Ano C
Marcos 6,45-52
Comentário do Evangelho
A presença de Jesus tudo acalma
O evangelho de hoje está estruturalmente ligado ao de ontem: a razão do medo dos discípulos é que "não tinham compreendido nada a respeito dos pães". No universo simbólico, o mar evoca o mal e a morte. É a partir do lugar da sua oração que Jesus vê a dificuldade dos discípulos em fazer a travessia. O Senhor não é indiferente ao sofrimento dos discípulos, como não é indiferente ao nosso sofrimento: no tempo oportuno "foi até eles, andando sobre as águas" (v. 48). Entre outros, a expressão "andar sobre as águas" evoca o Sl 89(88),10; é ocasião, para o autor do evangelho, de afirmar a divindade de Jesus e sua vitória sobre o mal e a morte. O medo distorce o olhar e impede o reconhecimento do Ressuscitado. Sua presença tudo acalma. A "esclerocardia" (dureza de coração) impede de tirar para a vida as consequências da entrega de Jesus Cristo.
Carlos Alberto Contieri, sj
Vivendo a Palavra
Jesus
se relacionava com os seus discípulos de forma tão natural e humana que os seus
‘sinais’ eram recebidos com susto e temor. Era preciso que dissesse: «Coragem!
Sou eu, não tenham medo!» Como nós percebemos a presença do Cristo Salvador na
nossa vida? A sua divindade às vezes nos assusta?
Reflexão
Jesus, ao caminhar sobre as águas,
revela aos seus discípulos que é Deus, isso porque, segundo as Escrituras,
somente Deus pode caminhar sobre o mar. Podemos ver isso no livro de Jó:
"Sozinho ele estende os céus e caminha sobre as alturas dos mares"
(Jó 9, 8) e no livro dos Salmos: "No mar abriste o teu caminho, tua
passagem nas águas profundas, e ninguém conseguiu conhecer os teus
rastros" (Sl 76, 20). A revelação da divindade de Jesus continua na mesma
passagem quando ele fala aos discípulos: "Coragem, sou eu! Não tenhais
medo!", atribuindo para si o mesmo nome que Deus atribuiu a si na passagem
da sarça ardente, quando revela o seu nome a Moisés.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Entendendo a Partilha
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
No versículo final desse evangelho, há uma afirmação de que “Os discípulos não tinham compreendido nada a respeito dos pães, e que o coração deles estava endurecido”.
A travessia para Betsaida foi logo após a multiplicação dos pães. Tem-se a impressão de que os discípulos não estavam muito a fim de fazer a travessia e Jesus os obrigou a entrarem na barca. Não compreender o milagre da multiplicação dos pães, é não compreender que a base da comunidade é a partilha do “pouco”. “Dai-lhes vós mesmos de comer...”Jesus havia dito a eles. Não significa que o discípulo deve fazer tudo sozinho, do seu jeito, mas fazer com Jesus, pois ele, antes de mandar distribuir os pães, os abençoou e só depois mandou distribuí-los. Quando não se compreende esse princípio fundante da vida em comunidade, sempre vai predominar o medo, a insegurança e a incerteza, sobre aquilo que está se fazendo, e qual vai ser o resultado.
O resultado disso, quando vemos os trabalhos pastorais apenas como um empreendimento humano, é exatamente o quadro que aparece nesse evangelho, sente-se o efeito dos ventos contrários, “Partilha do Pouco” e a comunhão com nosso Deus manifestado em Jesus, o mundo, ao contrário, o muito para satisfazer as ambições de poucos, concentração de riquezas nas mãos de poucos...Que nenhum cristão se iluda, os princípios e valores do evangelho nunca vão coincidir com o que o mundo nos ensina.
Então, a presença de Jesus é sempre fantasmagórica em uma comunidade que pensa assim, Jesus é uma vaga lembrança, uma evocação do passado, mas que nada pode fazer nos desafios do presente...”Coragem, não tenham medo, sou eu!”
A Fé que crê na vida de partilha, não terá essa dificuldade, pois sabe que o Senhor caminha com os seus, e o nosso “pouco” oferecido aos irmãos e irmãs, vai se tornando no “muito”. Interessante que Jesus faz questão de entrar com eles na barca, não fica de fora para realizar algum milagre, mas entra na barca, e quando assim o faz, os ventos contrários cessam de soprar sobre a tênue barquinha.
Outros ventos soprarão impetuosos, assim será até o final dos tempos, mas o Senhor caminha com a sua Igreja, não fora, lá de cima, monitorando a situação e vendo o “apuro” dos cristãos, mas dentro da igreja, ele não transforma a vida de comunidade em um “mar de rosas”, mas garante que estará sempre caminhando lado a lado com todos os que crêm Nele.
