13 de Abril de 2014
ANO A

Opcional
Comentário do
Evangelho
Jesus é o servo obediente de
Deus.
Com o domingo de Ramos e da paixão do Senhor tem início a Semana
Santa. Com a primeira e a segunda leituras, a ideia inicial a se ter presente é
que Jesus é o servo obediente de Deus; obediência que o Senhor aprendeu pelo
sofrimento. Toda a vida de Jesus é movida pela escuta de Deus, escuta que o
sustentou ao longo de toda a sua vida; escuta que fez com que ele não
esmorecesse diante da traição, do sofrimento e da morte. A segunda consideração
nos vem do relato da paixão: Jesus é traído por um dos seus, que partilhou com
ele a vida e a fé. Mas não somente um o traiu; todos os seus discípulos também
o fizeram, pois negar e abandonar é também trair. Não tiveram a coragem de
permanecer com o Senhor que eles diziam amar. Noutro evangelho, Pedro,
porta-voz do grupo dos discípulos, dirá que a palavras de Jesus continham a
vida eterna, lhes fazia experimentar a força da vida de Deus (cf. Jo 6,67-68).
Mas naquele momento de dor não conseguiram permanecer fiéis àquele que era a
Palavra encarnada do Pai. É do interior do próprio grupo dos discípulos que se
dá a traição. Que dor pode ser maior que a traição e o abandono? A espada mais
cortante do que a que feriu a orelha do servo do centurião é a traição, pois
essa atinge a confiança, o coração. Uma terceira consideração é que Jesus é o
inocente condenado injustamente à morte. A inveja é o motivo da condenação e
morte de Jesus. A inveja não é racional; como toda paixão que afeta o coração
do ser humano, ela é irracional. Dominado pela inveja, o ser humano age
perversamente buscando eliminar quem quer que seja. Pilatos, diz o evangelho,
sabia da inocência de Jesus e do motivo sórdido pelo qual ele foi entregue, mas
por razões políticas a sua decisão partilhou da injustiça dos que acusavam e
entregaram Jesus à morte. Na paixão, Jesus permanece praticamente calado. O
silêncio do Senhor denuncia a maldade daqueles que o condenam à morte. O
silêncio de Jesus revela também a sua compreensão de que no desfecho dramático
da sua existência terrena se realiza o desígnio de Deus. O silêncio é sinal de
sua entrega nas mãos do Pai. Jesus sofre, se angustia, mas nem uma coisa nem
outra o faz desistir de realizar a vontade de Deus. Ao contrário, do alto da
cruz, ele faz a sua entrega definitiva: “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu
espírito”.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai,
ajuda-me a descobrir, na morte de Jesus, um testemunho consumado de sua
liberdade, e de fidelidade a ti e ao teu Reino.
Vivendo
a Palavra
Diante do relato
da Paixão de Jesus Cristo, só nos resta guardar um silêncio profundo. Nosso
entendimento não alcança a grandeza do gesto; nosso coração não é capaz de
retribuir tamanho amor; nossas pobres palavras não traduzem nossa gratidão ao
Pai Misericordioso pelo dom inefável do seu Filho.
Recadinho

Quando
nossas forças estiverem por desfalecer, olhemos para Cristo carregando a cruz
por amor a nós. Nele busquemos forças para seguir seu caminho!
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
A MORTE DE
CRUZ
A morte de cruz correspondeu ao ponto mais
baixo e ao ponto mais alto do projeto messiânico de Jesus e de sua relação com
os que escolhera para estar com ele. Os discípulos, de qualquer tempo e lugar,
ver-se-ão confrontados com ela. Será inútil querer desviar-se dela.
A
morte de cruz reduziu Jesus à condição de maldito de Deus. As próprias
Escrituras consideravam maldição a morte por enforcamento e, por extensão, por
crucificação. Paulo dirá que Jesus se fez maldição para nos libertar.
Poderiam
os discípulos esperar algo de um Mestre suspenso na cruz? Onde ficava seu
projeto de Reino? Como entender tudo quanto fizera e ensinara, se era maldito
de Deus? Por conseguinte, a cruz despontou como sinônimo de fracasso.
O
reverso da moeda revela uma realidade bem diversa. A cruz foi a prova
definitiva da mais absoluta fidelidade de Jesus ao Pai. Tentado das mais
variadas maneiras a trilhar um caminho diferente, manteve-se fiel ao projeto
divino, mesmo à custa da própria vida. Quando se tratou de optar entre a fidelidade
ao Pai, com todas as suas conseqüências, e as tentações de um messianismo
mundano, carregado de glória e de reconhecimento, Jesus não teve dúvidas: optou
pela fidelidade. Sua morte estava em perfeita consonância com a sua vida.
A morte de cruz, lida nesta perspectiva, dá um
sentido novo à vida de Jesus. O fracasso receberá o nome de fidelidade, e a
impotência chamar-se-á liberdade.
Oração
Pai, ajuda-me a descobrir,
na morte de Jesus, um testemunho consumado de sua liberdade, e de fidelidade a
ti e ao teu Reino.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado
neste Portal a cada mês)
Oração
Deus eterno de
todo-poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o
nosso salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o
ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória. Por Nosso Senhor
Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
http://www.domtotal.com/religiao/meu_dia_com_deus/evangelho_dia.php?data=2014-4-13
REFLEXÕES DE HOJE

DIA 13 DE ABRIL – DOMINGO
DOMINGO, 13 DE ABRIL DE 2014
Liturgia de 13.04.2014 - Domingo de Ramos
A voz do Pastor - Domingo de Ramos
13/04/2014
3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações como a Via-sacra:
VIA-SACRA (diante de um crucifixo)
1. Jesus é condenado à morte por Pilatos (Mt27,26)
A cada estação, faço um momento de silêncio e depois rezo:
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
2. Jesus carrega a sua Cruz (Mt 27,31)
3. Jesus cai pela primeira vez
4. Jesus encontra a sua Mãe
5. Jesus recebe ajuda de Simão para carregar a Cruz (Mt27.32)
6. Verônica enxuga o rosto de Jesus
7. Jesus cai pela segunda vez sob o peso da Cruz
8. Jesus fala às mulheres de Jerusalém (Lc 23,27)
9. Jesus cai pela terceira vez sob o peso da Cruz
10. Jesus é despojado de suas vestes (Mt 27,35)
11. Jesus é pregado na Cruz
12. Jesus morre na Cruz (Mt 27,50)
13. Jesus é descido da Cruz (Mt 27,59)
14. Jesus é sepultado (Mt27,60)
15. Jesus ressuscitou (Mt 28,5).
Termino, fazendo com muita consciência o sinal da cruz:
"Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".
4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é de amor para Jesus e de pedido de perdão por todas as traições que hoje ele sofre no mundo quando as pessoas se deixam vender.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp
REFLEXÕES DE HOJE

DIA 13 DE ABRIL – DOMINGO
4 - Sigamos a Cristo, vivendo intensamente esta Semana Santa -
Frei Aloísio Antônio de Oliveira OFV Conv
VEJA AQUI MAIS HOMILIAS
PARA O PRÓXIMO DOMINGO
13 de abril – DOMINGO DE RAMOS
Por Celso Loraschi
I. INTRODUÇÃO GERAL
O domingo de Ramos
marca o início da Semana Santa. O conteúdo das leituras bíblicas deste domingo
diz respeito à missão do Servo sofredor. Contra todo triunfalismo, Deus age na
história, revelando seu plano de amor por meio das vítimas do poder. O
movimento profético do Segundo Isaías, em pleno exílio da Babilônia,
caracteriza os exilados como o “Servo sofredor”, amado por Deus. Especialmente
nos quatro cânticos do Servo, o povo sofredor é retratado como “veículo” da
bondade salvadora de Deus. No terceiro cântico, texto deste domingo, o povo
quebrantado já não opõe resistência à voz de Deus; torna-se seu discípulo,
assume o caminho da não violência e confia no socorro do Senhor (I leitura). A
comunidade cristã contempla Jesus como o Servo sofredor, que, assumindo a
perseguição, a condenação, a paixão e a morte que lhe impõem os seus inimigos,
revela a plenitude de seu amor pela humanidade em total confiança no socorro de
Deus Pai (evangelho). Jesus “se despojou de sua condição divina, tomando a
forma de escravo… Abaixou-se e foi obediente até a morte sobre uma cruz” (II
leitura). A celebração do domingo de Ramos constitui momento propício para
manifestar gratidão a Deus pelo seu amor sem limites e para refletir sobre
nossa responsabilidade no mundo de hoje de nos empenhar, a exemplo de Jesus,
pela causa da vida de todos, conforme refletimos ao longo desta Quaresma.
II. COMENTÁRIO DOS
TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura
(Is 50,4-7): O Servo sofredor, discípulo de Deus
O movimento
profético do Segundo Isaías surtiu efeito junto ao povo oprimido no exílio da
Babilônia. Sua atuação se deu nos últimos anos do exílio, ao redor de 550 a.C.
Após um período de prostração e desesperança, o povo vai recuperando o ânimo,
especialmente com a perspectiva da volta para a terra prometida. Os quatro
cânticos do Servo sofredor refletem o rosto dos exilados em seu processo de
construção da esperança. Nessa caminhada, Deus manifesta sua presença amiga e
consoladora.
O texto de hoje
corresponde aos primeiros versículos do terceiro canto do Servo sofredor. São
palavras portadoras de muita fé e confiança em Deus. O Servo revela sua
disposição de ouvir os apelos divinos e demonstra ter consciência da missão
especial que Deus lhe dá. É a imagem do povo que não se sente abandonado, mas
protegido e conduzido pelo Senhor. Essa certeza o leva a manter a cabeça
erguida, resistir e perseverar mesmo no meio da incompreensão, das injúrias e
das agressões dos inimigos. Tem a profunda convicção do socorro que vem de
Deus. Por isso, tem a postura própria das pessoas pacíficas, a ponto de
oferecer as costas aos que batem e o rosto aos que arrancam a barba.
