Ano C
Mt 20,1-16a
Comentário do Evangelho
A justiça de Deus é amar sem distinção e sem medida.
A parábola, em primeiro lugar, revela algo de Deus: Deus é bom. A expressão dessa bondade é que ele chama a todos para a sua vinha. O amor ou bondade de Deus não são calculados. Em todo tempo, o Senhor toma a iniciativa de chamar a todos para o seu Reino. O amor não se compra, ele é oferecido. A justiça de Deus é amar sem distinção e sem medida.
De algum modo, e em relação aos outros, todos somos operários da undécima hora. O modo de agir de Deus faz balançar nossa escala de valores: “Eu quero dar a este último o mesmo que dei a ti. Acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence” (v. 15).
Aos olhos de Deus, o importante é ouvir o convite e aceitar os trabalhos na vinha. Este é o verdadeiro e justo salário. O amor de Deus toca as pessoas; ele não faz diferenças. O essencial é acolhê-lo.
Carlos Alberto Contieri, sj
Vivendo
a Palavra
A parábola quer nos fazer compreender que no
Reino do Céu não prevalece a contabilidade de créditos/débitos/saldo, mas o que
conta é a gratuidade do Amor. Ela se põe aqui como um convite para que nós nos
guiemos, já nesta terra abençoada em que vivemos, pela mesma lei do Amor,
esquecendo-nos de nossas contas miúdas...
Reflexão
Nós estamos acostumados com a forma de
justiça que foi estabelecida pelos homens e, por causa disso, encontramos
dificuldades para compreender a justiça divina, principalmente porque os
principais critérios da justiça dos homens são a diferença entre as pessoas e a
troca entre os valores enquanto que os principais critérios da justiça divina
são a igualdade entre as pessoas e a gratuidade dos valores. Isso nos mostra
que a lógica divina é totalmente diferente da lógica dos homens e que nós
vivemos reivindicado valores que, na verdade, são valores humanos e que não nos
conduzem a Deus. Também nos mostra o quanto todos nós somos comprometidos com os
valores humanos e deixamos de lado os valores do Reino.
Meditação
Qual é o projeto de vida
que Deus nos oferece? - A sociedade se preocupa em dar a cada um o que é seu? -
E você, se preocupa em receber mais que os outros? - Somos chamados a colocar
em primeiro lugar o que em nossa vida? - Deus é misericordioso para conosco. E
nós? - Deus nos busca para trabalhar em sua vinha. Será que assumimos
generosamente nossas responsabilidades?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentários do
Evangelho
1 - Ou estás com inveja, porque estou sendo
bom? - Padre Queiroz
Neste Evangelho,
Jesus nos conta a parábola dos trabalhadores esperando na praça. O patrão é
Deus; Os trabalhadores somos nós; a vinha é o Reino de Deus. A parábola se
refere, ao mesmo tempo, aos dois aspectos: Aos direitos trabalhistas e à nossa
atuação, como cristãos, no Reino de Deus. No procedimento do patrão está o
procedimento de Deus para conosco, e também o nosso procedimento correto uns
com os outros.
O patrão “saiu de
madrugada para contratar trabalhadores”. Deus não perde tempo, e nós também não
podemos perder. Deus não quer o desemprego. Quer que todos trabalhem. Ele não
quer ver ninguém parado na praça.
“Combinou com os trabalhadores
uma moeda de prata por dia.” Era o salário justo na época. Os trabalhadores têm
direito à remuneração justa.
“Saiu outra vez
pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça e lhes disse:
Por que estais aí o dia inteiro desocupados? Eles responderam: Porque ninguém
nos contratou”. O desemprego deles era culpa, não deles, mas da sociedade que
não lhes dava oportunidades de trabalho. Mas, tanto eles como seus familiares, precisavam
comer, do mesmo modo que aqueles que foram contratados de manhã. Ao pagar o
salário, o patrão deve considerar também essa parte: aquilo que o trabalhador e
sua família precisam para viver.
