http://homiliadominical2.blogspot.com.br/
29 de junho – SÃO PEDRO E SÃO PAULO
Por Aíla Luzia Pinheiro Andrade
I. INTRODUÇÃO GERAL
A Igreja celebra o martírio de Pedro e de Paulo na mesma data porque
eles estiveram unidos no mesmo propósito: seguir Jesus até a morte. Ambos são
alicerces vivos do edifício espiritual que é a Igreja. Pedro evangelizou os
judeus, Paulo fez a mensagem de Jesus chegar às demais nações. A incessante
pregação de ambos foi fecundada com o martírio. Eles deram provas de até que
ponto pode ir o ser humano quando elege o projeto de Deus como opção de vida.
Não foram pessoas apenas de palavras, mas testemunhas de que a fé remove as
montanhas do egoísmo. O modo como viveram e como morreram questiona o comodismo
de nossa fé.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. Evangelho (Mt 16,13-19): As portas do inferno não vencerão
No evangelho de hoje, Jesus faz duas perguntas aos discípulos. Na
primeira, ele quer saber o que as pessoas em geral estão dizendo a respeito
dele e, na segunda, o que os discípulos pensam sobre ele.
Com essas perguntas, pode parecer que Jesus está fazendo uma pesquisa,
para ver se a mensagem dele está agradando ao público ou se ele terá de mudar
alguma coisa que aumente o índice de audiência. Na verdade, Jesus está ocupado
em construir, na consciência coletiva, a identidade dele, ou seja, quer
estabelecer exata compreensão a respeito do Messias e, além disso, mostrar que
tipo de Messias ele é. Jesus faz essas perguntas aos discípulos porque sabe que
da correta assimilação de sua identidade depende a correta compreensão de sua
mensagem. Se alguém entende de forma errada quem é Jesus, compreenderá
erroneamente a sua mensagem e terá uma práxis totalmente diferente daquela que
ele espera.
Na resposta dos discípulos à primeira pergunta são explicitadas as diversas
esperanças messiânicas de Israel.
Pedro toma a iniciativa para responder à pergunta feita aos discípulos
sobre a identidade de Jesus. Mas é a comunidade dos discípulos, representada
por Pedro, quem diz corretamente quem é Jesus e qual sua missão. A resposta da
comunidade representada por Pedro é uma profissão de fé no “Cristo, Filho do
Deus vivo”.
Essa profissão de fé não é fruto da lógica e do esforço humano, mas é
revelação divina, pois quem o revela à comunidade é o próprio Pai, que está no
céu. Foi a abertura da comunidade à revelação divina que possibilitou
reconhecer o Cristo e confessar a fé nele. E é sobre a fé confessada no Cristo,
Filho do Deus vivo, que a Igreja é edificada. A expressão “esta pedra”
refere-se à confissão de fé e é um trocadilho com a palavra “Pedro”, por cujos
lábios ela é pronunciada. O fundamento da Igreja é Jesus, pedra angular (Mt
21,42), confessado Messias/Cristo pela comunidade de seus seguidores.
Porque a comunidade dos seguidores confessou a verdadeira identidade de Jesus
como Messias/Cristo, pedra angular ou fundamento, ela recebeu “as chaves do
reino” (e não da Igreja). O termo “chaves” significa ter acesso e, nesse caso,
remete a Is 22,22. Então, é tarefa da Igreja cuidar da obra divina, não como um
proprietário – pois o Reino é de Deus –, mas como um mordomo ou despenseiro que
cuida da casa de seu verdadeiro senhor, ao qual prestará contas de seu serviço.
E cuidar do Reino significa fazer que ele cresça neste mundo.
Então a principal tarefa da comunidade dos discípulos de Jesus, a
Igreja, é proporcionar o avanço do Reino dos céus (ou de Deus). Esse avanço
significa uma ofensiva contra tudo o que se constitui em antirreino
(representado pelo termo “inferno”). “As portas”, naquela época como hoje,
significavam o poder de defesa. Uma cidade (murada) com portas resistentes
tinha grande poder de defesa numa batalha. “As portas do inferno não
resistirão” significa que a comunidade dos discípulos de Jesus faz o Reino
avançar contra o antirreino (o inferno), e, por mais fortes que sejam os
poderes de defesa (as portas) do inferno, não conseguirão resistir por muito
tempo e por fim o Reino vencerá e será instaurado plenamente. As portas do
antirreino cairão.
Em função do avanço do reino, uma das tarefas da Igreja é “ligar ou desligar”,
mas isso não diz respeito a uma autoridade soberana do líder da Igreja. O
sentido de “ligar ou desligar” diz respeito ao âmbito da comunhão entre o fiel
e a comunidade, ou melhor, ao sacramento da reconciliação. É precisamente no
âmbito do ministério da reconciliação que a Igreja exerce a tarefa de excluir
oficialmente um membro da comunhão plena ou readmiti-lo (reconciliá-lo), uma
vez cumpridas certas condições.
Assim, “ligar” significa “algemar” alguém, ou seja, deixá-lo preso ao
pecado; e “desligar” significa romper os laços com que o pecado escraviza o ser
humano, readmitindo o pecador arrependido à comunidade salvífica.
Desse modo, “ligar ou desligar” significa fundamentalmente a faculdade
de perdoar os pecados, reconciliando o pecador com Deus, mediante a
visibilidade do sacramento, e impondo-lhes condições e obrigações que sejam o
sinal da verdadeira conversão.
2. I leitura (At 12,1-11): Foi lançado na prisão
Na primeira leitura, Pedro é envolvido no mesmo destino de Jesus,
primeiramente porque foi preso na festa dos pães sem fermento (a Páscoa). Além
disso, o texto começa com a decisão do rei Herodes de tentar destruir a Igreja,
prendendo e matando seus líderes. O rei deseja remover os pilares da casa para
fazer a construção inteira ruir. A prisão de Pedro não é um fato isolado – na
mesma época, Tiago (filho de Zebedeu) foi martirizado. O governante condena
pessoas inocentes para garantir a própria popularidade, algo semelhante ao que
foi feito a Jesus.