O povo sofredor,
Servo de Deus, está firme e confiante; manifesta total autonomia perante os
poderosos que o oprimem. Essa situação foi conquistada mediante a intervenção
divina. Foi Deus quem abriu os ouvidos do seu Servo amado a fim de que pudesse
ouvi-lo numa atitude de discípulo; foi Deus também quem lhe “deu a língua de
discípulo para que soubesse trazer ao cansado uma palavra de conforto”. As
pessoas servas de Deus, tanto ontem como hoje, demonstram firmeza e
determinação em profunda solidariedade com os abatidos e cansados. Elas
assumem, na liberdade e na confiança, a missão de espalhar no meio do povo o
fermento novo da justiça. Sua fidelidade à missão alicerça-se na escuta atenta
e renovada da palavra de Deus “de manhã em manhã”.
2. Evangelho
(Mt 26,14-27,66): Jesus, o Servo de Deus
Esse longo texto
nos introduz no clima espiritual da Semana Santa, quando acompanhamos o
processo de condenação e morte de Jesus. Ele é por excelência o Servo sofredor
que, mesmo abandonado pelo seu grupo íntimo, incompreendido e ultrajado,
permanece fiel à sua missão.
O processo envolve
a traição de Judas, um dos doze. Ele negocia a entrega de Jesus por 30 moedas,
o valor de um escravo naquela época. Apesar de Jesus conhecer a decisão que
Judas tomou, e sabendo também da tríplice negação de Pedro, não os exclui da
ceia em que institui a eucaristia, sinal de sua presença viva nas comunidades e
de sua plena doação pela vida do mundo. Judas vai arrepender-se de seu ato, mas
não consegue superar o remorso. Prefere dar fim à vida. Diferentemente vai ser
a atitude de Pedro, que, reconhecendo sua covardia, se arrepende e “chora
amargamente”.
O relato ressalta a
humanidade de Jesus em profundo sofrimento, no lugar do Getsêmani. Na sua total
solidão, derrama sua alma diante do Pai, em quem pode confiar plenamente.
Manifesta-lhe toda a sua fraqueza, pede-lhe socorro e dobra-se à vontade
divina, mantendo-se firme na decisão de concluir sua tarefa com todas as
consequências. Os discípulos, que deveriam vigiar com Jesus e apoiá-lo nessa
hora de extrema dor, preferem abandonar-se ao sono.
Jesus passou a vida
fazendo o bem, fiel à missão que recebera do Pai. Sua fidelidade confronta-se
com os grupos de poder, concentrados na capital, Jerusalém. O grupo da elite
religiosa pertencente ao Sinédrio mantinha seu poder à custa da exploração do
povo empobrecido, legitimando suas posturas com interpretações interesseiras da
Sagrada Escritura. Apesar de anunciarem a vinda do Messias, conforme as
Escrituras, não podiam conceber que essa promessa se cumpriria na figura de
alguém despojado de poder e solidário com os fracos e pequeninos. Não só isso:
Jesus não adotou a mesma maneira dos rabinos de interpretar a palavra de Deus e
toda a tradição de Israel. Seu lugar social era outro. E, por isso, era outro o
modo de conceber as coisas. Enquanto a teologia oficial, com base no sistema de
pureza, excluía da salvação as pessoas “impuras”, Jesus revela aos “impuros” o
seu amor prioritário e oferece-lhes a salvação divina.
O Sinédrio, a
instância religiosa judaica central para julgamento das pessoas suspeitas de
crimes e de violações da Lei, procura achar um motivo convincente para condenar
Jesus. Após muitos falsos depoimentos, apresentaram-se duas testemunhas (número
mínimo necessário para a condenação de uma pessoa suspeita) que, também falsamente,
depõem contra Jesus, dizendo que ele pregava a destruição do Templo. Foi motivo
suficiente: Jesus mexera com o que havia de mais sagrado. Era por meio do
Templo que o Sinédrio alimentava o seu poder.
As autoridades
judaicas, porém, não tinham o poder de condenar uma pessoa à morte. Por isso,
Jesus é levado à instância política ligada ao império romano. Pilatos é o seu
representante. Nada percebe em Jesus que possa condená-lo. Até sua mulher lhe
manda dizer que, em sonho (considerado o meio pelo qual Deus se manifesta), lhe
fora revelado que Jesus era uma pessoa justa. Enfim, o inocente Jesus, por
pressão da elite judaica, vai ser condenado. Pilatos lava as mãos e, no lugar
de Jesus, solta Barrabás, acusado de assassinato.
A partir daí, Jesus
vai sofrer toda espécie de humilhação. É a figura de um escravo sem defesa,
entregue às mãos dos zombadores. É desnudado, vestido com um manto vermelho,
coroado de espinhos, com um caniço na mão direita, e cuspido no rosto; enquanto
lhe batem na cabeça, é saudado como “rei dos judeus”, uma das acusações que o
levarão à condenação. Simão Cireneu é requisitado para ajudar Jesus a carregar
a cruz, pois ele se encontra muito enfraquecido. Quando crucificado, lançam-lhe
injúrias, pedindo-lhe que salve a si próprio, já que anunciou a destruição do
Templo, outra acusação no seu julgamento.
Eis o Servo
na cruz, considerado “maldito de Deus”, conforme declara o texto do
Deuteronômio (21,23). Porém, em seu sofrimento e em sua morte, paradoxalmente,
manifesta-se a total solidariedade com os sofredores e realiza-se a redenção da
humanidade. O véu do Templo se rasga de cima a baixo: o Santo dos Santos fica
exposto. A morte de Jesus “liberta” Deus, aprisionado pelo sistema religioso
excludente. A morte de Jesus ressuscita os mortos. Sua morte resgata a vida de
todos. Nessa mesma hora, é reconhecido pelo centurião e pelos guardas como
“Filho de Deus”.
3. II leitura
(Fl 2,6-11): Jesus se fez Servo
Esse hino
cristológico, que Paulo insere em sua carta aos Filipenses, é uma das primeiras
formulações de fé das comunidades cristãs. Constitui um caminho essencial da
espiritualidade cristã. O caminho, na verdade, é o próprio Jesus, que desceu
livremente até o ponto mais baixo, tornando-se o último. O rebaixamento (quênose)
se dá em quatro degraus: de sua divindade assume a condição humana, torna-se
escravo, sofre a morte e morte de cruz. Esvazia-se totalmente de qualquer
dignidade; reduz-se a nada.
Esse processo de
aniquilamento, que Jesus livremente aceitou, denuncia toda espécie de poder.
Renunciou não somente à sua condição divina, mas também aos próprios direitos
naturais de uma pessoa comum. Como escravo, perdeu todas as possibilidades de
defender-se das acusações injustas e, por isso, foi condenado e morto como
“maldito”. Desse ponto mais baixo possível, é elevado pelo Pai ao ponto mais
alto. Por causa de sua obediência e humilhação até as últimas consequências,
foi exaltado por Deus, recebendo “o nome que está acima de todo nome”.
O rebaixamento de
Jesus revela sua solidariedade radical com os últimos da sociedade, com aquelas
pessoas sem valor, desprezadas, excluídas e descartadas. Conduziu sua vida não
para a realização de seus interesses próprios. Não veio em busca de honra e glória;
veio, sim, como servidor voluntário das pessoas necessitadas. Esse Jesus que se
fez escravo nos convida ao seu seguimento. É o nosso Mestre. Ele é Deus e
Senhor de todas as coisas. A ele dobramos nossos joelhos e prestamos homenagem,
juntamente com toda a criação.
III. PISTAS PARA
REFLEXÃO
– Deus chama o povo
que sofre. Ele demonstra sua presença amiga e lhe dá força e consolo. Garante-lhe a
volta à terra da paz e da liberdade. É o que meditamos na primeira leitura.
Deus conta com as pessoas que se sentem fracas e injustiçadas. Enche-as de
confiança e firmeza. São suas servas na construção de um mundo novo. Para isso,
dá-lhes ouvido e coração de discípulos. Alimenta-as diariamente com sua
palavra. Como servos de Deus, mesmo no meio de dificuldades e sofrimentos,
somos chamados a erguer a cabeça e encorajar os que estão abatidos e sem
esperança. Deus nos sustenta com a Palavra e com a eucaristia na caminhada para
uma nova terra.
– Jesus é o Servo
de Deus que se entrega para a vida do mundo. O domingo de Ramos é o
início da caminhada de Jesus em sua entrega total pela causa da vida plena de
toda a humanidade. Entra em Jerusalém, aclamado pelo povo. É perseguido,
aprisionado e condenado pelos que não aceitam a sua proposta de amor. Permanece
firme como Servo de Deus e do povo. Sua fidelidade nos trouxe a salvação. Nesta
Semana Santa, ao acompanharmos Jesus em seu caminho de sofrimento e morte,
somos convidados a rever como estamos sendo fiéis à sua proposta. Ele nos
preveniu: “Quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz e me siga”.
– Jesus se fez o
último para elevar a todos. Com liberdade, escolheu a condição de
Servo, denunciando toda forma de dominação. No mundo em que vivemos, alguns
procuram concentrar o poder e os bens, rompendo com os princípios da igualdade,
da justiça e da fraternidade. Nós, como discípulos missionários do Senhor,
recebemos a missão de denunciar todas as situações que prejudicam a vida e
escolhemos o serviço mútuo como caminho de transformação do mundo. Relacionar
com o tema da CF-2014.
Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com
Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos
Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
Domingo de Ramos e
da Paixão do Senhor
13 de abril de 2014
BENDITO O QUE VEM
EM NOME DO SENHOR!
Primeiro Evangelho: Mt 21,1-11;
Primeira Leitura: Is 50,4-7
Salmo: 21 (22)
Segunda Leitura: Fl 2.6-11
Segundo Evangelho (paixão): Mt 6,14-27,66
Situando-nos
brevemente
‘’Na hora conveniente, reúne-se a assembleia num lugar apropriado
fora da igreja, trazendo os fiéis ramos nas mãos. O celebrante abençoa os
ramos. É proclamado o evangelho da entrada de Jesus em Jerusalém. Precedida
pela cruz, a assembleia se dirige em procissão, cantando salmos e hinos de
louvor a Cristo-Rei, para a igreja na qual se celebra a Eucaristia’’ (Missal Romano-Domingo de Ramos da
Paixão do Senhor- p.220).
