ANO C

18º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ano C – Verde
“A vida de um homem não consiste na abundância de bens.” Lc
12,15
AGOSTO — MÊS
VOCACIONAL
Primeira Semana:
VOCAÇÃO PARA
OS MINISTÉRIOS ORDENADOS PADRES, DIÁCONOS E BISPOS
Lc 12,13-21
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Irmãos e
irmãs, formamos o Corpo do Senhor, reunido para dar graças ao Pai, por Jesus,
no Espírito Santo. Deus é nossa única riqueza, e sua presença entre nós nos
abre para a convivência fraterna e para a partilha dos bens. Agradeçamos ao
Senhor o dom do ministério ordenado em sua Igreja, rezemos pelos nossos bispos,
padres e diáconos e também para que o Senhor envie santas vocações.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE
DEUS: Irmãos
e irmãs, formamos aqui o Corpo do Senhor, reunido para dar graças ao Pai, por
Jesus, no Espírito Santo. Deus é nossa única esperança e em quem depositamos
nosso futuro. Ele é nossa única riqueza, e sua presença entre nós nos abre para
a convivência fraterna e para a partilha dos bens, pois reconhecemos que tudo o
que somos e o que temos é dádiva de Deus. Nesta Eucaristia agradeçamos ao
Senhor o dom do ministério ordenado em sua Igreja, rezemos pelos nossos bispos,
padres e diáconos e também para que o Senhor envie santas vocações.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Uma das
necessidades fundamentais do homem é a segurança. Ele procura, apaixonada e
necessariamente, um fundamento estável onde apoiar sua existência. Ora, um
movimento tão antigo quanto o home é o dos que escolhem, como pedra fundamental
da própria vida, as coisas, o dinheiro. O homem que escolhe o dinheiro como
fundamento de sua vida se torna homem sozinho, homem alienado, escravom, pois o
dinheiro transforma-se em prisão. Cristo não escolheu o caminho do poder para
fazer justiça, porque sua missão não é fazer justiça pelo caminho do poder.
Cristo retoma acima de tudo o ensinamento da sabedoria humana, traduzindo-o na
parábola do rico insensato. A meditação da morte liberta o homem de uma ilusão,
uma primeira libertação das coisas. O dinheiro é necessário para o sustento e o
salário é sua recompensa pelo esforço, mas o dinheiro não deve jamais ser colocado
como fundamento da própria vida.
CHAMADO QUE RESPEITA A LIBERDADE
Deus respeita em sua integridade o homem e quando chama uma alma
a seu serviço, em seu solene poder, nem a violenta, nem a intoxica, mas, com a
paciência e amor que em sua revelação podemos contemplar em Jesus, deixa-a
quase andar à deriva ou ao sabor das circunstâncias normais que trazem consigo
esses processos e situações, e que em seus altos e baixos mal controlados
poderiam inclusive determinar a decisão fundamental da alma e comprometer seu
desígnio.
Há muitos jovens que Deus, nosso Senhor, preparou amorosamente
desde toda a eternidade para que sejam sacerdotes; há muitos jovens que Deus
chamou para serem sacerdotes; mas nem todos correspondem ao chamado de Deus,
porque o chamado de Deus não implica o esmagamento da liberdade da pessoa
humana; Deus sempre deixa a liberdade de segui-lo ou não segui-lo. Cada jovem
chamado ao sacerdócio é livre, absolutamente livre; cada um deles pode
responder a Deus: sim ou não.
Deus chama a cada jovem ao sacerdócio para que ele responda;
chama a cada um, como pessoa. E a resposta a Deus é uma resposta pessoal. Nunca
posso me escusar na falta de generosidade dos outros para justificar minhas
atitudes. No caso de que os demais não viverem o cristianismo, de não se
entregaram com entusiasmo ao trabalho apostólico, eu não tenho nenhum motivo para
ficar atrás… Já dizia a Bíblia: ‘Ainda que caiam dez mil à tua direita e dez
mil à tua esquerda, tu segue adiante’.
A missão de cada sacerdote é clara e precisa: a santidade
urgente! Temos por vocação que nos esforçar para adquirir a consciência de que
hoje e amanhã ensinaremos nossos irmãos como ser santos. Alter Christus (Outro
Cristo): glorificador do Pai e salvador de almas.
SEJA VOCÊ TAMBÉM UM SACERDOTE!
Papa Francisco
EM CADA COMUNIDADE, UMA VOCAÇÃO
Com o primeiro Domingo de Agosto, abrimos no Brasil o mês das
vocações, dedicado inteiramente à reflexão sobre as vocações na Igreja e à
oração para que “o Senhor da messe envie operários à sua messe”. A vocação é o
chamado que Deus faz para viver uma missão e para colaborarmos na sua obra e na
difusão do seu reino no mundo.
Referimo-nos, especialmente, à vocação ao sacerdócio, à vida
consagrada religiosa e missionária, à vocação para o casamento e a formar uma
família cristã. Mas Deus também chama a desempenhar diversos serviços dentro da
comunidade da Igreja, em função da evangelização, da caridade e do testemunho
profético. Deus não chamou ninguém à vida, sem lhe dar uma missão: cabe a cada
um descobrir o dom recebido.