Os detalhes sobre como Pedro estava sendo guardado pelos soldados
romanos querem apenas assegurar que uma fuga seria impossível. Enquanto Pedro
estava preso, a Igreja reunida orava incessantemente, solidarizando-se com a
situação dele, pois constituíam um só corpo no Senhor. E ao fervor da oração
Deus respondeu com a libertação. Na noite anterior ao dia em que Herodes
apresentaria Pedro ao sinédrio para ser condenado, Deus agiu em resposta à
oração da Igreja.
O texto enfatiza que Pedro dormia enquanto esperava o próprio julgamento
e condenação. Ele teve dificuldade para saber se o que estava acontecendo era
real, o que significa que não esperava a libertação. E se mesmo assim conseguia
dormir, era porque confiava plenamente em Deus e estava preparado para morrer
por sua fé. Enquanto Pedro está sendo libertado, o texto faz questão de
ressaltar novamente que a prisão era de segurança máxima e que, apesar de todas
as precauções, Herodes não conseguiu o seu intento de destruir a Igreja.
3. II leitura (2Tm 4,6-8.17-18): Terminei minha carreira, guardei a fé
O texto da segunda leitura se refere ao momento em que Paulo estava
preso e pensava que seria condenado à morte. Suas palavras não revelam nenhuma
amargura, mas a serenidade de quem se abandonou nas mãos de Deus. O apóstolo
estava pronto para ser imolado, isto é, estava à disposição para ser morto por
causa do evangelho. Além disso, considera que a morte por causa do evangelho é
aceita por Deus como verdadeira oferta ou sacrifício.
A vida do cristão é comparada a uma batalha e a um esporte de olimpíada:
“Combati o bom combate, terminei minha carreira” (v. 7), mas em tudo a fé saiu
vitoriosa; faltava apenas subir ao pódio e receber a coroa de louros que
confirmava a vitória. Isso significa que o apóstolo sabe que Deus não deixará
sua morte sem resposta; a última palavra não é da morte, mas de Deus, que dá
vida plena aos que nele se abandonam. A ressurreição não significa um prêmio,
mas sim que Deus partilha a vida que lhe é própria (eterna) com aqueles que lhe
doaram a vida humana e efêmera. A ressurreição é grande dom de Deus e não
simples troca de uma vida por outra; a vida que doamos a Deus em nada se
compara à vida eterna que ele gratuitamente nos dá. Por isso não é um prêmio. A
coroação de que o apóstolo fala significa que a última ação é de Deus, e não do
carrasco.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
- As prisões dos dois apóstolos atestam que somente é verdadeiro
discípulo de Cristo quem por ele enfrenta perseguições e martírios, mantendo a
fé/fidelidade. Os exemplos de Pedro e Paulo mostram que a Igreja não é
edificada sobre homens, mas sobre a confissão de fé no Cristo ressuscitado e
ressuscitador. Tal confissão de fé não é apenas um discurso de belas palavras,
mas testemunho de vivência da fidelidade a Deus custe o que custar, mesmo que
seja a própria vida. Muitas pessoas se orgulham de que Cristo tenha entregado
as chaves do Reino para Pedro e não se lembram de que as chaves significam
serviço. Outras pessoas se ufanam de que Pedro tenha recebido a missão de
“ligar e desligar” e não sabem que o objetivo disso é manter a Igreja numa fé
autêntica e operante no mundo.
- É oportuno que o presidente da celebração evite aumentar o orgulho de
ser católico e destaque a humildade de ser cristão, pois foi isto que Cristo
nos ensinou. Também deve ficar claro, mesmo quando Pedro é o padroeiro do
lugar, que a festa é também de são Paulo. Ambos são as duas colunas principais
da Igreja.
Aíla Luzia Pinheiro Andrade
Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia
pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje - BH), onde também cursou
mestrado e doutorado em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos.
Atualmente, leciona na Faculdade Católica de Fortaleza. É autora do livro Eis
que faço novas todas as coisas – teologia apocalíptica (Paulinas).
E-mail:
aylanj@gmail.com.
29 de junho – São
Pedro e São Paulo
EVANGELIZADORES COM ESPÍRITO
O título deste texto é também o título do capítulo V da exortação do
papa Francisco Evangelii Gaudium, a alegria do evangelho (EG). Cabe bem aqui o título porque os apóstolos
Pedro e Paulo são exemplos fidedignos de quem evangeliza com o Espírito.
Os dois apóstolos, após aquele encontro feliz com o Mestre, após a
experiência do Senhor ressuscitado, lançaram-se por inteiro à vivência e ao
anúncio da boa-nova. De tal modo, que a vida deles já não lhes pertencia, mas
ao Senhor. É a experiência do amor. Quando se encontra o amor de verdade, é ele
que dá o sentido da vida e dirige toda a ação de quem ama.
Com Pedro e Paulo foi assim. Pedro, simples pescador, deixou as redes de
pesca à beira-mar e seguiu o Mestre com o coração palpitando de alegria. Agora
já não ia pescar peixes, mas conquistar pessoas para o reino de Deus.
Certamente não tinha claro o que poderia acontecer com sua vida. Mas sabia que
algo especial acontecera consigo. Daí porque deixou imediatamente tudo e foi
atrás de Jesus.
Paulo homem culto, bem formado na cultura de seu povo e praticante
ferrenho da lei judaica, de repente se vê envolvido por uma luz forte, a ponto
de cegar com tão intenso brilho. A luz é Jesus. Outrora perseguidor dos
cristãos, a partir de então se entrega de corpo e alma ao anúncio do evangelho,
a ponto de expressar do fundo da alma a profundidade do seu amor: “Já não sou
eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
Pedro e Paulo sabiam que evangelizar não era privilégio, mas obrigação.
