ANO A

Mt
20,1-16a
Comentário
do Evangelho
Deus
está perto de nós.
Onde está Deus, quando
sofremos? Na nossa desolação, onde encontrar Deus? São perguntas que o trecho
do livro do profeta Isaías busca responder. Este trecho do livro do profeta
Isaías retrata a situação de desolação dos exilados, membros do povo de Deus, na
Babilônia. Os longos anos do exílio faziam com que perdessem a esperança de um
dia retornarem à Israel. Com isso, sentiam igualmente que Deus os tinha
abandonado e se esquecido deles. A voz inspirada do profeta se levanta para dar
ânimo: o Senhor se deixa encontrar, pois, Ele está perto (Is 55,6). Quando
sofremos, em qualquer situação, Deus está perto de nós; e, se sofremos, Deus
sofre com o nosso sofrimento. A vida do seu povo, a vida de cada um em
particular, interessa a Deus. Mas é preciso abandonar a impiedade, isto é, um
modo de proceder e agir que semeia o joio da maldade no seio mesmo da
comunidade de fé, desestimulando os membros do povo de Deus da confiança no seu
Senhor. É preciso centrar a vida e a esperança no desígnio salvífico de Deus.
Temos algum direito
sobre a salvação? A salvação é oferecida a uns e não a outros? Deus faz
distinção de pessoas? A salvação é retribuição pelo bem realizado? Na parábola
dos operários da undécima hora, é o próprio patrão, dono da vinha, que em
diferentes horas do dia sai às praças chamando os operários para o trabalho na
sua vinha, até a última hora da jornada de trabalho. Em todos os tempos e a
todos, indistintamente, Deus chama para participar da sua própria vida. A
salvação é um dom: é o dono da vinha que chama operários para o trabalho na
vinha. A murmuração dos que foram chamados primeiro a trabalhar na vinha,
contra o patrão que pagou o mesmo salário para os últimos admitidos, é a
expressão da dificuldade vivida pela comunidade cristã primitiva, sobretudo, entre
judeo-cristãos e cristãos oriundos do mundo pagão. Todos igualmente recebem o
dom da salvação, sem nenhum privilégio ou direito de precedência? Sim! Pois o
verdadeiro salário não é contrapartida do trabalho realizado na vinha; o
verdadeiro salário, isto é, a verdadeira recompensa, é ter sido chamado e
admitido no Reino de Deus. O verdadeiro salário está em ser chamado a
participar da vida divina. O amor de Deus não segue a lógica matemática de
nossas atitudes: “meus planos não são vossos planos, vossos caminhos não são
meus caminhos” (Is 55,8). A salvação é dom de Deus e, como tal, ela deve ser
recebida e vivida.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai,
que eu jamais me deixe levar pelo espírito de ambição e de rivalidade,
convencido de que, no Reino, somos todos iguais, teus filhos.
Vivendo a Palavra
Não adianta tentar enquadrar o comportamento desse patrão no gabarito da nossa justiça contábil de débitos, créditos e saldos. Ao anunciar a Boa Notícia do Reino, Jesus propõe um novo paradigma de generosidade, de gratuidade e de leveza. Aqui descobrimos que há mais alegria em dar do que em receber.
Recadinho

Você considera que
Deus o trata com muita generosidade? - Neste aspecto, como é seu modo de agir
em relação a seu próximo? - Você pede que Deus o fortaleça na caminhada? -
Procura ser presença amiga na vida dos que sofrem? - Lembre-se sempre:
generosidade com generosidade se paga!
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
As parábolas
narrativas são caracterizadas por sua extensão e por seus detalhamentos. Esta
de hoje é exclusiva de Mateus. No cenário aparecem o dono da vinha, imagem
característica na tradição de Israel, e os trabalhadores desocupados na praça,
cena característica de uma cidade grega. Uma parábola dá margem a uma
pluralidade de interpretações. Estes "desocupados" não eram
indolentes, mas curtiam a amargura da busca de um trabalho para a sobrevivência
diária, excluídos pelo sistema social. Comumente se vê na parábola a expressão
da simples generosidade do proprietário que convocou os operários. Com pena dos
últimos, decidiu dar-lhes o mesmo que aos outros. Outra interpretação pode ser
a compreensão do significado do trabalho. O trabalho não é mercadoria que se
vende, avaliado pela eficiência do trabalhador que produz. O trabalho é o meio
de subsistência das pessoas e da família, bem como é serviço à comunidade, pela
partilha de seus frutos. Todos têm direito ao essencial para a sua
sobrevivência. Na parábola, a todos foi dado o necessário para a sobrevivência
de um dia, independentemente da quantidade de sua produção. O fruto do trabalho
é uma extensão do próprio trabalhador. A venda deste fruto por um salário é uma
alienação da dignidade do trabalhador e da trabalhadora. É vender uma parte do
seu ser, uma extensão de seu próprio corpo, para a acumulação de riqueza e
prazer de outro. A conversão da injustiça para a justiça é o seguimento do
caminho de Deus (primeira leitura) que leva à prática de uma cidadania no
resgate da dignidade humana e da vida (segunda leitura).
Oração
Ó
Pai, que resumistes toda a lei no amor a Deus e ao próximo, fazei que,
observando o vosso mandamento, consigamos chegar um dia à vida eterna. Por
Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
REFLEXÕES
DE HOJE

DIA 21 DE SETEMBRO-DOMINGO
21 de setembro – 25º DOMINGO COMUM
Por Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
I. INTRODUÇÃO GERAL
As leituras de hoje
exortam-nos a tomar cuidado para não reduzir Deus aos critérios humanos, por
melhor que sejam. Deus ultrapassa tudo o que se pode pensar ou dizer sobre ele.