A vocação se manifesta mediante o diálogo interior com Deus, que
chama, e a pessoa, que procura discernir sobre o chamado e responder com
generosa fidelidade. O importante é que cada um faça o discernimento sobre o
chamado e a missão que lhe confia. As crianças e jovens precisam ser ajudados a
se confrontarem com a questão vocacional, desde cedo; ninguém deveria avançar,
vida afora, sem ter clareza a respeito da própria vocação.
Em nossa Arquidiocese, de maneira especial, precisamos retomar a
pastoral das vocações em cada paróquia e comunidade. O despertar de vocações é
sinal de amadurecimento na fé e de generosidade das comunidades católicas. A
ausência de vocações numa paróquia deve preocupar e levar a se interrogar sobre
os motivos: por que não surgem vocações numa comunidade? Talvez falte falar e
rezar pelas vocações. Vocações surgem onde existe um clima de intensa e
fervorosa vida cristã.
Jesus mandou rezar pelas vocações: “pedi ao Senhor da messe que
envie operários à sua messe”. Deus sabe que precisamos de sacerdotes,
religiosos e missionários. Mas se Jesus mandou pedir pelas vocações, certamente
é porque Deus envia vocações somente se as desejamos e valorizamos. O Papa São
João Paulo II ensinou que “a vocação é a resposta de Deus providente a uma
comunidade orante”. Por isso, neste mês de agosto, de maneira especial, rezemos
pelas vocações sacerdotais, religiosas e missionárias. E que isso se torne um
hábito constante na vida de todos os católicos.
A partir deste ano, lanço um apelo a todas as paróquias e
comunidades de nossa Arquidiocese: “em cada comunidade, uma vocação”. Pelo
menos, uma! E convido a todos os católicos a participarem.
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
Comentário do Evangelho
A falta de diálogo
Muitas vezes, e com relativa frequência, o editor
da Bíblia vernácula atribui títulos às perícopes, ou unidades literárias, que
não só não ajudam como induzem o leitor a erro de interpretação. É bem o caso
do trecho do evangelho deste domingo.
Geralmente, esta parábola tem sido
intitulada “Parábola do rico insensato”. A palavra “insensato” só aparece no v.
20; ademais, seria empobrecer a mensagem da parábola pensar que o problema do
personagem consiste unicamente na acumulação de bens e numa maneira de possuir
mais, totalmente estranha à fé em Deus. A parábola tem alcance muito maior. O
verbo “dizer” é repetido várias vezes (vv. 17.18.19), num monólogo do
personagem único, solitário e sem próximo. Esta observação, e se é necessário,
pode nos levar a intitular a parábola deste modo: “O esquecimento fatal do
diálogo”.
Esquecimento do diálogo com Deus, no que concerne
ao rico proprietário (vv. 16ss), e do diálogo entre os dois irmãos
acerca da partilha dos bens (vv. 13-14). O v. 15 faz a transição entre o
pedido de arbitragem de um dos irmãos e a parábola.
A palavra traduzida por “ganância”, no v. 15, em
grego exprime uma vontade de ter superioridade, um desejo de poder: “... pois
mesmo que se tenha muitas coisas, a vida não consiste na abundância de bens”
(v. 15).
Isto significa que a riqueza não impede a morte
inesperada. A abundância, o ter, pode substituir Deus. Ao invés de nos fazer
disponíveis, essa facilidade ou abundância é em que nós confiamos, de fato.
Isto é uma ilusão: eu creio possuir, mas, de fato, eu sou possuído! O
importante é a nossa maneira de possuir, isto é, o papel que tem no nosso ser
profundo o que nós possuímos.
Resumidamente, a parábola nos faz perguntar: Você
é por ou contra Deus? É esta a questão posta ao rico: “E para quem ficará o que
acumulaste?” (v. 20). Cabe a nós, diante do Senhor, respondermos também a isto:
O que é que me enriquece de bens que não se contabilizam, mas modelam meu
rosto, num olhar sobre o mundo, sobre os outros e sobre mim mesmo?
Carlos
Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, preserva-me do apego exagerado às riquezas,
as quais me tornam insensível às necessidades do meu próximo. Que eu
descubra na partilha um caminho de salvação.
Fonte: Paulinas em 04/08/2013
Vivendo a Palavra
A idéia que atravessa os textos de hoje é a
fugacidade dos bens do mundo. Desde o Eclesiastes, passando por Paulo e
florescendo na parábola de Jesus, somos advertidos para que trabalhemos pelos
bens que não enferrujam e os ladrões não roubam, mas que permanecem para a
Vida eterna.
Fonte: Arquidiocese BH em 04/08/2013
VIVENDO A PALAVRA
A ideia que atravessa os textos de hoje é a
fugacidade dos bens do mundo. Desde o Eclesiastes, passando por Paulo e florescendo
na parábola de Jesus, somos advertidos para que trabalhemos pelos bens que não
enferrujam e os ladrões não roubam, mas permanecem para a Vida eterna.