“Quando chegou a
tarde, o patrão disse ao administrador: Chama os trabalhadores e paga-lhes uma
diária a todos, começando pelos últimos até os primeiros”. Esta decisão é o
coração da parábola. Aí está a diferença entre a justiça do Reino de Deus e a
“justiça” do reino do Dragão (Cf Ap 12). Na justiça do Dragão, cada um recebe
pelo que produziu, sem levar em conta as necessidades do trabalhador, nem os
motivos pelos quais as pessoas estavam desempregadas. No Reino de Deus é o
contrário: Todos têm direito à vida, tanto os empregados como os desempregados.
E, se os desempregados têm esse direito, ajudá-los não é um favor, uma esmola,
mas uma obrigação nossa.
Quanto àqueles que
o patrão encontrou na praça às cinco horas da tarde, os motivos do atraso não
foram apresentados. Mas, sejam quais forem, estes também têm, assim como suas
famílias, as necessidades de todo ser humano: alimentação, vestuário, saúde
etc. E mais: O mundo pecador, que leva em conta só a produtividade,
marginaliza-os. Por isso no Reino de Deus eles são colocados em primeiro lugar.
Nesta parábola está
a chave para entendermos o plano de Deus a respeito do trabalho e toda a
questão trabalhista. O mais importante não é o que a pessoa produz, mas a
própria pessoa que trabalha.
Lei fundamental na
questão do salário é a igualdade, pois todos temos o estômago do mesmo tamanho.
Se a diferença entre o salário dos trabalhadores é muito Grande, está havendo
injustiça, pois perante Deus nós somos todos iguais.
“Em seguida, vieram
os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais.” É o
protesto dos egoístas, daqueles que só pensam em si, esquecendo-se dos demais. Veja que
o que eles acham errado não é o
salário deles, que sabiam que inclusive foi combinado antes com o patrão, mas a
igualdade de tratamento usada pelo patrão. Por isso que o patrão os chama de
invejosos. Cada vez que alguém quer aumentar o próprio salário sem levar em
conta aqueles que ganham menos, está sendo como essa turma, isto é, está contra
o plano de Deus!
E Jesus termina a
parábola apresentando a lei geral do Reino de Deus: “Os últimos serão os
primeiros, e os primeiros serão os últimos”. Em outras palavras, no Reino de
Deus os últimos da sociedade são colocados em primeiro lugar, e os primeiros da
sociedade são colocados em último lugar. Só quem age desse modo entra no céu.
“Se a vossa justiça
não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos
Céus” (Mt 5,20). A justiça do mundo nem sempre coloca a pessoa humana em
primeiro lugar.
“Construirão casas
e nelas habitarão. Plantarão vinhas e comerão seus frutos. Ninguém construirá
para outro morar, nem plantará para outro comer. E a vida do meu povo será
longa como a das árvores. Meus escolhidos poderão gastar o que suas mãos
fabricarem” (Is 52,21-22).
“No princípio, Deus
criou o céu e a terra. A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o
abismo... Deus disse: Que exista a luz!... Então Deus disse: Façamos o homem à
nossa imagem e semelhança. Que ele domine os peixes do mar, as aves do céu... E
Deus viu que tudo o que havia criado era muito bom. Foi o sexto dia. No sétimo
dia Deus terminou o seu trabalho e descansou. Então Deus abençoou e santificou
o sétimo dia, porque nele, descansou do seu trabalho” (Gn 1,1-2,3). Pelo
trabalho, continuamos a obra de Deus na criação do mundo. Deus trabalha e nos
manda trabalhar também, mas sempre dentro do seu plano amoroso.
Certa vez, um
empregado chegou para o seu patrão e disse: “É melhor o senhor me dar um
aumento de salário”. O patrão perguntou: “Por quê?” O empregado respondeu: “É
porque há várias empresas atrás de mim”. O patrão, com um ar muito desconfiado,
perguntou: “Quais são essas empresas?” O empregado respondeu: “As empresas são
as de água, de luz, de telefone, de cobranças...”
Esse patrão foi
convidado a olhar também o lado das necessidades do seu empregado, não apenas a
produtividade dele.
Maria Santíssima
era uma mulher trabalhadeira. Nas Bodas de Caná, tudo indica que ela, apesar de
simples convidada, estava ajudando a servir. Que ela nos ajude a agir
corretamente no vasto mundo do trabalho humano.