2. A presença de Jesus tudo acalma
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Carlos Alberto Contieri, sj - e disponibilizado no Portal Paulinas)
VIDE ACIMA
Oração
Pai, afasta de mim o medo e a insegurança que me impedem de testemunhar o Reino, onde se faz necessário e onde são maiores os desafios. E dá-me forças para continuar.
3. CORAGEM, NÃO TENHAM MEDO!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês)
A missão entre os pagãos gerou insegurança no coração dos discípulos. Jesus os enviou a Betsaida, fora dos limites de Israel, às margens do lago de Genesaré. Eles se viram às voltas com a missão de dar um impulso universalista ao anúncio do Reino, superando a dependência da religião judaica.
Esta missão exigiu dos discípulos abandonar a mentalidade na qual foram educados, e esforçar-se para proclamar o Reino numa linguagem compreensível às pessoas de origem e cultura diferentes. O desafio de sair da própria pátria e dirigir-se a terras estranhas constituiu para eles um dos muitos desafios que deveriam superar no desempenho da missão.
A fragilidade da barca em meio às águas revoltas é imagem da insegurança dos discípulos. Era como se estivessem imobilizados, incapazes de atingir a meta prefixada. Aliás, tinham sido obrigados a entrar na barca e partir. Poderiam até tê-lo feito de má vontade.
Teriam preferido uma missão na própria terra, onde tudo lhes parecia mais fácil Mas, Jesus foi ao encontro deles, caminhando sobre o mar, "com a intenção de passar-lhes à frente". Era preciso motivá-los a não ter medo e não deixá-los cair na tentação de voltar atrás.
A presença do Mestre, inicialmente confundido com um fantasma, ainda não fora suficiente para levá-los a acreditar. É que lhes restava ainda um longo caminho, se, deveras, quisessem fazer-se servidores do Reino.
Oração
Pai, afasta de mim o medo e a insegurança que me impedem de testemunhar o Reino, onde se faz necessário e onde são maiores os desafios. E dá-me forças para continuar.
Postado por: homilia
janeiro 9th, 2013
Completando a narrativa da partilha dos pães, Marcos nos apresenta a narrativa da travessia do mar no estilo de uma teofania. É uma narrativa com cenas supranaturais e conteúdo simbólico.
Após a partilha, Jesus manda os discípulos de barco para Betsaida, despede a multidão e sobe a montanha para orar. Os discípulos no barco, no meio do mar, encontravam dificuldades devido ao vento contrário. O “mar” é o caos ameaçador, que gera pobreza, exclusão e fome, ameaçando a vida, e que deve ser enfrentado pelos discípulos em sua ação missionária.
Jesus, andando sobre o mar, afirma-se como Aquele que – pela partilha dos pães – mostra o caminho da superação deste caos. Porém, os discípulos não entendem. É uma característica de Marcos registrar a dificuldade dos discípulos em entender a missão de Jesus.
Portanto, o apóstolo nos quer dirigir uma palavra de conforto e confiança em Deus. Aliás, dentro de nós existe uma força fantástica, capaz de nos dirigir para uma saúde perfeita, um bom trabalho e relacionamentos compensadores , ou seja, temos tudo o que precisamos para atingir a prosperidade e o amor, pois, Deus nos deu a inteligência e a vontade.
Não duvido que seja por isso que Santo Agostinho diz: “Não podemos procurar Deus fora de nós, é no interior que está a verdade”.
O ser humano contribui muito para a sua atual condição de vida. O importante é não ter medo de nada e de ninguém. Jesus continua gritando para nós: “Coragem, sou eu! Não tenham medo!” Experimente coisas novas. Se você pensar no medo, nada de grandioso poderá ocorrer.
Tenha confiança de que o Senhor irá protegê-lo, possibilitando que algo maravilhoso aconteça. Permita que as novas experiências ocorram e esteja aberto para as mudanças. Claro que os obstáculos surgirão, mas não os veja como impedimentos, mas sim como diferentes possibilidades para superar novos desafios.
Pense sempre que Deus está a orientar sua vida para o caminho do bem.
De modo geral, culpamos a sociedade pelas consequências positivas ou negativas que ocorrem na vida depois que amadurecemos. Mas é preciso reconhecer as influências benéficas de todos os acontecimentos, por piores que possam parecer no instante em que ocorreram. Caso contrário, o novo não acontece. Apenas o medo.
