São Ludovico (Luiz de Anjou)
Ludovico de Anjou, embora de descendência francesa,
nasceu na Itália, provavelmente na Sardenha, em 1274. Era o mais velho entre os
quatorze irmãos. Sua mãe era Maria, sobrinha de santa Isabel da Hungria e irmã
de três príncipes que também chegaram a ser reis e santos: Estêvão, Ladislau e
Henrique. Seu pai era Carlos II de Anjou, rei de Nápoles, Sicília, Jerusalém e
Hungria, e filho do papa Inocêncio II. Ludovico também era sobrinho-neto de são
Luiz IX, rei da França.
Em 1284, começou a crise da Casa Real de Anjou, na Itália meridional. O pai de
Ludovico tornou-se prisioneiro dos reis de Aragão da Espanha, e sua liberdade
foi concedida, depois de três anos, mediante troca de reféns. O rei espanhol
Afonso III exigiu que esses fossem os três sucessores diretos do rei Carlos II:
Ludovico, Roberto e Raimundo.
Eles foram muito maltratados e Ludovico em especial, pois era o mais velho e
tinha treze anos de idade. Tratado com aspereza e crueldade, pagando pelo
rancor que o rei de Aragão nutria pela política do papa e do rei de Anjou.
Motivo que o levou a quebrar todos os acordos firmados antes da troca dos
reféns. O cativeiro dos príncipes durou sete anos.
Ludovico aceitou a longa prisão com abnegação e paciência. Mas já estava
acostumado com a vida de penitência. Desde pequeno, ele não dormia na sua cama
real, preferindo o chão duro e frio. Assim, aquele período no cárcere só
cristalizou a santidade do jovem príncipe. Era tratado cruelmente e deixado
junto com os leprosos, os quais cuidava com zelo e carinho. Não temia o
contágio, que seria motivo de felicidade, pois poderia sofrer um pouco e imitar
o sofrimento de Cristo.
Esse seu período de cativeiro foi acompanhado pelos frades da Ordem de São
Francisco, principalmente pelo frei Jacques Deuze, depois eleito papa. Foi ele
que presenciou e registrou as curas prodigiosas feitas por intercessão de
Ludovico. Também acompanhou o jovem príncipe quando ele adoeceu gravemente,
testemunhando a sua milagrosa cura e a decisão de tornar-se um simples frade
franciscano.
Finalmente, a paz voltou entre as famílias reais de Aragão e Anjou. Em janeiro
de 1296, os três príncipes foram libertados Assim que chegaram a Nápoles,
Ludovico renunciou ao trono real em favor do seu irmão Roberto.
Ingressou na vida religiosa no Convento de Ara Coeli, dos franciscanos, em
Roma. Em maio do mesmo ano, voltou para Nápoles, onde recebeu as sagradas
ordens. Mas foi chamado pelo papa Celestino V, que o queria bispo da diocese de
Toulouse, na França, que estava vaga. Ludovico, devendo obediência, aceitou.
Porém, sendo um frade franciscano, dispensou a luxuosa residência episcopal,
preferindo a pobreza dos conventos da irmandade. Todavia, muito enfraquecido,
pegou tuberculose. Apesar disso, foi a Roma assistir à canonização de Luiz IX,
rei da França, seu tio-avô. A fadiga da viagem agravou a doença e ele acabou
morrendo, no dia 19 de agosto de 1297, aos vinte e três anos de idade.
O bispo Ludovico de Toulouse foi proclamado santo em 1317 pelo papa João XXII,
frei Jacques Douze, que presenciou sua penitência e suas curas milagrosas
durante o cativeiro. As famílias da realeza de Anjou e de Aragão, unidas,
presenciaram a cerimônia.
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