Reflexão
FAZEI MORRER O QUE EM VÓS PERTENCE À TERRA
“A acumulação de riquezas e a ostentação estão
deturpando os valores das coisas e das pessoas. Em um mundo no qual o dinheiro
é mais valorizado que os sentimentos, a aparência também acaba sendo mais
importante que a essência”, nota o autor Roberto Shinyashiki no seu bestseller
“Heróis de Verdade”. Neste livro, ele esclarece que o mundo de hoje deu mais um
passo (para trás, no fim de contas): antes, as pessoas procuravam a todo custo
ter, mas “como a cada dia está mais difícil ter, muitas pessoas passaram a
buscar maneiras de parecer ter”. Esta cobrança para obter sucesso a todo custo
criou uma multidão que se sente perdedora, mas que, apesar disto, prefere
seguir adiante levando uma vida mergulhada na aparência. Estas pessoas
“cobram-se ser bem-sucedidas financeiramente, mas, como nem sempre conseguem
isso, começam a comprar coisas que demonstrem ser pessoas de sucesso”,
fazendo dívidas impagáveis e se sentindo cada vez mais vazias.
A liturgia deste Domingo nos faz reflectir
acerca da atitude que assumimos perante os bens deste mundo: o ter, o poder, o
parecer. Indica que eles não podem ser os deuses que dirigem a nossa vida; e
nos convida a descobrir e a amar outros bens, os do alto, que dão verdadeiro
sentido à nossa existência e que nos garantem a vida em plenitude.
Tem razão o livro do Eclesiastes quando diz:
“vaidade das vaidades, tudo é vaidade”; onde a palavra hebraica para vaidade
seria bem melhor traduzida por fugacidade, efemeridade, pois indica aquilo que
é vão, inútil, sem solidez nem duração e não propriamente o sentido de
ostentação e vanglória como é mais usado hoje. Toda riqueza, luxo, excessiva
segurança depositada nos bens materiais não só passa, mas enquanto dura não nos
garante de jeito nenhum uma vida com sentido. Sem contar o fato de que quem
gasta a vida acumulando riquezas é uma pessoa sem paz por ter que defender a
cada momento os seus bens dos mal intencionados e de amizades
interesseiras: “Nem mesmo de noite repousa seu coração”.
É! O Eclesiastes tem toda a razão. Entretanto,
também é verdade que o dinheiro e os bens de consumo, pelo fato mesmo que
existem, têm uma certa importância na nossa vida: como poderíamos viver o
quotidiano, comer, vestir-se, se não os tivéssemos?Eles têm a sua utilidade,
não devem descartados. A questão, então, é qual o papel que eles exercem na
nossa vida.
Paulo, na segunda leitura de hoje, escrevendo
aos Colossenses, nos convida à identificação com Cristo: isso significa
deixarmos os “deuses” que nos escravizam e nos revestirmos do Homem Novo e nos
comportarmos como tal: “irmãos, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto,
onde está Cristo. Afeiçoai-vos às coisas celestes e nãos às terrestres”. Não
tanto o dinheiro em si, mas o acúmulo deste já é resultado de uma série de
vícios que devem ser evitados: “imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a
cobiça, que é idolatria”.
Mesmo sendo tão forte hoje a ideologia do
capitalismo selvagem neoliberal que promete todos os paraísos possíveis;
Lucas, no Evangelho de hoje, com a parábola do rico insensato nos assegura
que a riqueza não garante a segurança da pessoa humana nem a sua felicidade.
O ensinamento de Jesus parte de uma desavença
entre dois irmãos por causa de uma herança. Talvez se tratasse do irmão mais
jovem que quisesse a sua parte para usá-la de modo independente. Em tais
situações, se recorria logo a um rabino que devia esclarecer o problema. Jesus
rejeita totalmente realizar esta função, já que seu ponto de vista é totalmente
diferente do daquele jovem. Mas, aproveita a ocasião para ensinar sobre a justa
relação que o homem deve ter para com os bens materiais. Ainda hoje na nossa
sociedade as brigas por herança mostram um forte desejo de possuir, e muitas
vezes conduzem a inimizades que duram toda a vida. Talvez seja por isso que
Jesus adverte fortemente contra a ganância. “Atenção! Cuidado contra todo tipo
de ganância, porque mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem
não consiste na abundância de bens”. O ter não é o valor mais alto, pelo qual
tudo deva ser sacrificado. Com a parábola, Jesus quer mostrar o quanto pequeno
seja o valor dos bens terrenos e como o apegar-se a eles se demonstre um
cálculo errado. Tão errado que Jesus chega a chamar quem age assim de “louco”.
Esqueceu o que realmente dá sentido à existência. De que adiantou tanto
esforço daquele homem se naquela noite morreu?
O sentido da vida não é o comodismo, mas o
amor; realmente o trabalho dignifica o homem e não a preguiça; mas esse
trabalho não encontra sentido no acúmulo de coisas materiais, mas na partilha.
Sem dúvida, a vida terrena depende dos bens materiais, mas não pode ser
assegurada nem conseguir o seu cumprimento por meio deles. Para sermos ricos
diante de Deus, temos de ter estima pelas coisas do alto, onde está a nossa
meta e onde queremos chegar. O resto é puro acréscimo.
Sacerdote de Lisboa
Reflexão
O ACÚMULO QUE EMPOBRECE
O evangelho deste domingo questiona nossa
realidade socioeconômica brasileira: a concentração da riqueza nas mãos de
poucos. O desejo de acumular se faz presente em homens e mulheres. Todos, ou
quase todos, queremos sempre mais. A sede de possuir parece não ter fim. Jesus
não despreza nem contesta a riqueza em si, mas a forma como é vista, usada e
concentrada.
