A recompensa será
igual para todos?
No Evangelho deste Domingo, Nosso
Senhor conta a seus discípulos a parábola dos trabalhadores na vinha. Após
contratar várias pessoas para o trabalho, algumas de madrugada, outras às nove
da manhã, outras ao meio-dia e às três, e outras ainda às cinco da tarde, o seu
patrão remunera-os igualmente, com uma moeda de prata. Diante disso, os que
haviam sido contratados primeiro “começaram a resmungar contra o patrão: ‘Estes
últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o
cansaço e o calor o dia inteiro’”.
Para entender o significado dessa
parábola, é preciso explicar o contexto do Evangelho de São Mateus. Ele foi
escrito para comunicar a vida de Jesus aos cristãos convertidos da religião
judaica, supondo que os seus ouvintes conheciam a história da Antiga Aliança,
dos patriarcas e profetas do Velho Testamento, das festas religiosas do povo
israelita etc. A partir dessa informação, é possível entender a parábola como
uma resposta aos cristãos vindos do judaísmo, que são justamente os trabalhadores
que foram contratados “de madrugada”, pois começaram a seguir o Deus verdadeiro
ainda no começo da história.
Sabe-se que, no alvorecer das primeiras
comunidades cristãs, houve um sério conflito por parte dos cristãos
“judaizantes”, que queriam que os convertidos do paganismo se submetessem a
algumas prescrições da Torá - como a circuncisão - antes de se batizarem e
entrarem na Igreja. A controvérsia foi resolvida no episódio do Concílio de
Jerusalém, no qual os apóstolos decidiram “não (...) inquietar os pagãos que se
convertem a Deus” [1], mandando-os tão somente “abster-se de carnes
sacrificadas aos ídolos, do sangue, das carnes de animais sufocados e das
uniões ilícitas” [2].
Ao comparar o Reino dos céus ao patrão
que premiou tanto os primeiros trabalhadores quanto os que foram contratados
depois com a mesma recompensa, Nosso Senhor já resolvia essa dificuldade do
futuro, ilustrando a generosidade de Deus, que se dá todo aos homens, seja aos
judeus, seja aos pagãos.
Santo Tomás de Aquino, comentando este
Evangelho [3], divide-o em duas partes: a da contratação e a da remuneração.
Com relação à contratação, percebe-se
como “Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da
verdade” [4]: o dia de que fala o Evangelho simboliza tanto a história da
humanidade - Deus chamou alguns de madrugada, isto é, de Adão a Noé; outros na
hora terça, de Noé a Abraão; outros na hora sexta, de Abraão a Moisés; e outros
ainda na hora nona, de Moisés até a vinda de Cristo -, quanto a história de
cada homem em particular - alguns o Senhor chama de madrugada, isto é, na
infância; outros na hora terça, que é a adolescência; outros na hora sexta, que
é a idade adulta; outros na hora nona, que é a velhice; e outros ainda chama na
última hora, como chamou o bom ladrão [5].
Quanto à remuneração, a moeda de prata
de que fala o Evangelho é a vida eterna, o patrão é Deus Pai e o administrador
é Deus Filho. Ao distribuir a recompensa, o patrão dá uma moeda de prata aos
trabalhadores, mostrando que a recompensa eterna é igual para todos. Mas, em
que sentido se pode dizer isso? Santo Tomás explica:
“A bem-aventurança pode ser considerada
quanto ao objeto, e, então, ela é uma só para todos; e quanto à participação do
objeto, e, então, ela é diferente, pois nem todos participarão dela do mesmo
modo, conforme está escrito em Jo 14, 2: Na casa de meu Pai, existem muitas
moradas. É como se muitos fossem à procura de água, e um carregasse um vaso
maior do que o outro: o rio está disponível a todos, mas nem todos levarão a
mesma quantidade. Assim, quem tem a alma mais dilatada, mais caridade recebe.”
[6]
Para entender o que diz o Aquinate,
pode servir de apoio a parábola dos talentos [7], na qual o senhor retribui a
cada um de seus servos de acordo com o seu trabalho. Embora pareça, essas duas
passagens não estão em contradição. Deus, que é como um oceano infinito, é
capaz de preencher totalmente tanto uma tampinha de garrafa quanto um copo, uma
piscina ou uma Baía de Guanabara. De fato, o objeto da bem-aventurança é um só,
Deus mesmo; no entanto, a participação de cada um nessa recompensa será
diferente, pois cada um amou a Deus de forma diferente.