Gesto simples. Aparentemente óbvio e previsto nas normas do missal para organizar a celebração do Domingo de Ramos da Paixão do Senhor. Na realidade, com linguagem simbólica própria da liturgia, este rito nos introduz, de maneira espontânea, no Mistério Pascal de Cristo, e nos faz vislumbrar nossa participação vital no mesmo. O rito, abrindo a celebração do Domingo de Ramos e de toda a Semana Santa da Páscoa, marca, de fato, seu movimento interior.
Bento XVI destacou a importância de participar, de maneira consciente e ativa, da celebração da liturgia, deixando-nos envolver pela linguagem simbólica dos ritos: ‘’Importante para uma correta arte da celebração é a atenção a todas as formas de linguagem previstas pela liturgia: palavras e cantos, gestos e silêncios, movimento do corpo, cores litúrgicas dos paramentos. Com efeito, a liturgia, por sua natureza, possui uma tal variedade e níveis de comunicação que lhe permite cativar o ser humano na sua totalidade’’ (exortação apostólica Sacramentum Caritatis, n. 40 [2007]).
Esta chamada da atenção de Bento XVI, vale, de modo particular, para promover a autêntica participação nas celebrações da Semana Santa, tão ricas de ritos, profundamente enraizados na consciência do povo, e de sua religiosidade tradicional.
Ao se reunir, a assembleia, como primeiro ato, proclama e escuta o evangelho da entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, cumprimento da aliança de Deus com seu povo, segundo as profecias dos profetas de Israel. Em resposta, o povo se põe a caminho, seguindo a cruz do Senhor. Continuará seguindo Jesus em seu caminho pascal, através de cinco significativos movimentos, ao longo das celebrações da Semana Santa, tendo seu olhar fixo ‘’ em Jesus, que vai à frente da nossa fé e a leva a perfeição. Em vista da alegria que o esperava, suportou a cruz, não se importando com a infâmia, e assentou-se `a direita do trono de Deus’’ (Hb 12,2). Os cinco movimentos quase marcam as etapas de todo caminho de fé, que encontra seu modelo no itinerário pascal.
O primeiro movimento é a procissão dos ramos atrás da cruz do Senhor: em Jesus crucificado a assembleia reconhece e proclama o vencedor da morte e o guia do seu caminho.
O segundo acontece na Sexta- feira santa, quando, ao celebrar a Paixão do Senhor, a assembleia desfila em procissão parahonrar e beijar com devoção e amor, a cruz que está elevada diante de si: a cruz é transformada de patíbulo em árvore da vida e trono da glória de Cristo.
O terceiro movimento anima o início da solene Vigília Pascal. A assembleia se põe a caminho do Círio Pascal, única luz nas trevas da noite e, ao acender as próprias velas no mesmo círio, se deixa iluminar pela luz de Cristo ressuscitado. É na luz de Cristo que os fiéis aprendem a enfrentar os desafios da vida e por ela se deixam guiar. O quarto movimento acontece no cume da Vigília Pascal, quando a assembleia, cheia de alegria e agradecimento, vai se aproximando da mesa do Senhor, juntamente com os neobatizados, que, pela primeira vez, vão receber o corpo e o sangue do Senhor.
Inseridos como membros vivos do mesmo corpo, que é a Igreja, visível na assembleia celebrante, todos recebem o convite solene e cheio de alegria do diácono, para sair da celebração, retornando como portadores da luz e da paz de Cristo (quinto movimento), em direção àquela mesma realidade ambígua do mundo, da qual saíram no início, para mergulhar na Páscoa transformadora de Jesus. O movimento interior de adesão a Cristo, iniciado no Domingo de Ramos e alimentado pelas várias passagens rituais, dá lugar ao movimento da vida animada pelo Espírito.
Assim, o primeiro gesto ritual com o qual, no Domingo de Ramos, o povo de Deus se reúne para iniciar a celebração da Páscoa do Senhor, exprime, em síntese, a totalidade do Mistério Pascal de Cristo e o profundo envolvimento nele, na fé e no amor, de cada pessoa e da Igreja inteira. Desde sempre a Igreja é o povo de Deus a caminho, impelido pelo Espírito, em movimento através das vicissitudes da história, rumo à plenitude do reino de Deus.
Toda comunidade que celebra com fé a Páscoa do Senhor, da catedral à mais simples capelinha da periferia das grandes cidades, e até à comunidade ribeirinha Amazônia, vive seu momento forte e profético de povo de Deus a caminho, gerado de maneira sempre nova pela Páscoa de Jesus.
Recordando a Palavra
As primeiras comunidades cristãs de Jerusalém, movidas pela devoção e pelo desejo de partilhar de perto, com o amor, os passos de Jesus no seu caminho de paixão e de glorificação, organizaram, sobretudo a partir do século IV, celebrações especiais em cada lugar onde Jesus tinha vivido seus últimos dias de presença física no meio dos seu discípulos, dias tão decisivos no plano de Deus e para nossa salvação:da entrada de Jesus em Jerusalém.
As celebrações da Semana Santa, porém, não são somente comovidas maneira de pôr em cena os trágicos eventos dos últimos dias de Jesus em Jerusalém. Elas nos proporcionam a graça de nos mergulhar, com fé, em sua relação de amor com o Pai e conosco, o que nos transforma e salva.
Apalavra proclamada e acolhida com fé não fala ao passado, não lembra histórias de outrora, ala continua a se realizar em cada um de nós pela potência do Espírito.
‘’Bendito o que vem em nome do senhor!’’. Com esse refrão acompanhamos a procissão até a porta da igreja. A entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, no júbilo e na alegria (evangelho que precede a procissão, Mt 21,1-11), é inseparável da proclamação da sua Paixão, centro da liturgia eucarística deste domingo (evangelho da missa Mt 26,14-27,26). A leitura do profeta Isaías, que delineia a figura e a missão do Servo do Senhor sofredor, salvado por Deus e por ele escolhido a tornar-se Salvador não somente de Israel, mas de todos os povos (1ª leitura – Is 50,4-7), destaca a mesma intrínseca conexão entre sofrimento e salvação.
Paulo proclama a mesma mensagem, ao representar Cristo como modelo inspirador da nova maneira de viver na comunidade dos discípulos. A comunidade dos filipenses, ainda nova na experiência da fé, vive uma situação de competição e de conflitos entre seus membros. Paulo oferece a eles a única saída, coerente com o evangelho que receberam e que os fez crescer como comunidade de irmãos e irmãs. Paulo os convida a voltar aas origens, à nascente da vida cristã: é a relação estabelecida com Jesus no Batismo e seu exemplo. Jesus, o Verbo de Deus, despiu-se voluntariamente de sua dignidade divina, para assumir nossa condição humana de extrema humilhação até a morte de cruz, a morte reservada para os escravos, aos quais a sociedade e a lei não reconheciam a dignidade da pessoa humana. Pelo paradoxo do amor do Pai, porém, em razão desta humilhação ele foi glorificado pelo Pai e constituído Senhor e Salvador de todos (2ª leitura – Fl 2,6-11).
A lógica da Páscoa se torna o sangue divino que core nas veias do corpo da comunidade, irrigando-a com sua vida. Esta reviravolta nas atitudes interiores e no estilo das relações recíprocas, passando da competição à solidariedade, não é fruto do empenho ético do homem, mas da graça de Deus que orienta em nós a vontade e os comportamentos (cf. FI 2,13).
Aqui emerge a graça da Páscoa que nos renova interiormente e nos impele a atuar de maneira coerente com o mistério que estamos celebrando. Nisto consiste a verdadeira ‘’participação ativa, consciente, plena e frutuosa’’, à qual temos direito e possibilidade, graças ao nosso Batismo, e que é favorecida pela estrutura ritual das celebrações, renovada pelo Concílio Vaticano II (cf. Cont. Sacrosanctum Concilium, n. 14).
Atualizando a Palavra
A força narrativa dos acontecimentos da paixão, morte e ressurreição de Jesus, proclamado nas leituras bíblicas, e o intensivo envolvimento emocional que as celebrações destes dias conseguem realizar, mesmo as pessoas que raramente participam das liturgias, não devem nos fazer seu profundo sentido espiritual e a exigência de participar das celebrações com intensidade de fé e de amor ao Senhor.
Na celebração litúrgica da Igreja, se torna presente e atuante, pela ação permenente de Cristo e do seu Espírito, o amor infinito do Pai, manifestado no amor sacrifical de Jesus até a morte,e se renova o dom da vida divina que nos faz viver como filhos e filhas do Pai e irmãos uns dos outros.
Os emocionantes ritos destes dias vão muito além de uma devota reconstrução cênica da morte e ressurreição de Jesus como acontecimentos do passado. Eles nos proporcionam o encontro vivo com o Cristo vivente. Doam-nos a energia transformadora de seu amor,fazendo-nos viver, desde agora, de antemão, as primícias de sua plenitude na relação filial com o Pai e na relação fraternal entre nós.
Tendo presente esta perspectiva sacramental das celebrações, é possível e muito oportuno valorizar, de maneira fecunda a grande riqueza de expressões da religiosidade popular, que foi muito criativa na capacidade de fazer reviver os acontecimentos pascais, na dimensão trágica e na alegria jubilosa que os caracterizam.
No âmbito pastoral, tendo em consideração a possibilidade concreta que a maioria do povo tem de participar das celebrações da Semana Santa, o Domingo de Ramos constitui, de fato, a conclusão da quaresma e o início da semana pascal decisiva. Seria por isso conveniente coligar a experiência do Domingo dos Ramos – celebração da realeza messiânica de Jesus na humildade e no despojamento da cruz, e o chamado dos discípulos a segui-lo no mesmo caminho – com o caminho espiritual de toda Quaresma. Jesus nos precede e abre a estrada da obediência e da fidelidade ao Pai: do combate vitorioso com o demônio no deserto até a experiência da ressurreição, vislumbrada na ressurreição de Lázaro e realizada plenamente na ressurreição do próprio Jesus que será celebrada no dia da Páscoa.
