DIA 27 DE JULHO –DOMINGO
VEJA AQUI MAIS HOMILIAS
PARA O PRÓXIMO DOMINGO
27 de julho – 17º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Por Pe. Johan Konings, sj
I. INTRODUÇÃO GERAL
A liturgia de hoje
tem acento duplo: sapiencial e escatológico. A segunda parte do evangelho é
claramente escatológica (parábola da rede), e com isso sintonizam as orações.
Mas o tema principal é o do “investimento” da pessoa naquilo que é seu valor
supremo. Este tema, mais sapiencial, retém nossa atenção. Aparece na primeira
parte do evangelho (o tesouro, a pérola) e na primeira leitura (o rei Salomão
não pediu a Deus riqueza, e sim sabedoria, isto é, o dom de distinguir entre o
bem e o mal).
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (1Rs 3,5.7-12)
O tema principal da
liturgia de hoje é ilustrado pela primeira leitura: o rei Salomão não pede a
Deus riqueza, e sim sabedoria, isto é, o dom de julgar e decidir acertadamente,
“distinguindo entre o bem e o mal” ( v. 9). Esta leitura nos convida a ler o episódio
seguinte do livro dos Reis, a aplicação prática dessa sabedoria (1Rs 3,16-28: o
“julgamento salomônico”). O próprio fato de não pedir outra coisa já mostra a
sabedoria. Ainda assim, além da sabedoria, Deus lhe deu, como que “de brinde”,
algumas coisas menos importantes (riqueza, fama, longa vida; cf. 1Rs 3,13-14).
2. Evangelho (Mt 13,44-52)
O evangelho contém
as últimas parábolas e a conclusão do “sermão das parábolas” de Mt 13: as
parábolas do tesouro e da pérola, que ensinam o pleno investimento no Reino (v.
44-46), e a parábola da rede, que ilustra a situação “mista” da Igreja (mistura
de fiéis convencidos e de batizados mornos) até o tempo final (v. 47-50). Nos
últimos versículos coloca-se a pergunta “compreendeis?” (v. 51), dirigida aos
discípulos do tempo de Jesus e aos de hoje também. Esse “compreender” consiste
em receber em si todas as palavras do Senhor, tiradas do tesouro que contém
“coisas novas e velhas” (v. 52). As “coisas novas” são o novo ensinamento de
Cristo; as “velhas”, a releitura cristã das antigas Escrituras e tradições
judaicas. Essa releitura está sendo feita desde os primeiros tempos da Igreja
(a igreja judeu-cristã do evangelista Mateus) até hoje (por exemplo, na
primeira leitura na liturgia dominical, no uso dos salmos etc.). Por esta
razão, o mestre cristão é chamado de “escriba instruído no Reino dos Céus” (v.
52).
Olhemos primeiro as
parábolas da pérola e do tesouro. O negociante que aparece na parábola da
pérola é um homem de bem, perspicaz (como Salomão, na 1ª leitura). Ele arrisca
tudo o que tem num investimento que lhe parece valer a pena (Mt 13,44). Para
que o ouvinte compreenda melhor, esta parábola vem acompanhada de outra, que
até parece elogiar a “especulação imobiliária”: um homem vende tudo para
comprar um campo no qual está escondido um tesouro (v. 45-46). A lição destes
textos é: investir tudo naquilo que é o mais importante. Isso parece sabedoria
humana, mas aplica-se muito bem à realidade divina, ao Reino de Deus. Mas em
que consiste, concretamente, o tesouro desta parábola? Para discernir isso,
precisamos da sabedoria que Salomão pediu (cf. 1Rs 3,9) e que lhe propiciou
pronunciar juízos sábios (cf. 1Rs 3,16-28). Ora, sabendo que Deus tem
predileção pelos que mais precisam, os pobres e desprotegidos, podemos pensar
que neles está o melhor investimento. É isso que fez o diácono e mártir
Lourenço quando o imperador lhe pediu que mostrasse os tesouros da Igreja:
mostrou-lhe os pobres de Roma.
Essas parábolas
sugerem duas atitudes básicas. Há um momento negativo, o desprender-se das
posses que não vale a pena segurar. Pensando bem, Salomão relegou a riqueza
material para o segundo plano (pelo menos, em sua oração). Mas fez isso em
função do momento positivo, que é o investir naquilo que é realmente o mais
importante, aquilo em que Deus mesmo investe: justiça e bondade, iluminadas
pela sabedoria. A atitude negativa (o desprendimento) e a positiva (o
investimento) são “dialéticas”: uma não funciona sem a outra. Não somos capazes
de nos desprender daquilo que é secundário se não temos claro o principal. Por
falta do que é principal – a saber, o investimento do amor –, o esforço do
desprendimento pode virar masoquismo, prazer em diminuir-se a si mesmo. Por
outro lado, nunca conseguiremos investir o nosso coração para adquirir a pérola
do Reino de Deus se não soubermos nos desprender das joias falsas que enfeitam
nossa vida. Por isso, há tanto idealismo que não consegue ir além de um suspiro
piedoso…
A leitura mais longa do evangelho apresenta ainda a parábola escatológica da
rede, que encerra a coleção reunida no “sermão das parábolas” de Mateus (Mt
13,47-50). Esta parábola, muito semelhante à do joio e do trigo, lida no
domingo passado, lembra que no tempo atual bons e ruins ficam misturados, mas
no fim será feita a triagem. Na leitura evangélica abreviada, esta parábola
fica fora, e o pregador que assim preferir pode deixar esse assunto para o fim
do ano litúrgico (32º-34º domingos do tempo comum). Contudo, esse pensamento
escatológico dá um peso especial ao tema sapiencial do investimento, acima
abordado. Ensina-nos que se trata de um investimento para sempre. Responde,
assim, à pergunta dos antigos mestres espirituais: “Que é isso em vista da
eternidade?” E serve também como antídoto contra o desânimo que pode tomar
conta de nós ao constatarmos, ao nosso redor, tanta coisa que não presta. No
fim será feita a triagem.
3. II leitura (Rm 8,28-30)
Na segunda leitura,
encontramos um dos textos maiores da carta aos Romanos: o planejamento de Deus
e sua execução. Deus, como bom empreiteiro, faz todo o necessário para o bem
daqueles que o amam, levando a termo a execução de seu desenho (“desígnio”) (v.