Ou estás com
inveja, porque estou sendo bom?
2 - "A VINHA DO SENHOR!" - Diac. José da Cruz - QUARTA FEIRA DA 20ª SEMANA DO
TC 21/08/2013
1ª
Leitura - Juízes 9, 1-15
Salmo
- 20 (21),2ª “Senhor, alegra-se o Rei com o vosso
poder”
Evangelho
- Mateus 20, 1-16ª - "A VINHA DO
SENHOR!" - Diac. José da Cruz
Quem já ficou
desempregado meses a fio a espera de uma vaga, sabe o quanto esta é uma
experiência triste, a reserva financeira vai se acabando, as despesas vão sendo
cortadas e só se mantém o essencial, e se a vaga demora a chegar, até aquilo
que é essencial, como a alimentação, por exemplo, vai começando a rarear.
Não tendo nem o
essencial para dar à família, o desempregado vai aos poucos perdendo a
auto-estima, começa a andar pelas ruas e praças meio sem destino, ou então, o
que é pior, torna-se freqüentador dos botecos da vida, onde se joga muita
conversa fora e reclama da situação, tomando “umas e outras” que algum amigo
oferece, um conhecido contou-me que se tornou um alcoólatra quando ficou
desempregado, ficar sem fazer nada não é coisa boa, pois dizem até que “mente
ociosa é oficina do capeta”.
Fiz esta introdução
porque me parece ser esta a situação do pessoal da última hora, mencionado
nesse evangelho, e que deviam estar bem desanimados quando foram para a praça
no final de tarde, jogar conversa fora ou quem sabe, “bater um truquinho”. A
colheita em uma vinha carecia de muita mão de obra e para os desempregados era
uma ótima oportunidade para ganhar uns “cobres”. Nos que buscam uma
oportunidade, sempre há os madrugadores, que acreditam naquele ditado “Quem
madruga, Deus ajuda”, eles botam fé em seu potencial e se colocam a disposição
bem cedo, para serem logo contratados.
Há os que já estão
meio calejados e que dormem um pouco mais, mas às nove horas já estão na praça,
à espera de quem os contrate, pois também se julgam eficientes. Não faltam
aqueles que só acordam para o almoço, mas ouvindo falar que tem vaga na
empreitada, preparam um “miojo”para não perder muito tempo, e vão voando para a
praça, nem que seja ao Meio Dia, pois acreditam que também têm chance. A
notícia corre rápida e chega até a turma do “Ainda resta uma esperança”, que
também animados resolvem arriscar e vão para a praça às três horas da tarde,
dando a maior sorte porque acabaram também contratados.
Mas agora, falemos
dos desanimados, que já estão a tempo vivendo de JURO, “juro que vou pagar”,
para não sucumbirem, assumiram dívidas com o padeiro, açougueiro, leiteiro,
verdureiro, aquele dia para eles já está perdido e então vão para a praça às
cinco da tarde, só para saber se há alguma novidade, e são surpreendidos pelo
Dono da empreiteira, que os interroga, porque estão ali parados, sem fazer
nada... Ninguém nos contratou, não temos nenhum valor, ninguém presta atenção
no nosso sofrimento, ninguém nos confia um serviço, onde possamos ganhar o pão
para o nosso sustento! E foi assim a ladainha de lamentações. A Turma das cinco
nem acreditou, quando o Patrão mandou que fossem para a vinha, juntar-se aos
outros trabalhadores. Certamente pensaram que fossem fazer Terceira turma, mas
às dezoito horas em ponto, soou o apito e a jornada de trabalho acabou,
trabalharam só uma hora, não ia dar nem para o leite e o filãozinho... Pensaram
os trabalhadores. Então veio a surpresa agradável, foram os primeirões a
receber e ganharam uma moeda de prata, que dava para fazer a compra do mês e
ainda pagar umas contas, imaginem a alegria desses trabalhadores de última hora.
