ANO C

Lc 10,38-42
Comentário do
Evangelho
Apelo a dar prioridade à escuta da palavra do Senhor.
O evangelho não apresenta uma oposição entre ação
e contemplação. Neste caso, Jesus daria prioridade à contemplação sobre a ação.
Aqui, a questão é bem outra: trata-se de receber Jesus, e de recebê-lo de
verdade.
Foi Marta quem o recebeu (cf. v. 38). Daí que é
não só precipitado, mas uma má leitura do texto, desqualificar Marta. Jesus
aceita o convite de Marta. Aliás, ele espera ser convidado: “Eis que estou à
porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa
e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3,20). Nós temos sempre uma porta a abrir
para acolher Jesus. A fé em Jesus é hospitalidade – trata-se de recebê-lo em
si, em sua intimidade pessoal e familiar. E recebê-lo bem! Receber bem é deixar
o outro falar e se dispor a ouvi-lo. Frequentemente, há muito barulho à nossa
volta, muito barulho em nós. Escutar alguém exige atenção. Escutar
distraidamente, continuando a fazer as tarefas, é um modo de dizer àquele que
fala que o que ele diz não tem nada de decisivo. Nosso relato tem um valor
simbólico. Ele responde a uma questão fundamental para o cristão: o que é ser,
realmente, discípulo de Jesus? A lição deste episódio é que ele não opõe duas
opções. Ele afirma uma prioridade: escutar, receber uma palavra que se instala
em nós como um hóspede se instala em nossa casa. Nosso texto é um apelo a dar
prioridade à escuta da palavra do Senhor.
Fonte: Paulinas em 08/10/2013
Vivendo a Palavra
O serviço ao próximo deve ser conforme ao seu
desejo, não à vontade de quem o presta. Jesus ia para Jerusalém – Ele sabia que
aquela seria sua última viagem – estava angustiado e desejava companhia, um
ouvido amigo que o escutasse. Marta não soube reconhecer e insistia nas arrumações da
casa...
Fonte: Arquidiocese BH em 08/10/2013
Reflexão
Existem pessoas que se sentem angustiadas diante
do sofrimento de outras pessoas, das injustiças, das carências e necessidades
dos outros e também diante da descrença que existe no mundo de hoje, e, movidas
por essa angústia, se entregam de corpo e alma no trabalho evangelizador,
promocional e assistencial. Porém, todos nós devemos levar em consideração que
o mais importante nem sempre é o que estamos fazendo, mas a motivação pela qual
agimos e a consciência de que, na verdade, somos colaboradores com o próprio
Deus na sua ação de salvação dos homens e que nada podemos fazer por nós
mesmos. Assim, o ativismo é estéril e, além de não atingir seus objetivos, nos
esvazia, enquanto que a mística, o encontro com Jesus, sustenta e dá eficácia
ao nosso agir.
Fonte: CNBB em 08/10/2013
Reflexão
Marta recebe Jesus em casa. Agita-se com muito serviço: representa os
fiéis observantes da Lei. Sua atitude está centrada no fazer. Maria, sua irmã,
senta-se aos pés de Jesus e ouve-lhe a palavra: concentra-se inteiramente no
escutar a novidade do Mestre. Marta censura Jesus por não envolver Maria no
trabalho; quer tirar a irmã do diálogo com ele. É o instinto de posse dos que
observam a Lei: pensam que mandam em tudo. Jesus responde à zanga de Marta com
severa advertência e coloca os valores nos devidos lugares. Marta se envolve
com muitos afazeres. Para Jesus tudo é secundário, menos escutar sua mensagem.
Marta escolhe o que lhe dá mais segurança (casa, observâncias legais), enquanto
Maria escolhe a pessoa de Jesus (cf. Js 13,14). Única fonte de ação frutuosa.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
É fácil dosar ação e contemplação? - Não se corre
o risco de às vezes ficar esperando tudo dos outros? - Será que Jesus não
queria dizer que não era necessário preparar muitos pratos especiais para o
momento? - Seu coração está
sempre pronto para acolher Jesus? - Nossa vida deve ser um misto de oração e
ação. Comente.
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 08/10/2013
Meditando o evangelho
QUEM AGIU CORRETAMENTE?