“Ai de mim se não pregar o evangelho”, declara o apóstolo Paulo em 1Cor 9,16.
Eles tinham convicção de que sua pregação não era tão somente fruto de suas
capacidades pessoais. Sua pregação era fruto do espírito. Como ensina o papa
Francisco, “uma evangelização com espírito é muito diferente de um conjunto de
tarefas como uma obrigação pesada, que quase não se tolera ou se suporta como
algo que contradiz as nossas próprias inclinações e desejos” (EG 261).
Pedro e Paulo são o retrato de uma comunidade que se ama. Seus membros
não temem levar adiante o projeto libertador de Jesus. É uma comunidade aberta,
que testemunha com gestos concretos a novidade do evangelho. Pedro e Paulo são
exemplos fiéis desse comprometimento. Suas motivações para evangelizar
provinham da experiência do amor que receberam de Jesus. Que o testemunho dos
dois anime e fortaleça a todos nós.
Reflexão:
Pistas para a
reflexão:
I leitura: A
testemunha de Jesus incomoda e por isso, a exemplo do mestre, sofre ameaças.
II leitura: Após
reconhecer que concluiu a missão com fidelidade, o cristão encara o fim da vida
com serenidade.
Evangelho: A
comunidade cristã recebe de Jesus a missão de acolher e partilhar o perdão, dom
de Deus.
Santos Pedro e
Paulo, apóstolos e mártires
A festa, ou melhor, a solenidade dos santos Pedro e Paulo é das mais
antigas e mais solenes do ano litúrgico. Foi inserida no santoral muito antes
da festa do Natal e havia desde o século IV o costume de celebrar neste dia
três missas. A primeira na basílica de são Pedro, no Vaticano; a segunda na
basílica de são Paulo fora dos Muros e a terceira nas catacumbas de são
Sebastião, onde as relíquias dos dois apóstolos tiveram de ser escondidas por
algum tempo para subtraí-las à profanação. Há um eco deste costume no fato de
que além da Missa do dia é previsto um formulário para a Missa vespertina da
vigília. Depois da Virgem Santíssima, são precisamente são Pedro e são Paulo,
juntamente com são João Batista, os santos comemorados mais frequentemente e
com maior solenidade no ano litúrgico: além da festa do dia 29 de junho há de
fato o dia 25 de janeiro (conversão de são Paulo), 22 de fevereiro (cátedra de
são Pedro) e 18 de novembro (dedicação das basílicas dos santos Pedro e Paulo).
Por muito tempo se pensou que 29 de junho fosse o dia em que, no ano de
67, são Pedro na colina Vaticana e são Paulo na localidade agora denominada
Três Fontes testemunharam sua fidelidade a Cristo com o derramamento do sangue.
Na realidade, embora o fato do martírio seja um dado histórico incontestável, e
está além disso provado que isto aconteceu em Roma durante a perseguição de
Nero, é incerto não só o dia, mas até o ano da morte dos dois apóstolos.
Enquanto para são Paulo existe certa concordância entre testemunhas antigas
indicando o ano 67, para são Pedro há muitas discordâncias, e os estudiosos
parecem preferir agora o ano 64, ano em que, como atesta também o historiador
pagão Tácito, “uma enorme multidão” de cristãos pereceu na perseguição que se
seguiu ao incêndio de Roma.
Parece também que a festa do dia 29 de junho tenha sido a cristianização
de celebração pagã que exaltava as figuras de Rômulo e Remo, os dois mitos
fundadores da Cidade Eterna. São Pedro e são Paulo, de fato, embora não tenham
sido os primeiros a trazer a fé a Roma, foram realmente os fundadores da Roma
cristã: um antigo hino litúrgico definia-os como pais de Roma; um dos hinos do
novo breviário fala de Roma que foi “fundada em tal sangue”. A palavra e o
sangue são a semente com que os santos Pedro e Paulo, unidos com Cristo,
geraram e geram a Roma cristã e a Igreja inteira.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
Reflexão
para a Solenidade da São Pedro e São Paulo
Frei
Sérgio Moura Rodrigues, OFM
Chegamos ao dia 29
de junho. Dia grande para nós, pois celebramos a solenidade dos Santos
Apóstolos Pedro e Paulo.
Disse Jesus que um
homem sábio e prudente construiu sua casa sobre a rocha. Esta casa com tão
firme alicerce jamais foi derrubada. Assim, a Igreja de Cristo fundada sobre o
alicerce firme da fé e do testemunho dos Apóstolos, se torna firme e inabalável
pelos séculos.
A fé professada,
partilhada e testemunhada pelo sangue derramado, são sinais de uma firmeza
exemplar para todos aqueles que no decorrer dos tempos, conheceram, abraçaram e
acreditaram no Filho de Deus. Daí que São Pedro e São Paulo são, de fato, as
duas grandes colunas da Igreja. Deles, a divina liturgia que hoje celebramos,
nos fala com muita clareza.
Na primeira leitura
mostra-nos Pedro como testemunha de Cristo, e sua vida reflete a do Mestre.
Pois, ele foi preso como Jesus, incomodou como Jesus, e foi exposto ao
sofrimento e à morte. A Igreja perseguida como Jesus reza e recebe força do
alto.
Paulo, escrevendo a
Timóteo lembra que sua vida foi oferta e doação total às almas. Ele tem
convicção de se ter dado totalmente.
Jesus é Deus, do
qual nós somos o povo. Povo este fundado sobre a rocha que visivelmente é São
Pedro a quem o Senhor dá as chaves do Reino dos céus.
Hoje, comemoramos o
dia do Papa, Vigário de Cristo na terra, que age com a autoridade dos Santos
Pedro e Paulo, e é o sinal da unidade dos cristãos católicos. A ele nossa
veneração, nossas orações e obediência filial.
Tu és Pedro!
