21 de Julho de 2013
Ano C
Lc 10,38-42
Comentário do
Evangelho
Jesus
aceita o convite das duas irmãs
O evangelho deste domingo
está situado na parte central de Lucas, a “subida de Jesus para Jerusalém”.
É preciso, como ponto de partida, eliminar um
equívoco, a saber, a oposição entre ação e contemplação. Neste caso, Jesus
daria prioridade à contemplação sobre a ação.
Aqui, a questão é bem outra: trata-se de receber
Jesus, de recebê-lo de verdade.
Foi Marta quem o recebeu: “… e uma mulher, de nome
Marta, o recebeu em sua casa” (v. 38). Daí que é não só precipitado, mas uma má
leitura do texto, desqualificá-la. Jesus aceita o convite de Marta. Aliás, ele
espera ser convidado: “... eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a
minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo”
(Ap 3,20). Nós temos sempre uma porta a abrir para acolher Jesus.
A fé em Jesus é hospitalidade – trata-se de
recebê-lo em si, em sua intimidade pessoal e familiar. E recebê-lo bem! Receber
bem é deixar o outro falar e se dispor a ouvi-lo. Escutar é um trabalho, exige
esforço.
Frequentemente, há muito barulho à nossa volta,
muito barulho em nós. Escutar alguém exige atenção. Escutar distraidamente,
continuando a fazer as tarefas, é um modo de dizer àquele que fala que o que
ele diz não tem nada de decisivo ou de importante. Escutar alguém exige, como
ponto de partida, admitir que ele possa ter razão no que diz. Nosso relato tem
um valor simbólico. Ele responde a uma questão fundamental para o cristão: o
que é ser, realmente, discípulo de Jesus? A lição deste episódio é que ele não
opõe duas opções. Ele afirma uma prioridade: escutar, receber uma palavra que
se instala em nós como um hóspede se instala em nossa casa.
O erro de Marta foi ter obstruído este tempo de
escuta, de ter considerado que receber Jesus é simplesmente preparar a mesa,
pôr pequenos pratos, como é o costume até hoje no Oriente. Marta queria
fazer-se apreciar.
Tal zelo acaba se transformando em tristeza,
amargura, inveja; ela estima que o seu trabalho não é reconhecido o bastante:
“Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço?
Manda, pois, que ela venha me ajudar!” (v. 40).
O texto é um apelo a dar prioridade a uma palavra
que precede tudo e que nos faz agir em consequência dela.
Carlos Alberto Contieri, sj
Vivendo a Palavra
O Evangelho aborda o tema fundamental das nossas
opções de vida. Que tesouro nós estamos construindo e acumulando? Aquele que a
traça rói, a ferrugem consome e os ladrões podem roubar – ou o que permanecerá
para a eternidade? Somos Marta, ou Maria? Estamos preocupados com muitas coisas
ou nos entregamos confiantes ao Pai Misericordioso?
Meditação
Como e em que circunstâncias você procura ouvir a voz de
Deus? - É fácil dosar as atividades puramente materiais com as espirituais? -
Como é sua vida de apostolado? - Como você acolhe os que batem à sua porta? -
Sua vida é um bom exemplo de ação e contemplação?
Padre Geraldo
Rodrigues, C.Ss.R
Ambientação:
Sejam bem-vindos amados irmãos e irmãs!
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Cada Eucaristia que
celebramos é uma nova oportunidade para sentirmos a presença de Deus que nos
comunica a vida. É ele que nos acolhe como filhos. Ao celebramos a Eucaristia,
entramos na casa de Deus, e Jesus entra em nossa casa. Nós nos sentamos aos pés
do Mestre para escutar. E ele nos diz: "Um só coisa é necessária", ou
seja, a única coisa que nos pede é que entremos em comunhão com ele e, por
conseguinte, com seu projeto. Assumamos, nesta celebração, a mesma postura de
Maria: silenciar para escutar o que o Senhor tem a nos dizer.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Deixemo-nos visitar por Jesus
e acolhamos, com Maria, irmã de Marta, a Palavra da salvação. Assim seremos
autênticos discípulos do Bom Mestre e missionários do seu Evangelho. Nesta
semana vivamos por meio da oração e da participação no que nos for solicitado o
grande evento da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. É um tempo de
graça que Deus nos concede, pois a juventude é prioridade pastoral desde a
Conferência de Puebla e semente de esperança para o futuro da Igreja e do
mundo.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Jesus não se comporta como um
hóspede comum, também quando é recebido por amigos de longa data, como Marta e
Maria, ele exige atenção especial à sua mensagem e à sua pessoa. Acolher Cristo
hóspede é principalmente "ouvi-lo", por-se em atitude de receptividade,
mais do que de dar. É ouvindo-o que se entra em comunhão com ele e se é
transformado. Quem se preocupa mais com as coisas a dar do que com a pessoa com
quem se comunica, fica distante.