Fazer seus sentimentos de Cristo, como Paulo pede aos filipenses, para viver a páscoa de Jesus, superando os impulsos do egoísmo e da cobiça, exige que aprendamos a nos ‘’despojar do homem velho e a nos revestir de Cristo ou do homem novo’’, como o próprio Paulo vai repetindo em suas cartas.
É assim que a narração da Páscoa de Jesus se torna nossa própria experiência, nossa páscoa. A Palavra de Deus continua a ‘’fazer-se carne’’ na nossa carne, isso é na nossa vida.
Deixamo-nos guiar, por este apaixonado caminho rumo às entranhas do Senhor, por alguém que viveu profundamente esta experiência. ‘’Onde podemos encontrar repouso tranqüilo e firme segurança para a nossa fraqueza, a não ser nas chagas do Salvador? ... N verdade vou buscar confiantemente o que me falta nas entranhas do Senhor, tão cheias de misericórdia que não lhe faltam fendas por onde se derrame. Perfuraram suas mãos e seus pés e transpassaram seu lado com a lança; essas fendas é-me permitido... provar e ver quão suave é o Senhor... Mas o cravo penetrante tornou-se para mim a chave que abre para que eu veja a vontade do Senhor. Clama o cravo, clama a chaga que verdadeiramente Deus está em Cristo, nele reconciliando o mundo’’ (São Bernardo, Sermão 61,3-5 sobre o
Cântico dos Cânticos, LH Monástica, 2ª semana da Quaresma, quarta-feira).
Ligando a Palavra com a ação eucarística
Durante os dias da Quaresma- Páscoa, o estilo, poderíamos dizer a arte, com que a liturgia costuma celebrar o mistério de Cristo, se exprime em toda a riqueza de sua linguagem, - com palavras, gestos, cantos, silêncios, - e nos envolve de maneira fascinante no mistério que estamos celebrando.
Cristo continua sendo o protagonista de toda a ação litúrgica da Igreja com seu Espírito. Isto aparece, de maneira ainda mais marcada, nas celebrações desta semana central do ano litúrgico, que chamamos de ‘’Santa’’, pois nela se concentram os eventos decisivos de sua vida, de sua morte de sua ressurreição com o envio de seu Espírito, eventos que nos tornam partícipes da vida e da santidade de Deus. Convidam-nos a nos deixar envolver plenamente no dinamismo pascal de morte ao homem velho para a vida nova no Espírito.
A páscoa de Jesus realiza a passagem de um mundo para outro. Como canta o Prefácio I deste domingo: ‘’Pelo poder radiante da cruz, vemos com clareza o julgamento do mundo e a vitória de Jesus crucificado’’ (Missal Romano, p. 419).
A renovação que contemplamos realizada em Cristo, pedimos possa tornar-se também experiência de graça para nós: ‘’ Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele na sua glória’’ (oração do dia). Não podemos esquecer que somos povo de Deus a caminho, ‘’ povo santo e pecador, daí-nos forças para construirmos juntos o vosso reino de Deus que também é nosso’’ (Oração Eucarística V).
Ao canto jubiloso do salmo cantado pela assembleia em procissão - ‘’Levantai, ó portas, os vossos frontões, erguei-vos, portas antigas, para que entre o rei da glória’’ (Sl. 23,9 – Processional) – faz eco ao grito sofrido e confiante de Jesus na cruz: ‘’Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (...) Mas tu, Senhor, não fiques longe, da minha força, vem logo em meu socorro!’’ (SL 21, 1.20 – Responsorial).
O canto do Hosana, de glória e louvor a Cristo, rei e redentor, durante jubilosa procissão, se entrelaça coma sóbria meditação sobre o extremo exemplo de humildade dado por Cristo ao se tornar homem e morrer na cruz. Foi o caminho pascal de Cristo. É o caminho da Igreja, seu corpo e sua esposa amada. É o caminho de fé e de amor de todo discípulo e discípula, através de sua adesão a Cristo. É o seguindo que nos é dado penetrar, junto com ele, na intimidade do coração do Pai, como ressalta Mateus, ao comentar a morte de Jesus como início do novo mundo: ‘’Nisso, o véu do Santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as pedras se partiram’’(Mt 27,51).
Com a páscoa de Jesus, caem definitivamente todas as barreiras que nos separavam, de Deus. As estruturas sagradas, como o templo de Jerusalém, e todas as estruturas religiosas humana deram lugar ao templo vivente, que é o próprio Cristo, morto e ressuscitado, e a vida de cada um de nós por nossa união com Ele.
Nossa vida unida a Cristo é a verdadeira oferta que hoje é colocada sobre o altar, junto com o pão e o vinho, para que não somente o que está contido na patena e no cálice, mas toda a vida, até a criação, seja oferecida ao Senhor e transformada no culto espiritual agradável ao Pai, como invocamos ao celebrarmos a Eucaristia: ‘’Olhai com bondade, o sacrifício que destes à vossa Igreja e concedei aos que vamos participar do mesmo pão e do mesmo cálice que, reunidos pelo Espírito Santo num só corpo, nos tornemos em Cristo um sacrifício vivo para o louvor da vossa glória’’ (Oração Eucarística IV).
Sugestões para a celebração
Ø A assembleia hoje vai se compor em lugar aberto, estabelecido como ponto de partida da procissão. O sentido de alegria e de esperança faz parte da celebração deste domingo, mas não é um passeio religioso qualquer pelas ruas da cidade. A bênção dos ramos e a procissão fazem parte da celebração da entrada de Jesus em Jerusalém como Messias, humilde e pronto a dar sua vida, e destacam o chamados de todos a segui-lo no mesmo caminho. Por isso, enquanto se vai compondo a assembleia, se favoreça um clima de recolhimento, para entrar no mistério celebrado.
Ø A equipe de liturgia prepare, com o tempo e com particular cuidado, antes de tudo os próprios membros, - no contexto espiritual e no contexto ritual – para participarem, com atenção interior, do desenvolvimento das numerosas tarefas em que precisam atuar na celebração de hoje e nas de toda Semana Santa. Muitas vezes, acontece que, pela preocupação de organizar e executar ritos inusitados destes dias e orientar a assembleia, os membros da equipe não conseguem participar com as devidas serenidade e concentração interior.
Ø A equipe prepare também tudo o que serve para a procissão: os ramos, segundo a disponibilidade do lugar, a cruz processional, a água benta, etc. A proclamação do evangelho seja feita com toda dignidade. Se a escolha a maneira mais conveniente para distribuir aos fiéis os ramos, para levá-los na procissão e à própria casa, lembrando seu significado de sinal de vitória de Cristo sobre a morte e de nossa união com ele.
Ø O relato da Paixão ocupa o centro da celebração da Palavra. A complexidade e prolixidade do texto pedem que seja bem preparada sua proclamação e fazê-la, preferivelmente, de forma dialogada entre vários personagens, como está marcado no Lecionário. Para tal fim os leitores devem ser escolhidos com atenção. Eles devem ensaiar, em antecedência, o exercício de tal ministério tão importante e tão delicado.
Ø No momento do ofertório, ao apresentar as oferendas do pão e do cálice, sejam apresentadas também as ofertas, frutos da caridade efetuada por cada um durante a Quaresma. Junto com as oferendas materiais, cada um coloque sobre o altar as alegrias e as dores, os sofrimentos e as esperanças que marcam sua vida, para que tudo seja unido à oferta de Cristo e nele seja transformado em expressão da própria entrega confiante ao Pai, e se torne experiência de ressurreição.
Fonte: Roteiros Homiléticos da Quaresma, Março e Abril– CNBB 2014 - Ano A
Gesto simples. Aparentemente óbvio e previsto nas normas do missal para organizar a celebração do Domingo de Ramos da Paixão do Senhor. Na realidade, com linguagem simbólica própria da liturgia, este rito nos introduz, de maneira espontânea, no Mistério Pascal de Cristo, e nos faz vislumbrar nossa participação vital no mesmo. O rito, abrindo a celebração do Domingo de Ramos e de toda a Semana Santa da Páscoa, marca, de fato, seu movimento interior.
Bento XVI destacou a importância de participar, de maneira consciente e ativa, da celebração da liturgia, deixando-nos envolver pela linguagem simbólica dos ritos: ‘’Importante para uma correta arte da celebração é a atenção a todas as formas de linguagem previstas pela liturgia: palavras e cantos, gestos e silêncios, movimento do corpo, cores litúrgicas dos paramentos. Com efeito, a liturgia, por sua natureza, possui uma tal variedade e níveis de comunicação que lhe permite cativar o ser humano na sua totalidade’’ (exortação apostólica Sacramentum Caritatis, n. 40 [2007]).
Esta chamada da atenção de Bento XVI, vale, de modo particular, para promover a autêntica participação nas celebrações da Semana Santa, tão ricas de ritos, profundamente enraizados na consciência do povo, e de sua religiosidade tradicional.
Ao se reunir, a assembleia, como primeiro ato, proclama e escuta o evangelho da entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, cumprimento da aliança de Deus com seu povo, segundo as profecias dos profetas de Israel. Em resposta, o povo se põe a caminho, seguindo a cruz do Senhor. Continuará seguindo Jesus em seu caminho pascal, através de cinco significativos movimentos, ao longo das celebrações da Semana Santa, tendo seu olhar fixo ‘’ em Jesus, que vai à frente da nossa fé e a leva a perfeição. Em vista da alegria que o esperava, suportou a cruz, não se importando com a infâmia, e assentou-se `a direita do trono de Deus’’ (Hb 12,2). Os cinco movimentos quase marcam as etapas de todo caminho de fé, que encontra seu modelo no itinerário pascal.
O primeiro movimento é a procissão dos ramos atrás da cruz do Senhor: em Jesus crucificado a assembleia reconhece e proclama o vencedor da morte e o guia do seu caminho.
O segundo acontece na Sexta- feira santa, quando, ao celebrar a Paixão do Senhor, a assembleia desfila em procissão parahonrar e beijar com devoção e amor, a cruz que está elevada diante de si: a cruz é transformada de patíbulo em árvore da vida e trono da glória de Cristo.
