ANO C
Mt 9,9-13
Comentário do Evangelho
A misericórdia precede e ultrapassa o sacrifício.
Ninguém está excluído do seguimento de Jesus
Cristo. O seu chamado exigente é para todos. Mateus, que Jesus chama ao seu
seguimento, é coletor de impostos, isto é, pecador público (ver: Lc 19,7). O
relato de Mateus omite que a refeição tenha sido na casa de Levi, ao contrário
de Marcos e Lucas, que o dizem explicitamente (Mc 2,15; Lc 5,29). Em Marcos e
Lucas, a refeição oferecida por Levi tem um tom de despedida de sua vida
anterior. Aqui em Mateus, a impressão é que Jesus acolhe na sua própria casa os
coletores de impostos e pecadores (cf. v. 10). O autor do quarto evangelho fará
o Senhor dizer: “Na casa de meu Pai tem muitas moradas” (Jo 14,2). A pergunta
dos fariseus é dirigida aos discípulos de Jesus (cf. v. 11), mas é Jesus quem
toma a iniciativa de respondê-la (cf. v. 12-13), pois é a ocasião de explicitar
sua missão: “De fato, não é a justos que vim chamar, mas a pecadores” (v. 13).
A citação de Os 6,6 (“É misericórdia que eu quero, e não sacrifício”), e
repetida em Mt 12,7, deve funcionar como princípio de ação. A misericórdia
precede e ultrapassa o sacrifício.
Carlos Alberto Contieri, sj
Vivendo a Palavra
‘Eu quero a misericórdia e não o sacrifício’. Na
casa de Mateus, recém acolhido no Grupo dos discípulos, o Mestre define a
grande virada no culto daquele povo. Proclama que a Misericórdia é que satisfaz
ao Pai e não o cumprimento dos preceitos da Lei. E o Apóstolo grava para sempre
a lição no seu Evangelho.
Vivendo a PalavrA
“Eu quero a Misericórdia e não o sacrifício”.
Na casa de Mateus, recém acolhido no Grupo dos discípulos, o Mestre define a
grande virada no culto de seu povo. Proclama que a Misericórdia é que satisfaz
ao Pai e não a exibição orgulhosa por ter cumprido os preceitos da Lei. E o
Apóstolo grava para sempre a lição no seu Evangelho.
Reflexão
Todos nós vivemos afirmando que Jesus é
misericordioso, que veio para trazer a salvação para todas as pessoas e coisas
do gênero, mas na hora da convivência com as pessoas, parece que não é bem
assim, pois somos proibitivos e sabemos sempre evidenciar os erros e os pecados
que são cometidos para provocarmos discórdia, separação e exclusão. É muito
comum ouvirmos nas comunidades: "Eu acho que Fulano não pode participar de
tal coisa porque ele fez isso e aquilo". Devemos crer que de fato não
somos nós quem chamamos para o serviço do Reino, é Jesus quem chama e ele sabe
muito melhor que nós quem está chamando e porque ele está chamando. A nós
compete criar condições para que todos possam assumir a própria vocação.
Reflexão
Mateus,
chamado também Levi, era cobrador de impostos. Estava, portanto, a serviço dos
ocupantes romanos, razão pela qual era malvisto e desprezado pelos doutores da
Lei e pelos fariseus. No entanto, foi a ele que, enquanto exercia sua
profissão, Jesus chamou: “Siga-me”. A adesão foi imediata. A Mateus é atribuída
a redação de um dos quatro Evangelhos; antes em aramaico. O Evangelho de
Mateus, tal qual o possuímos hoje, escrito em grego, sofreu influência de
Marcos e de Lucas. Conservou, porém, sua fisionomia própria. É o Evangelho do
Reino dos Céus, do cumprimento em Cristo da Antiga Aliança; o Evangelho do
Sermão da montanha e da Igreja. A respeito do apostolado de Mateus e das
circunstâncias de sua morte ou martírio, não há comprovações suficientes e
confiáveis.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
Será que temos humildade suficiente para aceitar
que, mesmo entre discípulos de Jesus, haja pessoas que falharam ou que falham?