A grande lição deste Evangelho é
recordar-nos que a recompensa divina não é merecida por nenhum de nós e, por
isso, todos devemos viver em ato de contínua gratidão a Deus. Ao responder à
murmuração dos primeiros trabalhadores, o patrão lhes pergunta se estão “com
inveja”. No original grego, a expressão do Autor Sagrado é: ὀφθαλμός πονηρός [lê-se: ophthalmós
poneirós], que quer dizer, literalmente, “olho mau”. Esse termo - que também já
foi consagrado pela linguagem popular - descreve uma atitude espiritual: o
invejoso, quando vê alguém feliz, se entristece com a sua alegria. Jesus
denuncia que esse remordimento interno é causado por uma mentalidade mesquinha,
a mesma mentalidade do fariseu que acha que é digno do Reino dos céus [8]. Ele
se esquece que todos os que se salvarem o serão por pura misericórdia de Deus e
que até os méritos que ele adquire só são possível graças à graça divina. Por
isso, é importante dirigir o olhar ao Senhor, em meio ao cansaço e a fadiga do
dia a dia, e dizer: Senhor, eu não mereço, mas deixe-me trabalhar pelo vosso
Reino, viver o cansaço do dia a dia, por vosso amor.
É importante lembrar também que hoje,
21 de setembro, é justamente o dia da memória de São Mateus. Vivendo como
publicano por muito tempo, o evangelista foi um desses agraciados de última
hora, que deixou a coletoria de impostos e todo o resto para seguir Nosso
Senhor. Depois de deixar a velha vida, Mateus também correspondeu ao amor de
Deus, pregando o Evangelho até o martírio. Ele é, portanto, um exemplo das duas
realidades: não só é o que se converteu, mas também aquele que trabalhou até o
fim, ganhando do Senhor a graça de merecer morrer por Sua causa.
Como São Mateus, independentemente de
nossa história de vida, alegremo-nos e correspondamos generosamente à graça
superabundante que Deus derrama sobre nós.
Referências:
At 15, 19.
At 15, 29.
1 Tm 2, 4.
Cf. Lc 23, 39-43.
Cf. Mt 25, 14-30.
Cf. Lc 18, 9-14.
XXVº
Domingo do Tempo Comum - 21 de Setembro
MEUS PENSAMENTOS ESTÃO ACIMA DOS VOSSOS
PENSAMENTOS
Primeira
Leituras: Isaías 55,6-9;
Salmo 144
(145), 2-3, 8-9, 17-18;
Segunda
Leitura: Filipenses 1,20c-24. 27a;
Evangelho:
Mateus 20,1-16a.
Situando-nos
Na semana passada
tivemos uma pausa no caminho espiritual do Tempo Comum para celebrarmos a festa
da Exaltação da Santa Cruz. As festas do Senhor, de Nossa Senhora e dos santos
e santas e são também próprias deste tempo do ano litúrgico, dando-nos o movimento
da vida entre festa e cotidiano. Dessa forma, não temos mais a relação temática
vertical entre o domingo passado e este que iremos celebrar.
Retomando o
caminho, continuamos a contemplar em Cristo o nosso agir no mundo, manifestando
o Reino de Deus. Nossa ação tem como ponto de partida e chegada a pessoa e a
missão de Jesus, que nos aponta o agir do Pai como referencial maior, para que
o nosso agir e pensar estejam ao menos próximos daqueles de Deus.
Já percorremos
mais da metade dos 34 domingos do Tempo Comum deste ano. E estando mais
próximos do término do ano litúrgico. Neste ano A, a temática do Reino de Deus
se torna mais constante e presente. Sobretudo porque em Mateus, Jesus é aquele
que veio cumprir toda a justiça do Reino, contra todo e qualquer legalismo.
Recordando a
Palavra
Mais uma vez o
Lecionário faz um recorte em seu texto bíblico para a liturgia. No texto
bíblico a parábola dos trabalhadores da vinha é consequência do diálogo de
Pedro com Jesus sobre a recompensa de quem deixou tudo para segui-lo. Para dar
este sentido é que algumas traduções trazem um complemento como: “Porque o
Reino dos céus é semelhante...” (Bíblia de Jerusalém, ou “De fato, o Reino
dos céus é como... Bíblia Edição Pastoral).
Mas o Lecionário
não assume esta continuidade da perícope e propõe a parábola de forma autônoma
ao iniciar: “Naquele tempo, parábola a seus discípulos”. Logo, devemos buscar
nela conteúdo do mistério que celebramos, sem a necessária referência exegética
ao diálogo anterior de Jesus com Pedro.