Neste Domingo, celebra-se a
Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, festa propícia para refletir
sobre a missão do Sumo Pontífice. Como sucessor de Pedro, ele é continuador do
encargo que Cristo confiou a esse apóstolo, como se lê no Evangelho proclamado
nesta Liturgia.
São João Paulo II, em sua
encíclica Ut unum sint, de 25 de maio de 1995, ao falar da função e
do ministério petrinos, manifestou a solicitação que alguns lhe faziam “para
encontrar uma forma de exercício do primado que, sem renunciar de modo algum ao
que é essencial da sua missão, se abra a uma situação nova”. Ele pediu que “o
Espírito Santo (...) ilumine todos os pastores e os teólogos das nossas
Igrejas, para que possamos procurar, evidentemente juntos, as formas mediante
as quais este ministério possa realizar um serviço de amor, reconhecido por uns
e por outros” [1].
É claro que, ao falar de “uma
situação nova”, o santo Papa Wojtyla não pretendia deformar ou esvaziar a
imagem do papado, como fazem alguns teólogos contemporâneos. Reformar o papado
é diferente de instaurar uma revolução, que acabe por transformar a Igreja em
uma espécie de anglicanismo, com uma comunidade acéfala. No entanto, soa
conveniente para muitos grupos – como para os arquitetos de um “governo
mundial”, para os socialistas e para os islâmicos – que a autoridade do Papa
seja questionada e reduzida à de uma mera personagem política ou religiosa.
Afinal, trata-se de um homem que tem o poder, dado pelo próprio fundador da
religião cristã, de governar e orientar todos os seres humanos: governar e
pastorear os católicos, mas orientar também aqueles que erram longe do redil de
Cristo, a fim de reconduzi-los ao aprisco.
Para corresponder de modo
genuinamente católico ao apelo do Papa João Paulo II, é preciso partir do que,
neste campo, já foi definido como dogma infalível pelo Concílio Vaticano I, por
meio da constituição dogmática Pastor Aeternus, de 18 de julho de
1870. Vale a pena debruçarmo-nos sobre este documento, aproveitando a ocasião
deste que é o “dia do Papa”.
O primeiro capítulo da Pastor
Aeternus lembra que São Pedro é o primeiro dos apóstolos: seja pelo
número de vezes em que é citado no Novo Testamento – 195 vezes, enquanto os
Apóstolos, em conjunto, são citados apenas 130 vezes; seja por realmente aparecer
como o primeiro nas listas dos autores sagrados [2]; seja pelos privilégios que
Nosso Senhor lhe concedeu, ao habitar em sua casa [3] e escolher subir em seu
barco para pregar, antes da pesca milagrosa [4]; seja por aparecer
individualmente a ele após a Ressurreição [5]; seja por dar-lhe a missão de
apascentar as Suas ovelhas [6].
No relato de Mt 16, 13-19, Jesus
usa três símbolos ao falar com Pedro: o da rocha, que contém a ideia da base
sobre a qual se constrói uma casa [7]; o das chaves, que repete um oráculo do
profeta Isaías sobre Eliacim: “Porei sobre seus ombros a chave da casa de Davi;
se ele abrir, ninguém fechará, se fechar, ninguém abrirá” [8]; e o de ligar e
desligar, que, na linguagem rabínica, quer dizer tanto proibir e permitir, na interpretação
da lei mosaica, quanto condenar e absolver, na aplicação da disciplina. Aqui é
visível o poder pontifício nos campos da fé e da moral.
Olhando para a história da Igreja,
mostra o capítulo 2 da Pastor Aeternus, vê-se que o poder que
Cristo deu a Pedro se perpetuou em seus sucessores. Ainda no primeiro século da
era cristã, a chamada Prima Clementis [9] dá amostra da
superioridade do Papa sobre os demais bispos. E, mesmo no primeiro milênio,
refulge a figura de São Leão Magno, que expressou a teologia do poder do Romano
Pontífice com uma maestria absolutamente ímpar: “Sicut permanet quod in
Christo Petrus credidit, ita permanet quod in Petro Christus instituit –
Assim como permanece aquilo que Pedro creu em Cristo, permanece o que Cristo
instituiu em Pedro.”
O capítulo 3 da constituição do
Vaticano I destaca que o primado do Papa sobre os demais bispos é de efetiva
jurisdição. O Corpo de Cristo, sendo visível, também possui um chefe visível,
que é o Santo Padre [10].
De fato, Nosso Senhor não deu o
governo da Igreja a uma “coletividade democrática”, mas aos Apóstolos, cujos
sucessores são os bispos. É claro que estes receberam esse poder diretamente de
Cristo – eles não são, portanto, “vigários do Papa” –, mas é sabido que há uma
grande diferença entre o Papa e os bispos. Aquele é responsável pelo que faz
somente diante de Deus, enquanto estes não só estão submetidos a Deus, como
realmente devem satisfação do governo de suas dioceses ao Papa. Não à toa o
Sumo Pontífice tem o poder de intervir nas dioceses do mundo inteiro, podendo
até mesmo depor autoridades episcopais e nomear outras.
Por fim, no capítulo 4 da Pastor
Aeternus, tem-se a declaração solene da infalibilidade pontifícia. Ali, foi
proclamado que, em situações bem específicas a saber, “quando fala ex
cathedra – isto é, quando, no desempenho do múnus de pastor e doutor
de todos os cristãos, define com sua suprema autoridade apostólica que
determinada doutrina referente à fé e à moral deve ser sustentada por toda a
Igreja” [11], o Papa não pode errar, pois goza da assistência do Espírito
Santo.
É claro que, na história da
Igreja, houve papas que ensinaram coisas erradas. Um exemplo disto foi o Papa
Libério que, além de assinar vários concílios semiarianos ambíguos, excomungou
e perseguiu Santo Atanásio e Santo Hilário. Mas isso não põe em risco nem a
infalibilidade papal – que, como já dito, é exercida em situações bem
específicas – nem a nossa obediência ao ministério petrino, já que a obediência
ao Papa é dada dentro da comunhão com todos os seus predecessores. Um católico
não julga o Papa! Mas o Papa é sempre julgado pelos seus predecessores e
sucessores.