28). O texto é construído em redor da corrente
conhecer-destinar-chamar-justificar-glorificar: as fases do acabamento, por
Deus, do ser humano; uma obra de arquiteto. Deus de antemão conheceu os que
queria edificar, como um arquiteto tem o edifício na mente; ele os projetou
(“predestinou”; o termo grego proorizein significa “planejar, projetar”)
conforme o protótipo que é Jesus mesmo, seu Filho querido, ao qual ele gostaria
que todos se assemelhassem. E aos que assim planejou, também os escolheu
(“chamou”); os “justificou” (qual empreiteiro que verifica sua obra durante a
execução, decidindo se serve ou não) e, arrematando a obra, os “glorificou”
(como em certas regiões os construtores celebram o arremate coroando de flores
a cumeeira da casa nova). O protótipo é Jesus Cristo mesmo: o primogênito dos
mortos. O Espírito já nos tornou filhos (Rm 8,16). Agora é só levar a termo a
obra de arte já iniciada (v. 30). E o distintivo do cristão é que ele tem
consciência de ser essa obra (“sabemos”, v. 28).
Esse texto nos faz entender o que os teólogos chamaram de “predestinação”: não
significa que Deus criou uns para serem salvos e os outros (a “massa
condenada”) para serem perdidos. Significa que, como bom empreiteiro, Deus faz
tudo o que for preciso para completar perfeitamente a salvação naqueles que a
ela se dispõem; e como conhece o coração de todos, ele também conhece os que se
abrem à salvação e os que não se deixam atingir. O pregador que optar por
acentuar a linha escatológica na liturgia de hoje (cf. Mt 13,47-52) encontrará
nesta leitura um tema digno de reflexão.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO: escolher é renunciar
Renunciar não está
na moda, é contrário à economia de mercado, ao consumo irrestrito… O evangelho,
porém, mostra a atualidade eterna da renúncia. E para entender isso melhor, a
liturgia nos lembra primeiro o exemplo de Salomão. Quando Deus o convidou para
pedir o que quisesse, ele não escolheu poder e riqueza, mas sim sabedoria, para
julgar com justiça (1ª leitura).
Jesus ensina o povo a escolher o que vale mais: o Reino de Deus. Para
participar do Reino, vale pôr tudo em jogo, como faz um negociante para comprar
um campo que esconde um tesouro ou para adquirir uma pérola cujo valor resiste
a qualquer crise.
O que se contrapõe,
nestas leituras, são, por um lado, as riquezas imediatas (materiais), por
outro, o dom que Deus nos dá (para Salomão, a sabedoria no julgar; para nós, o
Reino). Na hora de escolher, deve prevalecer o dom de Deus, e o resto tem de
ser sacrificado se for preciso.
Qual seria o dom de Deus hoje? Aquilo que queremos ter em nosso poder, aquilo
que com tanta insistência agarramos e procuramos segurar? Nossas posses, privilégios
de classe, status etc.? Ou, antes, participar da comunhão fraterna, superar o
crescente abismo entre ricos e pobres e transformar as estruturas de nossa
sociedade, para que todos possam tomar parte na construção do mundo e da
história que Deus nos confia? “Os pobres, nosso tesouro”, como apontou o
diácono Lourenço ao imperador que desejava os tesouros da Igreja. Queremos
investir tudo, os nossos bens materiais, culturais etc., para edificar uma
sociedade que encarne melhor a justiça de Deus?
Às vezes, a gente preferiria não fazer escolha nenhuma e ficar com tudo: a
riqueza, o poder e, além disso, Deus. Como os que durante a semana exploram
seus funcionários, seus clientes e a sociedade toda, mas no domingo querem bela
missa para Deus… Isso não vale. Quem não escolhe não se realiza. Para se
realizar, é preciso decidir, e “de-cidir” é fazer uma cisão, cortar. Optar e
renunciar é que nos torna gente. O grande escultor Michelangelo disse que
realizava suas obras de arte cortando fora o que havia demais. Podemos meditar
neste sentido sobre a segunda leitura de hoje: Deus, artesão perfeito, quer
fazer de nós uma obra de arte: conhece o material, projeta, escolhe, endireita…
até coroar sua obra que somos nós, feitos imagem de seu Filho.
O cristão deve, de maneira absoluta, renunciar ao pecado; é essa uma das
promessas de nosso batismo. Mas, se for preciso para servir melhor o Reino de
Deus, ele deve renunciar também a muitas coisas que não são más em si (riqueza,
prestígio etc.). Pois o Reino vale mais do que tudo.
Pe. Johan Konings,
sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos
anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e mestre em
Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Lovaina.
Atualmente, é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte.
Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos: Bíblia – Antigo e Novo
Testamento (tradução), Evangelhos (especialmente o de João) e hermenêutica
bíblica. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia;
A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos
fiéis – anos A-B-C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A
Bíblia nas suas origens e hoje; Sinopse dos Evangelhos de Mateus, Marcos e
Lucas e da “Fonte Q”.
27 de julho: 17º Domingo do Tempo
Comum
O
SEGREDO DO CRISTÃO
É bom lembrar: existe um segredo na vida cristã.
Com ele convivemos e o carregamos em nosso peito a partir do batismo. É nele
que estão as raízes que alimentam nossa alegria e nossa coragem para viver e
lutar.
O reino de Deus que Jesus nos prometeu: esse é
nosso segredo e também nossa bandeira. Por ele estamos dispostos a “vender
tudo” e sacrificar tudo, até a própria vida.
É possível que, aos olhos dos insensatos, esse
reino não passe de grande ilusão e essa bandeira não passe de trapo velho e
rasgado. Mas constitui certeza vital para quem tem fé na palavra de Jesus.
O reino futuro não começa amanhã. Começa hoje, à
medida que nos tornamos pobres para merecê-lo e decidimos lutar em favor da
justiça divina. Ele não é realidade dissociada da vida presente. Quem nele
pretende entrar não pode se dispensar da luta nem fugir deste mundo.
“Vender tudo” não significa entregar as armas,
abandonar o trabalho e fugir para um deserto de tranquilidade. Significa
oferecer a vida para defender a bandeira que nos foi entregue. Significa lutar
mais a fim de contribuir para a construção desse reino e apressar a sua vinda e
a sua plenitude.
Se a realidade do reino é o segredo do cristão,
isso não significa que tenha de ficar escondido aos olhos do mundo. Todavia,
tal como se verifica no domínio da fé e da esperança, ele é realidade discreta.
Não é o caso de cantar suas belezas de forma espalhafatosa nem de tocar
trombeta em praça pública para convencer o pessoal a comprá-lo.