O clima era de
festa e alegria quando a turma dos Madrugadores, profissionais competentes, que
deram duro o dia inteiro, desde o nascer do sol, armou o maior barraco e
chamaram o sindicato, pois não acharam certo receber apenas uma moeda de prata,
tinham plena certeza de que iriam receber muito mais, pois se julgavam
merecedores, mas o Patrão os lembrou sobre o contrato assinado: o pagamento da
diária seria uma moeda de prata.
Na religião de
Israel e no cristianismo de hoje, acontece a mesma coisa, o título de cristãos
e o fato de ser membro de uma igreja, faz com que as pessoas sintam-se privilegiadas
diante de Deus, merecedores de sua graça, do seu amor, das suas bênçãos e de
todos os seus favores, se a pessoa atua em alguma pastoral ou movimento, então
aumenta a obrigatoriedade de Deus atender. Infelizmente é essa a imagem que
muitos fazem de Deus, que sempre surpreende os que buscam conhecê-lo melhor.
Na parábola em
questão, contratou pessoas sem nenhum valor, e que, entretanto, apesar de terem
chegado muito depois dos Madrugadores, foram alvos da mesma atenção e receberam
o mesmo tratamento. Na verdade, ao invés de sermos a imagem e semelhança de
Deus, muitas vezes projetamos Nele a nossa imagem e semelhança, para que seja
bom com quem mereça, que trate as pessoas a partir dos seus merecimentos, o que
na lógica humana é muito justo.
Porém, o amor e a
justiça de Deus vai sempre buscar os últimos, os renegados, o que não tem mais
nenhuma chance diante da sociedade “perfeita” ou da religião padrão, os que não
têm o que fazer porque ainda não acharam um sentido para suas vidas. Os
desprezados, tratados com frieza e que nunca são levados a sério.
E quando
descobrimos que Deus os ama tanto quanto a nós, que nos julgamos “justos” em
vez de fazermos com eles uma grande festa, manifestando alegria, agimos como o
irmão mais velho do Filho Pródigo: derrubamos o beiço e nos recusamos a entrar
na casa do Pai, isso é, a vivermos na comunhão com Deus, ao lado dos
trabalhadores da última hora, sonhamos com um céu especial e nos frustramos ao
ver que o coração de Deus, cheio de misericórdia, manifestada em Jesus, há
lugar para todos os homens.
3 - Ou estás com inveja, porque estou sendo bom? –Claretianos
- Quarta-feira, 21 de
agosto de 2013
Primeira leitura: Juízes 9,6-15 - Dissestes:
é um rei que deve reinar sobre nós, quando o Senhor vosso Deus é o vosso
rei.
Salmo responsorial: Salmo
20,2-7 (R. 2a) - Ó Senhor,
em vossa força o rei se alegra.
Evangelho: Mateus
20, 1-16ª - Ou estás com
inveja, porque estou sendo bom?
A avareza do jovem rico, apegado às suas riquezas, contrasta com a grande
generosidade de Deus, que paga mais do que o estabelecido. A vinha simbolizava
o povo de Israel, agora o novo povo de Deus, que corresponde a toda a
humanidade. O ensino é claro. Não é a antiguidade, a qualificação, a quantidade
de horas trabalhadas, os cargos que exercemos ou a riqueza que possuímos o que
gera privilégios no chamado de Jesus, mas a gratidão e a misericórdia de um
chamado que somente espera uma resposta generosa e desinteressada.
Na parábola está refletida a posição de alguns membros da comunidade de
Mateus, que não viam com bons olhos que os pagãos, chegados à última hora,
tivessem os mesmo privilégios que os judeus que trabalharam desde a primeira
hora. Nesta lógica, a frase final, “os últimos serão os primeiros e os
primeiros serão últimos”, sublinha a premissa de que no Reino de Deus e na
comunidade cristã todos somos iguais.
Essa realidade, em nossas comunidades e sociedades cristãs, infelizmente,
está muito distante deste ideal de Jesus. Por sua situação econômica,
por sua posição política, seu credo religioso ou sua cultura, muitos cristãos
continuam sendo discriminados, excluídos e ignorados.