- Qual é nossa primeira atitude diante de alguém que erra? Culpar a pessoa ou
compreender a realidade? - Lembra-se sempre de que Deus é bondade e
misericórdia? - Você faz alguma coisa em favor dos que estão longe de Deus?
Cite algum exemplo. - Procura se lembrar que Jesus vai atrás não somente dos
bons, mas principalmente dos que precisam de sua presença?
Meditando o evangelho
QUEM PRECISA DE MÉDICO?
No tempo de Jesus, a postura preconceituosa de certa ala do farisaísmo
era bem conhecida. Julgando-se melhores que todo mundo por observarem,
escrupulosamente, a Lei mosaica, sentiam-se no direito de desprezar quem não
agia assim. Olhavam com desprezo para os pecadores e todos os que eram
incapazes de praticar a Lei de modo "tão perfeito" como eles. Por
outro lado, por serem contrários aos romanos, recusavam-se a conviver com os
colaboradores do poder opressor. Nesta categoria, incluíam-se os cobradores de impostos.
Isto explica por quê se admiraram ao ver Jesus sentado à mesa com eles e com os
pecadores. O gesto de Jesus parecia-lhes digno de censura.
Entretanto, o modo de proceder do Mestre ia na direção contrária.
Sabendo-se revestido da missão de libertar o povo do seu pecado, buscava a
companhia e a amizade dos que mais necessitavam da misericórdia divina. Longe
de desprezá-los e marginalizá-los, sempre tinha para com eles gestos
benevolentes de acolhida.
Um provérbio popular bem conhecido ajudava-o a compreender sua missão.
Afinal, ao médico interessa quem está doente e carece de ajuda, e não quem está
sadio e em boa forma. Sendo ele o médico enviado por Deus para curar o pecado
da humanidade, urgia colocar-se junto às vítimas do pecado. É o que fazia, sem
se importar com os preconceitos dos fariseus.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado
no Portal Dom Total).
Oração
Pai, coloca-me sempre junto àqueles que mais carecem de tua salvação, e
liberta-me de toda espécie de preconceitos que contaminam o meu coração.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Conversa com Mateus
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP)
___Olha São Mateus, primeiramente parabéns pelo seu dia que é
hoje, o Senhor poderia nos falar sobre aquele dia que o Mestre passou na sua
banca e o chamou para ser discípulo?
___Bom, foi um dia inesquecível, eu pensei que o Galileu fosse
pagar algum imposto, mas de repente vi o seu olhar sobre mim, não era um olhar
acusador como o da maioria do povo, mas era um olhar firme, que me deixou
encantado, suas palavras apenas expressaram o que os seus olhos já me haviam
dito.
___É Verdade que o Farisaísmo entrou em polvorosa?
___Nossa, e como! Eles consideravam muito o Mestre e tinham
grande admiração e respeito por ele, mas certas atitudes os desconcertavam, e
esse chamado que ele me fez, ali diante deles, foi realmente muito
desconcertante, imagine eu, um Cobrador de impostos, explorador do povo e a
serviço do poder romano, ser chamado por Jesus. E o que é pior, ele foi jantar
em minha casa naquela noite.... Deu o maior "buchicho"
___Pois é, percebe-se no seu relato, eles começaram a
"apertar" os discípulos, o por que desse jantar em sua casa.
___Sim, mas não só isso, meus amigos cobradores de impostos
também vieram, achei que o Mestre iria nos fazer um discurso moralista, prá
gente mudar de vida.
___Ué, mas então ele não pregou a palavra, não fez ameaças para
vocês se converterem? Pensei que ele tivesse dado uma "dura" no seu
grupo de pecadores.
Pois é, eu também pensei assim, e até achava que aquele
jantar seria bem chato, pelo clima que o Mestre iria criar. Mas...
