
Camila Batista da Varano
Bem-aventurada
1458-1524
Bem-aventurada
1458-1524
O príncipe Júlio César de Varano, senhor do ducado
de Camerino, era um fidalgo guerreiro e alegre, muito generoso com o povo e
sedutor com as damas. Tinha cinco filhos antes de se casar, aos vinte anos, com
Joana, filha do duque de Rimini, que completara doze anos de idade. Tiveram
três filhos. Criou todos juntos no seu palácio de Camerino, sem distinção entre
os legítimos e os naturais.
Camila era sua filha primogênita, fruto de uma aventura amorosa com uma nobre
dama da corte. Nasceu em 9 de abril de 1458. Cresceu bela, inteligente,
caridosa e piedosa. Tinha uma personalidade sedutora e divertida, apreciava
dançar e cantar. Tinha herdado o temperamento do pai, motivo de orgulho para
ele, que a amava muito.
Ainda criança, depois de ouvir uma pregação sobre a Paixão de Jesus Cristo, fez
um voto particular: derramar pelo menos uma lágrima todas as sextas-feiras,
recordando todos os sofrimentos do Senhor. Porém tinha dificuldade para
conciliar o voto à vida divertida que levava, quando não conseguia vertê-la
sentia-se mal toda a semana. Mas esse exercício constante, a leitura sobre
mística e o estudo da religião, amadureceram a espiritualidade de Camila, que
durante as orações das sextas-feiras ficava tão comovida que chorava muito.
Aos dezoito anos, já sentia o chamado para a vida religiosa, mas continuava
atraída pela vida e os divertimentos da corte. Quando conseguiu afastar todas
as tentações, pediu a seu pai para ingressar num convento. Ele foi categórico e
não permitiu. Camila ficou sete meses doente por causa disso. Seu pai fez de
tudo, mas ela não desistiu. Após dois anos, acabou consentindo. Assim, aos
vinte e três anos, em 1481, ingressou no mosteiro das clarissas, em Urbino,
tomando o nome de irmã Batista e vestindo o hábito da Ordem.
O príncipe, entretanto, queria a filha próxima de si. Por isso comprou um
convento da região e entregou aos franciscanos, para que o transformassem num
mosteiro de clarissas. O primeiro núcleo saiu de Urbino, trazendo nove
religiosas, entre as quais irmã Camila Batista, como a chamavam, que se tornou
a abadessa do novo mosteiro de Camerino.
Os anos que se sucederam foram de grandes experiências místicas para Camila
Batista, sempre centradas na Paixão e Morte de Jesus Cristo. Escreveu o famoso
livro "As dores mentais de Jesus na sua Paixão", que se tornou um
guia de meditação para grandes santos. Depois ela própria se tornou uma
referência para as autoridades civis e religiosas que procuravam seus
conselhos.
Morreu com fama de santidade, em 31 de maio de 1524, nesse mosteiro. A
cerimônia do funeral se desenvolveu no pátio interno do palácio paterno. Foi
declarada beata Camila Batista de Varano pela Igreja, para ser celebrada no dia
de sua morte.
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