Muitas vezes, seus planos se tornam incompreensíveis ao ser humano. Quando isso
acontece, resta-nos perseverar na fidelidade sem mudar de caminho, a exemplo de
Jesus, que disse: “Pai, afasta de mim este cálice, contudo não se faça a minha
vontade, mas, sim, a tua” (cf. Mt 26,39).
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. Evangelho (Mt
20,1-16a): “Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos”
O texto situa-se no
“sermão sobre a comunidade”. Jesus continua instruindo seus seguidores sobre
como se comportar no mundo.
O Reino dos Céus é
aqui comparado ao proprietário que contratou vários trabalhadores para sua
vinha, em horários diferentes. No final, paga a todos igualmente, começando
pelos últimos, contratados à tardinha, até os primeiros, contratados de manhã.
A maneira como o
patrão trata seus operários nos chama a atenção para a gratuidade com que Deus
nos acolhe em seu reino. Não é segundo os critérios humanos que Deus age em
favor da humanidade. A estranheza das palavras de Jesus nessa parábola deve nos
chamar a atenção para nossa maneira de julgar a Deus ou de atribuir-lhe
atitudes especificamente humanas.
Geralmente o ser
humano quer recompensa por suas boas ações. E, quando não se sente
recompensado, acha que Deus é injusto, ou não o ama, ou esqueceu-se dele.
Costuma-se até dizer: “Por que Deus não atende às minhas preces? Sou tão
dedicado, tenho tanta fé!”
Mas a maneira de
Deus agir não se iguala à nossa. Ele é absolutamente livre para agir como
quiser. E essa liberdade é pontuada por seu amor incondicional e sua
generosidade inestimável. Deus nos ama e deu-nos mais do que ousamos pedir.
Deu-nos a vida. Deu-nos a si mesmo no seu Filho. Deu-nos a eternidade ao seu
lado.
Por isso, o Reino
dos Céus não se apresenta como recompensa por nossos méritos pessoais. É puro
dom de Deus, que nos chama gratuitamente a participar da vida plena. Cabe-nos
acolhê-lo como dom ou ficar numa atitude mesquinha de sempre esperar
recompensas por méritos prévios. Isso não é cristianismo, não é gratuidade.
Isso não é resposta amorosa a Deus.
2. I leitura (Is
55,6-9): Que o perverso deixe o seu caminho
O texto da primeira
leitura é uma oferta de perdão, paz e felicidade aos pecadores. Em primeiro
lugar, assegura que as orações e o arrependimento serão acolhidos por Deus:
“buscai o Senhor… invocai-o… deixe o mau caminho… converta-se… que o Senhor se
compadecerá” (v. 6-7).
Deus não é como o
ser humano, seus pensamentos são totalmente diferentes. Ele é infinitamente
fiel: não desiste de seus filhos, não cessa de ofertar-lhes sua misericórdia
sem limites. Ao contrário, o ser humano desiste de Deus, trilha outros
caminhos, bem diferentes daqueles propostos pelo Senhor.
“Deixe o perverso o
seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor… volte-se
para o nosso Deus” (v. 7). Em primeiro lugar, arrepender-se é mudar de caminho,
de atitudes, é tomar outros tipos de decisões, fazer outras escolhas. Mas não é
só isso: há que mudar também os pensamentos, ou seja, transformar-se
internamente, mudando de mentalidade em relação ao mundo, às pessoas e às
situações; mudar de ideia a respeito de si mesmo, mudar até mesmo as concepções
sobre Deus e sobre seus caminhos, porque o Senhor sempre estará muito além do
que se pode dizer e pensar a respeito dele.
Converter-se é mudar
de mente e voltar aos caminhos do Senhor. Mas voltar a ele não porque houve
total compreensão do seu projeto, e sim porque ele é soberano e misericordioso.
A vida humana só tem sentido no relacionamento com Deus, e quando seus caminhos
são difíceis de entender e trilhar, resta, acima de tudo, perseverar na
fidelidade.
3. II leitura (Fl
1,20c-24.27a): Meu viver é Cristo
Grande exemplo de
perseverança, mesmo que os planos de Deus se tornem incompreensíveis, é-nos
dado na leitura da epístola aos Filipenses. O cristão vive unicamente para
Deus, não em função de recompensas por méritos pessoais. Qualquer que seja a
situação, boa ou ruim, deve perseverar no bem e na busca de agradar unicamente
a Deus, seguindo em frente sem hesitar.
O cristão não deve
desanimar nunca, mesmo se, depois de repetidos esforços, sentir-se fracassado
ou mesmo perseguido, como o apóstolo Paulo. É necessário confiar somente em
Deus, pois só ele pode dar eficácia à atividade humana. Mesmo sem entender o
que acontece consigo, o cristão deve viver de modo digno do evangelho (v. 27).
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
Não considerar a
parábola no plano da justiça social, mas respeitar a estranheza das palavras de
Jesus, que tem por objetivo nos conscientizar de que o Reino de Deus não se
baseia em mérito-recompensa, mas é puro dom. O próximo domingo será o dia da
Bíblia; é bom destacar a importância do itinerário do povo de Deus,
comparando-o ao daqueles trabalhadores das primeiras horas. Os hebreus foram os
primeiros a responder “sim” ao apelo do dono da vinha. As demais nações
herdaram desse povo as alianças, as promessas, a história e, principalmente, o
Messias. Sejamos gratos a Deus e a Israel, nosso irmão mais velho, fatigado
pelo dia inteiro de trabalho.
Aíla
Luzia Pinheiro Andrade, nj
Graduada em
Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade
Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje – BH), onde também cursou mestrado e
doutorado em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos. Atualmente, leciona
na Faculdade Católica de Fortaleza. É autora do livro Eis que faço novas todas
as coisas – teologia apocalíptica (Paulinas).
