criado.
- E renovareis a face da terra.
- E renovareis a face da terra.
Oremos:
Ó Deus, que instruístes os
corações dos fiéis com as luzes do Espírito Santo, fazei que apreciemos
retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da
sua consolação. Por Cristo Senhor nosso. Amém.
1. Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz?
Começo lendo atentamente o texto do
dia, possivelmente, na minha Bíblia : Lc 16,19-31.
Jesus continuou:
- Havia um homem
rico que vestia roupas muito caras e todos os dias dava uma grande festa. Havia
também um homem pobre, chamado Lázaro, que tinha o corpo coberto de feridas, e
que costumavam largar perto da casa do rico. Lázaro ficava ali, procurando
matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do homem rico. E até os
cachorros vinham lamber as suas feridas. O pobre morreu e foi levado pelos
anjos para junto de Abraão, na festa do céu. O rico também morreu e foi
sepultado. Ele sofria muito no mundo dos mortos. Quando olhou, viu lá longe
Abraão e Lázaro ao lado dele. Então gritou: "Pai Abraão, tenha pena de
mim! Mande que Lázaro molhe o dedo na água e venha refrescar a minha língua
porque estou sofrendo muito neste fogo!"
- Mas Abraão
respondeu: "Meu filho, lembre que você recebeu na sua vida todas as coisas
boas, porém Lázaro só recebeu o que era mau. E agora ele está feliz aqui,
enquanto você está sofrendo. Além disso, há um grande abismo entre nós, de modo
que os que querem atravessar daqui até vocês não podem, como também os daí não
podem passar para cá."
- O rico disse:
"Nesse caso, Pai Abraão, peço que mande Lázaro até a casa do meu pai
porque eu tenho cinco irmãos. Deixe que ele vá e os avise para que assim não
venham para este lugar de sofrimento."
- Mas Abraão
respondeu: "Os seus irmãos têm a Lei de Moisés e os livros dos Profetas
para os avisar. Que eles os escutem!"
- "Só isso não
basta, Pai Abraão!", respondeu o rico. "Porém, se alguém ressuscitar
e for falar com eles, aí eles se arrependerão dos seus pecados."
- Mas Abraão
respondeu: "Se eles não escutarem Moisés nem os profetas, não crerão,
mesmo que alguém ressuscite."
Nesta parábola, que Jesus contou,
está um forte apelo à conversão. Enquanto vivemos é tempo de conversão, mudança
de vida, solidariedade, tempo de viver as propostas do Reino que é amor,
perdão, justiça, fraternidade. Amanhã talvez, eu e você não tenhamos mais
tempo. Depois da morte este tempo não existirá mais. E viveremos eternamente
como fomos encontrados neste momento.
2. Meditação
(Caminho)
- O que a Palavra diz para mim?
Pergunto-me se não estou deixando o
tempo passar, deixando a conversão para depois.
O bem-aventurado Alberione recebeu de
Deus e comunicou à Família Paulina, o apelo de viver em "contínua
conversão". Os bipos, na Conferência de Aparecida, disseram:“No exercício de
nossa liberdade, às vezes recusamos essa vida nova (cf. Jo 5,40) ou não
perseveramos no caminho (cf. Hb 3,12-14). Com o pecado, optamos por um caminho
de morte. Por isso, o anúncio de Jesus sempre convoca à conversão, que nos faz
participar do triunfo do Ressuscitado e inicia um caminho de transformação. (DAp 351).
3. Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a
Deus?
Jesus me recomenda a dar aos outros o
melhor, a partilhar, a viver a fraternidade.
Rezo como Jesus nos ensinou: Pai nosso...
4. Contemplação(Vida/ Missão)
Rezo como Jesus nos ensinou: Pai nosso...
4. Contemplação(Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da
Palavra?
Meu olhar de contemplação é um olhar
de conversão que cancela tudo aquilo que em minha vida é acomodação,
indiferença, omissão, como evitar as pessoas que precisam de mim. Que Deus
abençoe este meu propósito.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde.
Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, dá-nos sabedoria para viver
fraternalmente com os companheiros que colocaste perto de nós nesta jornada.
Que sejamos testemunhas para o mundo do quanto nos sentimos amados por ti, e da
esperança/certeza do teu Reino. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na
unidade do Espírito Santo.

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