O terceiro movimento anima o início da solene Vigília Pascal. A assembleia se põe a caminho do Círio Pascal, única luz nas trevas da noite e, ao acender as próprias velas no mesmo círio, se deixa iluminar pela luz de Cristo ressuscitado. É na luz de Cristo que os fiéis aprendem a enfrentar os desafios da vida e por ela se deixam guiar. O quarto movimento acontece no cume da Vigília Pascal, quando a assembleia, cheia de alegria e agradecimento, vai se aproximando da mesa do Senhor, juntamente com os neobatizados, que, pela primeira vez, vão receber o corpo e o sangue do Senhor.
Inseridos como membros vivos do mesmo corpo, que é a Igreja, visível na assembleia celebrante, todos recebem o convite solene e cheio de alegria do diácono, para sair da celebração, retornando como portadores da luz e da paz de Cristo (quinto movimento), em direção àquela mesma realidade ambígua do mundo, da qual saíram no início, para mergulhar na Páscoa transformadora de Jesus. O movimento interior de adesão a Cristo, iniciado no Domingo de Ramos e alimentado pelas várias passagens rituais, dá lugar ao movimento da vida animada pelo Espírito.
Assim, o primeiro gesto ritual com o qual, no Domingo de Ramos, o povo de Deus se reúne para iniciar a celebração da Páscoa do Senhor, exprime, em síntese, a totalidade do Mistério Pascal de Cristo e o profundo envolvimento nele, na fé e no amor, de cada pessoa e da Igreja inteira. Desde sempre a Igreja é o povo de Deus a caminho, impelido pelo Espírito, em movimento através das vicissitudes da história, rumo à plenitude do reino de Deus.
Toda comunidade que celebra com fé a Páscoa do Senhor, da catedral à mais simples capelinha da periferia das grandes cidades, e até à comunidade ribeirinha Amazônia, vive seu momento forte e profético de povo de Deus a caminho, gerado de maneira sempre nova pela Páscoa de Jesus.
Recordando a Palavra
As primeiras comunidades cristãs de Jerusalém, movidas pela devoção e pelo desejo de partilhar de perto, com o amor, os passos de Jesus no seu caminho de paixão e de glorificação, organizaram, sobretudo a partir do século IV, celebrações especiais em cada lugar onde Jesus tinha vivido seus últimos dias de presença física no meio dos seu discípulos, dias tão decisivos no plano de Deus e para nossa salvação:da entrada de Jesus em Jerusalém.
As celebrações da Semana Santa, porém, não são somente comovidas maneira de pôr em cena os trágicos eventos dos últimos dias de Jesus em Jerusalém. Elas nos proporcionam a graça de nos mergulhar, com fé, em sua relação de amor com o Pai e conosco, o que nos transforma e salva.
Apalavra proclamada e acolhida com fé não fala ao passado, não lembra histórias de outrora, ala continua a se realizar em cada um de nós pela potência do Espírito.
‘’Bendito o que vem em nome do senhor!’’. Com esse refrão acompanhamos a procissão até a porta da igreja. A entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, no júbilo e na alegria (evangelho que precede a procissão, Mt 21,1-11), é inseparável da proclamação da sua Paixão, centro da liturgia eucarística deste domingo (evangelho da missa Mt 26,14-27,26). A leitura do profeta Isaías, que delineia a figura e a missão do Servo do Senhor sofredor, salvado por Deus e por ele escolhido a tornar-se Salvador não somente de Israel, mas de todos os povos (1ª leitura – Is 50,4-7), destaca a mesma intrínseca conexão entre sofrimento e salvação.
Paulo proclama a mesma mensagem, ao representar Cristo como modelo inspirador da nova maneira de viver na comunidade dos discípulos. A comunidade dos filipenses, ainda nova na experiência da fé, vive uma situação de competição e de conflitos entre seus membros. Paulo oferece a eles a única saída, coerente com o evangelho que receberam e que os fez crescer como comunidade de irmãos e irmãs. Paulo os convida a voltar aas origens, à nascente da vida cristã: é a relação estabelecida com Jesus no Batismo e seu exemplo. Jesus, o Verbo de Deus, despiu-se voluntariamente de sua dignidade divina, para assumir nossa condição humana de extrema humilhação até a morte de cruz, a morte reservada para os escravos, aos quais a sociedade e a lei não reconheciam a dignidade da pessoa humana. Pelo paradoxo do amor do Pai, porém, em razão desta humilhação ele foi glorificado pelo Pai e constituído Senhor e Salvador de todos (2ª leitura – Fl 2,6-11).
A lógica da Páscoa se torna o sangue divino que core nas veias do corpo da comunidade, irrigando-a com sua vida. Esta reviravolta nas atitudes interiores e no estilo das relações recíprocas, passando da competição à solidariedade, não é fruto do empenho ético do homem, mas da graça de Deus que orienta em nós a vontade e os comportamentos (cf. FI 2,13).
Aqui emerge a graça da Páscoa que nos renova interiormente e nos impele a atuar de maneira coerente com o mistério que estamos celebrando. Nisto consiste a verdadeira ‘’participação ativa, consciente, plena e frutuosa’’, à qual temos direito e possibilidade, graças ao nosso Batismo, e que é favorecida pela estrutura ritual das celebrações, renovada pelo Concílio Vaticano II (cf. Cont. Sacrosanctum Concilium, n. 14).
Atualizando a Palavra
A força narrativa dos acontecimentos da paixão, morte e ressurreição de Jesus, proclamado nas leituras bíblicas, e o intensivo envolvimento emocional que as celebrações destes dias conseguem realizar, mesmo as pessoas que raramente participam das liturgias, não devem nos fazer seu profundo sentido espiritual e a exigência de participar das celebrações com intensidade de fé e de amor ao Senhor.
Na celebração litúrgica da Igreja, se torna presente e atuante, pela ação permenente de Cristo e do seu Espírito, o amor infinito do Pai, manifestado no amor sacrifical de Jesus até a morte,e se renova o dom da vida divina que nos faz viver como filhos e filhas do Pai e irmãos uns dos outros.
Os emocionantes ritos destes dias vão muito além de uma devota reconstrução cênica da morte e ressurreição de Jesus como acontecimentos do passado. Eles nos proporcionam o encontro vivo com o Cristo vivente. Doam-nos a energia transformadora de seu amor,fazendo-nos viver, desde agora, de antemão, as primícias de sua plenitude na relação filial com o Pai e na relação fraternal entre nós.
Tendo presente esta perspectiva sacramental das celebrações, é possível e muito oportuno valorizar, de maneira fecunda a grande riqueza de expressões da religiosidade popular, que foi muito criativa na capacidade de fazer reviver os acontecimentos pascais, na dimensão trágica e na alegria jubilosa que os caracterizam.
No âmbito pastoral, tendo em consideração a possibilidade concreta que a maioria do povo tem de participar das celebrações da Semana Santa, o Domingo de Ramos constitui, de fato, a conclusão da quaresma e o início da semana pascal decisiva. Seria por isso conveniente coligar a experiência do Domingo dos Ramos – celebração da realeza messiânica de Jesus na humildade e no despojamento da cruz, e o chamado dos discípulos a segui-lo no mesmo caminho – com o caminho espiritual de toda Quaresma. Jesus nos precede e abre a estrada da obediência e da fidelidade ao Pai: do combate vitorioso com o demônio no deserto até a experiência da ressurreição, vislumbrada na ressurreição de Lázaro e realizada plenamente na ressurreição do próprio Jesus que será celebrada no dia da Páscoa.
Fazer seus sentimentos de Cristo, como Paulo pede aos filipenses, para viver a páscoa de Jesus, superando os impulsos do egoísmo e da cobiça, exige que aprendamos a nos ‘’despojar do homem velho e a nos revestir de Cristo ou do homem novo’’, como o próprio Paulo vai repetindo em suas cartas.
É assim que a narração da Páscoa de Jesus se torna nossa própria experiência, nossa páscoa. A Palavra de Deus continua a ‘’fazer-se carne’’ na nossa carne, isso é na nossa vida.
Deixamo-nos guiar, por este apaixonado caminho rumo às entranhas do Senhor, por alguém que viveu profundamente esta experiência. ‘’Onde podemos encontrar repouso tranqüilo e firme segurança para a nossa fraqueza, a não ser nas chagas do Salvador? ... N verdade vou buscar confiantemente o que me falta nas entranhas do Senhor, tão cheias de misericórdia que não lhe faltam fendas por onde se derrame. Perfuraram suas mãos e seus pés e transpassaram seu lado com a lança; essas fendas é-me permitido... provar e ver quão suave é o Senhor... Mas o cravo penetrante tornou-se para mim a chave que abre para que eu veja a vontade do Senhor. Clama o cravo, clama a chaga que verdadeiramente Deus está em Cristo, nele reconciliando o mundo’’ (São Bernardo, Sermão 61,3-5 sobre o
Cântico dos Cânticos, LH Monástica, 2ª semana da Quaresma, quarta-feira).
Ligando a Palavra com a ação eucarística
Durante os dias da Quaresma- Páscoa, o estilo, poderíamos dizer a arte, com que a liturgia costuma celebrar o mistério de Cristo, se exprime em toda a riqueza de sua linguagem, - com palavras, gestos, cantos, silêncios, - e nos envolve de maneira fascinante no mistério que estamos celebrando.
Cristo continua sendo o protagonista de toda a ação litúrgica da Igreja com seu Espírito. Isto aparece, de maneira ainda mais marcada, nas celebrações desta semana central do ano litúrgico, que chamamos de ‘’Santa’’, pois nela se concentram os eventos decisivos de sua vida, de sua morte de sua ressurreição com o envio de seu Espírito, eventos que nos tornam partícipes da vida e da santidade de Deus. Convidam-nos a nos deixar envolver plenamente no dinamismo pascal de morte ao homem velho para a vida nova no Espírito.
A páscoa de Jesus realiza a passagem de um mundo para outro. Como canta o Prefácio I deste domingo: ‘’Pelo poder radiante da cruz, vemos com clareza o julgamento do mundo e a vitória de Jesus crucificado’’ (Missal Romano, p. 419).
A renovação que contemplamos realizada em Cristo, pedimos possa tornar-se também experiência de graça para nós: ‘’ Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele na sua glória’’ (oração do dia). Não podemos esquecer que somos povo de Deus a caminho, ‘’ povo santo e pecador, daí-nos forças para construirmos juntos o vosso reino de Deus que também é nosso’’ (Oração Eucarística V).