Diz certo ditado registrado nos muros de nossas
cidades: riqueza partilhada é adubo de vida abundante para todos, e riqueza
concentrada é sinal de morte para muitos. O ditado tem fundamento: quando a
riqueza é distribuída, favorece a vida de toda uma nação; ao passo que, quando
está concentrada e não é investida ou aplicada, muitos acabam passando
necessidades. A preocupação dos governantes deve ser justamente se empenhar para
que a riqueza seja distribuída e favoreça a vida de todos, e não apenas de uma
minoria.
Para muitos, o dinheiro é tudo – por crerem que
sem ele não se pode fazer nada. “O dinheiro dá ao homem a segurança, a
possibilidade de fazer tudo. Desencadeia-se então o mecanismo da acumulação; o
dinheiro nunca é demais, torna-se idolatria. Quando o dinheiro se torna o
próprio deus, está-se disposto a tudo para obtê-lo. A sede do dinheiro opõe o
homem ao homem. Se cada um procura ter mais, o outro se torna concorrente a
superar ou a eliminar” (Missal Dominical, p. 1.196).
O papa Paulo VI dizia: “A busca exclusiva do ter
forma um obstáculo ao crescimento do ser e opõe-se à sua verdadeira grandeza:
tanto para as nações como para as pessoas, a avareza é a forma mais evidente do
subdesenvolvimento moral” (PP 19).
A atual crise que o mundo está atravessando
consiste numa “crise de ambição”: os países ricos, obedientes à lógica da
acumulação e da busca do máximo de bem-estar e prazer, enquanto muitos afundam
na miséria, de repente veem suas seguranças cair por terra. Essa crise pode ser
vista como um “sinal dos tempos”, o qual deve ser lido à luz do evangelho.
Fonte: Paulus em 04/08/2013
Reflexão
Rumo
a Jerusalém e rodeado de grande multidão, Jesus é procurado por alguém que lhe
pede ajuda numa questão de herança com o irmão. O Mestre responde que não veio
para resolver questões de heranças de famílias. Ele não deseja ser juiz
conciliador, mas companheiro que quer ajudar a entender e apontar os motivos
que levam ao empobrecimento e aos conflitos entre as pessoas. Com isso, Jesus
não quer se omitir diante da injustiça que favorece a concentração da riqueza
em favor de poucos e, por outro lado, joga muita gente na miséria. A parábola a
seguir vem justamente para contestar a concentração da riqueza e mostra que
isso é loucura ou insensatez diante de Deus. Por trás da concentração, da não
partilha, estão a ganância do acúmulo e a perda do sentido da vida. Cuidado com
todo tipo de ganância, pois a vida não é garantida por causa dela, diz Jesus.
Esse homem é “louco, insensato”, pretende tornar-se absoluto, pensando ter
garantido a vida por muitos anos, mas a vida é dom de Deus e ele não se deixa
comprar por riqueza alguma. Quando a riqueza não é dividida, ela acaba
provocando divisão entre pessoas “mais importantes” e “menos importantes”.
“Ilusão das ilusões, tudo é ilusão”, diz o Eclesiastes (Ecl 12,8).
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
Você se preocupa em primeiro lugar com as coisas
do Reino de Deus? - Você se lembra sempre de colocar tudo nas mãos de Deus? -
Como você reage diante dos bens materiais? É muito apegado a eles? - Você se
considera rico(a)? Em que consiste sua riqueza? - Você compreende que os bens
têm um fundo social? - Como se sente vendo tantas injustiças?
Padre Geraldo Rodrigues,
C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário em 04/08/2013
Meditando o evangelho
PRECAUÇÃO CONTRA A COBIÇA
O Evangelho é toda uma lição de desapego e de liberdade diante dos bens
deste mundo, como também de partilha fraterna do que se possui. Esta postura
decorre da maneira como se considera o Reino na vida do discípulo. O apego
exagerado às riquezas denota uma forma de idolatria, que redunda no menosprezo
de Deus e na opção por valores contrários aos dele. Portanto, a opção
evangélica vai na contramão da cobiça e da avareza.
Com este pano de fundo, entende-se a estranheza de Jesus diante da solicitação
do indivíduo, que o pedia para intervir numa questão de divisão de herança. A
missão do Mestre não comportava ser mediador neste tipo de problema. Antes, sua
preocupação consistia em precaver as pessoas da busca desenfreada de bens,
iludidos de poderem chegar a ser felizes, à custa da abundância de riqueza. A
posse de bens não é, necessariamente, fator de realização para o ser humano!
A parábola contada por Jesus pode ter-se baseado num fato conhecido de
seus ouvintes. O Mestre enriqueceu-o com elementos que ajudam a interpretá-lo.
O homem rico gastou toda a sua vida acumulando bens. Sua ambição não tinha
limites. Quando pensou ter ajuntado o suficiente, imaginou que tinha chegado a
hora de beneficiar-se de sua fortuna. Enganou-se! Foi colhido pela morte, tendo
de prestar contas a Deus. É impossível enganar-se quanto à sorte eterna de quem
jamais pensou em partilhar. Sendo rico para si mesmo, o homem era paupérrimo
diante de Deus.
O discípulo do Reino deve precaver-se desta loucura!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da
FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Espírito que ensina a compartilhar, purifica meu coração de toda cobiça
e avareza, e ensina-me a partilhar tudo quanto recebi de Deus.