Jesus compara o
Reino dos Céus à história de um patrão que contrata trabalhadores ao longo do
dia para trabalhar em sua vinha: os primeiros de madrugada, outros as nove,
outros ao meio-dia, outros às quinze horas e, por fim, outro grupo às dezessete
horas. Com todos combinou pagar uma moeda de prata ou, como faz com os
contratados às nove horas, pagar-lhes “o que for justo” (Mt 20,4).
“Este
comportamento ou ação de Deus no trato para com as pessoas encontra seu
desfecho e explicação no diálogo final com os chamados ‘‘trabalhadores da
primeira hora”. Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que
dei a ti. Ou estás com inveja, porque estou sendo bom? (Mt 20; 14.15b).
Atualizando a
Palavra
A nossa condição e
fragilidade humanas nos leva a ter comportamentos e exigência puramente
temporalizadas, circunscritas às nossas necessidades e desejos, tornando os
nossos pensamentos e ações às vezes distantes daqueles próprios de Deus.
Por isso mesmo,
vendo do ponto de vista da pura “justiça” humana, o patrão da parábola de
Jesus, para nós, pode ter agido injustamente. Ora, quem trabalhou por mais
horas, deve receber mais do que aquele que trabalhou menos tempo! Podemos até
mesmo calcular, de acordo as leis trabalhistas, quanto cada um deve e tem
direito de receber. E, por vezes, somos muito rígidos no cumprimento de algumas
leis e contratos!
Claro que estas
leis têm seu valor e importância para a convivência e o cumprimento mínimo da
justiça por nós criada e estabelecida.
Mas não podemos
agir apenas a partir de leis puramente humanas, sem o nosso olhar e agir a
partir também da justiça divina. Muitas vezes, o que é justo aos olhos humanos,
não é justo aos olhos de Deus. O mero cumprimento de uma lei social, não nos dá
o respaldo da legalidade, nem nos impede de ver a realidade para além da lei,
que, muitas vezes, garante apenas o mínimo e não o necessário para a vida.
Ligando a Palavra
com a ação litúrgica
A palavra do
Senhor proclamada pelo profeta nos ajuda a perceber algo que nos deixa um tanto
quanto desconfortáveis diante de Deus e até dos irmãos e irmãs: os pensamentos
de Deus não são como os nossos caminhos.
Deus age, em
primeiro lugar, com justiça: paga aos empregados o que estava no contrato. Mas,
ao mesmo tempo, age com bondade: “Ou estás com inveja, porque estou bom?” (Mt
20,15b). Justiça e bondade unidas em Deus, o levam a agir de forma diferenciada
(cf. Sl 85,11), ou seja, ele age a partir da justiça do seu Reino.
Por isso, Deus não
vê apenas o cumprimento do contrato, vai além dele e percebe a necessidade de
vida, pois, os trabalhadores das outras horas não estão deixando de trabalhar
por serem preguiçosos ou por outros motivos alheios, não estão trabalhando,
porque ninguém os contratou (cf. Mt 20,7). Deus vê, portanto, a necessidade
também desses, que têm suas famílias e devem sustentá-las. Caso pagasse apenas
o “justo”, não lhes seria suficiente para viverem.
O salmista, em
resposta á proposta divina de vivermos a justiça do reino, reafirma a bondade
de Deus, pois “Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é
compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda a
criatura. É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz”
(Sl 144,8-9.17).
A nossa
experiência litúrgico-sacramental é para nós a força da presença desta ação de
Deus: o Senhor acolhe a todos e todas à sua Ceia, revelando-nos a riqueza e a
misericórdia pelo banquete do reino do Pai, que oferece lugar para todos: a
quem trabalha mais ou menos no reino, o rico e, principalmente, o pobre. “Ora,
eu vos digo: muitos virão do oriente e do ocidente e tomarão lugar à mesa no
reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó” (Mt 8,11; cf. Lc 13,29-30).
A antífona da
aclamação ao Evangelho, assim, ecoa como um grande clamor a Deus para que nos
converta: “Vinde abrir o nosso coração, Senhor; ó Senhor, abri o nosso coração,
e, então, do vosso filho a palavra, poderemos acolher com muito amor!” E em
Jesus, o Senhor resumiu “toda a lei no amor a deus e ao próximo” para que
observemos o seu mandamento (Oração do dia).