E-mail: aylanj@gmail.com
21 de setembro: 25º
Domingo do Tempo Comum
A JUSTIÇA DO REINO
A justiça do reino, que se manifesta no agir de Deus, o dono da vinha
que cumpre a palavra e atende a todos, convida a atitudes novas. Pois trabalhar
em sua vinha, o reino de Deus, não torna uns mais merecedores que outros. Cada
um de nós, com a própria história, seguindo a justiça do reino, entra na
dinâmica do amor de Deus, tornando-se também objeto de sua bondade e
misericórdia.
Os que foram contratados primeiro esperam receber mais do que o “justo”
combinado. Pensam na justiça que retribui segundo o mérito, baseada na
comparação e sempre acompanhada de ciúme.
Os que foram contratados por último, em vez, descobrem que o “justo”
combinado vai além do que merecem. De fato, o dono da vinha, ao agir com
bondade, mostra que sua justiça não é punição, mas solidariedade com os que
vivem situações de preocupação e sofrimento, como o desemprego.
Tem sentido, então, a pergunta do dono da vinha, diante de um ciúme que
não admite o amor autêntico de Deus. Reconhecer-se agraciado por Deus e
comprometer-se com uma justiça diferente faz superar preconceitos e abre às
necessidades dos outros. Seria mais fácil, de antemão, tachar de vagabundos
aqueles trabalhadores contratados por último. O dono da vinha os questiona,
descobre que estão desempregados, e o pagamento “justo” que ele faz se expressa
em solidariedade, pelo drama que viviam.
A justiça de Deus, enfim, iguala por alto, eleva à dignidade todos os
seus filhos e filhas. E nos convida a uma lógica diferente, não baseada no
mérito, mas na solidariedade que questiona, aproxima e inclui. Para além de
preconceitos, para além da simples retribuição, a fim de experimentar de fato o
agir daquele que é bom.
Pe. Paulo Bazaglia,
SSP
Dia 21 – 25°
DOMINGO COMUM
A EMERGÊNCIA DA
BONDADE
Conta-se que, certa
vez, irmã Dulce foi pedir ajuda a um homem muito rico de Salvador, na Bahia. A
ajuda era para socorrer a multidão de pobres que sempre acorria à religiosa em
busca de alívio para as suas necessidades. A freira, ao fazer o pedido, teria
recebido do rico avarento uma cusparada na mão que lhe havia estendido. Diante
da humilhação, Dulce estendeu a outra mão e disse: “Tudo bem, a cusparada é para
mim; e a ajuda para meus pobres?” Nisso o rico ficou vermelho de vergonha,
frente a frente com a bondade. Abriu o coração e, com os olhos rasos d’água,
abriu-se também à generosidade.
A bondade desarma a
arrogância. Desarma toda forma de orgulho, de prepotência. Jesus é o exemplo da
pura bondade. Por onde passou, fez o bem a todos. Tirou da lama, do fundo do
poço, quem mais padecia. No evangelho de hoje (Mt 20,1-16) ele garante que
todos têm o direito de sentir-se em casa no mundo. Todos! Sobretudo os que foram
obrigados a ser os últimos, os desocupados, por não terem oportunidade de
trabalho digno.
O evangelho deixa
claro que a matemática de Deus é baseada no amor, e não num esquema de trocas.
Ele é justo. Tal qual uma mãe, ama os filhos na mesma medida. No entanto,
dispensa cuidados especiais aos filhos mais debilitados, em situação de perigo,
de risco. No reino dele não há quem seja mais importante. O amor não divide,
não faz acepção de pessoas. O amor une os dons. O amor salva!
Ocorre que sempre
há o risco de, nas comunidades, alguém se considerar dono ou merecedor de
privilégio, querendo para si mais do que é seu de direito. Porém, na comunidade
cristã deve ser diferente: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o
amor recíproco, porque aquele que ama o seu próximo cumpriu toda a lei” (Rm
13,8). O amor seja sempre antes de qualquer coisa e expresso nos instantes
comuns. É assim que a vida pede de nós todos os dias.
Não se trata de um
amor apenas de palavras bonitas. Trata-se de atitudes. O amor não é uma
obrigação. Não se ama esperando algo em troca. O amor cristão é pura
gratuidade. Daí o outro nome do amor, que é o bem. Quem ama quer bem aos outros
e faz que o bem prevaleça num mundo que geralmente semeia o mal.
A emergência da
bondade suaviza o sofrimento no mundo. Querer o bem do outro é semear o reino
de Jesus. Querer bem não faz mal a ninguém. O bem salva.
Pe. Antonio Iraildo
Alves de Brito, ssp
DOMINGO, 21 DE SETEMBRO
DE 2014
A recompensa será
igual para todos?
No Evangelho deste Domingo, Nosso
Senhor conta a seus discípulos a parábola dos trabalhadores na vinha. Após
contratar várias pessoas para o trabalho, algumas de madrugada, outras às nove
da manhã, outras ao meio-dia e às três, e outras ainda às cinco da tarde, o seu
patrão remunera-os igualmente, com uma moeda de prata. Diante disso, os que
haviam sido contratados primeiro “começaram a resmungar contra o patrão: ‘Estes
últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o
cansaço e o calor o dia inteiro’”.
Para entender o significado dessa
parábola, é preciso explicar o contexto do Evangelho de São Mateus. Ele foi
escrito para comunicar a vida de Jesus aos cristãos convertidos da religião
judaica, supondo que os seus ouvintes conheciam a história da Antiga Aliança,
dos patriarcas e profetas do Velho Testamento, das festas religiosas do povo
israelita etc. A partir dessa informação, é possível entender a parábola como
uma resposta aos cristãos vindos do judaísmo, que são justamente os trabalhadores
que foram contratados “de madrugada”, pois começaram a seguir o Deus verdadeiro
ainda no começo da história.