Cumpre-nos falar do reino com discrição e sempre
com medo de que nossas palavras acabem comprometendo sua beleza e valor. É
preferível que cada um de nós o descubra por si mesmo no cantinho do coração,
guardado como um segredo de amor.
Pe.
Virgílio, ssp
Dia 27 – 17º Domingo Comum
UM ANO DEPOIS
Há um
ano celebrávamos aqui no Brasil a Jornada Mundial da Juventude. Tivemos
oportunidade de receber entre nós o papa Francisco. Todos os eventos e
celebrações, transmitidos para o mundo inteiro pelas várias mídias, comoveram
as pessoas. Escutamos muitas testemunhando o desejo de retorno à Igreja e de
maior e melhor participação.
Além
dos legados sociais, ecológicos, culturais e religiosos desse grande evento,
nele a missionariedade transformou-se em um momento de grave compromisso para
toda a Igreja.
O papa
Francisco – em seu discurso aos bispos um ano atrás no Rio de Janeiro –
perguntou, diante do episódio dos discípulos de Emaús, se ainda tínhamos a
capacidade de “aquecer os corações” e trazer as pessoas de volta para casa.
Testemunhamos
com muita alegria que, com as celebrações e as ações durante a JMJ, foram
aquecidos muitos corações, de perto e de longe. O desafio agora é mantê-los
aquecidos, descobrindo sempre de novo como aprofundar a fé e vivê-la com
coerência no mundo de hoje.
Há uma
tradição mística na Igreja que nos convida a fazer o exame de consciência no
meio e ao final do dia. Um tempo de silêncio para nos perguntarmos como está
transcorrendo nossa vida diária. Um ano depois, seria muito bom que olhássemos
nossa vida e nossas comunidades e nos questionássemos: como foi essa missão a
nós deixada pelo santo padre há um ano? A jornada deve mudar bastante muitas
situações em nossa Igreja e nos fazer discípulos missionários animados. Sempre
é tempo de retomar com alegria e generosidade a nossa missão.
As
sementes plantadas no “campo da fé” de nossa vida, regadas por uma “chuva
criadeira” que nos faz ver Deus agindo entre nós, devem produzir frutos de vida
e fraternidade em nós e nos fazer “fermento no meio da massa” na construção da
civilização do amor.
Oremos:
“Senhor, que nos destes viver há um ano a Jornada Mundial da Juventude, nós vos
pedimos que reaviveis em nós o espírito de discípulos missionários que nos leve
a fazer discípulos entre todas a nações. Amém!”
D. Orani João Tempesta,
O. Cist.
Cardeal Arcebispo de São
Sebastião do Rio de Janeiro
Reflexão
Pistas para a reflexão
- I leitura: A sabedoria é necessária aos governantes para bem servir o povo.
- II leitura: Deus, artesão perfeito, fez de nós uma obra-prima à imagem do seu
Filho.
- Evangelho: Faz-se necessário investir no reino dos céus sem hesitação.
O tesouro escondido no campo
Diz Nosso Senhor, no Evangelho deste
Domingo, que “o Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o
encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus
bens e compra aquele campo”. Como interpretação para esse versículo, serve-nos
de guia Santa Teresinha do Menino Jesus, que, em uma carta para sua irmã
Celina, indica o “tesouro escondido no campo” como o próprio Jesus:
Minha Querida Celinazinha,
A tua carta encheu-me de consolação, o
caminho que segues é um caminho real, não um caminho trilhado, mas é um atalho
que foi traçado pelo próprio Jesus. A esposa dos Cânticos (cf. Ct 3, 1-4) diz
que, não tendo encontrado o seu Bem-amado no seu leito, levantou-se para
procurá-lo na cidade, mas foi em vão; depois de ter saído da cidade, achou
Aquele que sua alma amava!... Jesus não quer que encontremos no repouso a sua
adorável presença, esconde-se, envolve-se em trevas (cf. Sl 17, 12); não era
deste modo que ele procedia com a multidão dos judeus, pois vemos nos evangelhos
“que o povo ficava arrebatado quando Ele falava” (Lc 19, 48). Jesus encantava
as almas fracas com suas divinas palavras, procurava torná-las fortes para o
dia da provação... Mas como foi reduzido o número dos amigos de Nosso Senhor
quando Ele se calava diante dos juízes!... (cf. Lc 23, 9) Oh! que melodia para
o meu coração este silêncio de Jesus... Faz-se pobre a fim de que possamos
fazer-lhe caridade, estende-nos a mão como mendigo (cf. Mt 25, 31), a fim de
que, no dia radioso do juízo, quando aparecerá na sua glória, possa fazer-nos
ouvir estas doces palavras: “Vinde, benditos do meu Pai, porque tive fome e me
destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me
hospedastes; andava nu e me vestistes, estava doente e me visitastes, estava no
cárcere e foste ver-me” (Mt 25, 34-36). Foi o próprio Jesus que pronunciou
estas palavras, é Ele que quer o nosso amor, que o mendiga... Põe-se, por assim
dizer, à nossa mercê, Ele não quer senão aquilo que lhe damos e a mais pequena
coisa é preciosa aos seus divinos olhos...
[v] Minha querida Celina,
regozijemo-nos pela nossa parte, é tão bonita, demos, demos a Jesus, sejamos
avaras para os outros, mas pródigas para com Ele...
Jesus é um tesouro oculto (cf. Mt 13,
44), um bem inestimável que poucas almas sabem encontrar, pois ele está
escondido e o mundo gosta do que brilha. Ah! se Jesus tivesse desejado
mostrar-se a todas as almas com seus dons inefáveis, sem dúvida, nem uma só o
teria rejeitado, mas não quer que o amemos pelos seus dons (cf. Gn 15, 1), é Ele
mesmo que deve ser a nossa recompensa. Para encontrar uma coisa escondida é
preciso a gente também esconder-se (cf. João da Cruz, CB, 1, 9); portanto,
nossa vida deve ser um mistério, é necessário parecer-nos com Jesus, cujo rosto
estava oculto... (cf. Is 53, 3) “Quereis aprender alguma coisa que vos sirva”,
diz a Imitação: “Querei ser ignorados e tidos por nada” (I, 2, 3)... e em outra
passagem: “Depois de ter deixado tudo, é preciso cada um se deixar a si mesmo”
(II, 11, 4), embora alguém se vangloria de alguma coisa, um outro de outra
coisa, ponde a vossa alegria apenas no desprezo de vós mesmos” (III, 49, 7).
