ANO A
Lc 9,1-6
Comentário do Evangelho
É o testemunho que torna presentes as palavras e os gestos de Jesus.
Entre o chamado dos primeiros discípulos junto ao mar da
Galileia e dos Doze sobre a montanha, foi percorrido um longo itinerário que,
para o leitor do evangelho, é difícil mensurar em termos de tempo. Nesse longo
percurso, eles puderam ouvir os ensinamentos de Jesus, experimentar a força e a
eficácia de suas palavras e, igualmente, contemplar os atos de poder de Jesus
que despertavam nas pessoas beneficiadas por eles a força, o gosto e a fé na
vida. Foram testemunhas de que o Senhor vence o mal e liberta o ser humano das
amarras do inimigo da natureza humana. Agora, são enviados e, para levarem a
termo a missão, recebem o poder e a autoridade do Senhor. Trata-se, aqui, do
Espírito Santo, força do alto para o testemunho (At 1,8). É o testemunho que
torna presentes as palavras e os gestos de Jesus. Pelo testemunho se prolonga
na história a missão de Jesus. As recomendações para a missão orientam para o
despojamento e a liberdade diante das coisas, porque a segurança dos Doze deve
estar no Senhor que os envia. As instruções que Jesus dá aos Doze para a missão
visa fazê-los compreender que a preocupação com seguranças pessoais não pode
distraí-los, pois são portadores de uma mensagem que tem incidência decisiva na
vida das pessoas.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, tendo recebido a tarefa de continuar a
missão de Jesus, ensina-me a imitá-lo tanto no modo de ser e de pregar, quanto
na pobreza e na coragem de enfrentar a rejeição.
Vivendo a Palavra
Anunciar o Reino de Deus e curar – foi o mandato
feito aos Doze e é a missão da Igreja no mundo. Por nosso testemunho de vida –
e por palavras, se for necessário – devemos mostrar ao mundo que o Reino de
Deus, que um dia será pleno, já mostra os seus sinais nesta vida: ele está
dentro de nós!
Reflexão
O Evangelho de hoje é uma espécie de "Manual
do Evangelizador". Ele nos mostra que o evangelizador não age em nome
próprio, pois ele não evengeliza por que quer, mas porque é enviado por Deus.
Os poderes que tem para evangelizar não são próprios, são recebidos para serem
usados em uma finalidade própria. Os bens materiais não podem ser um empecilho
para o trabalho, nem podem ofuscar a força do anúncio e do testemunho. A
inserção e a participação na vida das pessoas e das famílias é fundamental. Mas
o mais importante são os dois objetivos que caracterizam o profetismo: a luta
contra toda espécie de mal, que se manifesta na ordem da cura, e a proclamação
da presença do Reino de Deus na vida de todas as pessoas.
Recadinho

Jesus pede o
desprendimento das coisas deste mundo e a confiança nele. Consegue notar este
tipo de desprendimento? Em outra passagem vemos
o caso do jovem rico que não conseguiu aceitar o convite para uma vida de maior
desprendimento. Não é indispensável a renúncia a tudo. Mas também a que leva o
apego exagerado às coisas deste mundo? - Os que se dedicam à missão confiam
realmente na Providência Divina? Nossa comunidade é
generosa e disponível para com quem se dedica ao anúncio do Evangelho? -
Atualmente é muito comum instituir o dízimo em nossas comunidades. Funciona?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
PARTILHANDO A MISSÃO DE JESUS
A missão dos discípulos estava em estreita conexão com a pessoa e a
missão de Jesus. Foi ele quem escolheu os doze apóstolos, entre as pessoas que
o seguiam. Confiou-lhes o mesmo poder e a mesma autoridade que ele mesmo
recebera do Pai. Deu-lhes como missão proclamar o Reino de Deus e curar os
doentes, como ele mesmo fazia.