O Papado não é a biografia de uma
pessoa, mas uma instituição. Nos tempos recentes vimos uma fragilização da
instituição. Parece que só estamos prontos a venerar o Papa, mas não o Papado.
Admiramos São João Paulo por seu carisma, Bento XVI por sua teologia, Francisco
pela sua pobreza e humildade... Mas quem estaria disposto a seguir o Papa por
causa do Papado? T
Arquivo para download:
Referências:
Cf.
Mt 10, 2-4; Mc 3, 16-19; Lc 6, 13-16; At 1, 13.
Cf.
Mc 1, 29-31.
Cf.
Lc 5, 3.
Cf.
1 Cor 15, 5.
Cf.
Jo 21, 15-19.
Cf. Mt 7, 24-25.
Is 22, 22.
Carta aos Coríntios, ca. 96: DS
102.
O Papa Pio XII explica com
bastante clareza esta doutrina na encíclica
Mystici Corporis, cuja leitura é recomendada a quem queira se
aprofundar no assunto.
4ª sessão, 18 jul. 1870: primeira
Constituição Dogmática “Pastor aeternus” sobre a Igreja de Cristo: DS 3074.
São Pedro e São Paulo,
Apóstolos – Solenidade – (XIII Domingo do Tempo Comum) - 29 de Junho de 2014
COMPLETEI A CORRIDA,
GUARDEI A FÉ!
Primeira
Leitura: At 12,1-11;
Salmo
33 (34),2-3.4-5.6-7.8-9;
Segunda
Leitura: 2Tm 4,6-8.17-18;
Evangelho:
Mt 16,13-1
Situando-nos
brevemente
Diletíssimo povo de Deus, “o martírio
dos apóstolos Pedro e Paulo tornou sagrado para nós este dia”, escreveu Santo
Agostinho. E é verdade. Este dia para nós é duplamente sagrado. Sagrado em
primeiro lugar porque é domingo, o dia do Senhor, o “dia em que celebramos a
vitória de cristo sobre o pecado e a morte”, dia em que ele “arrombou portas de
bronze e quebrou trancas de ferro das prisões” arrancando-nos “das trevas
pavorosas e despedaçando nossas correntes, nossos grilhões”. Esse dia é ainda
sagrado pela dádiva destas duas grandes colunas da Igreja, Pedro e Paulo que
com as suas vidas, combatendo o bom combate, guardaram a fé que nos salva e que
estamos com esta eucaristia publicamente confessando.
A solenidade de hoje se insere no hall
daquelas festas que são muito caras a todo o povo brasileiro. Festas que
celebram com grande alegria “gigante da fé” com os quais o nosso povo
identifica tanto: Santo Antônio e São João.
Hoje por determinação da VII Assembleia
da CNBB, em todas as igrejas e oratórios espalhados pelos quatro cantos do
Brasil, comemora-se mo dia do papa. Momento em que comas nossas orações
voltamos nossos afetos de amor e veneração, respeito e obediência, àquele que
sucedendo São Pedro na sé de Roma tem o ministério de confirmar os seus irmãos
na fé. Tal ministério nasce exatamente da palavra que acabamos de escutar no
Evangelho de hoje.
Recordando
a Palavra
Os textos da Liturgia da Palavra desta
Solenidade não têm como objetivo narrar feitos gloriosos das Testemunhas de
Cristo, mas como o Senhor faz triunfar aqueles que o querem sempre ao seu lado
e que não se perdem em especulações, mas sabem com a clareza do “Pai que está
no céu”.
A primeira leitura nos falou da Igreja nascente que vê seus “membros” padecendo a
tortura e a espada e nos apresenta, passando pela cruz, os três discípulos que
experimentaram antecipadamente sobre o Tabor o brilho da glória que sucede à
morte injusta dos justos Pedro e, Tiago e João. Pedro está preso nos dias dos
“Pães ázimos” (como Jesus – cf. Lc 22,21), dias da páscoa judaica e dias em que
a Igreja nascente provavelmente também celebrava a memória anual da Páscoa de
cristo. O texto é eminentemente pascal: Pedro está aferrolhado e vigiado por
guardas, como Jesus estava no sepulcro (cf. Mt 27,62-66), dormia e foi acordado
por um anjo. Os termos “dormir” e “acordar” no Novo testamento são usados para
indicar a morte e a ressurreição. O texto se conclui com uma frase que se liga
perfeitamente ao Salmo Responsorial (Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o
seu anjo para me libertar), também esse plano de “tonalidades” e “cores
pascais”: “De todos os temores me livrou o Senhor Deus”. Ele é o salmo do Servo
de Javé que fez a experiência de não ser abandonado na mansão dos mortos (At
2,24).
O Salmista é o
Senhor ressuscitado. É também o salmo das suas testemunhas que “todas as vezes
que o buscaram, ele os ouviu e de todos os temores o livrou”. Feita sua
experiência pascal, Pedro, no entardecer do seu ministério repetirá a palavra
do salmista dizendo já ter experimentado, provado e visto a bondade do Senhor
(1Pd 2,2).
Ouvimos na segunda leitura “o testamento de Paulo”, prestes a “ser derramado em sacrifício”
às portas do “momento da sua partida”. Paulo não se vitimiza, sabe que a única
vítima é Jesus Cristo.
Sabe também que para receber a coroa de
justiça, das mãos do justo juiz, para ele reservada, é preciso passar pelo
processo da Kenosis, pelo qual passou
Jesus. Assim como toda a vida de Jesus foi um percurso “Kenótico”, toda a vida
de Paulo foi uma experiência de combate do bom combate, de guardar a fé e de
completar a corrida do anúncio do Evangelho. Também Paulo “reproduz” o
“Salmista”: “Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu”, porque “ o Senhor
esteve ao meu lado e me deu forças” E mais, “O Senhor me libertou de toda
angústia” “fui libertado da boca do leão”. A glória para Paulo reside no fato
de ter conquistado tantos fiéis para Cristo, ele que também foi alcançado por
cristo (Fl 3,12). Por isso perto de “completar sua corrida” afirmou: “Já não
sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.