Surpreendeu-me o fato dele ter ficado à vontade em minha casa, sabe, parecia um
de nós, comia, bebia, falava, ria de coisas gozadas que a gente falava, e uma
hora até ameaçou uma dança, como era nosso costume....Foi uma festa imemorável,
descobri que ele nos queria muito bem, apesar de sermos uns "casos perdidos".
___Então não foi o discurso ou ensinamento que te levou a mudar
de vida e segui-lo?
___Não, de modo algum! Foi a sua atitude e o modo como se
relacionou comigo e com os outros, Jesus é simplesmente encantador, é
impossível não segui-lo, quando se experimenta o quanto ele nos ama...daí sim é
que vem a conversão..
Conclusão: daí o Império Romano perdeu
um excelente cobrador, e o Mestre ganhou um novo discípulo, e nós enquanto
Igreja, ganhamos um grande Santo e Apóstolo...
2. Vim chamar
pecadores
Mateus, o grande catequista, é celebrado hoje pela liturgia
latina. Estava sentado na coletoria de impostos, quando foi chamado.
Levantou-se e seguiu Jesus. Houve então uma festa de “pecadores” com Jesus e
seus discípulos. É claro que os fariseus, que não se reconheciam pecadores, não
participaram da festa. Tinham ainda que aprender o que significa: “Quero
misericórdia e não sacrifício”. Jesus não veio chamar os justos. Veio chamar os
pecadores e por isso se põe no meio deles. Vamos então pecar para que Jesus nos
chame e se ponha no meio de nós? Evidentemente, não é bem assim, e não é esse o
caminho do encontro com Jesus. Será melhor ser justo, como foi São José, e ir
com Jesus ao encontro dos pecadores. Pecadores somos todos, mas alguns não
reconhecem suas limitações. Há quem observe toda a Lei e peque por orgulho. Há
quem observe todos os preceitos e se mantenha prisioneiro de seus bens. Quem
não reconhece seu pecado acredita não precisar de nenhum perdão, nem mesmo o de
Deus. Corre o risco de não saber perdoar e de pensar que Deus lhe deve
obrigações. O melhor é ser humilde e não pecar.
Liturgia comentada
Os céus narram a glória de Deus! (Sl 19a [18a])
O homem da Bíblia é um contemplativo. Ele não se
distrai com as quinquilharias deste mundo. Saindo de sua tenda, no veludo da
noite, Abraão é convidado por Deus a contemplar as miríades de estrelas no
firmamento e os incontáveis grãos da areia da praia. Do mundo macroscópico ao
reino microscópico, as visíveis pegadas do Criador...
O acelerado progresso da ciência, ao contrário de
solapar os fundamentos da fé, veio contribuir ainda mais para nossa admiração
diante dos mistérios do Cosmo. E há muito mais por vir: os meandros da genética
e o torvelinho das nanopartículas deixarão nossos olhos arregalados diante da
infinita Inteligência criadora.
Deus se revela no mundo. A Criação elogia o
Criador. O teólogo ortodoxo Olivier Clément cita Máximo, o Confessor [580-662
d.C.], que distingue três graus na “incorporação” do Verbo de Deus. Em primeiro
lugar, a própria existência do Cosmo, da Criação, que é compreendida como uma
teofania, isto é, uma manifestação de Deus: “Os céus narram a glória de Deus”.
O segundo grau foi a própria Lei, na qual se
incorporava o Verbo na forma de uma Escritura sagrada, revelando aos homens um
Deus pessoal que participa de nossa história. E o terceiro, a Encarnação
propriamente dita, levando a seu pleno sentido as duas incorporações
anteriores: “O Verbo se concentra e assume um corpo” (Máximo, o Confessor),
nascendo de Mulher. Ou, na expressão máxima de São João, “o Verbo se fez carne
e habitou entre nós”. (Jo 1,14)
Voltando ao passado dos patriarcas – e mais
ainda, das civilizações primitivas -, muito antes da Lei e dos profetas, o
homem tinha ao seu dispor este Evangelho sem letras gravado nas constelações e
nos oceanos, no ciclo das estações e em cada grão de trigo. Ali se via uma
ordem reveladora, ali pulsava uma vida sempre regenerada, denunciando uma Fonte
oculta, mas real.