De fato, nossas
opções não condizem, muitas vezes, com as opções de Deus. E isto não deve ser
acolhido por nós com desânimo ou desesperança. Pelo contrário, deve ser a
motivação maior para a nossa conversão, para a mudança do nosso modo de pensar
e agir no mundo, pois optamos, como cristãos, em apontar a presença do Reino do
Pai, pois, só uma coisa importa: viver à altura do Evangelho de cristo (cf. Fl
1,27a – segunda leitura).
Sugestões para a
celebração
O Hinário
Litúrgico nos oferece o salmo 125 para o canto de entrada, tendo como refrão a
antífona de entrada do 25º DC. Ver música no CD Liturgia VII, faixa 9.
ØNo
mesmo CD encontra-se a proposta para o canto de comunhão que assume o último
versículo do Evangelho deste dia como refrão para o Salmo 103.
ØÉ
importante que a primeira leitura, em particular, seja proclamada como um
convicto convite a buscar o Senhor, de forma persuasiva.
ØPreparando
bem, o Evangelho pode ser dialogado. São necessários: o (a) narrador (a), o
patrão (quem preside), a fala dos trabalhadores desocupados e a fala dos que
murmuram.
Fonte: Novo povo construindo o Reino de
Deus na justiça! - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum I -
setembro 2014 - Ano A – Edições CNBB
Liturgia de
21.09.2014 - 25º DTC
Canal do Youtube
A Voz do Pastor - 25º Domingo Comum - Domingo 21/09/14
Canal do Youtube
Palavra de Vida Eterna |
São Mateus 20,1-16a20,1-16a - 21/09/2014
Canal do Youtube
Pai,
que eu jamais me deixe levar
pelo espírito de ambição e de
rivalidade,
convencido de que, no Reino,
somos todos iguais, teus filhos.
HOMILIA
EU PAGAREI O
QUE FOR JUSTO Mt 20,1-16ª
A parábola de hoje nasce da realidade agrícola
do povo da Galiléia. Era uma região rica, de terra boa, - mas com o seu povo
empobrecido, pois as terras estavam nas mãos de poucos, e a maioria trabalhava
ou como arrendatários ou como “bóia-fria” como diríamos hoje. Embora a cena
situe-se na Galiléia de dois mil anos atrás, bem poderia ser aqui como aí onde
você mora hoje em dia. Apresenta uma situação de trabalhadores braçais desempregados,
não por querer, mas “porque ninguém nos contratou”. Talvez haja uma diferença,
comparando com a situação de hoje - na parábola, o salário combinado era uma
moeda de prata, um denário, que na época era o suficiente para o sustento
diário duma família - o que nem sempre se verifica hoje.
O dono de uma vinha
chamou trabalhadores para a colheita. A uns chamou pela manhã, outros ao longo
do dia e outros, ainda, no fim do dia. A todos, compromete-se com o mesmo
pagamento. Naturalmente, aqueles que começaram a trabalhar ainda cedo
reclamaram ao patrão por ter recebido o mesmo montante dos outros que
trabalharam apenas uma pequena parte do dia. Para o patrão, porém, está feita
justiça: pagou a todos conforme o combinado e, ademais, dispôs daquilo que é
seu. Se, aos olhos do empregado que se considera lesado aquilo era injusto, ao
patrão foi apenas um acerto de contas equânime, dentro dos limites que tinha
estabelecido.
Jesus contou esta
parábola para nos esclarecer como o pensamento de Deus difere da nossa
mentalidade humana. Na administração das coisas do mundo existem critérios já
estabelecidos em relação a quem faz mais, a quem faz menos. Para Deus o que
importa é a decisão do momento. Quem começa mais cedo tem a mesma paga de quem
começou mais tarde. A salvação é para hoje, agora. Os que abraçam a salvação
mais cedo têm a recompensa de conhecerem o reino dos céus primeiro. E quando
fazemos a experiência de salvação percebemos que nenhum dinheiro do mundo paga
o que alcançamos.
Muitas vezes
assumimos o papel dos trabalhadores que reclamam por ter trabalhado tanto
enquanto outros que não sofreram as mesmas penas recebem a mesma recompensa.
Assim o é na vida civil e na vida cristã. Mas, para Deus, não importa o “tempo
de casa” ou aquilo tudo que já demos: importa com que amor o demos, com que
dedicação o fizemos. Além disso, o Senhor nos dá a Sua graça e esta Ele dispõe
como deseja. Essa é a aparente contradição: a perspectiva humana entende que o
pagamento deve ser correspondente ao tempo ou à responsabilidade do trabalho.