Sintamos em nossos corações a alegria do Amor ao Próximo e
entoemos alegres cânticos ao Senhor!
16º Domingo do Tempo Comum — ANO C
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1.
SER ou FAZER, eis a questão!
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP)
Pensei
em conversar com Maria ou a própria Marta, mas o Evangelista São Lucas seria o
mais indicado, afinal como autor, ele é imparcial na história dessas duas
mulheres.
___São
Lucas, quem ganha essa parada, Marta ou Maria? Está muito claro que Maria
escolheu a melhor parte, será que a reflexão é só isso mesmo?
São Lucas____ Não podemos nos esquecer que o evangelho é uma reflexão das
comunidades onde nós evangelistas estávamos em contato permanente e é como uma
colcha de retalhos, pegavam uma palavra de Jesus aqui, um relato diferente
acolá, alguma coisa que alguém de outra comunidade falou sobre o fato,
costura-se tudo e se faz o evangelho, sempre inspiração do Espírito Santo,
Palavra de Deus revelada.
___O
Senhor está querendo com isso, dizer o que? Que esse episódio não ocorreu?
___Quero dizer que o mais importante é prestarmos muita atenção na
reflexão em si, que se tira desse ensinamento do mestre, a reflexão é a
essência, é como uma laranja onde a casca é importante, mas não mais do que
aquilo que está dentro. Ao chupar uma laranja, se você ficar prestando atenção
excessivamente nos detalhes da casca, irá perder o melhor, que são os gomos com
o suco doce.
___Mas
São Lucas, Jesus ia sempre hospedar-se na casa dessas duas irmãs, que são
também irmãs de Lázaro, não?
____Claro que sim, eles formavam a Comunidade Betânia, mas sendo um escrito pós
pascal, por trás de Marta e Maria há duas comunidades, isso é muito claro. Uma
dessas comunidades, muito hospitaleira por sinal, havia ao que parece
muitas atividades que hoje chamaríamos de pastorais. Era uma correria com
reunião prá cá, reunião para lá, decisões e encontros, planejamento. Um
ativismo exacerbado.
___Opa!
Parece que o Senhor está falando de nossas comunidades? Ás vezes é assim também
aqui em nosso tempo!
____ E a outra comunidade fazia um pouco menos de todas essas tarefas, pois
tinham como prioridade as celebrações com a escuta da Santa Palavra, dos
ensinamentos de Jesus. Não chegava a ser uma comunidade contemplativa, mas eram
capazes de ficarem horas e horas meditando a Palavra e não se cansavam em
ouvi-la.
_____
São Lucas, nem precisa dizer mais nada, agora ficou fácil a meditação. Pois o
Documento 94 das DGAE (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora) nos
ensina a fazer tudo, A PARTIR DE JESUS. Ele é o ponto inicial e o ponto
final, sem ele, não caminhamos e nem chegamos a lugar nenhum. Uma Igreja
Sacramentalista e Pastoralista parece Marta, que até acolhe, mas depois
prioriza o FAZER em detrimento do SER, e o ideal mesmo é ser como Maria,
primeiro o SER que vem com a Palavra de Jesus que transforma o nosso íntimo,
daí o nosso FAZER será requalificado.
___Pois é, acho que o fechamento da reflexão foi perfeito. É isso mesmo, e em
vez de ficar se perguntando que estava com a razão, se Marta ou Maria, olhe
para o modo de como vocês fazem as coisas hoje nas comunidades, e se Jesus
Cristo está no centro de tudo...