4 - Trabalhadores de última hora - Ou estás com inveja, porque
estou sendo bom? - Padre Antonio Queiroz - 21 de agosto - Evangelho - Mt 20,1-16ª
Neste Evangelho, Jesus nos conta a
parábola dos trabalhadores esperando na praça. O patrão é Deus; Os
trabalhadores somos nós; a vinha é o Reino de Deus. A parábola se refere, ao
mesmo tempo, aos dois aspectos: Aos direitos trabalhistas e à nossa atuação,
como cristãos, no Reino de Deus. No procedimento do patrão está o procedimento
de Deus para conosco, e também o nosso procedimento correto uns com os outros.
O patrão "saiu de madrugada para
contratar trabalhadores". Deus não perde tempo, e nós também não podemos
perder. Deus não quer o desemprego. Quer que todos trabalhem. Ele não quer ver
ninguém parado na praça.
"Combinou com OS trabalhadores uma
moeda de prata por dia." Era o salário justo na época. Os trabalhadores
têm direito à remuneração justa.
"Saiu outra vez pelas cinco horas DA
tarde, encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: Por que estais aí o
dia inteiro desocupados? Else responderam: Porque ninguém nos contratou".
O desemprego deles era culpa, não deles, mas DA sociedade que não lhes dava
oportunidades de trabalho. Mas, tanto eles como seus familiares, precisavam
comer, do mesmo modo que aqueles que foram contratados de manhã. Ao pagar o
salário, o patrão deve considerar também essa parte: aquilo que o trabalhador e
sua família precisam para viver.
"Quando chegou a tarde, o patrão
disse ao administrador: Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos,
começando pelos últimos até os primeiros". Esta decisão é o coração da
parábola. Aí está a diferença entre a justiça do Reino de Deus e a
"justiça" do reino do Dragão (Cf Ap 12). Na justiça do Dragão, cada
um recebe pelo que produziu, sem levar em conta as necessidades do trabalhador,
nem os motivos pelos quais as pessoas estavam desempregadas. No Reino de Deus é
o contrário: Todos têm direito à vida, tanto os empregados como os
desempregados. E, se os desempregados têm esse direito, ajudá-Los não é um
favor, uma esmola, mas uma obrigação nossa.
Quanto àqueles que o patrão encontrou na
praça às cinco horas DA tarde, OS motivos do atraso não foram apresentados.
Mas, sejam quais forem, estes também têm, assim como suas famílias, as
necessidades de todo ser humano: alimentação, vestuário, saúde etc. E mais: o
mundo pecador, que leva em conta só a produtividade, marginaliza-OS. Por isso
no Reino de Deus else são colocados em primeiro lugar.
Nesta parábola está a chave para
entendermos o plano de Deus a respeito do trabalho e toda a questão
trabalhista. O mais importante não é o que a pessoa produz, mas a própria
pessoa que trabalha.
Lei fundamental na questão do salário é a
igualdade, pois todos temos o estômago do mesmo tamanho. Se a diferença entre o
salário dos trabalhadores é muito Grande, está havendo injustiça, pois perante
Deus nós somos todos iguais.
"Em seguida, vieram OS que foram
contratador primeiro, e pensavam que iam receber mais." É o protesto dos
egoístas, daqueles que só pensam em is, esquecendo-se dos demais. Veja que o
que else acham errado não é o salário deles, que sabiam que inclusive foi
combinado antes com o patrão, mas a igualdade de tratamento usada pelo patrão.
Por isso que o patrão OS chama de invejosos. Cada vez que alguém quer aumentar
o próprio salário sem levar em conta aqueles que ganham menos, está sendo como
essa turma, isto é, está contra o plano de Deus!
E Jesus termina a parábola apresentando a
lei geral do Reino de Deus: "Os últimos serão OS primeiros, e OS primeiros
serão OS últimos". Em outras palavras, no Reino de Deus OS últimos DA
sociedade são colocados em primeiro lugar, e OS primeiros DA sociedade são
colocados em último lugar. Só quem age desse modo entra no céu.
"Se a vossa justiça não for maior que
a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus" (Mt 5,20).
A justiça do mundo nem sempre coloca a pessoa humana em primeiro lugar.
"Construirão casas e nelas habitarão.