Deus, não. Ele entende que pode dispor do que é seu e dá a cada um como
considera o seu merecimento.
Portanto, não
precisamos questionar a recompensa que Deus dá àqueles “pecadores” que nós
julgamos os piores do mundo, pelo contrário devemos também sair pelo mundo a
fora em busca dos “trabalhadores de última hora” a fim de que encontrem a Jesus
e recebam a salvação para as suas almas.
Você conhece alguém
que ainda não foi contratado para trabalhar na vinha do Senhor? Por que não
chamá-lo?- Você já se sente contratado (a) e recompensado.
Pai, que eu jamais
me deixe levar pelo espírito de ambição e de rivalidade, convencido de que, no
Reino, somos todos iguais, teus filhos.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA
Não inveje ninguém, pois Deus é bom com todos
Não inveje ninguém! Deus é generoso e bom com
todos. Ele sabe quais são as carências de cada coração humano.
“Assim, os últimos serão
os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mateus 20, 16a).
A parábola que ouvimos
de Jesus, no Evangelho de hoje, pode provocar, talvez nos corações mais
voltados à justiça, uma certa confusão, até uma certa incompreensão da atitude
do senhor da vinha, do patrão. Porque o patrão saiu para contratar os
empregados, logo pela manhã combinou com eles uma moeda de prata, depois na
metade da manhã contratou mais empregados e combinou outra moeda de prata com
eles. Depois, no meio da tarde e no final do dia, contratou mais outros
operários e combinou o mesmo valor.
A
questão aqui não é o valor combinado, porque o combinado não custa caro, como
dizem. O senhor combinou com os primeiros operários uma moeda de prata e a
pagou, mas ele também combinou com os da última hora e pagou o mesmo valor. Se
os operários da primeira hora não soubessem quanto tinham ganhado os da última
hora não haveria problema nenhum, estariam felizes, agradecidos. Mas o problema
é que a inveja, quando vem ao coração humano, destrói os melhores sentimentos,
e o primeiro deles é a gratidão e o reconhecimento.
Quando
só comparamos a nossa vida com a dos outros – o que nós temos com o que o outro
tem – não sabemos valorizar o que temos. Não sabemos dar o verdadeiro valor,
estima, não sabemos apreciar o que temos. Estamos sempre comparando a nossa
vida com a dos outros, o que temos com o que o outro tem, e no Reino de Deus
não é assim!
Deus
não faz distinção de pessoas. Ele ama a todos com valor igual; Ele não vai dar
mais a quem trabalhou mais, e o outro porque chegou no fim vai ganhar menos. De
repente, pode até ser que realmente tenha um valor maior aquele que recebeu por
último do que quem trabalhou menos, mas o Pai sabe qual é a necessidade de cada
um de Seus filhos. Quem é pai, quem é mãe, procura ser justo, dar amor igual
para seus filhos, mas eles sabem também qual é a carência que cada filho tem.
Deus
é generoso e não deixa de ser bom com ninguém, Ele sabe quais são as carências
de cada coração humano. O que nós não podemos deixar é que o amor de Deus não
cresça em nosso coração por causa daquele sentimento terrível que Caim teve: a inveja
do seu irmão, Abel, e, por causa disso, o matou.
Nós
matamos a
graça de Deus, nós somos impedidos de crescer como pessoas humanas quando somos tomados pelo
sentimento da inveja. Não se preocupe, a graça de Deus na sua vida vai ser do
tamanho da sua necessidade. Por
isso, não precisamos invejar ninguém, porque Deus é bom para com
todos!
Deus
abençoe você!
Padre Roger Araújo
A justiça de Deus é
oportunidade para todos
Preparo-me para a Leitura Orante,
rezando com todos os internautas:
Espírito Santo que procede do Pai e do Filho,
tu estás em mim, falas em mim,
rezas em mim, ages em mim.
Ensina-me a fazer espaço à tua palavra,
à tua oração,
à tua ação em mim para que eu possa
conhecer o mistério da vontade do Pai. Amém.
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Mt 20,1-16a e observo
o ensinamento de Jesus na parábola.