A experiência de acolhida e hospitalidade na casa de uma família amiga é
um alívio para Jesus, depois dos tristes episódios de rejeição, na sua longa
marcha para Jerusalém. Afinal, a cena evangélica torna-se uma ilustração viva
das diferentes maneiras de acolher Jesus. Marta e Maria expressam duas formas de
acolhimento: por um lado, o serviço generoso; por outro, a escuta atenta. Qual
das duas atitudes apresenta-se como mais conveniente?
O texto evangélico recupera o papel da mulher, na comunidade cristã.
Marta representa o tipo tradicional de mulher, ocupada nas lides domésticas. A
atitude de Maria tem um quê de novidade: ela assume a condição de discípula,
que se coloca aos pés do Mestre para escutá-lo e, posteriormente, torna-se
apóstola do Evangelho. Evangelicamente, só tem sentido escutar a Palavra, se fôr
para colocá-la em prática. Esta é a situação de Maria. Sua escuta não é mero
passatempo, nem puro gesto de deferência a Jesus.
A atitude de Maria corresponde a um avanço em relação àquela de Marta. A
mulher cristã pode também tornar-se apóstola, superando o simples âmbito
doméstico de sua ação. O único pré-requisito é estar em profunda comunhão com o
Mestre, compreender o sentido de suas palavras e esforçar-se para
testemunhá-las com a vida.
(O comentário do Evangelho abaixo é
feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica,
Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Espírito de escuta, predispõe-me para ouvir as
palavras de Jesus, assimilá-las e testemunhá-las com a minha vida.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. SER ou FAZER, eis a questão!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz -
Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Pensei em conversar com Maria ou a própria Marta, mas o Evangelista São
Lucas seria o mais indicado, afinal como autor ele é imparcial na história
dessas duas mulheres.
___ São Lucas, quem ganha essa parada, Marta ou Maria? Está muito claro
que Maria escolheu a melhor parte, será que a reflexão é só isso mesmo?
São Lucas____ Não podemos nos esquecer que o evangelho é uma reflexão
das comunidades onde nós evangelistas estávamos em contato permanente, e é como
uma colcha de retalhos, pegavam uma palavra de Jesus aqui, um relato diferente
acolá, alguma coisa que alguém de outra comunidade falou sobre o fato,
costura-se tudo e se faz o evangelho, sempre inspiração do Espírito Santo, no
chão das comunidades, Palavra de Deus revelada.
___ O Senhor está querendo com isso, dizer o que? Que esse episódio não
ocorreu?
São Lucas____ Quero dizer que o mais importante é prestarmos muita
atenção na reflexão em si, que se tira desse ensinamento do mestre, a reflexão
é a essência, é como uma laranja onde a casca é importante, mas não mais do que
aquilo que está dentro. Ao chupar uma laranja, se você ficar prestando atenção
excessivamente nos detalhes da casca, irá perder o melhor, que são os gomos com
o suco doce.
___ Mas São Lucas, Jesus ia sempre hospedar-se na casa dessas duas
irmãs, que são também irmãs de Lázaro, não?
São Lucas____ Claro que sim, eles formavam a Comunidade Betânia, mas
sendo escrito pós pascal, por trás de Marta e Maria há duas comunidades, isso é
muito claro. Uma dessas comunidades, muito hospitaleira por sinal, havia ao que
parece muitas atividades que hoje chamaríamos de pastorais. Era uma correria
com reunião prá cá, reunião para lá, decisões e encontros, planejamento. Um
ativismo exacerbado.
___ Opa! Parece que o Senhor está falando de nossas comunidades? Ás
vezes é assim também aqui em nosso tempo!
São Lucas ____ E a outra comunidade fazia um pouco menos de todas essas
tarefas, pois tinham como prioridade as celebrações com a escuta da Santa
Palavra, dos ensinamentos de Jesus. Não chegava a ser uma comunidade
contemplativa, mas eram capazes de ficar horas e horas meditando a Palavra e
não se cansavam em ouvi-la.
_____ São Lucas, nem precisa dizer mais nada, agora ficou fácil a
meditação. Pois o Documento 94 das DGAE (Diretrizes Gerais da Ação
Evangelizadora) nos ensina a fazer tudo, A PARTIR DE JESUS. Ele é o ponto
inicial e o ponto final, sem ele, não caminhamos e nem chegamos a lugar nenhum.
Uma Igreja Sacramentalista e Pastoralista parece Marta, que até acolhe, mas
depois prioriza o FAZER em detrimento do SER, e o ideal mesmo é ser como Maria,
primeiro o SER que vem com a Palavra de Jesus que transforma o nosso íntimo,
daí o nosso FAZER será requalificado.