Sabe-se que, no alvorecer das primeiras
comunidades cristãs, houve um sério conflito por parte dos cristãos
“judaizantes”, que queriam que os convertidos do paganismo se submetessem a
algumas prescrições da Torá - como a circuncisão - antes de se batizarem e
entrarem na Igreja. A controvérsia foi resolvida no episódio do Concílio de
Jerusalém, no qual os apóstolos decidiram “não (...) inquietar os pagãos que se
convertem a Deus” [1], mandando-os tão somente “abster-se de carnes
sacrificadas aos ídolos, do sangue, das carnes de animais sufocados e das
uniões ilícitas” [2].
Ao comparar o Reino dos céus ao patrão
que premiou tanto os primeiros trabalhadores quanto os que foram contratados
depois com a mesma recompensa, Nosso Senhor já resolvia essa dificuldade do
futuro, ilustrando a generosidade de Deus, que se dá todo aos homens, seja aos
judeus, seja aos pagãos.
Santo Tomás de Aquino, comentando este
Evangelho [3], divide-o em duas partes: a da contratação e a da remuneração.
Com relação à contratação, percebe-se
como “Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da
verdade” [4]: o dia de que fala o Evangelho simboliza tanto a história da
humanidade - Deus chamou alguns de madrugada, isto é, de Adão a Noé; outros na
hora terça, de Noé a Abraão; outros na hora sexta, de Abraão a Moisés; e outros
ainda na hora nona, de Moisés até a vinda de Cristo -, quanto a história de
cada homem em particular - alguns o Senhor chama de madrugada, isto é, na
infância; outros na hora terça, que é a adolescência; outros na hora sexta, que
é a idade adulta; outros na hora nona, que é a velhice; e outros ainda chama na
última hora, como chamou o bom ladrão [5].
Quanto à remuneração, a moeda de prata
de que fala o Evangelho é a vida eterna, o patrão é Deus Pai e o administrador
é Deus Filho. Ao distribuir a recompensa, o patrão dá uma moeda de prata aos
trabalhadores, mostrando que a recompensa eterna é igual para todos. Mas, em
que sentido se pode dizer isso? Santo Tomás explica:
“A bem-aventurança pode ser considerada
quanto ao objeto, e, então, ela é uma só para todos; e quanto à participação do
objeto, e, então, ela é diferente, pois nem todos participarão dela do mesmo
modo, conforme está escrito em Jo 14, 2: Na casa de meu Pai, existem muitas
moradas. É como se muitos fossem à procura de água, e um carregasse um vaso
maior do que o outro: o rio está disponível a todos, mas nem todos levarão a
mesma quantidade. Assim, quem tem a alma mais dilatada, mais caridade recebe.”
[6]
Para entender o que diz o Aquinate,
pode servir de apoio a parábola dos talentos [7], na qual o senhor retribui a
cada um de seus servos de acordo com o seu trabalho. Embora pareça, essas duas
passagens não estão em contradição. Deus, que é como um oceano infinito, é
capaz de preencher totalmente tanto uma tampinha de garrafa quanto um copo, uma
piscina ou uma Baía de Guanabara. De fato, o objeto da bem-aventurança é um só,
Deus mesmo; no entanto, a participação de cada um nessa recompensa será
diferente, pois cada um amou a Deus de forma diferente.
A grande lição deste Evangelho é
recordar-nos que a recompensa divina não é merecida por nenhum de nós e, por
isso, todos devemos viver em ato de contínua gratidão a Deus. Ao responder à
murmuração dos primeiros trabalhadores, o patrão lhes pergunta se estão “com
inveja”. No original grego, a expressão do Autor Sagrado é: ὀφθαλμός πονηρός [lê-se: ophthalmós
poneirós], que quer dizer, literalmente, “olho mau”. Esse termo - que também já
foi consagrado pela linguagem popular - descreve uma atitude espiritual: o
invejoso, quando vê alguém feliz, se entristece com a sua alegria. Jesus
denuncia que esse remordimento interno é causado por uma mentalidade mesquinha,
a mesma mentalidade do fariseu que acha que é digno do Reino dos céus [8]. Ele
se esquece que todos os que se salvarem o serão por pura misericórdia de Deus e
que até os méritos que ele adquire só são possível graças à graça divina. Por
isso, é importante dirigir o olhar ao Senhor, em meio ao cansaço e a fadiga do
dia a dia, e dizer: Senhor, eu não mereço, mas deixe-me trabalhar pelo vosso
Reino, viver o cansaço do dia a dia, por vosso amor.
É importante lembrar também que hoje,
21 de setembro, é justamente o dia da memória de São Mateus. Vivendo como
publicano por muito tempo, o evangelista foi um desses agraciados de última
hora, que deixou a coletoria de impostos e todo o resto para seguir Nosso
Senhor. Depois de deixar a velha vida, Mateus também correspondeu ao amor de
Deus, pregando o Evangelho até o martírio. Ele é, portanto, um exemplo das duas
realidades: não só é o que se converteu, mas também aquele que trabalhou até o
fim, ganhando do Senhor a graça de merecer morrer por Sua causa.
Como São Mateus, independentemente de
nossa história de vida, alegremo-nos e correspondamos generosamente à graça
superabundante que Deus derrama sobre nós.
Referências:
At 15, 19.
At 15, 29.
Cf. Santo Tomás de Aquino, Super Evangelium Matthaei, 20, 1.
1 Tm 2, 4.
Cf. Lc 23, 39-43.
Santo Tomás de Aquino, Super Evangelium Matthaei, 20, 1. Cf. também Suma Teológica,
I-II, q. 5, a. 2.
Cf. Mt 25, 14-30.
Cf. Lc 18, 9-14.