Ao canto jubiloso do salmo cantado pela assembleia em procissão - ‘’Levantai, ó portas, os vossos frontões, erguei-vos, portas antigas, para que entre o rei da glória’’ (Sl. 23,9 – Processional) – faz eco ao grito sofrido e confiante de Jesus na cruz: ‘’Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (...) Mas tu, Senhor, não fiques longe, da minha força, vem logo em meu socorro!’’ (SL 21, 1.20 – Responsorial).
O canto do Hosana, de glória e louvor a Cristo, rei e redentor, durante jubilosa procissão, se entrelaça coma sóbria meditação sobre o extremo exemplo de humildade dado por Cristo ao se tornar homem e morrer na cruz. Foi o caminho pascal de Cristo. É o caminho da Igreja, seu corpo e sua esposa amada. É o caminho de fé e de amor de todo discípulo e discípula, através de sua adesão a Cristo. É o seguindo que nos é dado penetrar, junto com ele, na intimidade do coração do Pai, como ressalta Mateus, ao comentar a morte de Jesus como início do novo mundo: ‘’Nisso, o véu do Santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as pedras se partiram’’(Mt 27,51).
Com a páscoa de Jesus, caem definitivamente todas as barreiras que nos separavam, de Deus. As estruturas sagradas, como o templo de Jerusalém, e todas as estruturas religiosas humana deram lugar ao templo vivente, que é o próprio Cristo, morto e ressuscitado, e a vida de cada um de nós por nossa união com Ele.
Nossa vida unida a Cristo é a verdadeira oferta que hoje é colocada sobre o altar, junto com o pão e o vinho, para que não somente o que está contido na patena e no cálice, mas toda a vida, até a criação, seja oferecida ao Senhor e transformada no culto espiritual agradável ao Pai, como invocamos ao celebrarmos a Eucaristia: ‘’Olhai com bondade, o sacrifício que destes à vossa Igreja e concedei aos que vamos participar do mesmo pão e do mesmo cálice que, reunidos pelo Espírito Santo num só corpo, nos tornemos em Cristo um sacrifício vivo para o louvor da vossa glória’’ (Oração Eucarística IV).
Sugestões para a celebração
Ø A assembleia hoje vai se compor em lugar aberto, estabelecido como ponto de partida da procissão. O sentido de alegria e de esperança faz parte da celebração deste domingo, mas não é um passeio religioso qualquer pelas ruas da cidade. A bênção dos ramos e a procissão fazem parte da celebração da entrada de Jesus em Jerusalém como Messias, humilde e pronto a dar sua vida, e destacam o chamados de todos a segui-lo no mesmo caminho. Por isso, enquanto se vai compondo a assembleia, se favoreça um clima de recolhimento, para entrar no mistério celebrado.
Ø A equipe de liturgia prepare, com o tempo e com particular cuidado, antes de tudo os próprios membros, - no contexto espiritual e no contexto ritual – para participarem, com atenção interior, do desenvolvimento das numerosas tarefas em que precisam atuar na celebração de hoje e nas de toda Semana Santa. Muitas vezes, acontece que, pela preocupação de organizar e executar ritos inusitados destes dias e orientar a assembleia, os membros da equipe não conseguem participar com as devidas serenidade e concentração interior.
Ø A equipe prepare também tudo o que serve para a procissão: os ramos, segundo a disponibilidade do lugar, a cruz processional, a água benta, etc. A proclamação do evangelho seja feita com toda dignidade. Se a escolha a maneira mais conveniente para distribuir aos fiéis os ramos, para levá-los na procissão e à própria casa, lembrando seu significado de sinal de vitória de Cristo sobre a morte e de nossa união com ele.
Ø O relato da Paixão ocupa o centro da celebração da Palavra. A complexidade e prolixidade do texto pedem que seja bem preparada sua proclamação e fazê-la, preferivelmente, de forma dialogada entre vários personagens, como está marcado no Lecionário. Para tal fim os leitores devem ser escolhidos com atenção. Eles devem ensaiar, em antecedência, o exercício de tal ministério tão importante e tão delicado.
Ø No momento do ofertório, ao apresentar as oferendas do pão e do cálice, sejam apresentadas também as ofertas, frutos da caridade efetuada por cada um durante a Quaresma. Junto com as oferendas materiais, cada um coloque sobre o altar as alegrias e as dores, os sofrimentos e as esperanças que marcam sua vida, para que tudo seja unido à oferta de Cristo e nele seja transformado em expressão da própria entrega confiante ao Pai, e se torne experiência de ressurreição.
Fonte: Roteiros Homiléticos da Quaresma, Março e Abril– CNBB 2014 - Ano A
DOMINGO, 13 DE ABRIL DE 2014
Homilia
do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, por
Pe. Paulo Ricardo
Liturgia de 13.04.2014 - Domingo de Ramos
13/04/2014
Canal do Youtube:
arqrio
arqrio
HOMILIA
A CRUCIFICAÇÃO DE
JESUS 26,14-27,66
Aqui começa a semana maior da nossa
fé cristã. Nesta Semana Santa não só lembraremos um fato histórico do passado,
mas celebraremos a presença viva de Cristo Jesus que padeceu, morreu e
ressuscitou; e leva em frente toda a nossa comunidade cristã, pela presença do
seu Divino Espírito Santo, até os dias de hoje.
Jesus entra triunfalmente em
Jerusalém e o povo todo o acolhe: "Bendito aquele que vem como Rei em nome
do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus!" E o Evangelho
também fala solenemente da Paixão do Senhor.
A narração no Evangelho segundo São
Mateus se estrutura através da sucessão de pequenos núcleos, carregados de
significação e de importância para a vida cristã. Há uma introdução, composta
pela “Unção em Betânia e a traição na Última Ceia” (Mt 26,1-19). Há também o
núcleo central da “Paixão”, composto pela “Agonia no Getsemani” (Mt 26,30-56),
pelo “Processo religioso e civil” (Mt 26,57-27,31) e pela “Crucificação e
morte” (Mt 27,32-66).
Jesus é apresentado, desse modo, com
toda sua humanidade, compartilhando a angústia e a dor dos homens frente à
injustiça e à traição, sem, por isso, perder a serenidade de quem confia e
espera em Deus - Ele é o “Servo Sofredor” que carrega o peso de toda
humanidade, como havia anunciado o Profeta Isaías. Mateus apresenta Jesus, como
o perfeito orante.
A ceia que precedeu essa dramática
experiência indica que, apesar de tudo o que possa acontecer, Jesus permanecerá
sempre presente entre os seus (Mt 26,29).
Por outro lado, o processo permite
que Jesus enfrente ambas as autoridades: a civil e a religiosa, e proclame a
sua máxima autoridade messiânica “Verão o Filho do Homem, sentado à direita de
Deus poderoso, vir sobre as nuvens do céu” (Mt 26,64).
A Paixão de Jesus se toma assim, um
desafio, um alerta para a vida de seus seguidores. Trata-se de um convite a
optar pelos crucificados, pelos excluídos, pelos marginalizados da história,
sempre lembrando que a justiça de Deus se inicia ali onde os homens sofrem a
injustiça dos opressores.
O exemplo de Jesus é um terno apelo
para que confiemos em Deus, apesar de tudo e contra tudo. Jesus nos ensina, com
seus gestos de perdão e de reconciliação, que as adversidades não devem nos
afastar de uma oração ardente, constante e confiante.
A cruz de Jesus é um convite para
superarmos nossas opções egoístas e oferecer, doar ao irmão o melhor de nós
mesmos, e, se for necessário, também nossa vida.
A sabedoria do homem é afirmação em
si mesmo, servindo-se do outro, e o seu poder é possuir, dominar e exaltar-se.
A sabedoria de Deus expressa em Jesus crucificado, é afirmação do outro
mediante o extremo dom de si mesmo; seu poder é despojar-se de tudo, inclusive
do próprio eu, abaixando-se até à morte de cruz.
Por isso a cruz de Jesus nos salva
nos dá equilíbrio, nos faz viver bem em comunidade respeitando as diferenças de
cada um. Jesus está em nossas cruzes, a Páscoa só será bem vivida se tivermos
certeza que a cruz é sinal de libertação.
Boa caminhada para Cristo nossa
Páscoa definitiva
Fonte Homilia Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA DIÁRIA
O
caminho da salvação está na humildade!
Que nós, hoje, possamos aprender a percorrer os caminhos de Jesus.
Que nós possamos aprender a percorrer a estrada e a via da humildade, onde
estão os humildes e os rejeitados.
”E Ele foi encontrado com
aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e
morte de cruz” (Filipenses 2,8).
Neste Domingo de Ramos e da
Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, nós contemplamos o ministério da redenção
humana. Primeiro, em Jesus exaltado no meio do Seu povo e, entramos de uma
forma triunfante e gloriosa em Jerusalém. O povo aclama: ”Hosana nas alturas,
bendito é aquele que vem em nome do Senhor”.
O
Senhor, que entra triunfante em Jerusalém, é o Senhor que vai morrer
injustamente condenado em uma cruz como o pior dos malfeitores. Há um povo que
aclama Jesus; há um povo que nega Jesus; há um povo que vai depois contemplar a
glória desse mesmo Deus.
Nós,
hoje, queremos olhar para a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Claro, sem
perder de vista a Sua ressurreição gloriosa. Ele, neste domingo, quer nos
convidar a entrarmos em um mistério profundo do drama, da paixão, da dor e do
sofrimento d’Ele. Cristo, que assumiu ser homem como nós e, uma vez que Ele
assumiu a nossa humanidade, ser um de nós; no meio de nós Ele se humilhou
sempre mais!
Humilhar
quer dizer: rebaixar-se, colocar-se abaixo dos outros; não acima, não superior
aos outros. Jesus não quis ser mais do que ninguém, não quis ser aclamado,
exaltado, louvado, purificado. Não, Ele quis ser um de nós! Ele quis
viver, no meio de nós, tudo aquilo que a humanidade vive: seus dramas, suas
lutas, seus sofrimentos. Abraçou aquilo que muitos seres humanos precisam
abraçar na Sua vida: a dor da injustiça, a dor da maldade humana e, mesmo sem
pecado, Ele seguiu adiante carregando a Sua cruz.
