

Ao celebrar os 50 anos
da sessão inaugural do 21º Concílio Ecumênico Vaticano II, a Igreja recorda a
importância do evento eclesial que transcorreu na presença de 2.448 padres
conciliares de todos os continentes com direito a voz e voto.
De acordo com o Prof.
Dr. Fernando Altemeyer Júnior, mestre em Teologia pela Universidade de Lovaina,
na Bélgica e doutor em Ciências Sociais pela PUC – SP, apenas o Brasil enviou
de 11 de outubro de 1962 até 08 de dezembro de 1965, um total de 243 bispos e
prelados para participar das quatro sessões conciliares, acrescidos do trabalho
de nove peritos entre teólogos, biblistas, liturgistas, comunicadores e
canonistas.
Com 16 documentos
publicados, o Concílio Vaticano II abriu caminho para a Igreja cumprir melhor
sua missão nos tempos de hoje. Assim definiu o bispo de Jales (SP), Dom
Demétrio Valentini.
“Uma das tarefas da
celebração do jubileu é tomarmos consciência do quanto o concílio foi benéfico
para a vida da Igreja, e de quanto ele abriu caminho para a Igreja cumprir melhor
sua missão nos tempos de hoje”, afirmou Dom Demétrio.
Para o bispo de Jales,
os frutos mais evidentes do Concílio são percebidas na liturgia, para que
fossem implementadas progressivamente, superando resistências e possibilitando
uma maior participação de todos, como membros da assembleia litúrgica.
O teólogo e filósofo,
padre João Batista Libânio, afirma que a riqueza do Concílio necessita de tempo
para ser assimilada.
Nesse sentido, o
sacerdote jesuíta considera três documentos fundamentais e dos quais brotam as
maiores intuições: Dei Verbum, Lumen gentium e Gaudium et spes.
“A Dei Verbum
estabelece o Primado absoluto da Palavra de Deus. Dado de enorme ressonância
ecumênica. Superou-se a falsa ideia de que para a Igreja católica a doutrina e
os ensinamentos do magistério ocupavam o lugar central. O Concílio afirma a
submissão do Magistério à Palavra de Deus”, destacou padre João Batista
Libânio.
Padre João Batista
Libânio destaca que ‘A Lumen gentium’ relança de maneira brilhante e inovadora
a concepção de Igreja: Povo de Deus.
“Rompe com o forte
acento hierárquico e clerical da era piana. Antes da distinção entre fiel e
hierarquia, está o Povo de Deus no qual todos se igualam pelo batismo. Salienta
que a hierarquia existe como serviço ao Povo de Deus”, acrescentou.
O teólogo explica que
na maneira de pensar o serviço hierárquico, o Concílio valoriza a colegialidade
em tensão com a concentração no Primado romano e amplia a compreensão de
santidade, antes pensada quase como privilégio da vida consagrada.
Para Padre João
Batista Libânio, ‘A Gaudium et Spes’ significa a maior novidade na história dos
Concílios, tratando diretamente da relação da Igreja com o mundo moderno.
“Afasta-se da
concepção negativa de mundo que alimentou a espiritualidade da fuga mundi –
fuga do mundo. Valoriza as realidades terrestres. O fiel cristão se vê
provocado a assumir a vocação laical no mundo e nele anunciar o Reino de Deus
que já se faz presente agora e se consumará além da história”, acrescentou.
Frutos do Concílio
O Concílio Ecumênico
Vaticano II foi um marco para toda a Igreja, momento em que se possibilitou um
melhor diálogo entre todas as Igrejas e também uma maior consciência da vida
missionário, com uma Igreja em estado permanente de missão.
Apesar de muitas
resistências, o Concílio Vaticano II deixou algumas marcas na Igreja:
- Maior contato com a
Sagrada Escritura, na teologia, na liturgia, na piedade, na vida geral dos
fiéis;
- Liturgia mais próxima
da vida, pelo uso do vernáculo, pela simplificação, pelo maior conhecimento por
parte dos fiéis e do clero;
- Maior proximidade
entre clero e leigos;
- Maior participação dos
leigos nos compromissos pastorais e de direção;
- Maior abertura para
problemas, anseios, responsabilidades e direitos da sociedade civil em seus
diversos setores;
Nos dias de hoje a
leitura da bíblia pertence à vida do fiel, aproximamo-nos do melhor do
protestantismo.
“Ao descer até o povo,
o estudo e a meditação da Escritura foram alimentados nos círculos bíblicos.
Com o Concílio, a participação do leigo cresceu na vida interna eclesial. Aí
estão reflexos positivos do espírito colegial que se inicia entre o Papa e os
irmãos no episcopado, depois do clero com o bispo para encontrar na presença
maior do leigo momento de enorme riqueza”, afirmou Padre João Batista Libânio.
Espírito ecumênico
Depois de longos
séculos de dificuldade com as Igrejas evangélicas e outras religiões, nasce
espírito ecumênico e de diálogo inter-religioso nas pegadas conciliares.
“Finalmente, a Igreja,
como Povo de Deus, sente a vocação de fermentar o mundo com sua presença em
verdadeira missão evangelizador’, finaliza Libânio.
http://www.a12.com/vaticano2/riquezas-do-concilio-vaticano-ii/
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