XXVº
Domingo do Tempo Comum - 21 de Setembro
MEUS PENSAMENTOS ESTÃO ACIMA DOS VOSSOS
PENSAMENTOS
Primeira
Leituras: Isaías 55,6-9;
Salmo 144
(145), 2-3, 8-9, 17-18;
Segunda
Leitura: Filipenses 1,20c-24. 27a;
Evangelho:
Mateus 20,1-16a.
Situando-nos
Na semana passada
tivemos uma pausa no caminho espiritual do Tempo Comum para celebrarmos a festa
da Exaltação da Santa Cruz. As festas do Senhor, de Nossa Senhora e dos santos
e santas e são também próprias deste tempo do ano litúrgico, dando-nos o movimento
da vida entre festa e cotidiano. Dessa forma, não temos mais a relação temática
vertical entre o domingo passado e este que iremos celebrar.
Retomando o
caminho, continuamos a contemplar em Cristo o nosso agir no mundo, manifestando
o Reino de Deus. Nossa ação tem como ponto de partida e chegada a pessoa e a
missão de Jesus, que nos aponta o agir do Pai como referencial maior, para que
o nosso agir e pensar estejam ao menos próximos daqueles de Deus.
Já percorremos
mais da metade dos 34 domingos do Tempo Comum deste ano. E estando mais
próximos do término do ano litúrgico. Neste ano A, a temática do Reino de Deus
se torna mais constante e presente. Sobretudo porque em Mateus, Jesus é aquele
que veio cumprir toda a justiça do Reino, contra todo e qualquer legalismo.
Recordando a
Palavra
Mais uma vez o
Lecionário faz um recorte em seu texto bíblico para a liturgia. No texto
bíblico a parábola dos trabalhadores da vinha é consequência do diálogo de
Pedro com Jesus sobre a recompensa de quem deixou tudo para segui-lo. Para dar
este sentido é que algumas traduções trazem um complemento como: “Porque o
Reino dos céus é semelhante...” (Bíblia de Jerusalém, ou “De fato, o Reino
dos céus é como... Bíblia Edição Pastoral).
Mas o Lecionário
não assume esta continuidade da perícope e propõe a parábola de forma autônoma
ao iniciar: “Naquele tempo, parábola a seus discípulos”. Logo, devemos buscar
nela conteúdo do mistério que celebramos, sem a necessária referência exegética
ao diálogo anterior de Jesus com Pedro.
Jesus compara o
Reino dos Céus à história de um patrão que contrata trabalhadores ao longo do
dia para trabalhar em sua vinha: os primeiros de madrugada, outros as nove,
outros ao meio-dia, outros às quinze horas e, por fim, outro grupo às dezessete
horas. Com todos combinou pagar uma moeda de prata ou, como faz com os
contratados às nove horas, pagar-lhes “o que for justo” (Mt 20,4).
“Este
comportamento ou ação de Deus no trato para com as pessoas encontra seu
desfecho e explicação no diálogo final com os chamados ‘‘trabalhadores da
primeira hora”. Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que
dei a ti. Ou estás com inveja, porque estou sendo bom? (Mt 20; 14.15b).
Atualizando a
Palavra
A nossa condição e
fragilidade humanas nos leva a ter comportamentos e exigência puramente
temporalizadas, circunscritas às nossas necessidades e desejos, tornando os
nossos pensamentos e ações às vezes distantes daqueles próprios de Deus.
Por isso mesmo,
vendo do ponto de vista da pura “justiça” humana, o patrão da parábola de
Jesus, para nós, pode ter agido injustamente. Ora, quem trabalhou por mais
horas, deve receber mais do que aquele que trabalhou menos tempo! Podemos até
mesmo calcular, de acordo as leis trabalhistas, quanto cada um deve e tem
direito de receber. E, por vezes, somos muito rígidos no cumprimento de algumas
leis e contratos!
Claro que estas
leis têm seu valor e importância para a convivência e o cumprimento mínimo da
justiça por nós criada e estabelecida.
Mas não podemos
agir apenas a partir de leis puramente humanas, sem o nosso olhar e agir a
partir também da justiça divina. Muitas vezes, o que é justo aos olhos humanos,
não é justo aos olhos de Deus. O mero cumprimento de uma lei social, não nos dá
o respaldo da legalidade, nem nos impede de ver a realidade para além da lei,
que, muitas vezes, garante apenas o mínimo e não o necessário para a vida.
Ligando a Palavra
com a ação litúrgica
A palavra do
Senhor proclamada pelo profeta nos ajuda a perceber algo que nos deixa um tanto
quanto desconfortáveis diante de Deus e até dos irmãos e irmãs: os pensamentos
de Deus não são como os nossos caminhos.
Deus age, em
primeiro lugar, com justiça: paga aos empregados o que estava no contrato. Mas,
ao mesmo tempo, age com bondade: “Ou estás com inveja, porque estou bom?” (Mt
20,15b). Justiça e bondade unidas em Deus, o levam a agir de forma diferenciada
(cf. Sl 85,11), ou seja, ele age a partir da justiça do seu Reino.
Por isso, Deus não
vê apenas o cumprimento do contrato, vai além dele e percebe a necessidade de
vida, pois, os trabalhadores das outras horas não estão deixando de trabalhar
por serem preguiçosos ou por outros motivos alheios, não estão trabalhando,
porque ninguém os contratou (cf. Mt 20,7). Deus vê, portanto, a necessidade
também desses, que têm suas famílias e devem sustentá-las. Caso pagasse apenas
o “justo”, não lhes seria suficiente para viverem.
O salmista, em
resposta á proposta divina de vivermos a justiça do reino, reafirma a bondade
de Deus, pois “Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é
compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda a
criatura. É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz”
(Sl 144,8-9.17).