As instruções dadas aos discípulos, para o bom desempenho da missão,
correspondiam àquelas pelas quais Jesus pautava o seu ministério. Este era
exercido na pobreza. Em momento algum, o Mestre pretendeu impôr-se pela força
da riqueza e do poder. Ele não tinha onde reclinar a cabeça. Dependia da
caridade alheia, em suas andanças. Sabia ter um trato fraterno com as pessoas
que o acolhiam e aos seus discípulos. A família de Maria, Marta e Lázaro era
uma das casas onde ele se sentia entre irmãos.
Também
fez a dura experiência de rejeição. Tanto pessoas, como os mestres da Lei e os
fariseus, quanto cidades inteiras, como Corozaim, Betsaida, Cafarnaum,
Jerusalém, recusaram-se a lhe dar ouvido. Contudo, a atitude hostil dos
habitantes dessas cidades não o dispensava de seguir adiante para cumprir a
missão recebida do Pai. Pelo contrário, ia de aldeia em aldeia, proclamando a
Boa Nova do Reino.
Cabe
ao discípulo seguir pela trilha aberta pelo Mestre, sem se iludir, pensando ter
um fim diferente. A cruz também o espera.
Oração
Espírito de fidelidade à
missão, apesar da perspectiva da cruz, concede-me a graça de levar adiante a
missão de Jesus, com a mesma disposição que ele sempre teve.
(O comentário do
Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese
Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Ó Pai, que resumistes
toda a lei no amor a Deus e ao próximo, fazei que, observando o vosso
mandamento, consigamos chegar um dia à vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
REFLEXÕES
DE HOJE
DIA 24 DE SETEMBRO-QUARTA
Enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os enfermos.
Pai,
tendo recebido a tarefa
de continuar a missão de Jesus,
ensina-me a imitá-lo
tanto no modo de ser e de pregar,
quanto na pobreza e na coragem
de enfrentar a rejeição.
HOMILIA
A MISSÃO DOS
APÓSTOLOS
De dois em dois
como se fossem testemunhas de uma verdade perante o mundo que não a conhecia.
Evidentemente, a verdade era o Reino para o qual deviam se preparar com nova
mentalidade Jesus envia os seus discípulos. A autoridade sobre os espíritos
impuros ou imundos é como o carimbo da divindade ao dominar os que na época se
consideravam seus inimigos e triunfadores na luta entre o bem e o mal. O
triunfo sobre eles indicava que o seu reino estava no fim e um novo reinado
prestes a ser instaurado: o reinado da luz, da verdade e do bem em nome de
Jesus, o representante do Deus vivo. Lucas em lugar paralelo, expressamente
fala de proclamar o reino de Deus. O envio de dois em dois era próprio do
tempo, pelo que dizia respeito aos mensageiros enviados para atestar uma
mensagem. Também podemos ver nessa situação uma oportunidade para o mútuo apoio
em situações difíceis. Jesus, no início de sua escolha, chama de dois em dois
os irmãos pescadores. Os espíritos imundos: cremos que esta autoridade é para fazer
calar os mesmos como Jesus fez na sinagoga de Cafarnaum ou expulsá-los como no
caso da sogra de Simão, pois era considerada essa doença como causada por um
espírito. Os enfermos que curam eram os indispostos, para distingui-los
dos que estavam mal e dos débeis. Não cremos que exista uma diferença real
entre os termos que expressam uma mesma realidade: a doença.
E ordenou a eles de
modo que não tomem para o caminho se não unicamente bordão, nem alforje, nem
pão, nem cobre na cintura. Mas tendo atado as sandálias e não vestissem duas
túnicas. As ordens eram umas positivas: bordão, sandálias e uma túnica.
Coisas necessárias para o caminho, pois nunca se caminhava descalço e um bordão
era necessário tanto para se apoiar naqueles caminhos rudes e difíceis como
arma defensiva contra os bandidos. Uma túnica é o mínimo que devia cobrir um
corpo nu, ou seja, o necessário. As ordens negativas eram: não levar o alforje,
que correspondia não ao cesto onde os judeus carregavam as provisões,
especialmente o pão e vinho em sua peregrinação para Jerusalém, mas ao embornal
dos mendigos que muitos missionários ambulantes levavam em suas missões. Também
impede o dinheiro que era carregado numa bolsa na cintura ou dentro da faixa
com que se atava a túnica ao redor dos rins. O texto fala de cobre, as moedas
mais pobres sem ouro ou prata. Evidentemente com isto queria dizer que não
podiam recolher qualquer dinheiro, nem como pobres, em sua missão.