Minha vida presente na carne vivo-a na
fé no Filho
de Deus,
que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2,20).
Esta fé no Filho de Deus pela qual Paulo vive, é a mesma professada por Pedro no Evangelho
de hoje que se abre com uma pergunta, da parte de Jesus, “capciosa” e cheia de
trocadilhos: “Quem dizem os homens (com “h” minúsculo) que é o Filho do Homem
(com “H” maiúsculo)? Para Santo Ambrósio, “a opinião da multidão também não é
sem importância” porque ela é baseada não na revelação, mas na expectativa
gerada pelo “extraordinário”, o que resulta uma imagem limitada e limitante de
Jesus e de sua missão: ele é “algum dos profetas”. O segundo ponto de
interrogação é mais direto e íntimo: “E vós, quem dizeis que eu sou?.
“A resposta de Pedro não se baseia no
“extraordinário humano”, mas naquilo que vem do alto: Tu és o Messias, o Filho
de Deus vivo”. Também Jesus revela a Pedro coisas que vem do alto: a
“construção” de um novo povo (igreja) que tem como fundamento a Pedra da
profissão de fé de Pedro. Então, porque Pedro se tornou uma “porta da fé” Jesus
lhe confia “chaves do Reino do Céus”.
Atualizando
a Palavra
Numa perspectiva de fé nos perguntamos: o que confiou Jesus a
Pedro quando lhe entregou “as chaves do reino dos céus?” Responde-nos São João
Crisóstomo: “O que pertence propriamente a Deus, como apagar os pecados,
garantir a resistência da Igreja, malgrado as ondas com que será batida,
comunicar a um pobre pecador uma firmeza superior à do mais sólido rochedo, a
despeito dos ataques da terra inteira. [...] Confia a um homem mortal todo o
poder dos céus, do qual dá as chaves, espalha sua Igreja sobre a superfície do
globo; e a estabelece mais solidamente que os céus; porque disse:’os céus e a
terra passarão, mas minhas palavras não passarão’ (Mt 24,35)”. Pastoralmente
falando, dizemos que Jesus conferiu a Pedro o “ministério/serviço” de conduzir
o rebanho de Deus (Sl 94,7) rumo à porta que é o próprio Cristo (Jo 10,7. Este
ofício petrino “e de outros Apóstolos faz parte dos fundamentos da Igreja e é continuado pelos Bispos sob o primado do Papa”.
Pastorear o rebanho do Senhor é um empenho próprio daqueles que foram ordenados para
este fim, mas o dever de zelarpor
esse rebanho, não seria de todo batizado? Depois do Concílio Vaticano II
ouvimos falar do “protagonismo dos leigos”, preferimos usar o termo “comprometimento
do batizado com a causa do Reino”, evidenciando que a construção do reino, o
anúncio “integral da mensagem”, a “peleja do bom combate”, o “guardar a fé, faz
com que os homens e mulheres, de todas as raças e idades se identifiquem com a
missão do anúncio do Evangelho. Pedro e Paulo nos ensinam que o importante é
levar a missão do anúncio até as últimas conseqüências e que, quando pensarmos
que é chegado o termo final, certamente “o anjo do Senhor virá acampar ao redor
dos que o temem e os salvará”. A Solenidade de hoje é de fato um belo convite a
toda a Igreja: “Provai e vede quão suave é o Senhor”.
Ligando
a Palavra com a ação eucarística
Irmãos e irmãs, os Apóstolos que hoje
celebramos, são os nossos pais na fé.
Eles nos transmitiram a fé como dom,
como primícias (coleta).
Não só a fé em nível de conhecimento,
de verbalização, mas acima de tudo nos transmitiram uma fé em nível de
celebração. A liturgia não é outra coisa senão a fé celebrada, a fé colocada em
ação, e a Igreja reconhece nessa dimensão da fé “o cume e a fonte” de toda o seu
existir. É precisamente para esse momento que se dirige toda a atividade
pastoral da Igreja e, ao mesmo tempo, é desse momento que a Igreja sorve toda a
sua vitalidade.
É a celebração do Ministério Pascal de
Cristo, do qual estamos agora fazendo memória, e do qual participaremos em
plenitude quando comermos do Corpo e bebermos do Sangue do Senhor ao
aproximarmo-nos do altar, que nos impulsionará para sermos testemunhas do
Ressuscitado. A eucaristia que receberemos daqui a pouco tempo é realmente
aquele “pão que alimenta e que dá vida” aquele “vinho que nos salva e dá
coragem” e que desperta em nós a certeza de “quão suave é o Senhor”, e nos
capacita a professar com Pedro: “Agora eu sei, de fato, que o Senhor enviou o
seu anjo para ‘nos’ libertar”, e com Paulo: “O Senhor esteve sempre a meu lado
e me deu forças... e eu fui libertado da boca do leão”. Por fim esta eucaristia
nos fará “viver de tal modo na Igreja”, perseverando “na doutrina dos
Apóstolos” e enraizados no amor do Senhor, que nos tornaremos “um só coração e
uma só alma” (Depois da comunhão).
Sugestões
para a celebração
A profissão de fé, ou o “Credo” na
celebração eucarística constitui um rito e uma forma de adesão à Palavra. A
Instituição Geral do Missal Romano ensina que “o símbolo ou profissão de fé tem
por objetivo levar todo o povo reunido a responder à palavra de Deus anunciada
da sagrada Escritura e explicada pela homilia, bem como, proclamando a regra da
fé através de fórmula aprovada para o uso litúrgico, recordar e professar os
grandes mistérios da fé, antes de iniciar sua celebração na Eucaristia”.