A nossa
experiência litúrgico-sacramental é para nós a força da presença desta ação de
Deus: o Senhor acolhe a todos e todas à sua Ceia, revelando-nos a riqueza e a
misericórdia pelo banquete do reino do Pai, que oferece lugar para todos: a
quem trabalha mais ou menos no reino, o rico e, principalmente, o pobre. “Ora,
eu vos digo: muitos virão do oriente e do ocidente e tomarão lugar à mesa no
reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó” (Mt 8,11; cf. Lc 13,29-30).
A antífona da
aclamação ao Evangelho, assim, ecoa como um grande clamor a Deus para que nos
converta: “Vinde abrir o nosso coração, Senhor; ó Senhor, abri o nosso coração,
e, então, do vosso filho a palavra, poderemos acolher com muito amor!” E em
Jesus, o Senhor resumiu “toda a lei no amor a deus e ao próximo” para que
observemos o seu mandamento (Oração do dia).
De fato, nossas
opções não condizem, muitas vezes, com as opções de Deus. E isto não deve ser
acolhido por nós com desânimo ou desesperança. Pelo contrário, deve ser a
motivação maior para a nossa conversão, para a mudança do nosso modo de pensar
e agir no mundo, pois optamos, como cristãos, em apontar a presença do Reino do
Pai, pois, só uma coisa importa: viver à altura do Evangelho de cristo (cf. Fl
1,27a – segunda leitura).
Sugestões para a
celebração
O Hinário
Litúrgico nos oferece o salmo 125 para o canto de entrada, tendo como refrão a
antífona de entrada do 25º DC. Ver música no CD Liturgia VII, faixa 9.
ØNo
mesmo CD encontra-se a proposta para o canto de comunhão que assume o último
versículo do Evangelho deste dia como refrão para o Salmo 103.
ØÉ
importante que a primeira leitura, em particular, seja proclamada como um
convicto convite a buscar o Senhor, de forma persuasiva.
ØPreparando
bem, o Evangelho pode ser dialogado. São necessários: o (a) narrador (a), o
patrão (quem preside), a fala dos trabalhadores desocupados e a fala dos que
murmuram.
Fonte: Novo povo construindo o Reino de
Deus na justiça! - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum I -
setembro 2014 - Ano A – Edições CNBB
Liturgia de 21.09.2014 - 25º DTC
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Dermeval Neves
Palavra de Vida Eterna | São Mateus 20,1-16a20,1-16a - 21/09/2014
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Fundação Nazaré de Comunicação
Pai,
que eu jamais me deixe levar
pelo espírito de ambição e de
rivalidade,
convencido de que, no Reino,
somos todos iguais, teus filhos.
somos todos iguais, teus filhos.
HOMILIA
EU PAGAREI O
QUE FOR JUSTO Mt 20,1-16ª
A parábola de hoje nasce da realidade agrícola
do povo da Galiléia. Era uma região rica, de terra boa, - mas com o seu povo
empobrecido, pois as terras estavam nas mãos de poucos, e a maioria trabalhava
ou como arrendatários ou como “bóia-fria” como diríamos hoje. Embora a cena
situe-se na Galiléia de dois mil anos atrás, bem poderia ser aqui como aí onde
você mora hoje em dia. Apresenta uma situação de trabalhadores braçais desempregados,
não por querer, mas “porque ninguém nos contratou”. Talvez haja uma diferença,
comparando com a situação de hoje - na parábola, o salário combinado era uma
moeda de prata, um denário, que na época era o suficiente para o sustento
diário duma família - o que nem sempre se verifica hoje.
O dono de uma vinha chamou trabalhadores para a colheita. A uns chamou pela manhã, outros ao longo do dia e outros, ainda, no fim do dia. A todos, compromete-se com o mesmo pagamento. Naturalmente, aqueles que começaram a trabalhar ainda cedo reclamaram ao patrão por ter recebido o mesmo montante dos outros que trabalharam apenas uma pequena parte do dia. Para o patrão, porém, está feita justiça: pagou a todos conforme o combinado e, ademais, dispôs daquilo que é seu. Se, aos olhos do empregado que se considera lesado aquilo era injusto, ao patrão foi apenas um acerto de contas equânime, dentro dos limites que tinha estabelecido.
Jesus contou esta parábola para nos esclarecer como o pensamento de Deus difere da nossa mentalidade humana. Na administração das coisas do mundo existem critérios já estabelecidos em relação a quem faz mais, a quem faz menos. Para Deus o que importa é a decisão do momento. Quem começa mais cedo tem a mesma paga de quem começou mais tarde. A salvação é para hoje, agora. Os que abraçam a salvação mais cedo têm a recompensa de conhecerem o reino dos céus primeiro. E quando fazemos a experiência de salvação percebemos que nenhum dinheiro do mundo paga o que alcançamos.
Muitas vezes assumimos o papel dos trabalhadores que reclamam por ter trabalhado tanto enquanto outros que não sofreram as mesmas penas recebem a mesma recompensa. Assim o é na vida civil e na vida cristã. Mas, para Deus, não importa o “tempo de casa” ou aquilo tudo que já demos: importa com que amor o demos, com que dedicação o fizemos. Além disso, o Senhor nos dá a Sua graça e esta Ele dispõe como deseja. Essa é a aparente contradição: a perspectiva humana entende que o pagamento deve ser correspondente ao tempo ou à responsabilidade do trabalho. Deus, não. Ele entende que pode dispor do que é seu e dá a cada um como considera o seu merecimento.
Portanto, não precisamos questionar a recompensa que Deus dá àqueles “pecadores” que nós julgamos os piores do mundo, pelo contrário devemos também sair pelo mundo a fora em busca dos “trabalhadores de última hora” a fim de que encontrem a Jesus e recebam a salvação para as suas almas.
Você conhece alguém que ainda não foi contratado para trabalhar na vinha do Senhor? Por que não chamá-lo?- Você já se sente contratado (a) e recompensado.