Foi contemplando um simples cristal de neve que
brotou, no íntimo de Jacques Loew, jovem ateu e futuro missionário, a
consciência de um Deus Criador. Ele escreve: “Meu olhar pousado na perfeita
beleza de um floco de neve efêmero abalou minha vida. Este cristal era um
mensageiro, o murmúrio de um além a que eu não sabia como designar, do qual não
podia mais duvidar. Não chegara como uma prova, repleta de demonstrações: era
uma presença, a minúscula prova material que basta por si só, um reflexo do
invisível”. (“Meu Deus em Quem Confio”, p. 35, Ed. Paulinas, 1986)
Orai sem cessar: “Vimos sua estrela no Oriente e
viemos adorá-lo!” (Mt 2,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
HOMILIA
DIÁRIA
O Senhor tem compaixão e misericórdia de nós
O Senhor tem compaixão e
misericórdia de nós. Ele quer que tenhamos a mesma compaixão e misericórdia por
aqueles que estão afastados do caminho do Pai.
Jesus disse: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico,
mas sim os doentes.” (Mt
9,12)
Nós celebramos, hoje, o apóstolo São Mateus,
autor do maior Evangelho em capítulos que nós temos: o Evangelho de Mateus. Ele
era um cobrador de impostos, mas, um dia, ouviu o chamado do Mestre:
“Segue-me!”. O pecador levantou-se e, imediatamente, seguiu Jesus.
Você sabe que, assim como as prostitutas, os
cobradores de impostos eram muito mal vistos pelas pessoas em geral. Afinal de
contas, eram grandes ladrões, na opinião do povo, por aquilo que eles faziam;
os impostos eram muito altos e, muitas vezes, eram cobrados sobrecargas sobre
eles. Então, as pessoas tinham uma verdadeira ojeriza pelos cobradores, porque
eles eram colaboradores num sistema injusto.
Foi Mateus que, tantas vezes, praticou esse mal,
estava ali, coletando impostos, quando o Mestre o chamou.
Os fariseus, mais uma vez, ficaram indignados e
questionaram: “Como o Mestre Jesus come com cobradores de impostos e
pecadores?”. Jesus, conhecendo o coração deles, disse: “É para os pecadores que
eu vim, porque são os doentes que precisam de médicos!”.
Meus irmãos, muitas vezes nós não encontramos
Jesus dentro de nós, cuidando de nós, porque a nossa atitude é a mesma dos
fariseus, daqueles que se sentem justificados e não se comportam como
necessitados da Misericórdia Divina.
Todos nós somos pobres pecadores, e se estamos de
pé, é por graça de Deus; não temos por que nos vangloriar disso. Mais ainda,
não temos por que condenar ninguém nem nos acharmos melhores do que os outros.
O Senhor tem compaixão e misericórdia de nós. Ele
quer que tenhamos a mesma compaixão e misericórdia por aqueles que estão
afastados do caminho do Pai. A todos nós que temos muitos ou poucos pecados,
foi para nós que o Senhor veio.
Que, na Festa do apóstolo São Mateus,
experimentemos a misericórdia do Senhor de uma forma profunda para conosco.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e
colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, ensina-nos e nos dá coragem para
exercer a misericórdia com todos os irmãos peregrinos e nos livra da tentação
de procurarmos o orgulho da perfeição. Dá-nos discernimento para descermos a
escada da humildade, seguindo os passos do Cristo Jesus, teu Filho que se fez
nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Oração FinaL
Pai Santo, ensina-nos e nos infunde coragem
para exercer a Misericórdia com todos os irmãos peregrinos. Livra-nos, amado
Pai, da tentação de cultivar o orgulho por estarmos subindo em direção à
perfeição. Dá-nos discernimento para escolhermos descer a escada da humildade,
seguindo os passos do Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo
reina na unidade do Espírito Santo.