José
da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
2.
Jesus aceita o convite das duas irmãs
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito por Carlos Alberto Contieri, sj - e disponibilizado no Portal
Paulinas)
VIDE ACIMA
ORAÇÃO
Pai, que o meu agir não seja movido por um ativismo insensível à palavra de
Jesus. Antes, seja toda a minha ação decorrência da escuta atenta desta
palavra.
3. A
MELHOR PARTE
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica,
Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A
cena evangélica desafia-nos a fazer uma leitura integrativa, sem contrapor
Maria e Marta, como se uma fosse símbolo da ação e a outra, da contemplação,
como se uma tivesse feito uma ação louvável e a outra, uma ação censurável.
Portanto, quando Jesus fala que Maria escolheu a melhor parte, pensa-se logo
que a contemplação é mais importante que a ação ou, mais radicalmente, a
contemplação pode prescindir da ação.
Tanto
a atitude de Maria quanto a de Marta foram de carinhosa acolhida a Jesus e a
seus discípulos. A primeira deteve-se a escutar o amigo recém-chegado, enquanto
a outra pôs-se a preparar uma refeição para esses hóspedes. Diante de amigos
com fome, nada melhor do que oferecer-lhes algo para restaurar as forças. O
erro de Marta consistiu em não começar por acolher a quem chegava, talvez
depois de um longo período de ausência. Era preciso acolher o Mestre, antes de
pôr-se em ação. Afinal, Jesus estava mais interessado em partilhar alguns
momentos de convívio com uma família amiga do que em degustar uma excelente
refeição.
No
caso de Maria, sua amabilidade inicial transformar-se-ia em insensibilidade, se
fosse incapaz de perceber a situação dos amigos e não se apressasse em dar-lhes
comida. Ela, porém, agiu corretamente. Sua ação foi precedida da escuta da
palavra do Mestre. Ou seja, a contemplação culminou e expressou-se na ação
caridosa para com os visitantes.
Oração
Espírito de contemplação, ensina-me a inspirar o meu agir na escuta atenta da
Palavra, de forma que minhas ações sejam expressão de comunhão com o Senhor.
21.07.2013
16º
Domingo do Tempo Comum — ANO C
(VERDE, GLÓRIA,
CREIO – IV SEMANA DO SALTÉRIO)
__
"A casa do cristão e a hospitalidade: Em primeiro lugar, escute o
Senhor!" __
JORNADA
MUNDIAL DA JUVENTUDE — RIO — 23 a 28.07.2013
EVANGELHO DOMINICAL EM DESTAQUE
APRESENTAÇÃO ESPECIAL DA LITURGIA DESTE DOMINGO
FEITA PELA NOSSA IRMÃ MARINEVES JESUS DE LIMA
VÍDEO NO YOUTUBE
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/evangelho_do_dia_semana.htm#d8
21 de
julho – 16º DOMINGO DO TEMPO COMUM
O ÚNICO NECESSÁRIO
I.
INTRODUÇÃO GERAL
Neste domingo, a liturgia nos propõe dois exemplos de hospitalidade, o de
Abraão e o de Marta. A história de Abraão dirige nosso olhar para o mistério
escondido na hospitalidade. A história de Marta e Maria nos ensina que, antes
de se desdobrar em gestos de hospitalidade, importa saber acolher. A verdadeira
hospitalidade não consiste em preparar muitas coisas, mas em acolher o dom que
é a pessoa. Receber as pessoas com atenção, dar-lhes audiência, pode ser uma
ocasião para receber a única coisa verdadeiramente necessária, a palavra de
Deus: sua promessa (no caso de Abraão), seu ensinamento (no caso de Maria).
O lema que se repete durante a celebração pode ser: “Em primeiro lugar, escute
o Senhor”.
II.
COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (Gn
18,1-10a)
A primeira leitura nos mostra como a hospitalidade de Abraão é recompensada
pela promessa de Deus. Sob a aparência de três viajantes, Deus apresenta-se,
incógnito, a Abraão, que demonstra toda aquela hospitalidade tão apreciada no
Oriente. Aos poucos, o foco da narrativa se desloca da hospitalidade de Abraão
para a promessa de Deus. Abraão não perguntou pela identidade de seus hóspedes.