2. Maria escolheu o melhor - Lc 10,38-42
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva,
‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
“Estando em viagem, Jesus entrou num povoado.” Aqui começa a segunda
etapa da viagem de Jesus com seus discípulos para Jerusalém. Cada etapa é
marcada com a indicação da viagem que está sendo feita. Jesus se hospeda na
casa de Marta e Maria. O texto de Lucas nos deixa ver algo da relação existente
entre a vida ativa e a vida contemplativa. As duas juntas retratam a perfeição
da acolhida dada a Jesus pelas duas irmãs. Uma prepara a refeição e a outra dá
especial atenção ao hóspede, que não fica sozinho. Marta é a dona de casa
envolvida com as tarefas domésticas. A atitude de Maria é nova na cultura
hebraica do seu tempo. Ela se senta aos pés do Mestre e escuta a Palavra como
aluna. É mulher, discípula e medita a Palavra. Podemos dizer que a atitude de
Maria joga uma luz sobre a atitude de Marta. A tarefa desenvolvida por Marta
adquire sentido na escuta da Palavra. Sem ela, é mera atividade. Já ouvimos em
Lucas Jesus dizer que sua mãe e seus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de
Deus e a põem em prática. É então a vez de Marta, com sua prática, iluminar a
atitude de Maria, que ouve a Palavra de Deus. Todos os cristãos são chamados à
vida ativa e à vida contemplativa.
Liturgia comentada
Uma mulher o recebeu... (Lc 10,38-42)
Nada mais humano que a hospitalidade! Enquanto os
animais defendem seu território com garras e dentes, a pessoa humana abre sua
tenda ao visitante e lhe oferece o lugar de honra. Os donos da casa chegam a
sair de seu quarto de casal para cedê-lo ao casal amigo.
Foi assim que Abraão acolheu em seu acampamento
os três visitantes de Gênesis 18. Três peregrinos que os Padres da Igreja
identificaram com as três Pessoas da Trindade. De pé, como um garçom, o
patriarca Abraão serviu-lhes o novilho cevado que mandara matar, enquanto Sara,
sua esposa, amassava os pãezinhos de flor de farinha.
Nosso Deus é um Deus Visitante. Bem que ele
poderia ter ficado alheio à humanidade, à semelhança dos aéreos deuses do
Olimpo, alimentando-se de néctar e ambrosia nas altitudes celestes. Mas Deus
desceu, em busca de hospitalidade...
Na Pessoa do Filho, Jesus Cristo, Deus desceu até
o nível do barro adâmico, deixando que uma Mulher tecesse sua carne, célula por
célula. A mesma Mulher que lhe doou seu sangue durante nove meses de gestação.
Como sintetizou São João, no 4º Evangelho, “o Verbo se fez carne e habitou
entre nós”. (Jo 1,14)
Essa “habitação” divina na carne dos humanos
dependeu inteiramente da acolhida que Maria de Nazaré lhe ofereceu, abrindo ao
Filho de Deus o seu corpo e o seu coração. A Mãe de Deus nos dá o exemplo
acabado de acolhida ao Deus que nos visita.
Na casa de Betânia, lar de Lázaro, Marta e Maria,
nas imediações de Jerusalém [6km], Jesus sempre passava dias de descanso,
fazendo uma pausa em sua cansativa peregrinação. Neste Evangelho, as duas irmãs
o acolhem de modo diferente: Marta, a prática, vai para a cozinha, pois os
hóspedes precisam comer; Maria, a mística, senta-se aos pés do Visitante, pois
ele quer alimentar-se de suas palavras. Aposto que Jesus valorizou uma e
outra...
Não percamos tempo discutindo qual das duas agiu
melhor. Há coisa mais urgente a ser decidida: de que modo vamos acolher Jesus
em nossa vida? Pois ele continua sendo um Deus Visitante e espera por nossa
resposta: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir
a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele
comigo”. (Ap 3,20)
Orai sem cessar: “Visita-me, Senhor, com teu auxílio
salvador!” (Sl 106,4)
Texto de Antônio
Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Fonte: Arquidiocese BH em 08/10/2013
Oração Final
Pai Santo, dá-nos generosidade para colocarmos à disposição
dos irmãos tudo o que temos e somos, mas ensina-nos, também e antes de tudo, a
gentileza de ouvirmos atentamente os desejos e angústias dos nossos próximos.
Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 08/10/2013

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