Como estas palavras dão paz à alma, minha Celina, tu as conheces, mas não sabes
tudo aquilo que eu quereria dizer?... Jesus te ama com um amor tão grande que,
se tu visses, ficarias num arrebatamento de felicidade que te faria morrer, mas
não o vês e sofres...
Em breve Jesus “levantar-se-á para
salvar todos os mansos e os humildes da terra”!... (cf. Sl 75, 10). [1]
“Jesus é um tesouro oculto”. Mas, se Ele
está oculto, onde procurá-Lo? De acordo com São João da Cruz, Ele se esconde
dentro da própria alma:
Ó alma, formosíssima entre todas as
criaturas, que tanto deseja saber onde está o teu Amado para te encontrares e
te unires a Ele, já te foi dito que tu mesma és o aposento onde ele mora, o
refúgio e o esconderijo onde Ele se oculta.
[...] Mas também perguntas: “Então, se
Aquele que a minha alma ama está em mim, porque é que não O encontro nem O
sinto?” A razão disso é que Ele está escondido, e tu não te escondes para O
encontrar e sentir. Quem quiser encontrar uma coisa escondida, há de penetrar
escondido no lugar onde ela está escondida: ao encontrá-la, fica tão escondido
como ela. Portanto, uma vez que o teu Amado é o tesouro escondido no campo de
tua alma, pelo qual o sábio comerciante entregou tudo (Mt 13, 44), convirá que
tu, para O encontrar, esquecidas todas as tuas coisas e alheando-te de todas as
criaturas, te escondas no teu refúgio interior do espírito e, fechando atrás de
ti a porta, isto é, a tua vontade a todas as coisas, ores a teu Pai em segredo
(Mt 6, 6). E ficando assim escondida com Ele, senti-lo-ás no escondido,
amá-lo-ás e possui-lo-ás no escondido, e escondidamente te deleitarás com Ele,
mais do que aquilo que a língua e os sentidos podem alcançar. [2]
Para que nos encontremos com Jesus, é
preciso que nos recolhamos interiormente. A parábola diz que o homem “vende
todos os seus bens” por causa do que encontrou. Isso significa, sobretudo,
renunciarmos a nós mesmos, aos nossos gostos, caprichos e vontades. Afinal,
tendo descoberto esse amor que nos redimiu e salvou, não nos pertencemos mais.
Se quisermos, pois, encontrar Jesus, precisamos dar tudo e dar-nos a nós
mesmos, como diz Santa Teresinha: “Aimer c’est tout donner et se donner
soi-même. – Amar é tudo dar; depois, dar-se a si mesmo” [3].
Como fazer isso na prática? É preciso
que nos unamos a Jesus escondido, escondendo-nos junto com Ele. Santa Teresinha
toma a decisão vocacional de ocultar-se no Carmelo, mas, mesmo que não sejamos
chamados para a vida de clausura, é necessário que tenhamos um “quarto
interior”, uma “cela” onde nos possamos esconder. Escreve Teresinha, em outra
poesia:
“Vivre d’Amour, c’est vivre de ta vie,
/ Roi glorieux, délice des élus. / Tu vis pour moi, caché dans une hostie / Je
veux pour toi me cacher,ô Jésus ! / A des amants, il faut la solitude / Un cœur
à cœur qui dure nuit et jour / Ton seul regard fait ma béatitude / Je vis
d’Amour !… - Viver de Amor é viver da Tua vida, / Delícia dos eleitos e
glorioso Rei; / Vives por mim numa hóstia escondido, / Escondida também por Ti
eu viverei! / Os amantes procuram sempre a solidão: / Coração, noite e dia, em
outro coração; / Somente Teu olhar me dá felicidade: / Vivo de Amor!” [4]
Pode parecer estranho que Nosso Senhor,
ao mesmo tempo em que se faz carne e habita no meio dos homens, se oculte. No
entanto, Ele quer que seja assim para que O busquemos não tanto pelo desejo de
recompensas, como por Ele mesmo; mais que nos amar, Ele deseja receber o nosso
amor. Deus se rebaixa, torna-se de alguma forma dependente das migalhas de
nosso amor, pois sabe que só assim nos tornaremos semelhantes a Ele e
participaremos de Sua divindade.
Para tanto, precisamos nos convencer da
necessidade da oração. Não é possível sermos cristãos sem rezar e cultivar a
vida interior, sob o risco de transformarmos a religião em um farisaísmo. O que
nos torna seguidores de Cristo não é um conjunto de normas ou um código de
práticas exteriores, mas uma atitude interna de amor a Nosso Senhor.
Referências:
Santa Teresa do Menino Jesus,
Carta,145, para Celina, 02/08/1893.
São João da Cruz, Cântico Espiritual B
1, 7. 9.
Poesias, 54 (Porque eu Te amo, Maria –
Maio de 1897), estrofe 22.
Santa Teresa do Menino Jesus, Poesias,
17 (Viver de Amor, estrofe 3).
XVII
Domingo do Tempo Comum - 27 de Julho de 2014
O PREÇO DO GRATUITO
Primeira Leituras: 1Rs 3,5.7-12;
Salmo 118(119),57.76-77.127-128.129-130;
Segunda Leitura: Rm 8,28-30;
Evangelho: Mt 13,44-52
Situando-nos
brevemente
Dileto povo de Deus, de maneira
vertiginosa nos encaminhamos para o término de mais um mês e mais uma vez nos
encontramos em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia para celebrarmos a
nossa Páscoa Semanal. Esse templo, no qual estamos reunidos, nos abriu suas
portas como para indicar a nossa entrada naquela Jerusalém que almejamos, e da
qual já cruzamos os umbrais através dos mistérios que celebramos.
Costumamos chamar o domingo de “fim de
semana”, mas não é bem assim, este dia na verdade ‘é o primeiro da semana’,
“dia em que Jesus Cristo venceu o mal e a morte” é aquele que encabeça a nossa
semana de trabalho e nós, com alegria, o consagramos a Deus através deste
culto, desta obra divina. Este XVII Domingo do Tempo Comum nos abre uma semana
plena de oportunidades de nos admirarmos das maravilhas que o Senhor tem
operado em favor do seu povo. Os santos do calendário nos testemunham essa
verdade. Na próxima terça-feira 29, celebraremos Santa Marta que juntamente com
sua irmã Maria e seu irmão Lázaro são os hospedeiros do Senhor; na quinta-feira
31 celebraremos Santo Inácio de Loiola, grande pregador e defensor da fé, e nos
dias seguintes celebraremos Santo Afondo Maria de Ligório, abrindo o mês
vocacional.