Agiu por bondade gratuita. Com a mesma gratuidade, Deus lhe concede o que era
estimado impossível: um filho de sua mulher Sara, já idosa.
A leitura mostra que, quando se está oferecendo hospitalidade, na realidade se
está recebendo a generosidade de Deus. A hospitalidade que Abraão, generosa e
gratuitamente, oferece a três homens, perto do carvalho de Mambré,
transforma-se em receber. Ele recebe a coisa que mais deseja: um filho de sua
mulher legítima, Sara. Talvez por isso se diz que a hospitalidade é “receber”
uma pessoa: o hóspede é um dom para nós…
Deus passa por nossa vida, junto de nossa casa, e importa fazê-lo entrar (Gn
18,3), para que a nossa vida não fique vazia. Deus pode chegar como um
viajante, um necessitado, e nossa gratuita bondade deve estar pronta para o
“receber” no momento imprevisto.
2.
Evangelho (Lc 10,38-42)
O evangelho, com o episódio de Jesus na casa de Marta e Maria, focaliza “o
único necessário”.
Quem acolhe um hóspede parece estar oferecendo algo – a hospitalidade –, mas
pode ser que, na realidade, esteja recebendo mais do que oferece, como foi o
caso de Abraão na primeira leitura. Lida nessa ótica, a história de Marta e
Maria se torna reveladora. Hospedar e cuidar é bom; mais fundamental, porém, é
“receber” o dom que é o hóspede, com tudo o que tem de mais importante. E o
mais importante, no caso, é a palavra de Jesus. Ele não veio para se fazer
servir como um freguês num hotel; veio para servir (Mt 20,28), e serve por meio
de sua palavra, de sua vida inteira. Ele é inteiramente palavra, palavra de
Deus, no seu dizer, no seu fazer, no seu sofrer. Acolher essa palavra é o único
necessário.
Quem se esgota em “fazer coisas” para o outro, sem realmente o “receber”, pode
ser chamado de ativista. O ativismo é um mal de nosso tempo, mas não data deste
século. É doença que espreita a humanidade desde sempre. Jesus aproveita as
intensas ocupações da “dona Marta”, sua anfitriã, para falar desse assunto.
Marta dá muita importância aos próprios afazeres e pouca àquilo que recebe de
Jesus. Ela deseja que Maria, imersa na escuta das palavras do mestre,
interrompa sua escuta e a ajude a preparar a comida. Mas por que preparar
comida se não se sabe para quê? Se alguém não se abre para receber a mensagem,
para que acolher o mensageiro? Um bom anfitrião procura servir o melhor
possível, mas, se não escuta o que o visitante tem para dizer, fará uma montão
de coisas, mas a finalidade real da visita não se realizará. “Marta, Marta, tu
te ocupas com muitas coisas; uma só, porém, é realmente necessária…” Jesus não
diz o que é essa coisa necessária, mas a história nos faz entender que é o que
Maria estava fazendo: escutar Jesus. Maria escolheu a parte certa. Mais
fundamental do que a casa bem arrumada e a mesa bem provida com que Marta se
preocupa é acolher Jesus, com suas palavras, no coração. Então a mesa bem
preparada servirá para sua verdadeira finalidade.
O ativismo, mesmo a serviço dos outros, corre o perigo de ser um serviço a si
mesmo: autoafirmação à custa de quem é o “objeto” de nossa caridade. A
superação do ativismo consiste em ver o mistério de Deus nas pessoas, assim
como Maria o enxergou em Jesus, o porta-voz de Deus, o portador das “palavras
de vida eterna” (cf. Jo 6,68).
O hóspede vem a nós com uma recomendação de Deus, e por isso lhe dedicamos
atenção. Nossa preocupação não deve ser o nosso próprio afazer, mas a
interpelação que o rosto do outro nos dirige. Então não lhe imporemos uma
hospitalidade que nós inventamos em proveito de nossa autoafirmação, mas
abriremos o coração àquilo que ele diz e é. É isso que Jesus lembra a Marta.