Plantarão vinhas e comerão seus frutos. Ninguém construirá para outro morar,
nem plantará para outro comer. E a vida do meu povo será longa como a das
árvores. Meus escolhidos poderão gastar o que suas mãos fabricarem" (Is
52,21-22).
"No princípio, Deus criou o céu e a
terra. A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo... Deus
disse: Que exista a luz!... Então Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e
semelhança. Que ele domine OS peixes do mar, as aves do céu... E Deus viu que
tudo o que havia criado era muito bom. Foi o sexto dia. No sétimo dia Deus
terminou o seu trabalho e descansou. Então Deus abençoou e santificou o sétimo
dia, porque nele, descansou do seu trabalho" (Gn 1,1-2,3). Pelo trabalho,
continuamos a obra de Deus na criação do mundo. Deus trabalha e nos manda
trabalhar também, mas sempre dentro do seu plano amoroso.
Certa vez, um empregado chegou para o seu
patrão e disse: "É melhor o senhor me dar um aumento de salário". O
patrão perguntou: "Por quê?" O empregado respondeu: "É porque há
várias empresas atrás de mim". O patrão, com um ar muito desconfiado,
perguntou: "Quais são essas empresas?" O empregado respondeu: "As
empresas são as de água, de luz, de telefone, de cobranças..."
Esse patrão foi convidado a olhar também o
lado das necessidades do seu empregado, não apenas a produtividade dele.
Maria Santíssima era uma mulher
trabalhadeira. Nas Bodas de Caná, tudo indica que ela, apesar de simples
convidada, estava ajudando a servir. Que ela nos ajude a agir corretamente no
vasto mundo do trabalho humano.
Ou estás com inveja, porque estou sendo
bom?
Liturgia comentada
Dar-vos-ei o que for justo... (Mt 20,1-16a)
Desconcertante esta parábola! Uma das numerosas parábolas que Jesus contou para nos transmitir algo que está acima da humana capacidade de compreensão: a natureza do Reino dos Céus. A raiz do problema é que nossos idiomas foram construídos para recortar o mundo em que vivemos: seres, qualidades, dimensões e quantidades DESTE MUNDO. Ao usar a nossa linguagem para falar do ALÉM, das realidades espirituais, tudo cai por terra.
Nesta parábola – a dos trabalhadores da vinha -, o que deve cair por terra é o nosso senso de justiça humana. Alguns operários começaram a jornada ao clarear do sol, à hora prima. Outros, às 9 da manhã. Outros, ainda, ao meio-dia e às três da tarde. E ainda chamou outros quando sobrava apenas uma hora de luz solar para o trabalho: a undécima hora, 5 da tarde. Aos primeiros, o dono da vinha prometeu salário normal: um denário. Aos outros, “o que fosse justo”.
Finda a jornada, na hora do acerto, surpresa geral! Não só o patrão pagava a jornada integral a todos, mas (não é uma provocação do próprio narrador, Jesus?) começava o pagamento pelos que haviam trabalhado apenas uma hora, e já na amenidade da sombra do pôr-do-sol...
Natural, os demais começam a “chiar!” Não era justo! Ao menos segundo a “justiça” humana, distributiva, toda cálculos e aritmética. O exegeta J. Jeremias pinta a cena dos “protestantes” reunidos em piquete diante da casa do patrão, que parece desconhecer as regras elementares da isonomia salarial, para gritar em altas vozes o seu descontentamento.
E Jesus Cristo sorria do impacto que suas parábolas causavam no auditório. Afinal, eram judeus, herdeiros das promessas da Primeira Aliança. Sim, aqueles israelitas eram os que esperavam pelo Messias, “labutando” desde a madrugada da história da salvação. Agora, em novos tempos, vinha a reles samaritana ou uma siro-fenícia “impura” e se habilitava a receber o mesmo “salário”, isto é, a mesma salvação?! Não era justo!
Sim, parece desigual e injusto a quem não conhece o coração de Deus. Um coração que ama a todos, sem distinção. Não porque são bons, mas porque Ele – Deus – é bom. Não os salva por méritos de gente esforçada que suou a camisa “toda a jornada”, a vida inteira, mas porque aceitam as condições do dono da vinha, ainda que o façam na prorrogação da partida que está em jogo...