Comentário
SER RICO PARA DEUS
I. INTRODUÇÃO GERAL
A liturgia de hoje ensina a vaidade da riqueza.
Para que tanto trabalhar, se nada podemos levar e devemos deixar o fruto de
nosso trabalho para outros (primeira leitura)? Os pais arrecadam, os filhos
aproveitam, os netos põem a perder… No evangelho, Jesus ilustra essa realidade
com a parábola do homem que chegou a assegurar sua vida material, mas na mesma
noite iria morrer…
Neste presente domingo, o acento cai no desapego
dos “tesouros” terrenos. Nos próximos domingos, veremos que isso é apenas um
lado da mensagem. O verdadeiro tesouro é o que depositamos junto a Deus por
meio da solidariedade que praticamos para com os seus filhos, especialmente os
pobres. Como lema para a liturgia da Palavra e a homilia, pode-se pensar numa
frase como “ser rico para Deus”, “onde está teu tesouro, aí estará teu coração”
ou “a riqueza passa, Deus não passa nunca”.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS
BÍBLICOS
1. I leitura (Ecl 1,2; 2,21-23)
“Para que riqueza e saber?”, eis a pergunta do
Eclesiastes (Coélet), de autoria de um filósofo judeu versado também no
pensamento do mundo grego, lá por volta do ano 300 a.C., quando a Palestina
estava sendo absorvida pelo império de Alexandre Magno, que espalhou a cultura
grega por todo o Médio Oriente.
A literatura do Antigo Testamento geralmente
demonstra apreço e gratidão pela vida. Prova disso é a primeira página da
Bíblia, o hino da criação (Gn 1). O Eclesiastes, porém, parece demonstrar certo
ceticismo. Ataca o leitor com perguntas inoportunas: Que é o homem? Por que
existe? Aonde vai? Para que servem a riqueza e o saber, dificilmente alcançados
e tão facilmente perdidos na hora da morte? É como um vento que passa,
“vaidade”. Que sobra? Essas perguntas nos preparam para valorizar o “tesouro
junto a Deus” de que fala o evangelho.
Quando os negócios vão bem, é difícil aceitar o
questionamento do Eclesiastes. Ele insiste no vazio das riquezas deste mundo,
não só as riquezas financeiras, mas também o poder e o saber. O judaísmo
apreciava bastante a riqueza, vendo nela uma recompensa de Deus (a assim
chamada “teologia da retribuição”). Porém, uma obra mais ou menos contemporânea
do Eclesiastes, o livro de Jó, põe em xeque a ideia de que a riqueza e a honra
sejam recompensas por uma vida justa: Jó era um justo e recebeu o contrário da
riqueza e do poder. Com base nisso, o livro de Jó nos abre ao mistério de Deus,
que nos transcende (Jo 38,1-42,6). Eclesiastes, por sua vez, expõe lucidamente
a precariedade das riquezas financeiras e culturais. Mas não conhece a visão de
Jó, nem propõe alternativa ao tradicional pensamento judaico, nem vê outra
riqueza que mereça nosso empenho. Por isso, apregoa uma fruição prudente e um
comportamento sem problemas e sem perspectiva maior.
2. Evangelho (Lc 12,13-21)
Em contraste com o desejo de se realizar na
riqueza e no bem-estar materiais, Jesus, no evangelho, ensina-nos a nos tornar
ricos aos olhos de Deus. Lc 12,13-34 traz sentenças de Jesus sobre pobreza e
riqueza. A vida não depende do poder aquisitivo (12,15). A palavra de Jesus é
boa-nova, antes de tudo, para quem não depende da riqueza material: o pobre
(cf. Mt 5,3; Lc 6,20). Onde está o tesouro de alguém, aí está o seu coração (Lc
12,34). Herança, sucesso, safra… não livram o homem do perigo maior, o de endurecer-se,
de romper a comunhão com os irmãos e com Deus. Quem liga para esses “tesouros”
é um bobo (12,20). Assim é quem adora a sociedade do consumo. Embora talvez
frequente a Igreja, no fundo não se importa com Deus (cf. Sl 14[13],1).
Possuído por suas posses (cf. Tg 4,13-15), o homem já não percebe o que Deus
lhe quer mostrar. O contrário disso, porém, a doação, a comunhão e tudo que daí
procede nos garantem um tesouro junto a Deus.
Basta uma boa crise financeira para a gente se
lembrar da precariedade dos tesouros deste mundo, mas nem todos aprendem a
lição… A cena que o evangelho conta é bem típica: uma briga de irmãos por causa
da herança. Querem que Jesus resolva a questão (como os cristãos de família
tradicional que chamam o padre para resolver problemas familiares). Jesus,
porém, não mostra interesse por isso, sua missão é outra. Que adiantaria, para
o reino de Deus, impor a esses dois irmãos uma solução que, provavelmente, não
os reconciliaria? Para Jesus interessa que a pessoa se converta aos valores do
Reino. Por isso, ele narra a parábola do rico insensato, o qual, depois de uma
boa safra, achou que poderia descansar para o resto da vida e viver do que
recolhera. (Coitado! Na mesma noite Deus viria reclamar sua vida…) Não que
Jesus critique o desejo de viver decentemente; antes denuncia a mania de
depositar a esperança nas riquezas desta vida, perdendo a oportunidade de
reunir tesouros (= o que se deposita para guardar) junto a Deus.