Nosso
Senhor Jesus Cristo, Nosso Deus amado, humilhado por causa dos nossos pecados,
é, hoje, exaltado no mundo inteiro. Mas não se exalta o Senhor sem primeiro
entrar no mistério da Sua humilhação; para que nós também, meus irmãos, sejamos
curados das humilhações que sofremos em nossa vida. Para que descubramos sempre
mais que o caminho da salvação está na humildade, não no orgulho, na
exasperação ou na exaltação humana.
Que
nós, hoje, possamos aprender a percorrer os caminhos de Jesus, que nós possamos
aprender a percorrer a estrada e a via da humildade; onde estão os humildes,
onde estão os rejeitados. Onde nós saibamos também crescer com as humilhações,
com as rejeições e com as contrariedades da própria vida.
Que
não fiquemos prostrados com aquilo que sofremos, mas que possamos crescer, como
Nosso Senhor triunfou gloriosamente de Sua Paixão.
Deus
abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. Facebook Twitter
LEITURA ORANTE
Mt 26,14-27,66 - Fidelidade até o fim

Preparo-me para orar a Palavra,
invocando o Espírito Santo:
Espírito de verdade,
a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Mt 26,14-27,66 e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Mt 26,14-27,66 - Compartilhar o destino de Jesus
Espírito de verdade,
a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Mt 26,14-27,66 e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Mt 26,14-27,66 - Compartilhar o destino de Jesus
14 Então um dos
Doze, chamado Judas Iscariotes, foi aos chefes dos sacerdotes, 15 e disse: «O
que é que vocês me darão para eu entregar Jesus a vocês?» Combinaram, então,
trinta moedas de prata. 16 E a partir desse momento, Judas procurava uma boa
oportunidade para entregar Jesus.
17 No primeiro dia
dos ázimos, os discípulos se aproximaram de Jesus, e perguntaram: «Onde queres
que façamos os preparativos para comermos a Páscoa?» 18 Jesus respondeu: «Vão à
cidade, procurem certo homem, e lhe digam: ‘O Mestre manda dizer: O meu tempo
está próximo, eu vou celebrar a Páscoa em sua casa, junto com os meus
discípulos.’ « 19 Os discípulos fizeram como Jesus mandou, e prepararam a
Páscoa. 20 Ao cair da tarde, Jesus se pôs à mesa, com os doze discípulos. 21
Enquanto comiam, Jesus disse: «Eu lhes garanto: um de vocês vai me trair.» 22
Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: «Senhor,
será que sou eu?» 23 Jesus respondeu: «Quem vai me trair, é aquele que comigo
põe a mão no prato. 24 O Filho do Homem vai morrer, conforme a Escritura fala a
respeito dele. Porém, ai daquele que trair o Filho do Homem. Seria melhor que
nunca tivesse nascido!» 25 Então Judas, o traidor, perguntou: «Mestre, será que
sou eu?» Jesus lhe respondeu: «É como você acaba de dizer.»
26 Enquanto comiam,
Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção, o partiu, distribuiu aos
discípulos, e disse: «Tomem e comam, isto é o meu corpo.» 27 Em seguida, tomou
um cálice, agradeceu, e deu a eles dizendo: «Bebam dele todos, 28 pois isto é o
meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para
remissão dos pecados. 29 Eu lhes digo: de hoje em diante não beberei desse
fruto da videira, até o dia em que, com vocês, beberei o vinho novo no reino do
meu Pai.»
30 Depois de terem
cantado salmos, foram para o monte das Oliveiras. 31 Então Jesus disse aos
discípulos: «Esta noite vocês todos vão ficar desorientados por minha causa,
porque a Escritura diz: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se
dispersarão’. 32 Mas depois de ressuscitar, eu irei à frente de vocês para a
Galiléia.» 33 Pedro disse a Jesus: «Ainda que todos fiquem desorientados por
tua causa, eu jamais ficarei.» 34 Jesus declarou: «Eu garanto a você: esta
noite, antes que o galo cante, você me negará três vezes.» 35 Pedro respondeu:
«Ainda que eu tenha de morrer contigo, mesmo assim não te negarei.» E todos os
discípulos disseram a mesma coisa.
36 Então Jesus foi
com eles a um lugar chamado Getsêmani. E disse aos discípulos: «Sentem-se aqui,
enquanto eu vou até ali para rezar.» 37 Jesus levou consigo Pedro e os dois filhos
de Zebedeu, e começou a ficar triste e angustiado. 38 Então disse a eles:
«Minha alma está numa tristeza de morte. Fiquem aqui e vigiem comigo.» 39 Jesus
foi um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto por terra, e rezou: «Meu
Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. Contudo, não seja feito como
eu quero, e sim como tu queres.» 40 Voltando para junto dos discípulos, Jesus
encontrou-os dormindo. Disse a Pedro: «Como assim? Vocês não puderam vigiar nem
sequer uma hora comigo? 41 Vigiem e rezem, para não caírem na tentação, porque
o espírito está pronto, mas a carne é fraca.»
42 Jesus afastou-se
pela segunda vez, e rezou: «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu
o beba, seja feita a tua vontade!» 43 Ele voltou de novo, e encontrou os
discípulos dormindo, porque seus olhos estavam pesados de sono. 44 Deixando-os,
Jesus afastou-se, e rezou pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. 45
Então voltou para junto dos discípulos, e disse: «Agora vocês podem dormir e
descansar. Olhem, a hora está chegando. Vejam: o Filho do Homem vai ser
entregue ao poder dos pecadores. 46 Levantem-se! Vamos! Aquele que vai me trair
já está chegando.»
47 Jesus ainda
falava, quando chegou Judas, um dos Doze, com uma grande multidão armada de
espadas e paus. Iam da parte dos chefes dos sacerdotes e dos anciãos do povo.
48 O traidor tinha combinado com eles um sinal, dizendo: «Jesus é aquele que eu
beijar; prendam.» 49 Judas logo se aproximou de Jesus, e disse: «Salve,
Mestre.» E o beijou. 50 Jesus lhe disse: «Amigo, faça logo o que tem a fazer.»
Então os outros avançaram, lançaram as mãos sobre Jesus, e o prenderam. 51
Nesse momento, um dos que estavam com Jesus estendeu a mão, puxou da espada, e
feriu o empregado do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. 52 Jesus, porém,
lhe disse: «Guarde a espada na bainha. Pois todos os que usam a espada, pela
espada morrerão. 53 Ou você pensa que eu não poderia pedir socorro ao meu Pai?
Ele me mandaria logo mais de doze legiões de anjos. 54 E, então, como se
cumpririam as Escrituras, que dizem que isso deve acontecer?»
55 E nessa hora,
Jesus disse às multidões: «Vocês saíram com espadas e paus para me prender,
como se eu fosse um bandido. Todos os dias, no Templo, eu me sentava para
ensinar, e vocês não me prenderam.» 56 Porém, tudo isso aconteceu para se
cumprir o que os profetas escreveram. Então todos os discípulos, abandonando a
Jesus, fugiram.
57 Aqueles que
prenderam Jesus o levaram à casa do sumo sacerdote Caifás, onde os doutores da
Lei e os anciãos estavam reunidos. 58 Pedro seguiu Jesus de longe, até o pátio
da casa do sumo sacerdote. Entrou, e sentou-se com os guardas, para ver como
terminaria tudo isso.
59 Ora, os chefes
dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum falso testemunho contra
Jesus, a fim de o condenarem à morte. 60 E nada encontraram, embora se
apresentassem muitas falsas testemunhas. Por fim, se apresentaram duas
testemunhas, 61 e afirmaram: «Esse homem declarou: ‘Posso destruir o Templo de
Deus, e construí-lo de novo em três dias.’ « 62 Então o sumo sacerdote
levantou-se, e perguntou a Jesus: «Nada tens a responder ao que esses
testemunham contra ti?» 63 Mas Jesus continuou calado. E o sumo sacerdote
disse: «Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Messias, o Filho
de Deus.» 64 Jesus respondeu: «É como você acabou de dizer. Além disso, eu lhes
digo: de agora em diante, vocês verão o Filho do Homem sentado à direita do
Todo-poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu.» 65 Então o sumo sacerdote
rasgou as próprias vestes, e disse: «Blasfemou! Que necessidade temos ainda de
testemunhas? Pois agora mesmo vocês ouviram a blasfêmia. 66 O que vocês acham?»
Responderam: «É réu de morte!» 67 Então cuspiram no rosto de Jesus, e o
esbofetearam. Outros lhe deram bordoadas, 68 dizendo: «Faze-nos uma profecia,
Messias: quem foi que te bateu?»
69 Pedro estava
sentado fora, no pátio. Uma criada chegou perto dele, e disse: «Você também
estava com Jesus, o galileu!» 70 Mas Pedro negou diante de todos: «Não sei o
que você está dizendo.» 71 E saiu para a entrada do pátio. Então outra criada
viu Pedro, e disse aos que aí estavam: «Esse também estava com Jesus, o
Nazareno.» 72 Pedro negou outra vez, jurando: «Nem conheço esse homem!» 73
Pouco depois, os que aí estavam aproximaram-se de Pedro, e disseram: «É claro
que você também é um deles, pois o seu modo de falar o denuncia.» 74 Então Pedro
começou a maldizer e a jurar, dizendo: «Nem conheço esse homem!» Nesse
instante, o galo cantou. 75 Pedro se lembrou então do que Jesus tinha dito:
«Antes que o galo cante, você me negará três vezes.» E, saindo, chorou
amargamente.
27
1 De manhã cedo, todos
os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo convocaram um conselho contra
Jesus, para o condenarem à morte. 2 Eles o amarraram e o levaram, e o
entregaram a Pilatos, o governador. 3 Então Judas, o traidor, ao ver que Jesus
fora condenado, sentiu remorso, e foi devolver as trinta moedas de prata aos
chefes dos sacerdotes e anciãos, 4 dizendo: «Pequei, entregando à morte sangue
inocente.» Eles responderam: «E o que temos nós com isso? O problema é seu.» 5
Judas jogou as moedas no santuário, saiu, e foi enforcar-se. 6 Recolhendo as
moedas, os chefes dos sacerdotes disseram: «É contra a Lei colocá-las no
tesouro do Templo, porque é preço de sangue.» 7 Então discutiram em conselho, e
as deram em troca pelo Campo do Oleiro, para aí fazer o cemitério dos estrangeiros.