Pai, que eu jamais me deixe levar pelo espírito de ambição e de rivalidade, convencido de que, no Reino, somos todos iguais, teus filhos.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
O dono de uma vinha chamou trabalhadores para a colheita. A uns chamou pela manhã, outros ao longo do dia e outros, ainda, no fim do dia. A todos, compromete-se com o mesmo pagamento. Naturalmente, aqueles que começaram a trabalhar ainda cedo reclamaram ao patrão por ter recebido o mesmo montante dos outros que trabalharam apenas uma pequena parte do dia. Para o patrão, porém, está feita justiça: pagou a todos conforme o combinado e, ademais, dispôs daquilo que é seu. Se, aos olhos do empregado que se considera lesado aquilo era injusto, ao patrão foi apenas um acerto de contas equânime, dentro dos limites que tinha estabelecido.
Jesus contou esta parábola para nos esclarecer como o pensamento de Deus difere da nossa mentalidade humana. Na administração das coisas do mundo existem critérios já estabelecidos em relação a quem faz mais, a quem faz menos. Para Deus o que importa é a decisão do momento. Quem começa mais cedo tem a mesma paga de quem começou mais tarde. A salvação é para hoje, agora. Os que abraçam a salvação mais cedo têm a recompensa de conhecerem o reino dos céus primeiro. E quando fazemos a experiência de salvação percebemos que nenhum dinheiro do mundo paga o que alcançamos.
Muitas vezes assumimos o papel dos trabalhadores que reclamam por ter trabalhado tanto enquanto outros que não sofreram as mesmas penas recebem a mesma recompensa. Assim o é na vida civil e na vida cristã. Mas, para Deus, não importa o “tempo de casa” ou aquilo tudo que já demos: importa com que amor o demos, com que dedicação o fizemos. Além disso, o Senhor nos dá a Sua graça e esta Ele dispõe como deseja. Essa é a aparente contradição: a perspectiva humana entende que o pagamento deve ser correspondente ao tempo ou à responsabilidade do trabalho. Deus, não. Ele entende que pode dispor do que é seu e dá a cada um como considera o seu merecimento.
Portanto, não precisamos questionar a recompensa que Deus dá àqueles “pecadores” que nós julgamos os piores do mundo, pelo contrário devemos também sair pelo mundo a fora em busca dos “trabalhadores de última hora” a fim de que encontrem a Jesus e recebam a salvação para as suas almas.
Você conhece alguém que ainda não foi contratado para trabalhar na vinha do Senhor? Por que não chamá-lo?- Você já se sente contratado (a) e recompensado.
Pai, que eu jamais me deixe levar pelo espírito de ambição e de rivalidade, convencido de que, no Reino, somos todos iguais, teus filhos.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA
Não inveje ninguém, pois Deus é bom com todos
Não inveje ninguém! Deus é generoso e bom com
todos. Ele sabe quais são as carências de cada coração humano.
“Assim, os últimos serão
os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mateus 20, 16a).
A parábola que ouvimos
de Jesus, no Evangelho de hoje, pode provocar, talvez nos corações mais
voltados à justiça, uma certa confusão, até uma certa incompreensão da atitude
do senhor da vinha, do patrão. Porque o patrão saiu para contratar os
empregados, logo pela manhã combinou com eles uma moeda de prata, depois na
metade da manhã contratou mais empregados e combinou outra moeda de prata com
eles. Depois, no meio da tarde e no final do dia, contratou mais outros
operários e combinou o mesmo valor.
A
questão aqui não é o valor combinado, porque o combinado não custa caro, como
dizem. O senhor combinou com os primeiros operários uma moeda de prata e a
pagou, mas ele também combinou com os da última hora e pagou o mesmo valor. Se
os operários da primeira hora não soubessem quanto tinham ganhado os da última
hora não haveria problema nenhum, estariam felizes, agradecidos. Mas o problema
é que a inveja, quando vem ao coração humano, destrói os melhores sentimentos,
e o primeiro deles é a gratidão e o reconhecimento.
Quando
só comparamos a nossa vida com a dos outros – o que nós temos com o que o outro
tem – não sabemos valorizar o que temos. Não sabemos dar o verdadeiro valor,
estima, não sabemos apreciar o que temos. Estamos sempre comparando a nossa
vida com a dos outros, o que temos com o que o outro tem, e no Reino de Deus
não é assim!
Deus
não faz distinção de pessoas. Ele ama a todos com valor igual; Ele não vai dar
mais a quem trabalhou mais, e o outro porque chegou no fim vai ganhar menos. De
repente, pode até ser que realmente tenha um valor maior aquele que recebeu por
último do que quem trabalhou menos, mas o Pai sabe qual é a necessidade de cada
um de Seus filhos. Quem é pai, quem é mãe, procura ser justo, dar amor igual
para seus filhos, mas eles sabem também qual é a carência que cada filho tem.
Deus
é generoso e não deixa de ser bom com ninguém, Ele sabe quais são as carências
de cada coração humano. O que nós não podemos deixar é que o amor de Deus não
cresça em nosso coração por causa daquele sentimento terrível que Caim teve: a inveja
do seu irmão, Abel, e, por causa disso, o matou.
Nós
matamos a
graça de Deus, nós somos impedidos de crescer como pessoas humanas quando somos tomados pelo
sentimento da inveja. Não se preocupe, a graça de Deus na sua vida vai ser do
tamanho da sua necessidade. Por
isso, não precisamos invejar ninguém, porque Deus é bom para com
todos!
Deus
abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. https://www.facebook.com/rogeraraujo.cn
LEITURA ORANTE
Mt 20,1-16a - A justiça de Deus é diferente da nossa
A justiça de Deus é
oportunidade para todos
Preparo-me para a Leitura Orante,
rezando com todos os internautas:
Espírito Santo que procede do Pai e do Filho,
tu estás em mim, falas em mim,
rezas em mim, ages em mim.