Eis que todos nós fomos “vocacionados”
neste domingo, quer dizer, fomos chamados pelo Senhor a
abrirmos o ouvido do nosso coração para a sua doce voz. E o que nos diz a sua
voz? Nós a escutamos há alguns minutos quando os irmãos nos proclamaram as
Escrituras. Façamos Memória.
Recordando a
Palavra
O trecho do Evangelho que ouvimos hoje,
como já sublinhamos há dois domingos passados, conclui o capítulo 13 do livro
de São Mateus, o capítulo das parábolas do Reino. Trata-se de três brevíssimas
parábolas: a primeira parábola, a do tesouro escondido, fala de “um homem que o
encontra e o mentem escondido. Cheio de alegria, vai, vende todos os seus bens
e compra aquele campo” onde ele sabe que está escondido aquele tesouro de
inestimável valor; a segunda parábola compara o Reino dos céus a um comprador
de pérolas preciosas, que “quando encontra uma pérola de grande valor, vai,
vende todos os seus bens e compra aquela pérola”; a terceira é a parábola da
rede lançada para pegar peixe. Ela apanha todo o tipo de peixe e só no fim é
que se faz uma seleção. Lembra, na sua estrutura, a parábola do joio, sobre a
qual meditamos domingo.
Nestas três últimas parábolas Jesus não
enfatiza a expansão nem o crescimento do Reino, como fez nas parábolas da
semente de mostrada e do fermento, mas ele trata do valor, da preciosidade do
Reino. Tal proposição nos remete imediatamente à primeira leitura: O Senhor
aparece em Gabaon a Salomão, recentemente coroado rei de Israel, e lhe faz a
proposta dos sonhos de todas as pessoas da face da terra: “pede o que desejas,
e eu te darei”. Salomão não desejou para si nem “longos anos de vida”, o último
sonho de consumo da humanidade, “nem riquezas, nem a morte de seus inimigos”,
embora soubesse ser isso tudo de extrema necessidade para uma edificação de um
reino, pediu para si o que era essencial: “Dá, pois, ao teu servo, um coração
compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal”.
Esta “arte da boa escolha” o salmista a
canta. O mandamento do Senhor se torna o seu maior tesouro. O dom gratuito da
lei saída da boca do Senhor “vale mais do que milhões em ouro e prata”, “mais
que o ouro, muito mais do que o ouro fino”. Feita essa escolha os mandamentos
se tornam maravilhosos e a Palavra do Senhor, ao revelar-se lhe “ilumina”. Na
segunda leitura, Paulo lembra ao romanos a preciosidade do amor de Deus, que
escolhe o homem e o conforma à imagem do seu Filho. Esse “escolher” da parte de
Deus, é mais do que um simples distinguir entre um e outro, é um predestinar,
um chamar, um justificar, um glorificar.
Atualizando a
Palavra
Como as duas parábolas do grão de
mostarda e do fermento, ouvidas domingo passado, não se diferenciam muito,
assim também as parábolas do tesouro e da pérola se assemelham: tanto uma como
a outra nos fazem entender que devemos preferir e estimar o Evangelho acima de
tudo. São João Crisóstomo lembra que “com estas duas parábolas nós aprendemos
não somente que é necessário despojar-se dos outros bens para abraçar o
Evangelho, mas que devemos fazer esse gesto com alegria. Quem renuncia a quanto
possui, deve estar convencido de que o que faz é um negócio, não uma perda. Vês
como o Evangelho escondido no mundo - prossegue o Santo, boca de ouro – é
comparável a um tesouro, e como esse esconde em si todos os bens? Se não vendes
tudo, não podes conquistá-lo e, se não tens uma alma que o procura com a mesma
solicitude e com o mesmo ardor com os quais se procura um tesouro, não poderás
encontrá-lo”.
Este tesouro, no qual estão escondidos
todos os tesouros da sabedoria e da ciência (cf. Cl 2,2s), é o Verbo d Deus,
que se revela se escondendo no Corpo de Cristo. Quando alguém encontra em
Cristo tão grande verdade, deve renunciar a todas as riquezas deste mundo, para
“possuir” o maior bem que encontrou, “uma só pérola de grande valor – afirma
São Jerônimo -, isto é, o conhecimento do Salvador, o sacramento da sua paixão,
o mistério da ressurreição”. O mercador que a descobriu, à semelhança do
Apóstolo Paulo, considera tudo o que tinha vivido até aquele momento como lixo
e banalidade para ganhar a Cristo (cf. Fl 3,8). Não porque a descoberta da nova
pérola comporta em si condenação das antigas, mas porque ao seu confronto,
todas as outras pérolas se tornam de muito menor valor. É aqui que reside todo
o segredo do Reino. Não é que as outras realidades sejam más em si mesmas, elas
têm o seu valor justo e bom e podem até ser lícitas, porém não podem conduzir o
homem àquela realidade ou àquele nível de verdadeira riqueza evangélica que só
“aquele tesouro” e “aquela pérola” podem oferecer.
Eis a grande novidade do Reino, eis o
preço do gratuito. O Reino, isto é Jesus Cristo, o seu conhecimento, “não é
algo que possa estar simplesmente acrescido à nossa vida pessoal, ainda que grande
parte de nosso pensamento e de nossa atividade. Só se tem o verdadeiro cuidado
do reino quando este cuidado domina tudo. O Reino é absoluto: não admite o mais
ou menos; não é qualquer coisa que se possui pela metade, ou da qual se faz uma
parte. Só é possuído quando tudo foi abandonado por ele”.
O reino é exclusivo, mas não é
exclusivista, ele não exclui, não elimina 9º humano. A presença de deus não
afasta o humano: ela o penetra e o transforma. Por isso esta mensagem não se
aplica somente aos religiosos, que pela profissão religiosa, “abandona tudo”.
Esta proposta é para todos batizados, para todo aquele de boa vontade que
encontrou verdadeiramente Jesus Cristo em seu caminho. Qualquer estado de vida
na Igreja, que não tem como meta o encontro deste grande tesouro, não pode ter
tudo, todos os tesouros que se encontram encerrados neste grande tesouro, nesta
preciosa pérola, Jesus Cristo.
Ligando a Palavra
com a ação eucarística
Eis que daqui a pouco, em clima de ação
de graças, nos aproximaremos do altar, onde a gratuidade de Deus se revelou
plenamente no altíssimo preço que pagou Jesus por nós. Por quê? Porque nós nos
tornamos para Deus um tesouro e uma pérola pelos quais Ele foi capaz de tudo
dar sem medidas, quando nos deu o próprio Jesus Cristo, seu único Filho. E
agora essa realidade se acentua de modo particular e espera de nós uma resposta
à altura.