8 É por isso que esse campo até hoje é chamado de «Campo de Sangue.» 9 Assim se
cumpriu o que tinha dito o profeta Jeremias: «Eles pegaram as trinta moedas de
prata - preço com que os israelitas o avaliaram - 10 e as deram em troca pelo
Campo do Oleiro, conforme o Senhor me ordenou.»
11 Jesus foi posto
diante do governador, e este o interrogou: «Tu és o rei dos judeus?» Jesus
declarou: «É você que está dizendo isso.» 12 E nada respondeu quando foi
acusado pelos chefes dos sacerdotes e anciãos. 13 Então Pilatos perguntou: «Não
estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?» 14 Mas Jesus não respondeu uma
só palavra, e o governador ficou vivamente impressionado.
15 Na festa da
Páscoa, o governador costumava soltar o prisioneiro que a multidão quisesse. 16
Nessa ocasião tinham um prisioneiro famoso, chamado Barrabás. 17 Então Pilatos
perguntou à multidão reunida: «Quem vocês querem que eu solte: Barrabás, ou
Jesus, que chamam de Messias?» 18 De fato, Pilatos bem sabia que eles haviam
entregado Jesus por inveja. 19 Enquanto Pilatos estava sentado no tribunal, sua
mulher mandou dizer a ele: «Não se envolva com esse justo, porque esta noite,
em sonhos, sofri muito por causa dele.» 20 Porém os chefes dos sacerdotes e os
anciãos convenceram as multidões para que pedissem Barrabás, e que fizessem
Jesus morrer. 21 O governador tornou a perguntar: «Qual dos dois vocês querem
que eu solte?» Eles gritaram: «Barrabás.» 22 Pilatos perguntou: «E o que vou
fazer com Jesus, que chamam de Messias?» Todos gritaram: «Seja crucificado!» 23
Pilatos falou: «Mas que mal fez ele?» Eles, porém, gritaram com mais força:
«Seja crucificado!» 24 Pilatos viu que nada conseguia, e que poderia haver uma
revolta. Então mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão, e disse:
«Eu não sou responsável pelo sangue desse homem. É um problema de vocês.» 25 O
povo todo respondeu: «Que o sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos
filhos.» 26 Então Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus, e o entregou
para ser crucificado.
27 Em seguida, os
soldados de Pilatos levaram Jesus ao palácio do governador, e reuniram toda a
tropa em volta de Jesus. 28 Tiraram a roupa dele, e o vestiram com um manto
vermelho; 29 depois teceram uma coroa de espinhos, puseram a coroa em sua
cabeça, e uma vara em sua mão direita. Então se ajoelharam diante de Jesus e
zombaram dele, dizendo: «Salve, rei dos judeus!» 30 Cuspiram nele e, pegando a
vara, bateram na sua cabeça. 31 Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o
manto vermelho, e o vestiram de novo com as próprias roupas dele; daí o levaram
para crucificar.
32 Quando saíram,
encontraram um homem chamado Simão, da cidade de Cirene, e o obrigaram a
carregar a cruz de Jesus. 33 E chegaram a um lugar chamado Gólgota, que quer
dizer «lugar da Caveira.» 34 Aí deram vinho misturado com fel para Jesus beber.
Ele provou, mas não quis beber. 35 Depois de o crucificarem, fizeram um
sorteio, repartindo entre si as roupas dele. 36 E ficaram aí sentados, montando
guarda. 37 Acima da cabeça de Jesus puseram o motivo da sua condenação: «Este é
Jesus, o Rei dos Judeus.» 38 Com Jesus, crucificaram também dois ladrões, um à
direita e outro à esquerda. 39 As pessoas que passavam por aí, o insultavam,
balançando a cabeça, 40 e dizendo: «Tu que ias destruir o Templo, e construí-lo
em três dias, salve-te a ti mesmo! Se é o Filho de Deus, desce da cruz!» 41 Do
mesmo modo, os chefes dos sacerdotes, junto com os doutores da Lei e os
anciãos, também zombavam de Jesus: 42 «A outros ele salvou... A si mesmo não
pode salvar! É Rei de Israel... Desça agora da cruz, e acreditaremos nele. 43
Confiou em Deus; que Deus o livre agora, se é que o ama! Pois ele disse: Eu sou
Filho de Deus.» 44 Do mesmo modo, também os dois bandidos que foram
crucificados com Jesus o insultavam.
45 Desde o meio-dia
até às três horas da tarde houve escuridão sobre toda a terra. 46 Pelas três
horas da tarde Jesus deu um forte grito: «Eli, Eli, lamá sabactâni?», isto é:
«Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?» 47 Alguns dos que aí estavam,
ouvindo isso, disseram: «Ele está chamando Elias!» 48 E logo um deles foi
correndo pegar uma esponja, a ensopou em vinagre, colocou-a na ponta de uma
vara, e deu para Jesus beber. 49 Outros, porém, disseram: «Deixe, vamos ver se
Elias vem salvá-lo!» 50 Então Jesus deu outra vez um forte grito, e entregou o
espírito. 51 Imediatamente a cortina do santuário rasgou-se em duas partes, de
alto a baixo; a terra tremeu, e as pedras se partiram. 52 Os túmulos se abriram
e muitos santos falecidos ressuscitaram. 53 Saindo dos túmulos depois da
ressurreição de Jesus, apareceram na Cidade Santa, e foram vistos por muitas
pessoas.
54 O oficial e o
soldados que estavam com ele guardando Jesus, ao notarem o terremoto e tudo o
que havia acontecido, ficaram com muito medo, e disseram: «De fato, ele era
mesmo Filho de Deus!» 55 Grande número de mulheres estavam aí, olhando de
longe. Elas haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia, prestando-lhe serviços.
56 Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe
dos filhos de Zebedeu.
57 Ao entardecer,
chegou um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também se tornara
discípulo de Jesus. 58 Ele foi procurar Pilatos, e pediu o corpo de Jesus.
Então Pilatos deu ordem para que o cadáver fosse entregue a José. 59 José,
tomando o corpo, o envolveu num lençol limpo, 60 e o colocou num túmulo novo,
que ele mesmo havia mandado escavar na rocha. Em seguida, rolou uma grande
pedra para fechar a entrada do túmulo, e retirou-se. 61 Maria Madalena e a
outra Maria estavam aí sentadas, em frente ao sepulcro.
62 No dia seguinte,
um dia depois da Preparação, os chefes dos sacerdotes e os fariseus foram ter
com Pilatos, 63 e disseram: «Senhor, nós lembramos que aquele impostor, quando
ainda estava vivo, falou: ‘Depois de três dias eu ressuscitarei’. 64 Portanto, mande
guardar o sepulcro até o terceiro dia, para não acontecer que os discípulos
venham roubar o corpo, e digam ao povo: ‘Ele ressuscitou dos mortos!’ Então
essa última mentira seria pior do que a primeira.» 65 Pilatos respondeu: «Vocês
têm uma guarda: vão e guardem o sepulcro o melhor que puderem.» 66 Então eles
foram manter o sepulcro em segurança: lacraram a pedra, e montaram guarda.
De novo o Evangelho lembra que o
traidor é um discípulo que acompanhou Jesus o tempo todo. Na verdade, ele pode
ser qualquer um de nós que não tenha se decidido pelo Projeto de Deus, mas pelo
projeto da riqueza, que gera exploração, miséria, doença, não vida, morte.
Jesus, traído, humilhado, torturado, morto, é fiel até o fim.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Qual é o meu Projeto?
Jesus, traído, humilhado, torturado, morto, é fiel até o fim.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Qual é o meu Projeto?
Pergunto-me:
Quais são
meus valores?
Identifico-me com Jesus e seu Projeto?
Dizem os bispos: “Identificar-se com
Jesus Cristo é também compartilhar seu destino: “Onde eu estiver, aí estará
também o meu servo” (Jo 12,26). O cristão vive o mesmo destino do Senhor,
inclusive até a cruz: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo,
carregue a sua cruz e me siga” (Mc 8,34). Estimula-nos o testemunho de tantos
missionários e mártires de ontem e de hoje em nossos povos que tem chegado a
compartilhar a cruz de Cristo até a entrega de sua vida.” (DAp 140).
3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações como a Via-sacra:
VIA-SACRA (diante de um crucifixo)
1. Jesus é condenado à morte por Pilatos (Mt27,26)
A cada estação, faço um momento de silêncio e depois rezo:
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
2. Jesus carrega a sua Cruz (Mt 27,31)
3. Jesus cai pela primeira vez
4. Jesus encontra a sua Mãe
5. Jesus recebe ajuda de Simão para carregar a Cruz (Mt27.32)
6. Verônica enxuga o rosto de Jesus
7. Jesus cai pela segunda vez sob o peso da Cruz
8. Jesus fala às mulheres de Jerusalém (Lc 23,27)
9. Jesus cai pela terceira vez sob o peso da Cruz
10. Jesus é despojado de suas vestes (Mt 27,35)
11. Jesus é pregado na Cruz
12. Jesus morre na Cruz (Mt 27,50)
13. Jesus é descido da Cruz (Mt 27,59)
14. Jesus é sepultado (Mt27,60)
15. Jesus ressuscitou (Mt 28,5).
Termino, fazendo com muita consciência o sinal da cruz:
"Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".
4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é de amor para Jesus e de pedido de perdão por todas as traições que hoje ele sofre no mundo quando as pessoas se deixam vender.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, diante do
Crucificado, firma a nossa Esperança – que é a certeza de que como Ele
ressuscitou, também nós ressuscitaremos para viver para sempre em tua glória.
Guia-nos, Pai amado, pelos caminhos desta Semana Maior, até chegarmos com
Jesus, ao Domingo da Páscoa, tão esperado. Pelo mesmo Cristo Jesus, teu Filho e
nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.

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