A frustração, o desamparo, a raiva ou o choro indicam que a pessoa ainda não cresceu. Você acha que é possível realizar algo grandioso desta forma? Não. Isto só mostra um comportamento imaturo. Por isso, coragem! Não se limite. Goste de você mesmo e não espere que alguém vá cuidar das suas carências e problemas a não ser Deus. Exponha-se diante d’Ele, não tema os julgamentos que outros possam fazer de você. Seu Anjo da Guarda o ajudará sempre!
Se você usar todo seu potencial, conseguirá usufruir as graças que vem do Alto. Expresse seus talentos e seja o primeiro a acreditar que sua vida dará certo.
Vença seus medos e seja feliz!
Padre Bantu Mendonça
Leitura Orante

Saudação
- A todos nós, a paz de Deus, nosso
Pai,
a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
Preparo-me para a
Leitura, rezando:
Jesus Mestre,
Sois o Mestre e a Verdade:
iluminai-nos, para que melhor compreendamos
as Sagradas Escrituras.
Sois o Guia e o Caminho:
fazei-nos dóceis ao vosso seguimento.
Sois a Vida:
transformai nosso coração em terra boa,
onde a Palavra de Deus produza frutos
abundantes de santidade e missão. (Bv. Alberione)
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto
do dia?
Leio atentamente o texto na
Bíblia:
Mc 6,45-52.
Logo depois, Jesus ordenou aos discípulos que subissem no barco e fossem
na frente para o povoado de Betsaida, no lado leste do lago, enquanto ele
mandava o povo embora. Depois de se despedir dos discípulos, Jesus subiu um
monte a fim de orar ali. Quando chegou a noite, o barco estava no meio do lago,
e Jesus estava em terra, sozinho. Ele viu que os discípulos estavam remando com
dificuldade porque o vento soprava contra eles. Já de madrugada, entre as três
e as seis horas, Jesus foi até lá, andando em cima da água, e ia passar adiante
deles.
Quando viram Jesus andando em cima da
água, os discípulos pensaram que ele era um fantasma e começaram a gritar.
Todos ficaram apavorados com o que viram. Mas logo Jesus falou com eles,
dizendo:
- Coragem, sou eu! Não tenham medo!
Aí subiu no barco com eles, e o vento
se acalmou. Os discípulos estavam completamente apavorados. É que a mente deles
estava fechada, e eles não tinham entendido o milagre dos pães.
Tantos aspectos poderiam ser
considerados neste texto. Vamos nos deter na afirmação de Jesus: "Sou eu!" Quem ainda não teve fé suficiente, vê Jesus
como um fantasma. Os discípulos não haviam entendido o milagre dos pães. O
Evangelho diz que a "mente deles estava fechada". Como aos discípulos
diariamente Jesus Cristo faz acontecer uma infinidade de milagres ao nosso
redor, mas a mente "fechada" não deixa reconhecer a ação de Deus. O
que nos faz a mente fechada? Um turbillhão de apelos e vozes no dia-a-dia, o
consumismo, a perda dos valores, e, sobretudo a perda da fé, da esperança e do
amor aos demais.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Qual palavra mais me toca o coração?
Entro em diálogo com o texto.
Reflito e atualizo.
O que o texto me diz no
momento?
Os bispos, em Aparecida, disseram: "Jesus saiu ao
encontro de pessoas em situações muito diferentes: homens e mulheres, pobres e
ricos, judeus e estrangeiros, justos e pecadores... convidando-os a segui-los.
Hoje, segue convidando a encontrar n'Ele o amor do Pai. Por isto mesmo, o
discípulo missionário há de ser um homem ou uma mulher que torna visível o amor
misericordioso do Pai, especialmente aos pobres e pecadores." (DAp 147)
3. Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo com todos na web:
Jesus Mestre,
faze-nos crescer no teu amor,
para que sejamos, como o apóstolo Paulo
testemunhas vivas do teu Evangelho.
Com Maria,
Mãe Mestra e Rainha dos Apóstolos,
guardaremos tua Palavra,
meditando-a no coração.
Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, tem piedade de nós.
4. Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de fé,
para encontrar
Jesus que vem a meu encontro.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Slva, fsp
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EVANGELHO DO DIA PELAS PAULINAS
Oração Final
Pai Santo, faze-nos capazes de enxergar a tua Presença amorosa disfarçada na rotina da vida, no cotidiano das relações com os irmãos e com a natureza. Que saibamos discernir na normalidade da existência o Mistério de Amor com que nos criaste. Pelo Cristo Jesus, teu Filho, nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.

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