Aproximar-se do banquete eucarístico
servirá para a humanidade sinal que nós escolhemos o que há de mais precioso;
ainda que o nosso tesouro seja aos olhos do mundo aparentemente “pequeno e
ordinário” sabemos do seu preciosíssimo valor. A Eucaristia, que é o Corpo e
Sangue de Cristo, oferecido para a vida do mundo, é para nós esta “dádiva
temporal” que se transforma à cada celebração “remédio para a vida eterna”. A
vida é o preço do Dom gratuito do Pai.
Sugestões para a
celebração
A Instrução Geral do missal Romano,
falando da “Estrutura geral da missa” a apresenta da seguinte forma: “Na missa
ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do
sacerdote que apresenta a pessoa de cristo, para celebrar a memória do Senhor
ou sacrifício eucarístico. Por isso, a esta reunião local da Santa Igreja
aplica-se, de modo eminente, a promessa de Cristo: “Onde dois ou três estão
reunidos no meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18,20). Pois, na celebração
da Missa, em que se perpetua o sacrifício da cruz, cristo está realmente
presente tanto na assembleia reunida em seu nome, como na pessoa do ministro,
na sua palavra, e também de modo substancial e permanente, sob as espécies
eucarísticas”, e nos números seguintes dá uma atenção toda especial ao papel do
presidente da celebração eucarística, enfatizando aquelas orações e partes da
missa que são próprias do sacerdote, isto é, quando não podem ser delegadas sob
o pretexto da “participação ativa dos fiéis”. A beleza da ars celebrandi, consiste
exatamente no fato de que cada “membro/ator” da celebração exerça com dignidade
eficiente o seu papel.
“Entre as partes que competem ao
sacerdote ocupa o primeiro lugar a Oração eucarística, cume de toda a
celebração. A seguir, vêm as orações, isto é, a oração do dia
(coleta), a oração sobre as oferendas e a oração depois da Comunhão.O sacerdote,
presidindo a comunidade como representante de cristo, dirige a Deus estas
orações em nome de todo o povo santo e de todos os circunstantes. É com razão,
portanto, que são chamadas “orações presidenciais”.
Em seguida a IGMR dá indicações
pastorais de capital importância para o ministério da presidência, sublinhando
a discrição necessária para que a celebração do divino ministério não se torne
um momento de “verbosidade” infinita: “Da mesma forma cabe ao sacerdote, no
desempenho da função de presidente da assembleia, proferir certas admoestações
previstas no próprio rito. Quando estiver estabelecido pelas rubricas, o celebrante
pode adaptá-las um pouco para que atendam à compreensão dos participantes;
cuide, contudo, o sacerdote de manter sempre o sentido da exortação proposta
pelo Missal e a expresse em
poucas palavras. Cabe ao Sacerdote presidente também moderar a palavra de Deus
e dar a bênção final. Pode, além disso, com brevíssimas palavras, introduzir os
fiéis na Missa do dia, após a saudação inicial e antes do ato penitencial, na
liturgia da palavra, antes das leituras; na Oração eucarística, antes do
Prefácio, nunca, porém, dentro da despedida”. O adjetivo “brevíssimas”,
aplicado às palavras de introdução da missa e nas outras partes previstas, é de
valor inestimável para evitar que nas celebrações estas sejam “poluídas” de
pequenas homilias ou explicações desnecessárias, já que o rito deve falar por
si mesmo.
A instrução prossegue fazendo
observações a nível prático, que têm como pano de fundo, além da delicadeza
para com a assembleia, a importância da semeadura da Palavra que passa, também
e de modo singular
pela comunicação verbal. Por fim o número em questão adverte sobre uma
tendência que vem se alastrando pelo Brasil: a do fundo musical, durante as
orações, que segundo o conceito de alguns, serve para “criar um clima”: “A
natureza das partes ‘presidenciais’ exige que sejam proferidas em voz alta e
distinta e por todos atentamente escutadas. Por isso, enquanto o sacerdote as
profere, não haja outras orações nem cantos, ecalem-se o
órgão e qualquer outro instrumento”.
Ainda sobre a estética vocal da
presidência a Instrução adverte para as orações que são ditas em voz alta e
aquelas, conhecidas como apologia
sacerdotis,
que são proferidas com voz submissa. As rubricas às vezes se apresentam de
forma meio confusa com relação a essa apologia sacerdotis, resquícios da
influência franco/germânica do VIII e XIX séculos. Algumas vezes as rubricas
indicam que essas orações sejam ditas em voz baixa, noutros ligares que sejam
“proferidas em silêncio”, uma ou outra forma indica que estas orações não devem
ser “ouvidas” pela assembleia. Diz a IGMR: “Na verdade, o sacerdote, como
presidente, reza em nome da Igreja e de toda a comunidade reunida e, por vezes,
também somente em seu nome para cumprir o seu ministério com atenção e piedade.
Estas orações, propostas antes da proclamação do evangelho, na preparação das
oferendas e antes e depois da Comunhão do sacerdote, são rezadas em silêncio”.
Quanto àquelas na “preparação das
oferendas” convém observar o que dizem as rubricas do próprio missal para as
situações em que não se executa um “Cântico para a apresentação das Ofertas”.
Fonte: Novo povo construindo o Reino de
Deus na justiça! - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum I -
Junho/Agosto 2014 - Ano A – Edições CNBB.
Liturgia de
27.07.2014 - 17º DTC
A voz do Pastor - 17º
Domingo Comum - Domingo 27/07/2014
Palavra de Vida Eterna |
São Mateus 13, 44-52 - 27/07/2014
Reflexão
XVII Domingo
do Tempo Comum
Na primeira leitura extraída do Primeiro Livro
dos Reis, fica muito claro a sabedoria de Salomão não apenas pelo conteúdo de
sua oração, mas pelo modo como se dirige a Deus. No seu modo de falar com o
Senhor, fica explícita sua humildade e a consciência de seu lugar: apesar de
rei, diante de Deus ele é servo.
Ele também demonstra sabedoria ao não se sentir
proprietário do povo, mas condutor do rebanho que pertence a Deus.
Finalmente ele pede sabedoria para praticar a
justiça. Deus não só aceita a oração de Salomão, mas o abençoa com o dom do
discernimento em um coração sábio e inteligente.