Os trabalhadores da
plantação de uvas Jesus disse:
- O Reino do Céu é
como o dono de uma plantação de uvas que saiu de manhã bem cedo para contratar
trabalhadores para a sua plantação. Ele combinou com eles o salário de costume,
isto é, uma moeda de prata por dia, e mandou que fossem trabalhar na sua
plantação. Às nove horas, saiu outra vez, foi até a praça do mercado e viu ali
alguns homens que não estavam fazendo nada. Então disse: "Vão vocês também
trabalhar na minha plantação de uvas, e eu pagarei o que for justo."
- E eles foram. Ao
meio-dia e às três horas da tarde o dono da plantação fez a mesma coisa com
outros trabalhadores. Eram quase cinco horas da tarde quando ele voltou à
praça. Viu outros homens que ainda estavam ali e perguntou: "Por que vocês
estão o dia todo aqui sem fazer nada?" - "É porque ninguém nos
contratou!" - responderam eles.
- Então ele disse:
"Vão vocês também trabalhar na minha plantação."
- No fim do dia,
ele disse ao administrador:
"Chame os
trabalhadores e faça o pagamento, começando com os que foram contratados por
último e terminando pelos primeiros."
- Os homens que
começaram a trabalhar às cinco horas da tarde receberam uma moeda de prata cada
um. Então os primeiros que tinham sido contratados pensaram que iam receber
mais; porém eles também receberam uma moeda de prata cada um. Pegaram o
dinheiro e começaram a resmungar contra o patrão, dizendo:
"Estes homens
que foram contratados por último trabalharam somente uma hora, mas nós
agüentamos o dia todo debaixo deste sol quente. No entanto, o pagamento deles
foi igual ao nosso!"
- Aí o dono disse a
um deles:
"Escute,
amigo! Eu não fui injusto com você. Você não concordou em trabalhar o dia todo
por uma moeda de prata? Pegue o seu pagamento e vá embora. Pois eu quero dar a
este homem, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. Por acaso
não tenho o direito de fazer o que quero com o meu próprio dinheiro? Ou você
está com inveja somente porque fui bom para ele?" E Jesus terminou,
dizendo:
- Assim, aqueles
que são os primeiros serão os últimos(...).
O Senhor convida os trabalhadores,
em horas diferentes: "Vão vocês também trabalhar na minha plantação de
uvas". E a cada um paga o mesmo valor. Ninguém recebeu mais ou menos. Deus
valoriza a todos e distribui seus dons a quem quer e como quer. A recompensa é
igual não porque Deus é injusto, mas porque ele é bom. A recompensa não é
quantitativa. Equivale à dedicação e interesse pelo trabalho. O Reino é sempre
um dom gratuito de Deus.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Não
devo "cobrar" de Deus pelo que fiz em favor dos irmãos. Também não
devo me contentar com o que já fiz. Devo desejar sempre que Deus realize em mim
o seu Projeto. Na Conferência de Aparecida, os bispos disseram:"Quando cresce
no cristão a consciência de pertencer a Cristo, em razão da gratuidade e
alegria que produz, cresce também o ímpeto de comunicar a todos o dom desse
encontro. A missão não se limita a um programa ou projeto, mas é compartilhar a
experiência do acontecimento do encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo
de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade e da Igreja a todos os confins
do mundo (cf. At 1,8)".(DAp 145).
3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras
orações e concluo com o canto Venham trabalhar na minha vinha, de Dom Pedro
Brito Guimarães.
1.Venham trabalhar
na minha vinha
Dilatar meu Reino
entre as nações
Convidar meu povo ao
banquete
Quero habitar nos
corações.
Unidos pela força da
oração
Ungidos pelo
Espírito da missão
Vamos juntos
construir
Uma Igreja em ação.
2.Venham trabalhar
na minha vinha
Espalhar na terra o
meu amor
Muitos não conhecem
a Boa Nova
Vivem como ovelhas
sem pastor.
3. Venham trabalhar
na minha vinha
Com fervor meu nome
proclamar
Que ninguém se
queixe ao fim do dia
Ninguém me chamou a
trabalhar.
4.Contemplação
(Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é de gratidão a Deus que me ama
de forma gratuita e confia em mim para que eu realize com alegria a missão que
me cabe.
Palavra que vou repetir muitas vezes:
"obrigada, Senhor!"
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós.
Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz.
Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e
Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp
patricia.silva@paulinas.com.br
Oração Final
Pai Santo, dá-nos a
consciência de que tudo é dom do teu Amor e que nos emprestas para ser
desfrutado e partilhado com os peregrinos que andam conosco pelas estradas da
vida. Faze-nos generosos, ternos e misericordiosos. Pelo Cristo Jesus, teu
Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.