Lucas diz que
ordenou não tomar nada para o caminho, nem bordões, nem embornal, nem pão, nem
prata, nem duas túnicas por cabeça. Dos textos vemos que não coincidem nos
detalhes, especialmente Mateus para quem o bordão e as sandálias eram tão
descartáveis como os alforjes e a túnica sobressalente. Os enviava com recursos
até menores que, os que tinham os mendigos, os mais pobres, para indicar que
seu trabalho missionário não dependia dos valores humanos, mas da confiança que
a Ele deviam: ao jovem rico manda dar tudo aos pobres para segui-lo. A pobreza
era uma das características de Jesus, que não tinha nem onde reclinar a cabeça.
Pai, tendo
recebido a tarefa de continuar a missão de Jesus, ensina-me a imitá-lo tanto no
modo de ser e de pregar, quanto na pobreza e na coragem de enfrentar a rejeição.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA
Que Deus nos afaste da falsidade e da mentira!
Hoje pedimos ao Senhor que nos afaste de toda e qualquer falsidade e mentira. Tentações das quais devemos correr a vida toda!
“Afasta de mim a falsidade e a mentira, não me dês pobreza nem riqueza, mas concede-me o pão que me é necessário.” (Provérbios 30, 8)
Meditando a primeira
leitura da liturgia de hoje, que está no Livro dos Provérbios, ela nos
conduz a buscar a sabedoria da vida. Primeiro, porque a Palavra de Deus
comprovada é um escudo para quem nela se abriga; é a luz que conduz os nossos
passos e se torna a proteção, o refúgio, a segurança daqueles que colocam no
Senhor a sua confiança.
Essa
mesma Palavra nos inspira a pedir duas coisas importantes para Deus. A primeira
delas é: afastar o nosso coração da falsidade e da mentira. Ninguém suporta
viver no mundo de falsidades, de enganos, de ilusões, do faz de conta, onde
tudo parece bonitinho, bacaninha, legal, mas quando vai se ver, no fundo, é
tudo falso.
Nós
corremos o risco de, muitas vezes, viver de beijinhos e abraços – “Oi! Como
vai? Tudo bem?” Mas, no fundo, odiando-nos e querendo mal a esse ou àquele;
pois não há nenhuma relação de proximidade, não há nenhum bem querer. A
falsidade e a mentira são tentações para toda a nossa vida, das quais nós
devemos correr acima de tudo! É por isso que pedimos ao Senhor, hoje, que
afaste o nosso coração de toda e qualquer falsidade e mentira, sejam elas
pequenas ou grandes. Pois a mentira só coloca a nossa vida no abismo.
Depois,
a segunda coisa nós pedimos ao Senhor é que Ele não nos conceda nem pobreza nem
riqueza, mas nos conceda a justa medida. E aí está a sabedoria, porque se
pedirmos a Deus a riqueza, correremos o risco de cair na vanglória, de ser
muito saciados e nos sentirmos demasiadamente orgulhosos e soberbos. Que
tentação terrível é a pessoa se achar o máximo, que tem tudo, que pode tudo!
Por isso todos os excessos fazem mal!
O
excesso no “ter” é chamado de: riqueza. Por isso, o homem sábio não pede
riqueza para si, mas também não pede a pobreza. Traduzimos a pobreza aqui por:
miséria; ninguém merece isso, nenhum filho de Deus a merece! Porque a pobreza e
a miséria deixam, muitas vezes, o coração revoltado e indignado e podem levar a
pessoa até a se revoltar contra Deus, contra o mundo e contra a sociedade.