A verdadeira contemplação não é uma fuga a pensamentos aéreos, mas aquele
realismo superior que nos leva a ver Deus no homem e o homem em Deus. Essa
contemplação é também o fundamento da verdadeira práxis da fé, que consiste,
precisamente, em tratar o homem como filho e representante de Deus. Para isso,
o centro de nossa preocupação não deve ser nossa atividade, mas a pessoa humana
que nos é dada e que nós “recebemos” como um dom da parte de Deus.
3. II
leitura (Cl 1,24-28)
A segunda leitura nos fala da manifestação do mistério de Cristo na missão do
apóstolo. Servir a Cristo é participar de seu sofrimento. No sofrimento
próprio, Paulo vê confirmada sua comunhão com Cristo, e isso é para ele uma
alegria. Ele quer revelar o “mistério de Deus” – que é Cristo – por sua vida.
Cristo é a “esperança da glória”. “Cristo no meio de nós” (1,27) não é um belo
pensamento, mas força que nos impele ao encontro dos irmãos. Cristo é, em nós,
a esperança, a impaciência do Dia que há de manifestar, plenamente, o que ele é
e o que nós seremos nele.
Deus vem ao ser humano. Paulo sabe dessa união de Deus e Cristo com o ser
humano, que lhes pertence. O apóstolo considera o seu sofrimento como a
complementação, no próprio corpo, do sofrimento de Cristo. Não que faltasse
algo ao sofrimento de Cristo por parte deste – faltava algo por parte de Paulo;
o sofrimento de Cristo precisava ser completado pela participação de Paulo.
Isso, aliás, vale para todos nós. Só nos apropriamos, por assim dizer, da paixão
de Cristo por nossa “com-paixão”.
Paulo anuncia a palavra de Deus em sua plenitude: o mistério escondido desde a
eternidade, a realidade só conhecida por quem dela participa, a esperança da
glória, “Cristo em vós”. Na comunidade dos fiéis, da qual Paulo se tornou
apóstolo, está presente aquele que assume todo o sentido de nossa vida e da
criação toda (Cl 1,15-20, cf. domingo passado). Para que fossem levados à
perfeição os que receberam sua pregação, Paulo oferece sua vida.
(Querendo usar um texto mais afinado com o tema do evangelho e da primeira
leitura, veja-se 1Pd 4,9-11: “Sede hospitaleiros”.)
III.
PISTAS PARA REFLEXÃO
O importante e o
necessário: Grande
mal em nossa sociedade, e também na Igreja, é o ativismo, a falta de disposição
para aprofundar o essencial, sob o pretexto de tarefas urgentes.
Na primeira leitura vimos a virtude da hospitalidade, na figura de Abraão.
Deus, que nos anjos se tornou seu hóspede, recompensa-o com a promessa de um
filho. Será que o evangelho não contradiz essa lição? Jesus dá a impressão de
valorizar mais a presença passiva de Maria, que fica a escutá-lo, do que a
preocupação de Marta em bem recebê-lo. Ou será que o jeito certo de recebê-lo é
o de Maria: escutar sua palavra?
Jesus observa a Marta que ela anda ocupada e preocupada com muitas coisas,
enquanto uma só é necessária. Essa observação não é uma crítica à
hospitalidade, mas indica uma escala de valores: a melhor parte é a que Maria
escolheu! O que esta faz é fundamental e indispensável: escutar. O resto (as
correrias pastorais, as reuniões) é importante, mas deve ter fundamento no
escutar. Jesus censura Marta não porque ela cuida da cozinha, mas porque quer
tirar Maria do escutar para fazê-la entrar no ritmo das suas próprias
ocupações. Marta não conhecia a escala de valores de Jesus.
Paulo, na segunda leitura, pode ser um exemplo. Ele passou pela “passividade”
do sofrimento, assumindo no próprio corpo a sua participação no sofrimento de
Cristo. Dessa identificação profunda com Cristo ele tirou a força para seu surpreendente
apostolado.
Gente ocupada é o que menos falta. Mas sabemos muito bem que toda essa ocupação
não gira, necessariamente, em torno do fundamental. Dá até pena ver certas
pessoas complicar a vida com mil coisas das quais dizem que vão simplificá-la. Por
outro lado, encontramos também, especialmente entre os pobres “de coração” (não
aqueles com mania de rico), pessoas que levam uma vida simples, porém com muito
mais conteúdo e, sobretudo, com um coração sensível e solidário.