Se alguém duvida do “sistema de retribuição” do Patrão, favor recordar que o Reino em questão foi inaugurado por um vil ladrão, crucificado após uma vida de crimes. Aquele que nós - com boa dose de preconceito - chamamos de BOM ladrão, tentando fazer dele uma exceção.
Vamos para a vinha do Senhor? Ainda é tempo!
Orai sem cessar: “É eterna, Senhor, a vossa bondade!” (Sl 138,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br
A inveja é um mal a ser combatido
A inveja causa tristeza em nós, gera dentro de nós sentimentos
negativos. Começamos a querer o mal do outro, a falar mal dele. A inveja é um
mal a ser combatido.
“Então
o patrão disse: ’Por
acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou
estás com inveja, porque estou sendo bom?’ Assim, os últimos serão os
primeiros, e os primeiros serão os últimos.” (Mt 20,15-16a)
Veja
as parábolas que Jesus nos conta sobre os trabalhadores da vinha, na qual o
proprietário mesmo paga para seus trabalhadores um salário igual, tanto para o
que começou a trabalhar cedo quanto para aquele que veio no meio do dia e para
aquele outro que veio no final da tarde. Olhando assim, o que chegou no final
do dia foi mais favorecido do que aquele que começou a trabalhar cedo.
A
pergunta é: O senhor da messe, proprietário ou administrador, foi injusto com
alguém? Óbvio que não, pois ele pagou a cada um aquilo que havia combinado com
eles. No entanto, se ele resolveu ser mais generoso, nós não podemos ter inveja
da generosidade dele, mas nos conformarmos em receber aquilo que nos foi
prometido, aquilo que foi combinado.
O
senhor resolveu ser generoso e dar um carinho igual a todos. Nos critérios
humanos, isso se chama injustiça, mas nos critérios de Deus se chama bondade e
misericórdia.
Infelizmente,
nós temos um coração movido pela inveja. Se nós não ficássemos sabendo que
aquele homem ganhou o mesmo tanto, talvez nem nos importássemos com isso. Mas
quando sabemos que alguém recebeu uma gratificação, um elogio, uma bênção ou
uma graça, ao invés de nos alegrarmos com o bem do outro, nós nos
entristecemos. Aí está o mal.
A
inveja causa tristeza em nós, gera dentro de nós sentimentos negativos.
Começamos a querer o mal do outro, a falar mal dele. A inveja é um mal a ser
combatido.
Que
a misericórdia de Deus possa chegar a todos os corações. E não importa o
tamanho da generosidade, o que importa é que o Pai sabe o carinho, o amor, o
afeto que cada um dos Seus filhos merecem. E se há pessoas que chegam no Reino
dos Céus depois de nós, não há problema. O que nós não podemos é deixar que a
inveja mate a graça de Deus que está em nós.
A
inveja é maligna, destrói o Reino de Deus em nós. Que nós possamos combatê-la
com toda a força do nosso coração.
Deus
abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
LEITURA ORANTE
Mt 20,1-16a - O Senhor convida trabalhadores em todas as horas
O Reino dos céus é dom de Deus!
Preparo-me
para a Leitura Orante, rezando com todos os internautas:
Espírito Santo que
procede do Pai e do Filho,
tu estás em mim,
falas em mim,
rezas em mim, ages
em mim.
Ensina-me a fazer
espaço à tua palavra,
à tua oração,
à tua ação em mim
para que eu possa
conhecer o mistério
da vontade do Pai. Amém.
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Mt 20,1-16a e observo
o ensinamento de Jesus na parábola.
Os trabalhadores da plantação de uvas Jesus disse:
- O Reino do Céu é como o dono de uma plantação de uvas que saiu de
manhã bem cedo para contratar trabalhadores para a sua plantação. Ele combinou
com eles o salário de costume, isto é, uma moeda de prata por dia, e mandou que
fossem trabalhar na sua plantação. Às nove horas, saiu outra vez, foi até a
praça do mercado e viu ali alguns homens que não estavam fazendo nada. Então
disse: "Vão vocês também trabalhar na minha plantação de uvas, e eu
pagarei o que for justo."