As riquezas não são um mal em si, mas desviam
nossa atenção da verdadeira riqueza, a amizade de Deus, a qual alcançamos pela
dedicação a seus filhos (nesse sentido, convém completar a parábola de hoje por
aquela do rico avaro e Lázaro, Lc 16,19-31).
3. II leitura (Cl 3,1-5.9-11)
Em continuidade com a segunda leitura de domingo
passado, Paulo nos expõe hoje a vida nova em Cristo. A vida nova do cristão é
morrer e corressuscitar com Cristo. A comunhão com ele não é só para a vida
futura; já somos nova criação em Cristo, embora ela esteja ainda escondida em
Deus, como o próprio Cristo. Mas essa vida nova já age, e sua configuração já
está definida. Para isso, o velho homem deve morrer, não por uma mortificação
que diminui a dignidade humana,
mas pela vida nova na comunhão. Isso é que nos garante um tesouro junto a Deus.
O evangelho nos ensina a rever os critérios de
nossa vida. Precisamos acreditar que nossa existência é diferente daquilo que o
materialismo nos propõe. A segunda leitura nos fornece uma base sólida para tal
fé. Corressuscitados com Cristo, devemos procurar as coisas do alto: o que é de
valor definitivo, junto a Deus. E isso não está muito longe de nós. Nossa
verdadeira vida é Cristo, que está “escondido” junto a Deus, na glória que se
há de manifestar no dia sem fim. Se essa é nossa vida verdadeira, embora escondida,
ela determina nosso agir desde já. Em vez de buscar interesses próprios (Cl
3,5.7 faz o elenco destes), devemos buscar o que é de Deus (3,12-17,
continuação da presente leitura). Nossa vida já é dirigida por critérios
diferentes, embora sua figura definitiva ainda não seja visível. Por isso, o
cristão é incompreensível para o mundo. Ele mesmo, porém, deve compreender e
sondar a precariedade dos “tesouros” deste mundo. Por ser assim “diferente”,
ele será rejeitado; portanto, precisa de uma fé sólida na autêntica vida – a de
Cristo ressuscitado e de todos os verdadeiros batizados, sem distinção (Cl
3,11).
Será que isso significa desprezo pelo mundo? Não.
Nem teríamos o direito de desprezar o que Deus criou. É apenas uma questão de
realismo: importa saber onde está a vida verdadeira, o sentido último de nosso
existir, e relativizar o resto em função dessa vida verdadeira. Esta é a do
Filho de Deus. Nós a partilhamos se nos dedicamos à vontade do Pai em tudo. E
essa vontade é o amor para com nossos irmãos. O amor nos engaja muito mais
neste mundo do que a busca de riquezas e de saber ilustrado.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
Riqueza insensata: Quem é materialista (“materialista
prático”, ainda que tenha teorias altamente espirituais), no fundo, só quer
conhecer os prazeres do mundo. Para ele, o ensinamento de Jesus é indigesto.
Nem por isso esse ensinamento deixa de ser verdadeiro. Não levamos nada daqui.
As riquezas materiais não têm valor duradouro nem podem ser o fim último ao
qual o ser humano se dedica.
Talvez o consumismo de hoje tenha isto de bom:
lembra-nos essa precariedade. O produto que compramos hoje já sairá de moda
amanhã, e depois de amanhã já nem haverá peças de reposição para consertá-lo!
Nossa nova TV estará fora de moda antes de terminarmos de pagar as prestações…
Por outro lado, esse consumismo é grosseira injustiça, pois gastamos em uma só
geração os recursos das gerações futuras. Se as coisas valem tão pouco, melhor
seria não as comprar e voltar a uma vida mais simples e desprendida. Poderia
até sobrevir, como consequência, uma recessão econômica, mas também haveria
menos necessidade de dinheiro para ser gasto…
A caça à riqueza material é um beco sem saída. A
razão por que se insiste em produzir sempre mais é que os donos do mundo lucram
com a produção, sobretudo das coisas supérfluas que enchem as prateleiras das
lojas. Para vendê-las, criam e excitam nas pessoas a necessidade de possuí-las,
mediante a publicidade na rua, no jornal, na televisão. Quando então as pessoas
não conseguem adquirir todas essas coisas, ficam irrequietas; quando conseguem,
ficam enjoadas; e nos dois casos surge mais uma necessidade: a psicoterapia…
A “sabedoria do lucro” é injusta e assassina.
Leva as pessoas a desconsiderar os fracos. Um presidente deste nosso país
chegou a dizer que “quem não pode competir não deve consumir”… O sistema do
lucro e do desejo sempre mais acirrado precisa manter as desigualdades, pois
parte do pressuposto de que todos querem superar a todos. Tal sistema é
“intrinsecamente pecaminoso”, disseram os papas Paulo VI e João Paulo II.
Ser rico não para si, mas para Deus. Não amontoar
riquezas que, na hora do juízo, serão as testemunhas de nossa avareza,
injustiça e exploração (cf. Tg 5,1-6), mas riquezas que constituam a alegria de
Deus!
Não adianta muito discutir se a produção tem de
ser capitalista ou socialista, enquanto não se tem claro que o ser humano não
existe para a produção, e sim a produção para o ser humano. O qual, se for
sábio, tentará precisar dela o menos possível. Usá-la-á para fazer amigos que o
“recebam nas moradas eternas” (Lc 16,9).