A
revolta não faz bem à nossa saúde e ao nosso coração, por isso hoje pedimos a
Deus que nos dê a medida necessária, a justa medida; nem oito nem oitenta; nem
riqueza nem pobreza, mas o suficiente, o necessário para termos uma vida justa
e digna e não sermos pesados a ninguém.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
LEITURA ORANTE
Lc 9,1-6 - Discípulos missionários sem fronteiras
Saudação
- A nós todos, a paz de Deus,
nosso Pai, a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo, no amor e na
comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no
amor de Cristo!
Preparo-me para a Leitura, rezando:
Oração ao Espírito Santo
Espírito Santo, que procede do Pai e
do Filho,
tu estás em mim,
falas em mim,
rezas em mim,
ages em mim.
Ensina-me a fazer espaço à tua
Palavra,
à tua oração,
à tua ação em mim
para que eu possa conhecer
o mistério da vontade do Pai.
Amém.
1. Leitura
(Verdade)
Leio o texto do dia em Lc 9,1-6 e
observo as recomendações de Jesus.
Jesus chamou os
doze discípulos e lhes deu poder e autoridade para expulsar todos os demônios e
curar doenças. Então os enviou para anunciarem o Reino de Deus e curarem os
doentes. Ele disse:
- Nesta viagem não
levem nada: nem bengala para se apoiar, nem sacola, nem comida, nem dinheiro,
nem mesmo uma túnica a mais. Quando vocês entrarem numa cidade, fiquem na casa
em que forem recebidos até irem embora daquele lugar. Mas, se forem mal recebidos,
saiam logo daquela cidade. E na saída sacudam o pó das suas sandálias, como
sinal de protesto contra aquela gente. Os discípulos então saíram de viagem e
andaram por todos os povoados.
Jesus chamou os doze, deu-lhes poder
e autoridade sobre o mal. Deu-lhes também recomendações referentes ao estilo de
vida pessoal e método missionário. Depois, os enviou dois a dois para levar a
mensagem de vida por todos os povoados.
2. Meditação (
Caminho)
- O que a Palavra diz para mim?
Deus quer precisar de nós como
testemunhas da sua graça.
Fomos feitos para ser comunidade
(grupo dos doze) e formar comunidade ( ir às cidades). Isto é ser discípulo
missionário, como nos propõe a Igreja na América Latina, na Missão Continental.
O amor inspira atitudes e gestos com gosto de doação e disponibilidade. Foi
assim com Jesus. Foi assim com os apóstolos. Mais ainda.
Disseram os bispos em
Aparecida: "Para não cair na armadilha de nos fechar em nós mesmos, devemos
nos formar como discípulos missionários sem fronteiras, dispostos a ir "à
outra margem", àquela na qual Cristo não é ainda reconhecido como Deus e
Senhor, e a Igreja não está presente." (DAp 376)
Deve ser assim comigo, com você.
Amar
é estar disposto a nos dedicar a um projeto pessoal para ir ao encontro do
outro que precisa de mim.
3. Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a
Deus?
"É necessário aprender a orar, voltando sempre a aprender esta arte
dos lábios do Mestre", disseram os Bispos no Sínodo, em 2008. Jesus Mestre
nos ensinou a orar e na sua oração está todo o conteúdo da nossa missão. Rezo,
agora, o Pai Nosso, lentamente, observando bem o sentido de cada palavra.
PAI NOSSO
Pai nosso que estais no céu,
santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa
vontade, assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.
4. Contemplação
(Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da
Palavra?
Hoje, quero viver como discípulo/a
missionário/a de Jesus Mestre, pensando nos meus irmãos que precisam de vida.
Nos encontros, e também nos desencontros, se houver, rezarei uma bênção sobre
cada pessoa, como o fez são Paulo:
"Graça e Paz para você! Quando
for visitá-lo, levarei comigo muitas bênçãos de Cristo." (Rm 15,29)
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde.
Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se
compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê
a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso,
Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp
patricia.silva@paulinas.com.br
Oração Final
Pai Santo, infunde em nós
tamanha confiança em Ti que nos esqueçamos dos cuidados que a prudência humana
aconselha: matula e bagagem para a viagem por este planeta-jardim que nos
emprestas para ser cuidado, usufruído e partilhado. Pelo Cristo Jesus, teu Filho
e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.

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