Infelizmente não encontramos nem no
Hinário litúrgico da CNBB uma melodia para solenizar a Profissão de fé.
Ficaria, portanto, como desafio aos músicos experimentados, musicar tão belo e
significativo texto. Das três fórmulas (dos Apóstolos, Niceno-constantinopolitano
e Batismal) se poderia escolher uma que não seja a “convencional” na comunidade
chamando a atenção para esse momento ritual de singular importância na
celebração da Eucaristia.
As comunidades que não têm “missa”
poderiam aproveitar o momento da Profissão de Fé, logo depois reflexão do
Evangelho, seguido de um período de silêncio, para utilizar a fórmula batismal,
com a bênção da água e aspersão.
Fonte: Novo povo construindo o Reino de
Deus na justiça! - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum I - Junho/Agosto 2014 - Ano
A – Edições CNBB.
A voz do Pastor - São Pedro
e São Paulo, apóstolos - Domingo 29/06/2014
Canal do Youtube:
Liturgia de 29.06.2014 - São Pedro e São Paulo - Dia do
Papa
Canal do Youtube:
REFLEXÃO
São Pedro e São
Paulo, apóstolos da fé
Hoje, a Igreja celebra estes dois
santos em conjunto. Foram mestres da fé, cada um deles com uma missão
apostólica muito importante. São Pedro (“Petrus”) é a “rocha” sobre a qual
Jesus Cristo edifica a sua Igreja; São Paulo foi eleito para levar o nome de Jesus
ao mundo dos gentios (os não judeus).
Ambos receberam de Deus um tratamento
“especial”. A Simão, filho de Jonas, Jesus mudou-lhe o nome (não o fez com os
outros), rezou expressamente para que a sua fé não desfalecesse, reiterou-o na
sua missão de confirmar os seus irmãos na doutrina. Saulo de Tarso foi eleito
quando perseguia os cristãos: apareceu-lhe o Senhor ressuscitado (uns 5 anos
depois da Ascensão), apresentando-se-lhe como “Jesus, a quem tu persegues”.
Viajou incansavelmente para pregar o cristianismo. Deram ambos a vida pela fé,
morrendo mártires em Roma.
—Jesus, concede-me fortaleza na fé e
audácia para a explicar hoje em dia.
Fonte Comentário: REDAÇÃO
evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI) (Città del Vaticano,
Vaticano)
HOMILIA
O SENHOR É O
MESSIAS
A profissão de fé de Pedro com o
elogio de Jesus é própria de Mateus. Pedro professa a fé
cristológica-messiânica, herdada da tradição davídica do rei poderoso. No
evangelho de Marcos, Jesus descarta este messianismo. Mateus a valoriza diante
da sua comunidade de discípulos oriundos do judaísmo. Na narrativa de Mateus
encontramos duas de suas características dominantes. Ele acentua a dimensão
messiânica de Jesus e já apresenta sinais da instituição eclesial
nascente. Ele pretende convencer estes discípulos de que em Jesus se
realizam suas esperanças messiânicas moldadas sob a antiga tradição de Israel.
Daí o acentuado caráter messiânico atribuído a Jesus por Mateus. Os cristãos,
afastados das sinagogas, começam a estruturar-se em uma instituição religiosa própria,
na qual a figura de referência é Pedro, já martirizado em Roma. Pedro é
apresentado como o fundamento da Igreja e detentor das chaves do Reino dos
Céus.
A fé professada por Pedro se dá em um
momento crucial da vida de Jesus, e O anima a seguir rumo à Paixão. Pedro
recebe uma bem-aventurança: “Feliz és tu Simão, pois não foi um ser humano que
te revelou isso, mas meu Pai que está nos céus”. Tem o dom de ser pedra de
alicerce sobre a qual Jesus constrói a Igreja e lhe dá o poder de ligar e
desligar (Mt 16,17-19).
Como cristãos e cristã, nos fundamos
na fé de Pedro e nas dos outros Apóstolos que não temeram nada e nem alguém.
Mesmo passando na boca do leão, foram salvos e preservados. Deram a vida por
Jesus. Eles falavam de boca cheia e tinham o que dizer sobre Deus. Eu e você, o
que temos feito no que toca a nossa fé em Deus?
Senhor Jesus, cria no meu coração o
mesmo amor por ti e por tua Igreja, que puseste no coração de Pedro e de Paulo.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA
São Pedro e São Paulo são as
duas colunas da Igreja
Com São Pedro e São Paulo, as
duas colunas da Igreja, o Senhor quis estabelecer a Sua Igreja – sinal
permanente da presença de Deus no meio do Seu povo.
“Por isso eu te digo que tu és
Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno
nunca poderá vencê-la.” (Mateus 16, 18)
Hoje celebramos as duas colunas da Igreja: São Pedro e São
Paulo. O próprio Senhor quis, com esses dois homens, estabelecer aquilo
que seria a Sua Igreja – sinal permanente da presença de Deus no meio do Seu
povo. Deus quis uma Igreja, Jesus instituiu uma Igreja.
A Igreja é o sacramento da salvação; é a presença do Cristo
no meio de nós; é o próprio Corpo de Cristo vivo e atuante. Uma vez que nós
entendemos a importância da Igreja, uma vez que o povo de Deus se congrega a
essa instituição divina e não humana, o Senhor quis contar com colaboradores
frágeis, mas revestidos da Sua graça para que a Sua Igreja se expandisse.
Duas notas muito importantes para que possamos compreender a
Igreja no mundo: a primeira delas é a unidade. A unidade da fé, a unidade do Corpo
de Cristo, a unidade dos membros, a unidade com a Cabeça da Igreja, que é o
próprio Cristo Senhor. Daí a figura de Pedro, aquele que representa a
unidade da fé.