- E eles foram. Ao meio-dia e às três horas da tarde o dono da plantação
fez a mesma coisa com outros trabalhadores. Eram quase cinco horas da tarde
quando ele voltou à praça. Viu outros homens que ainda estavam ali e perguntou:
"Por que vocês estão o dia todo aqui sem fazer nada?"
- "É
porque ninguém nos contratou!" - responderam eles.
- Então ele disse: "Vão vocês também trabalhar na minha plantação."
- No fim do dia, ele disse ao administrador:
"Chame os trabalhadores e faça o pagamento, começando com os que
foram contratados por último e terminando pelos primeiros."
- Os homens que começaram a trabalhar às cinco horas da tarde receberam
uma moeda de prata cada um. Então os primeiros que tinham sido contratados
pensaram que iam receber mais; porém eles também receberam uma moeda de prata
cada um. Pegaram o dinheiro e começaram a resmungar contra o patrão, dizendo:
"Estes homens que foram contratados por último trabalharam somente
uma hora, mas nós aguentamos o dia todo debaixo deste sol quente. No
entanto, o pagamento deles foi igual ao nosso!"
- Aí o dono disse a um deles:
"Escute, amigo! Eu não fui injusto com você. Você não concordou em
trabalhar o dia todo por uma moeda de prata? Pegue o seu pagamento e vá embora.
Pois eu quero dar a este homem, que foi contratado por último, o mesmo que dei
a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com o meu próprio
dinheiro? Ou você está com inveja somente porque fui bom para ele?" E
Jesus terminou, dizendo:
- Assim, aqueles que são os primeiros serão os últimos(...).
O
Senhor convida os trabalhadores, em horas diferentes: "Vão vocês também
trabalhar na minha plantação de uvas". E a cada um paga o mesmo valor.
Ninguém recebeu mais ou menos. Deus valoriza a todos e distribui seus dons a
quem quer e como quer. A recompensa é igual não porque Deus é injusto, mas
porque ele é bom. A recompensa não é quantitativa. Equivale à dedicação e
interesse pelo trabalho. O Reino é sempre um dom gratuito de Deus.
2. Meditação
(Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Não devo "cobrar" de Deus
pelo que fiz em favor dos irmãos.
Também não devo me contentar com o que já
fiz.
Devo desejar sempre que Deus realize em mim o seu Projeto.
Na Conferência
de Aparecida, os bispos disseram: "Quando cresce no cristão a consciência de pertencer a Cristo, em
razão da gratuidade e alegria que produz, cresce também o ímpeto de comunicar a
todos o dom desse encontro. A missão não se limita a um programa ou projeto,
mas é compartilhar a experiência do acontecimento do encontro com Cristo,
testemunhá-lo e anunciá-lo de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade e da
Igreja a todos os confins do mundo (cf. At 1,8)." (DAp 145)
3. Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras
orações e concluo com o canto Venham trabalhar na minha vinha, de Dom Pedro
Brito Guimarães.
1.Venham trabalhar na minha vinha
Dilatar meu Reino entre as nações
Convidar meu povo ao banquete
Quero habitar nos corações.
Unidos pela força da oração
Ungidos pelo Espírito da missão
Vamos juntos construir
Uma Igreja em ação.
2.Venham trabalhar na minha vinha
Espalhar na terra o meu amor
Muitos não conhecem a Boa Nova
Vivem como ovelhas sem pastor.
3. Venham trabalhar na minha vinha
Com fervor meu nome proclamar
Que ninguém se queixe ao fim do dia
Ninguém me chamou a trabalhar.
4. Contemplação
(Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é de gratidão a Deus que me ama
de forma gratuita
e confia em mim para que eu realize com alegria
a missão que me cabe.
Bênção
- Deus nos abençoe e
nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a
sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o
seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus
misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, faze-nos agradecidos pelos
dons e talentos que recebemos de tua misericórdia de Pai que também é Mãe e
generosos para partilhá-los com os companheiros de peregrinação nesta vida.
Queremos seguir os passos do Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e
contigo reina na unidade do Espírito Santo.