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no
Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e licenciado em Filosofia
e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Leuven (Lovaina).
Atualmente é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Entre
outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se
fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A
- B - C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas
suas origens e hoje.
Fonte: Vida Pastoral em 04/08/2013
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O verdadeiro Tesouro
(O comentário do Evangelho abaixo é feito
pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata –
Votorantim – SP)
Certamente que as dúvidas de um desempregado, aposentado ou
assalariado, são outras, bem diferentes do homem que protagoniza o evangelho
desse domingo. Enquanto os primeiros se perguntam como irão sobreviver e pagar
tantas contas, o segundo está com uma dúvida cruel: onde irá armazenar o trigo,
que produziu muito mais do que o esperado... Será que vale a pena derrubar os
celeiros e fazer outros maiores para armazenar a produção excedente?
Segundo a lógica capitalista que prioriza o lucro e o
patrimônio, nem é preciso pensar duas vezes, seria uma burrice não
investir. Mas segundo a lógica do evangelho, e a linha de raciocínio de um
sábio chamado Coélet, é uma grande perda de tempo correr atrás da felicidade,
pensando que ela está nas riquezas que este mundo pode oferecer, pois tudo é
vaidade, conclui o sábio. Jesus por sua vez, não faz nenhum discurso inflamado
contra o capitalismo, ou contra os grandes latifundiários que monopolizam a
economia, para decepção dos que querem uma revolução, ele apenas constata o
terrível engano que cometem os que depositam toda sua segurança e felicidade,
apenas nos bens deste mundo.
De fato, podemos imaginar a frustração e o terror que se apodera
do coração de um homem, que chegando de maneira consciente ao derradeiro
instante de sua vida, descobre que passou toda sua existência acumulando
riquezas, que na verdade não passavam de quinquilharias sem valor, perto do
tesouro inestimável do amor e da graça que em Jesus o Pai ofereceu ao mundo. E
o que é pior, tudo isso vai ficar para trás, nenhum centavo irá com ele, e
outros que talvez nem trabalharam irão usufruir do seu capital.
Ele bem que poderia ter investido no verdadeiro tesouro,
partilhando seus bens e sua riqueza com os pobres, poderia ter feito para os
empregados uma forma de participação nos lucros, dando aos mesmos esta alegria,
poderia quem sabe, ter investido forte no social, não apenas de uma maneira
mesquinha, visando incentivo fiscal ou isenção tributária,, mas com o objetivo
verdadeiro de melhorar as condições de vida de tantas pessoas. Poderia ainda
ter gerado novos empregos, elaborar uma política salarial digna e séria, onde
os empregados pudessem crescer e dar mais conforto á família, e não apenas
oferecer alguns míseros percentuais para repor a inflação. Isso também vale
para os governantes, que muitas vezes colocam a saúde e o social em segundo
plano.
Quantas bênçãos para o patrimônio de uma empresa ou nação, Deus
envia do céu, quando se coloca a vida do ser humano em primeiro lugar, e não os
seus interesses políticos, ou os seus gordos lucros! Mas não!
Nada disso fez este homem, que preferiu relacionar-se de maneira
possessiva com seus bens: “MEU trigo, MEUS celeiros”, armazenar, acumular,
ganhar mais para ter um lucro ainda maior, em nenhum momento ele fez planos que
incluíssem a família, a mulher e os filhos, em nenhum momento ocorreu-lhe a
ideia de ajudar seus empregados.
O fim de tal homem será terrível! Não porque Deus irá se vingar
mandando-o para as profundezas do inferno, mas sim porque, como já o dissemos,
na última hora vai “cair à ficha” descobrirá amargurado, que viveu de
maneira egoísta, o remorso e o arrependimento lhe baterão no coração, e a dor
por estar longe de Deus e do seu reino, será eterna e insuportável! Isso é o
inferno! Esse homem durante a sua vida não conseguiu se descobrir como um Filho
de Deus, vocacionado ao amor, que partilha que é generoso e solidário com os
que não têm. Uma partilha que não pode ser imposta pelo poder de alguma lei,
mas ditada por um coração transbordante de amor, esta é a razão porque Jesus se
recusa a interferir em uma briga de irmãos na disputa de uma herança.
Na verdade este homem perdeu toda a sua existência correndo
atrás do brilho falso e ilusório das riquezas materiais, cultuando o deus
dinheiro e fazendo das grandes magazines as imponentes catedrais de
adoração ao poderoso deus do consumo, permanecendo no “Homem velho”, não se dando
conta que a ressurreição de Jesus marcou uma “virada” definitiva na vida do
homem, que precisa sim dos bens deste mundo para viver, mas que em seu coração
só busca as coisas do alto onde está a verdadeira glória e o mais valioso de
todos os tesouros da terra.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim
– SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
2. Guardai-vos da ganância
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por
Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e
disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
“Caminhando entre as coisas que passam, possamos abraçar as que
não passam.” Esse pedido fazemos a Deus no início do Advento. E no vigésimo
primeiro domingo do Tempo Comum, na Oração do dia, pedimos que, “na
instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as
verdadeiras alegrias”. Tudo é passageiro, tudo é vaidade. “Vaidade das
vaidades, tudo é vaidade.” Não é sem importância, mas é passageiro. Agarre -se
no que é permanente, no que fica depois que tudo passa.