O Papa, o Sucessor de Pedro, não é aquele que é o mandatário da
Igreja; ele é o maior e o primeiro dos servidores, mas é na figura dele, é na
pessoa dele, é naquilo que ele exerce que se configura a unidade do Corpo
místico de Cristo.
É tão bom ser cristão, é tão bom ser católico; aonde quer que
você vá e ande no mundo inteiro a Igreja é a mesma, tem suas diversidades de
línguas, de culturas e de expressões. É maravilhoso no Japão, você tem a mesma
Missa Católica. Na Coreia, na Europa, você vai na Ásia, aonde quer que você vá
existe uma só Igreja, existe uma só fé, os dogmas, as verdades e a Liturgia.
A segunda nota é que a Igreja é católica (“católica” significa
“universal” em grego). Tudo isso está configurado na pessoa de
Pedro, mas a Igreja também é missionária, é carismática e se expande por todo o
mundo, daí a importância da figura de São Paulo, incansável, movido pelo
Espírito Santo, levou por todo o Mediterrâneo a Palavra do Evangelho, com
coragem, ousadia, mas, sobretudo, movido pela força do Espírito.
A Igreja quer ser una, mas também quer ser
católica como o Senhor quis dizer: ela contém toda a verdade da fé para todos
os povos e todas as gentes.
Que Pedro e Paulo roguem pela Igreja do Senhor, para que ela
seja cada vez mais una e missionária na pregação do Evangelho!
Deus abençoe você!

Preparo-me para a Leitura Orante.
Disponho-me ao encontro com Deus, com
toda a Igreja virtual que agora reza conosco:
Divino Espírito Santo,
amor eterno do Pai e do Filho,
eu vos adoro, louvo e amo!
Peço-vos perdão por todas as vezes que vos ofendi
em mim e no meu próximo.
Vinde, com a plenitude de vossos dons,
nas ordenações, nas consagrações e nas crismas!
Iluminai, santificai, aumentai o zelo apostólico!
Espírito de verdade,
consagro-vos a minha inteligência,
imaginação e memória. Iluminai-me!
Dai-me conhecer Jesus Cristo Mestre.
Revelai-me o sentido profundo do Evangelho
e de tudo o que ensina a santa Igreja.
(Bv. T. Alberione)
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto Mt 16,13-19, observando
o testemunho de fé de Pedro.
Jesus foi para a
região que fica perto da cidade de Cesaréia de Filipe. Ali perguntou aos
discípulos:
- Quem o povo diz
que o Filho do Homem é?
Eles responderam:
- Alguns dizem que
o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum
outro profeta.
- E vocês? Quem
vocês dizem que eu sou? - perguntou Jesus.
Simão Pedro
respondeu:
- O senhor é o
Messias, o Filho do Deus vivo.
Jesus afirmou:
- Simão, filho de
João, você é feliz porque esta verdade não foi revelada a você por nenhum ser
humano, mas veio diretamente do meu Pai, que está no céu. Portanto, eu lhe
digo: você é Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e nem a
morte poderá vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu; o que você
proibir na terra será proibido no céu, e o que permitir na terra será permitido
no céu.
Simão declara que Jesus é o Filho do
Deus vivo. Jesus confirma, declarando a missão de Pedro, o Primado na Igreja:
“Você é Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e nem a morte
poderá vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu; o que você proibir na
terra será proibido no céu, e o que permitir na terra será permitido no céu”.
Jesus se propõe construir a Igreja que não é simplesmente um prédio, mas é uma
nova comunidade. Esta comunidade ou Igreja é do domínio de Jesus. Ele diz:
“construirei a minha Igreja”. E Pedro tem nela uma missão de mediação: terá “as
chaves”. Terá o poder de abrir e fechar as portas, ligar e desligar, terá o
poder de julgar, perdoar e proibir o que não é conforme o projeto do Reino de
Jesus.
2.
Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
A pergunta de Jesus é também para
mim:
“Quem dizem que eu sou?
E você?
Quem sou para você?”
Estas perguntas
merecem uma profunda reflexão de nossa parte e uma resposta coerente e sincera.
Veja que resposta bonita deram os bispos em Aparecida:“Jesus Cristo é a
plenitude da revelação de Deus, um tesouro incalculável, a “pérola preciosa”
(cf. Mt 13,45-46). Verbo de Deus feito carne, Caminho, Verdade e Vida dos
homens e das mulheres aos quais abre um destino de plena justiça e felicidade.
Ele é o único Libertador e Salvador que, com sua morte e ressurreição, rompeu
as cadeias opressivas do pecado e da morte, revelando o amor misericordioso do
Pai e a vocação, dignidade e destino da pessoa humana.” (DAp 6).
Portanto, para os bispos e para nós,
Jesus Cristo é “a plenitude da revelação de Deus”, “um tesouro incalculável”, a
“pérola preciosa”, “Verbo de Deus feito carne”, “Caminho, Verdade e Vida”, “O
único Libertador e Salvador”.
É assim que o acolhemos na nossa vida?
3.Oração
(Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo com toda Igreja o
Creio
Creio em Deus-Pai, todo poderoso,
criador do céu e da terra
e em Jesus Cristo seu único Filho, Nosso Senhor
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo.
Nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Poncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu a mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso,
de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na Santa Igreja Católica,
na comunhão dos Santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne,
na vida eterna.
Amém.
4.
Contemplação(Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
- Meu novo olhar será para priorizar Deus em
minha vida. Como os apóstolos, sou discípulo missionário de Jesus Cristo.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós.
Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz.
Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e
Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp
http://leituraorantedapalavra.blogspot.com.br/
http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&action=busca_result&data=29%2F06%2F2014
Oração
Final
Pai
Santo, que deste à tua Igreja pilares exemplares – Pedro e Paulo –, ajuda aos
discípulos de hoje a seguir os caminhos que eles percorreram, vivendo-os de
acordo com o nosso tempo, para que sejam eficazes e façam o bem aos irmãos.
Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
http://www.arquidiocesebh.org.br/mdo/pg06.php