A parábola de Mateus apresentada hoje pela
liturgia termina com o relato do discernimento feito pelos pescadores que
“recolhem os peixes bons nos cestos e jogam fora os que não prestam.”
Jesus, ao falar do Reino dos Céus o comparou a
“uma rede lançada ao mar e que apanha todo tipo de peixe”. Nossa atitude em
relação ao Reino, aos seus valores, nos identificará como bons ou não. Até onde
somos capazes de renúncias, mudanças de vida, despojamento por causa do Reino,
por causa de justiça?
A segunda leitura nos fala de nossa
predestinação à felicidade plena. Deus nos criou para sermos salvos, para
agirmos neste mundo em favor da justiça e da paz, como cidadãos do Reino que
virá, ou melhor, que já está instaurado neste mundo através da ação dos homens
de boa vontade, daqueles que são imagem de Cristo.
Concluindo, podemos tirar para nossa vida que a
sabedoria, o discernimento estão presentes no coração daqueles que se sentem
servos diante de Deus e dos irmãos, daqueles que possuem e lutam pelos valores
do Reino, daqueles que lutam pela justiça e pela paz. Esses confirmam a
predestinação para o Céu, pois são no mundo imagem e semelhança de Cristo.
Fonte Pe. César Augusto dos Santos SJ - 2014-07-26 Rádio
Vaticana
Meditação do Evangelho - Mateus 13, 44-52
Canal do Youtube
HOMILIA
JESUS É A PÉROLA DE
GRANDE VALOR Mt 13,44-52
No Evangelho de hoje somos convidados
a contemplar duas realidades. Duas pérolas. Uma de mais e outra de menos valor.
A de grande valor é escondida com a máxima segurança para não descoberta por
ninguém. O mais importante nelas é a focalização da opção radical pelo Reino da
justiça, diante do qual vale a pena arriscar tudo, alegremente. Ambas mostram a
atitude de alguém que vende tudo o que possui para conquistar o novo, algo de
valor incalculável, o único valor absoluto.
A primeira parábola é a do tesouro
escondido no campo. A parábola não compara o Reino com o tesouro, mas quer
mostrar o estado de ânimo de quem encontra esse tesouro, comparando esse estado
de ânimo com o que deveria animar os que descobrem o Reino da justiça como
valor absoluto de suas vidas. Como reage quem encontra um tesouro? Como reage
quem descobriu que a justiça é o único caminho para conseguirmos sociedade e
história novas?
O texto não afirma que o descobridor
estivesse à caça de tesouros escondidos. Simplesmente foi por providência, foi
sem esforço. O Reino da justiça também não é objeto de buscas intermináveis;
está debaixo de nossos pés, a nosso alcance, em nosso chão. A reação de quem
encontrou o tesouro é de alegria e desembaraçamento de tudo para a obtenção
desse tesouro. Aí está, diz Mateus, o estado de ânimo de quem descobriu, na
prática da justiça do Reino, o filão escondido do mundo novo.
O Reino é dom gratuito, manifestado na prática de Jesus. A esse achado
inesperado correspondem alegria e desprendimento total. Não se trata de
renunciar para obter o Reino. É sua descoberta que possibilita desembaraçar-se
alegremente de tudo.
A segunda parábola é a da pérola de grande valor. Há algumas diferenças em
relação à anterior: o fato de o comprador estar buscando pérolas e a não-menção
da alegria com que vende todos os seus bens. Contudo, o significado é o mesmo
da parábola anterior: pelo fato de encontrar um valor maior, desfaz-se de tudo
para possuí-lo, porque vale a pena. Fique bem claro, porém, que o Reino não é
troca de mercadorias. Não pode ser comprado como o campo que esconde o tesouro,
ou como a pérola. As parábolas querem salientar que nada faz falta a quem
descobriu o sentido e valor da luta pela justiça.
A parábola da rede lançada ao mar
prolonga o tema da parábola do joio no meio do trigo e tem sabor de escatologia
final. Na sociedade convivem lado a lado peixes bons e peixes ruins. Quem lança
a rede é Deus e só a ele compete ordenar a triagem. O juízo constará de
separação. A parábola, portanto, mostra às comunidades cristãs qual será sua
sorte final se perseverarem no discernimento e na opção definitiva pelo Reino
de justiça.
Os vv. 51-52 pretendem ser a
conclusão das parábolas. A insistência cai sobre a compreensão ou
discernimento. Vocês compreenderam tudo isso? Não se trata simplesmente de
entender o sentido das parábolas, mas antes de compreender, assumir o
ensinamento e a prática do Reino que elas manifestam.
Trata-se de compreender o mistério do
Reino, que pode ser resumido em dois pontos: 1. O mistério do Reino já foi e
continua sendo manifestado naquilo que Jesus diz e realiza; 2. O que ele diz e
realiza se prolonga na práxis da comunidade cristã em meio a uma sociedade
conflituosa. A função da comunidade não é fazer a triagem ou fugir da
realidade, mas dar continuidade à prática de Jesus.
Os discípulos afirmam ter
compreendido tudo isso. Por isso todo doutor da Lei que se torna discípulo no
Reino do Céu é como um pai de família que tira do seu baú coisas novas e
velhas. Este Pai sou eu, és tudo, quando fazes uma opção radical por Jesus a
Pérola de grande valor, o Único Caminho, a Verdade, e a Vida de todo e qualquer
homem ou mulher.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi
Sayla
http://www.liturgiadapalavra.com/
HOMILIA
Peçamos a Deus sabedoria para discernir entre o
bem e o mal
É o Espírito Santo quem nos dá a sabedoria
necessária para termos discernimento, prudência e para tomarmos as decisões
corretas.
“Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o
encontra e o mantém escondido” (Mateus 13,
44).
A Palavra de Deus, que nos é anunciada hoje, nos ajuda a
entender o valor, a importância e o significado que o Reino de Deus tem para
nós. Comparar o Reino de Deus com um tesouro ou com pérolas preciosas nos dá
realmente a dimensão e o valor da importância que esse Reino tem para a nossa
vida. Na verdade, ele significa tudo, não tem nada neste mundo mais
importante do que ele e quem o descobriu, descobriu tudo! Descobriu a razão de
viver, o sentido para a vida, porque o Reino de Deus nos traz a razão para o
nosso viver.