Ensina-me a fazer espaço à tua palavra,
à tua oração,
à tua ação em mim para que eu possa
conhecer o mistério da vontade do Pai. Amém.
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Mt 20,1-16a e observo o ensinamento de Jesus na parábola.
Espírito Santo que procede do Pai e do Filho,
tu estás em mim, falas em mim,
rezas em mim, ages em mim.
Ensina-me a fazer espaço à tua palavra,
à tua oração,
à tua ação em mim para que eu possa
conhecer o mistério da vontade do Pai. Amém.
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Mt 20,1-16a e observo o ensinamento de Jesus na parábola.
Os trabalhadores da
plantação de uvas Jesus disse:
- O Reino do Céu é
como o dono de uma plantação de uvas que saiu de manhã bem cedo para contratar
trabalhadores para a sua plantação. Ele combinou com eles o salário de costume,
isto é, uma moeda de prata por dia, e mandou que fossem trabalhar na sua
plantação. Às nove horas, saiu outra vez, foi até a praça do mercado e viu ali
alguns homens que não estavam fazendo nada. Então disse: "Vão vocês também
trabalhar na minha plantação de uvas, e eu pagarei o que for justo."
- E eles foram. Ao
meio-dia e às três horas da tarde o dono da plantação fez a mesma coisa com
outros trabalhadores. Eram quase cinco horas da tarde quando ele voltou à
praça. Viu outros homens que ainda estavam ali e perguntou: "Por que vocês
estão o dia todo aqui sem fazer nada?" - "É porque ninguém nos
contratou!" - responderam eles.
- Então ele disse:
"Vão vocês também trabalhar na minha plantação."
- No fim do dia,
ele disse ao administrador:
"Chame os
trabalhadores e faça o pagamento, começando com os que foram contratados por
último e terminando pelos primeiros."
- Os homens que
começaram a trabalhar às cinco horas da tarde receberam uma moeda de prata cada
um. Então os primeiros que tinham sido contratados pensaram que iam receber
mais; porém eles também receberam uma moeda de prata cada um. Pegaram o
dinheiro e começaram a resmungar contra o patrão, dizendo:
"Estes homens
que foram contratados por último trabalharam somente uma hora, mas nós
agüentamos o dia todo debaixo deste sol quente. No entanto, o pagamento deles
foi igual ao nosso!"
- Aí o dono disse a
um deles:
"Escute,
amigo! Eu não fui injusto com você. Você não concordou em trabalhar o dia todo
por uma moeda de prata? Pegue o seu pagamento e vá embora. Pois eu quero dar a
este homem, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. Por acaso
não tenho o direito de fazer o que quero com o meu próprio dinheiro? Ou você
está com inveja somente porque fui bom para ele?" E Jesus terminou,
dizendo:
- Assim, aqueles
que são os primeiros serão os últimos(...).
O Senhor convida os trabalhadores,
em horas diferentes: "Vão vocês também trabalhar na minha plantação de
uvas". E a cada um paga o mesmo valor. Ninguém recebeu mais ou menos. Deus
valoriza a todos e distribui seus dons a quem quer e como quer. A recompensa é
igual não porque Deus é injusto, mas porque ele é bom. A recompensa não é
quantitativa. Equivale à dedicação e interesse pelo trabalho. O Reino é sempre
um dom gratuito de Deus.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Não
devo "cobrar" de Deus pelo que fiz em favor dos irmãos. Também não
devo me contentar com o que já fiz. Devo desejar sempre que Deus realize em mim
o seu Projeto. Na Conferência de Aparecida, os bispos disseram:"Quando cresce
no cristão a consciência de pertencer a Cristo, em razão da gratuidade e
alegria que produz, cresce também o ímpeto de comunicar a todos o dom desse
encontro. A missão não se limita a um programa ou projeto, mas é compartilhar a
experiência do acontecimento do encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo
de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade e da Igreja a todos os confins
do mundo (cf. At 1,8)".(DAp 145).
3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo com o canto Venham trabalhar na minha vinha, de Dom Pedro Brito Guimarães.
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo com o canto Venham trabalhar na minha vinha, de Dom Pedro Brito Guimarães.
1.Venham trabalhar
na minha vinha
Dilatar meu Reino
entre as nações
Convidar meu povo ao
banquete
Quero habitar nos
corações.
Unidos pela força da
oração
Ungidos pelo
Espírito da missão
Vamos juntos
construir
Uma Igreja em ação.
2.Venham trabalhar
na minha vinha
Espalhar na terra o
meu amor
Muitos não conhecem
a Boa Nova
Vivem como ovelhas
sem pastor.
3. Venham trabalhar
na minha vinha
Com fervor meu nome
proclamar
Que ninguém se
queixe ao fim do dia
Ninguém me chamou a
trabalhar.
4.Contemplação
(Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é de gratidão a Deus que me ama de forma gratuita e confia em mim para que eu realize com alegria a missão que me cabe.
Palavra que vou repetir muitas vezes: "obrigada, Senhor!"
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp
patricia.silva@paulinas.com.br
Meu novo olhar é de gratidão a Deus que me ama de forma gratuita e confia em mim para que eu realize com alegria a missão que me cabe.
Palavra que vou repetir muitas vezes: "obrigada, Senhor!"
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp
patricia.silva@paulinas.com.br
Oração Final
Pai Santo, dá-nos a
consciência de que tudo é dom do teu Amor e que nos emprestas para ser
desfrutado e partilhado com os peregrinos que andam conosco pelas estradas da
vida. Faze-nos generosos, ternos e misericordiosos. Pelo Cristo Jesus, teu
Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.

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