Jesus nos orienta a tomar cuidado com a ganância. A vida não
consiste na abundância de bens. Os bens deste mundo não irão conosco quando
partirmos para a casa do Pai. Não levaremos nada no bolso. Nossos bens irão à
nossa frente e estarão à nossa espera na porta do céu. São os amigos que fizemos
com os bens deste mundo, partilhando e socorrendo quem precisava. São eles os
tesouros que nos tornaram ricos aos olhos de Deus. Aquele que precisa não é
necessariamente alguém maltrapilho que vive na rua. Este certamente precisa da
nossa presença de alguma forma. Necessitado pode ser alguém sem rumo, que não
sabe que decisão tomar. Pode ser alguém que sempre esteve bem, mas hoje está
com dívidas. Pode ser alguém que teve seus negócios desorientados pelas
circunstâncias econômicas do país. Pode ser também um doente e um preso que
gostariam da nossa visita. Ressuscitamos com Cristo e olhamos para o alto sem
deixar de ver o que acontece neste mundo.
Quando São Paulo escreve aos Colossenses que quem ressuscitou
com Cristo cuida das coisas do alto e não das coisas da terra, ele se refere às
realidades passageiras e às que não passam. A realidade que não passa e
permanece para sempre e traz a verdadeira alegria é a caridade feita às irmãs e
aos irmãos necessitados. Paulo também nos orienta a sermos coerentes e
transparentes na sexualidade e na ganância, evitando a mentira. Nossa vida não
pode ser uma mentira, porque fomos batizados e nos tornamos nova criatura.
Cristo, que é tudo, está em todos nós.
O evangelista São Lucas preocupa-se com os bens deste mundo
enquanto eles podem dificultar nossa caminhada para Deus e nossa realização
humana. Precisamos das coisas materiais, mas não podemos estar presos a elas,
numa dependência que nos levaria a corromper a qualidade do nosso
relacionamento humano. No relato do Evangelho, dois irmãos estavam brigando por
causa de uma herança.
A Igreja trabalha pela justiça social, para que todos tenham os
bens necessários para a vida humana. Não ter o suficiente desequilibra a nossa
vida e nos torna gananciosos pela necessidade. Ter demais também desequilibra a
vida e aumenta a ganância. O melhor é sentir-se livre diante de todas as coisas
materiais e partilhar com os mais necessitados o que temos.
REFLEXÕES
DE HOJE
04 de Agosto-DOMINGO
VEJA
AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO
HOMILIA DIÁRIA
A vaidade não preenche
Por que andamos na vida
tantas vezes preocupados, ansiosos, nervosos, ou achamos que a nossa vida
muitas vezes perde o sentido? É porque vaidade não preenche.
“Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade
das vaidades! Tudo é vaidade” (Ecl 1,2).
A primeira leitura desse 18º Domingo do Tempo
Comum, serve como referencial para nós, até para podermos entender realmente
aquilo que Jesus veio nos ensinar.
Nós passamos praticamente a vida inteira
correndo atrás de vaidades. Eu digo a você que vaidade é aquilo que vai, não é
aquilo que permanece. Nós nos preocupamos muito com o superficial, nos
preocupamos demais com as aparências, em adquirir bens, em ganhar isso e
aquilo… E não temos o cuidado devido com a alma, com o espírito.
Não cuidamos devidamente em aplicar na nossa
vida os princípios divinos, os princípios do Evangelho.
E por que andamos na vida tantas vezes
preocupados, ansiosos, nervosos, ou achamos que a nossa vida muitas vezes perde
o sentido? É porque vaidade não preenche. Vaidade é só ilusão, fantasia,
máscara!
E você sabe: depois que passa o baile, depois
que passa o uso dessas fantasias todas, nós caímos em si e percebemos que nada
disso nos preencheu.
Que bom que muitos podem perceber isso ao longo
da vida. Alguns só conseguem perceber no final dela. E outros nem têm tempo de
perceber que passou a vida perdendo a vida, jogando a vida fora, vivendo a vida
como se ela fosse uma coisa muito curta, passageira, e não dando sentido a ela.
Por isso, São Paulo nos diz na segunda leitura: “Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo,
esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita
de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres” (Cl 3,1-2).
Sabe, a gente gasta a vida toda preocupado em
acumular isso e aquilo, procurando acumular fortunas, deixar tantas coisas… E
nada disso permanece. Se você quer deixar um bem incomensurável, que jamais a
terra poderá roubar de você, nem quando você partir dessa vida para o encontro
definitivo com a eternidade, deixe valores. Deixe realmente uma vivência de
vida que seja exemplar. O resto? Tudo perece, tudo passa. O que permanece é
aquilo que fizemos de bem para os outros.
Que Deus abençoe você.
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e
colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 04/08/2013
Oração Final
Pai Santo, que o teu Espírito nos inspire o valor
verdadeiro dos bens deste mundo que nos emprestas. Que não façamos
deles fins em si mesmos, mas que saibamos usá-los para a partilha com
os irmãos que colocaste em nosso caminho. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso
Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 04/08/2013
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que o teu Espírito nos inspire o
valor verdadeiro dos bens deste mundo que nos emprestas. Que não façamos deles
fins em si mesmos, mas que saibamos usá-los para a partilha generosa com os
irmãos que colocaste em nosso caminho. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso
Irmão, na unidade do Espírito Santo.

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