A primeira leitura da
Missa de hoje nos traz um grande ensinamento da maneira como devemos nos
dirigir a Deus. Vemos Salomão, muito jovem e escolhido para ser o rei de
Israel, se apresenta diante de Deus, ele poderia pedir o que quisesse diante da
presença do Senhor, mas ele pede: “Senhor, conceda-me sabedoria,
conceda-me um coração compreensivo capaz de governar o seu povo e saber
discernir entre o bem e o mal”. O pedido de Salomão agradou tanto o
Coração de Deus, porque ele [Salomão] não pediu vida longa, não pediu riquezas,
não pediu morte para seus adversários, mas somente a sabedoria para praticar a
justiça e fazer a vontade de Deus. Por isso o Senhor atendeu o pedido dele
porque este agradou demais o Coração d’Ele.
Deixe-me dizer uma coisa
a você: Nós, às vezes, nos preocupamos em pedir tantas coisas para Deus;
pedimos saúde, pedimos vida melhor, pedimos paz e prosperidade. Não é errado
pedir isso, cada um sabe das suas necessidades. Filho, apresente ao
coração de Seu Pai aquilo que é necessidade do seu coração. Mas nós,
muitas vezes, nos esquecemos de pedir o essencial, o fundamental, essa riqueza
maior que se chama: Espírito Santo.
É o Espírito que nos dá
a sabedoria necessária para termos discernimento, para termos prudência, para
tomarmos as decisões corretas, para termos a fortaleza necessária. Por isso o
pedido de Salomão agradou tanto ao Coração de Deus, porque ele não pediu nada
pensando em si; ele pediu para praticar o bem e viver a vontade do Senhor!
Que hoje a Palavra de
Deus venha ao nosso encontro irradiando em nosso coração essa vontade de pedir
ao Senhor que nos dê o segredo do Seu Reino, que nos dê essas
pérolas preciosas: os dons do Seu Santo Espírito e nos conceda, em
abundância, a sabedoria e a capacidade de discernir entre o bem e o mal, entre
o que é a vontade de Deus e o que não é a vontade do Senhor.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
LEITURA ORANTE
Preparo-me para a Leitura Orante,
rezando com todos os internautas:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser.
Eu vos adoro, amo e agradeço.
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto Mt 13,44-52, e observo as
recomendações de Jesus.
- O Reino do Céu é como um tesouro escondido num campo, que certo homem
acha e esconde de novo. Fica tão feliz, que vende tudo o que tem, e depois
volta, e compra o campo.
- O Reino do Céu é também como um comerciante que anda procurando pérolas
finas. Quando encontra uma pérola que é mesmo de grande valor, ele vai, vende
tudo o que tem e compra a pérola.
- O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que pegou
peixes de todo tipo. Quando ficou cheia, os pescadores puxaram a rede para a
praia, sentaram-se, recolheram os peixes bons em cestos e jogaram fora os que
não prestavam. Assim acontecerá no fim do mundo: os anjos virão para separar os
maus dos justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí haverá choro e
ranger de dentes. Entendestes tudo isso?” – “Sim”, responderam eles. Então ele
acrescentou: “Assim, pois, todo escriba que se torna discípulo do Reino dos
Céus é como um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e
velhas”.
Jesus diz que o Reino vale muito. Vale tudo o que se tem. É como um
tesouro escondido pelo qual vale sacrificar tudo. Ou como um comerciante que
encontra uma pérola fina, preciosa. Da mesma forma, vende tudo o que tem e
compra esta pérola. Nos dois casos, cabe ao homem, à pessoa, descobrir o
tesouro, a jóia e decidir por ela, a ponto de renunciar a tudo mais que tem. É
uma renúncia ao transitório e que não merece ser supervalorizado. Uma renúncia
por preferir o melhor. O homem, então, dá tudo pelo tudo.
O Reino é como a rede que apanha todo tipo de peixes. Depois, os pescadores
separam os bons dos maus.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
O maior tesouro, a pérola preciosa é participar do Reino, ou seja da família de
Jesus, como os discípulos.
O texto me faz recordar o que disseram os bispos em Aparecida: "Jesus faz dos
discípulos seus familiares, porque compartilha com eles a mesma vida que
procede do Pai e lhes pede, como discípulos, uma união íntima com Ele,
obediência à Palavra do Pai, para produzir frutos de amor em abundância. Dessa
forma o testemunho de São João no prólogo de seu Evangelho:”A todos aqueles que
crêem em seu nome, deu-lhes a capacidade para serem filhos de Deus”, e são
filhos de Deus que “não nascem por via de geração humana, nem porque o homem o
deseje, mas sim nascem de Deus” (Jo 1,12-13)." (DAp 133).
3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo, com os bispos da
América Latina:
Louvamos a Deus pelo dom maravilhoso da vida e por aqueles que a honram
e a dignificam ao colocá-la a serviço dos demais; pelo espírito alegre de
nossos povos que amam a música, a dança, a poesia, a arte, o esporte e cultivam
uma firme esperança em meio a problemas e lutas.
Louvamos a Deus porque, sendo nós pecadores, Ele nos mostrou seu amor
reconciliando-nos consigo pela morte de seu Filho na cruz.
Louvamos a Deus porque Ele continua derramando seu amor em nós pelo Espírito
Santo e nos alimentando com a Eucaristia, pão da vida (cf. Jo 6,35).” (DAp 106).
4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da
Palavra?
Meu novo olhar é impregnado do espírito de
renúncia para conquistar o tesouro do Reino.
Bênção Bíblica
O Senhor o abençoe e guarde!
O Senhor lhe mostre seu rosto brilhante e tenha piedade de você!
O Senhor lhe mostre seu rosto e lhe conceda a paz!' (Nm 6,24-27).
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Sugestão: LEITURA ORANTE NAS CARTAS DE PAULO
Ouça pela Rádio 9 de julho AM 1600, o programa
Nos passos de Paulo e
faça a Leitura Orante das cartas de Paulo
Apóstolo, de 2ª a 6ª feira, das 20 às 21h
Acesse pela internet:
http://www.radiosetvs.com/radio9dejulho.html
ou pelo blog:
http://www.nospassosdepaulo.com.br/
Ir. Patricia Silva, fsp
patricia.silva@paulinas.com.br
Oração Final
Pai Santo, ensina-nos a ser como aquele doutor da Lei que se
tornou discípulo do teu Reino: mantém-nos respeitosos e atentos sobre a
Sabedoria Antiga e, na mesma medida, abertos ao Novo, inspirado por teu
Espírito Criador. Nós te pedimos, Pai amado, pelo Cristo Jesus, que contigo
reina na unidade do mesmo Espírito Santo.