Importa acolher (a Deus, a Jesus, os outros) em primeiro lugar no coração. Só
então as demais atuações terão sentido. Isso vale na vida pessoal e também na
vida comunitária. Comunidades que giram exclusivamente em torno de preocupações
e reivindicações materiais acabam esvaziando-se, caem em brigas geradas pelo
personalismo e pela ambição. Mas comunidades que primeiro acolhem com carinho a
palavra de Jesus num coração disposto saberão desenvolver os projetos certos
para pôr essa palavra em prática.
“Buscai primeiro o reino de Deus…”
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É
doutor em Teologia e licenciado em Filosofia e em Filologia Bíblica pela
Universidade Católica de Leuven (Lovaina). Atualmente é professor de Exegese
Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Entre outras obras, publicou: Descobrir a
Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical:
mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A - B - C; Ser cristão;
Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje.
E-mail: konings@faculdadejesuita.edu.br
21 de julho: 16º domingo do tempo comum
QUAL É A MELHOR PARTE?
O evangelho deste domingo já forneceu
matéria para muita discussão. Muitos procuram ver nele certa divisão: Marta
representaria a parte laboriosa da missão e Maria, a parte espiritual. Em
outras palavras, Marta seria a mulher da ação e Maria, a da contemplação. Na
verdade, com esse relato, Jesus não quer contrapor “vida ativa” a “vida
contemplativa”. As duas fazem parte de nossa caminhada.
Marta é censurada não pelo “fazer” em
si, mas por causa do “fazer” que não parte de uma escuta atenta da palavra de
Deus e que, portanto, pode cair no vazio ou num agir estéril, cujas motivações
são apenas a autopromoção e o exibicionismo. Jesus não condena o serviço de
Marta, pois ele mesmo já havia pregado e demonstrado a necessidade de pôr-se a
serviço do próximo necessitado.
Marta limita-se a acolher Jesus em
sua casa; Maria o acolhe em si mesma, torna-se “tabernáculo”, oferece-lhe
hospitalidade no seu interior. Marta oferece algo a Jesus, Maria se oferece a
si mesma.
Na correria do dia a dia, é difícil
deixar-nos iluminar pela palavra de Deus para ver qual o melhor a realizar. Não
há tempo para parar, para escutar o Senhor e perceber qual é sua vontade. Somos
peças de uma engrenagem que não nos permite quietude, e aí está o risco de não
percebermos qual é a “melhor parte”.
Agitadas por tantas tarefas e
preocupações, a Igreja e as comunidades necessitam parar, sentar aos pés de
Jesus e ouvir a voz do Espírito, que as conclama a sair de si e voltar-se aos
desafios do mundo, em vez de se preocuparem com a roupagem. É bem possível que
a maioria de nós tenha maior necessidade de ouvir a voz do Mestre do que a voz
dos pregadores que circulam por aí. Quem sabe, acostumando-se a essa prática,
nossas comunidades venham a se tornar mais confiáveis!
Também hoje as mulheres, quer na
Igreja, quer na família, não podem ser confinadas às “tarefas do lar”, mas têm
o direito de sentar aos pés do Mestre – que as acolhe em seu grupo como
discípulas em pé de igualdade com os homens.
Pe. Nilo Luza, ssp
Ter o Senhor como nossa prioridade
O Senhor deve ser o centro de nossas vidas, temos que colocá-Lo como prioridade no nosso dia a dia
“Marta recebeu Jesus em sua casa e sua irmã chamada Maria sentou
aos pés do Senhor e escutava sua Palavra” (Lc 10, 38-39)
Nós temos a graça de celebrar, neste domingo, o modelo de duas
seguidoras de Jesus. Marta e Maria, irmãs de Lázaro, têm a graça de receber
Jesus em sua casa e, no mesmo momento, manifestarem seu jeito de servir ao
Senhor.
Marta é ocupada com os afazeres. Claro que ela compreendia a
importância de Jesus, mas tinha suas obrigações, e o Senhor já é tido como “um
de casa”. Por isso, ela se preocupa em deixar a casa arrumada para Ele.
Já Maria faz questão de mostrar que, primeiro, ela quer estar
aos pés do Mestre, ouvindo Sua palavra. Não é que Maria não tinha seus
afazeres, mas, naquele momento, ela escolheu a melhor parte.
Nós estamos atarefados demais, até mesmo com muitos serviços na
Igreja, e não temos tempo de escutar o Senhor. É perceptível aos olhos a
dificuldade que muitas pessoas vivem por não terem tempo de cultivar uma
intimidade por meio da adoração, colocando-se aos pés do Mestre para
escutá-lo.
Hoje, somos chamados pelo Senhor a priorizá-Lo. Fazer isso não
significa ter muitas tarefas, mas ter um tempo reservado para conhecer a
Palavra, colocar-se na sua presença do Senhor e aprender a ouvir o que brota do
Seu coração.
Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.Facebook Twitter
LEITURA ORANTE
Preparo-me para a Leitura Orante,em
sintonia com todas as pessoas conectadas para meditar e viver a Palavra. Juntas
rezamos:
Espírito Santo
que procede do Pai e do Filho,
tu estás em mim, falas em mim,
rezas em mim, ages em mim.
Ensina-me a fazer espaço à tua palavra,
à tua oração,
à tua ação em mim
para que eu possa conhecer
o mistério da vontade do Pai.
Amém.
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Lc 10,38-42 e observo pessoas, palavras,
relacionamentos com Jesus.
Jesus chama a atenção de Marta. Mas ela não foi censurada porque estava
trabalhando, mas porque estava “agitada, ansiosa, inquieta por tantas coisas”.
Maria é elogiada não por estar sentada, acomodada, mas por estar “à escuta da
Palavra”.
A escuta da Palavra de Deus deve ter prioridade em relação as nossas
ocupaçõesdo dia-a-dia.
A preocupação e a correria pelo trabalho, não só causam cansaço e até
estresse;mas podem também reduzir nossa atividade a simples barulho, se não
houver uma pausa para a escuta da Palavra. Jesus nos quer ensinar que - escuta
da Palavra e trabalho - não devem constituir um dualismo. Tanto uma como outra
são atividades que nos acompanham e nos sustentam .
O Evangelho de hoje não conclui qual foi a decisão de Marta, após as palavras
de Jesus. Provavelmente foi se acalmar aos pés do Mestre. E, no fim deste
momento especial, Maria e Marta foram, juntas, preparar a refeição.
O que o texto diz para mim, hoje?
Como me organizo em minhas atividades?
Tenho muitas preocupações e agito-me com muitas coisas como Marta?
Ou, sou capaz de escolher a “melhor parte”, à escuta da Palavra? Como Marta
implico-me que outras pessoas ficam tranquilas , “sentadas”, em oração ou à
escuta da Palavra?
Consigo ser uma pessoa ativa e reflexiva, ao mesmo tempo? Os bispos na
conferência de Aparecida disseram: “Para ficar parecido verdadeiramente com o
Mestre é necessário assumir a centralidade do Mandamento do amor, que Ele quis
chamar seu e novo: “Amem-se uns aos outros, como eu os amei” (Jo 15,12). Este
amor, com a medida de Jesus, com total dom de si, além de ser o diferencial de
cada cristão, não pode deixar de ser a característica de sua Igreja, comunidade
discípula de Cristo, cujo testemunho de caridade fraterna será o primeiro e
principal anúncio, “todos reconhecerão que sois meus discípulos” (Jo 13,35).”
(DAp 138).
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações
e concluo:
Espírito vivificador,
a ti consagro o meu coração:
aumenta em mim o amor a Jesus,
Vida da minha vida.
Faze-me sentir filho amado do Pai.
Amém.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E
MISSÃO)
Qual meu novo olhar a partir da
Palavra?
Meu novo olhar é hoje direcionado à centralidade do mandamento do amor. Não me
deixarei vencer pela ansiedade, pela agitação. Terei meu olhar voltado para o
que é mais importante.
- Deus nos abençoe e nos guarde.
Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém. Ir.
Patrícia Silva, fsp