segunda-feira, 24 de março de 2025

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 23/03/2025

ANO C


3º DOMINGO DA QUARESMA

Ano C - Roxo

“Conversão é um caminho fundamental!”

Lc 13,1-9

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A liturgia quaresmal apresenta a conversão e a misericórdia como grandes apelos deste tempo de preparação à páscoa: passagem de libertação do pecado à graça divina. Tal conversão representa um esforço constante em retornar e permanecer em Deus, de modo que nossa existência seja renovada.
https://diocesedeapucarana.com.br/portal/userfiles/pulsandinho/23-MARCO-2025-3-domingo-da-quaresma.pdf

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, neste santo tempo quaresmal, somos chamados a uma sincera conversão, a mudar nossa maneira de pensar e de agir, confiando realmente no Senhor e trilhando seus caminhos. A verdadeira libertação é graça do Espírito, mas dependerá também da abertura do nosso coração à ação divina em nós. Que esta Eucaristia seja para nós sus- tento no caminho de orientar o coração para Deus.

SE NÃO VOS CONVERTERDES, IREIS MORRER TODOS DO MESMO MODO

A Escritura conta que Deus mandou a Davi o profeta Natã. Este entrou em sua casa e disse-lhe: “Dois homens moravam na mesma cidade, um rico e outro pobre. O rico possuía ovelhas e bois em grande quantidade; o pobre, porém, só tinha uma ovelha, pequenina, que ele comprara. Ele a criava e ela crescia junto dele, com os seus filhos, comendo do seu pão, bebendo do seu copo e dormindo no seu seio; era para ele como uma filha. Certo dia, chegou à casa do homem rico a visita de um estranho e ele, não querendo tomar de suas ovelhas nem de seus bois para aprontá-los e dar de comer ao hóspede que lhe tinha chegado, foi e apoderou-se da ovelhinha do pobre, preparando-a para o seu hóspede”. Davi, indignado contra tal homem, disse a Natã: “Pela vida de Deus! O homem que fez isso merece a morte. Ele restituirá sete vezes o valor da ovelha, por ter feito isso e não ter tido compaixão”.
Natã disse então a Davi: “Tu és esse homem. Eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: Ungi-te rei de Israel, salvei-te das mãos de Saul, dei-te a casa do teu senhor e pus as suas mulheres nos teus braços. Entreguei-te a casa de Israel e de Judá e se isso fosse ainda pouco, eu teria ajuntado outros favores. Por que desprezaste o Senhor, fazendo o que é mau aos seus olhos? Feriste com a espada Urias, o hitita, para fazer de sua mulher a tua esposa e o fizeste perecer pela espada dos Amonitas. Por isso, jamais se afastará a espada de tua casa, porque me desprezaste, tomando a mulher de Urias, o hitita, para fazer dela a tua esposa. Eis o que diz o Senhor: Vou fazer com que se levantem contra ti males vindos de tua própria casa. Sob os teus olhos, tomarei as tuas mulheres e as darei a um outro que dormirá com elas à luz do sol! Porque agiste em segredo, mas eu o farei diante de todo o Israel e diante do sol”.
Davi disse a Natã: “Pequei contra o Senhor”. Natã respondeu-lhe: “O Senhor perdoa o teu pecado; não morrerás. Todavia, como desprezaste o Senhor com essa ação, morrerá o filho que te nasceu”. (Cf. 2Sm 12,1-15).
Não é difícil que isso aconteça com a maior parte de nós, religiosos, homens e mulheres dedicados à fé e ao serviço de Deus. Podemos, com grande facilidade, nos iludir achando que já demos passos significativos e, por isso, já podemos nos tranquilizar. O resultado disso é que, tão fácil quanto nos sentimos já realizados, nos colocamos como pessoas capazes de interpretar os males que acontecem aos outros e considerá-los como consequências naturais de suas vidas ainda inferiores à nossa. O mesmo não faríamos se tais males acontecessem em nossas vidas e não na de outros.
No Evangelho desse Domingo Jesus nos alerta de que a conversão é tarefa universal. Todos temos de nos converter. E se nos esquecemos disse, talvez fosse útil lembrar do exemplo do Rei Davi, que se considerava muito justo, não obstante o que fizera com Urias, o hitita. Não tivesse o profeta Natã lhe mostrado, não através de um julgamento, mas através de uma reflexão, que ele não era tão bom quanto pensava, Davi continuaria com sua soberba. Natã foi muito sábio quando fez com que Davi pronunciasse uma sentença de Justiça fazendo com que não percebesse que estava julgando a si mesmo.
É assim que acontece também conosco: se tivéssemos a consciência do quanto somos limitados, teríamos muito mais prudência ao julgar as ações de nossos irmãos e nos preocuparíamos mais com a própria conversão.
Dom Rogério Augusto das Neves
Bispo Auxiliar de São Paulo
Vigário Episcopal para a Região Sé

Comentário do Evangelho

Parábola da figueira: Conversão e a Misericórdia de Deus


Após o chamado para vencer as provações no deserto e a experiência da transfiguração no monte, neste 3º domingo da Quaresma, Deus nos faz um apelo à conversão, um dos pilares fundamentais da caminhada cristã. Para salvar seu povo, o Senhor provoca uma transformação radical na vida de Moisés (primeira leitura). Da vida tranquila de Madiã, no pastoreio do rebanho de seu sogro, o profeta ouve o chamado de Deus na sarça ardente. A libertação dos israelitas do Egito exige o envio de Moisés. Sua conversão e fé em Deus servirão como testemunho para a conversão contínua de Israel durante a jornada rumo à Terra Prometida.
Em seguida, São Paulo lembra aos coríntios sobre a caminhada do povo pelo deserto, sob a liderança de Moisés (segunda leitura). Embora os antepassados tenham experimentado a presença de Deus por meio de muitos prodígios, não deixaram de murmurar e pecar, o que resultou em sua morte. Portanto, os coríntios devem estar atentos para não cair e manter uma postura constante de conversão.
Em seguida, São Paulo lembra aos coríntios sobre a caminhada do povo pelo deserto, sob a liderança de Moisés (segunda leitura). Embora os antepassados tenham experimentado a presença de Deus por meio de muitos prodígios, não deixaram de murmurar e pecar, o que resultou em sua morte. Portanto, os coríntios devem estar atentos para não cair e manter uma postura constante de conversão.
Assim, a compaixão, bondade e paciência de Deus oferecem novas oportunidades para que Israel e toda a humanidade gerem frutos de conversão. Deus aproveita até o último momento e insiste em salvar o ser humano, pois sua missão é resgatá-lo. Cabe a cada um de nós buscar uma verdadeira transformação de coração, em busca da verdadeira conversão.

Reflexão

Num primeiro momento, o Evangelho relata dois fatos trágicos: as mortes provocadas por Pilatos e as mortes causadas por um acidente com uma torre. As pessoas que morreram não são mais pecadoras do que aquelas que não foram atingidas. Deus não é vingativo e não se alegra com a morte do pecador, mas torce pela sua conversão e vida. Os acidentes narrados não são castigos de Deus, mas podem ser ocasião para chamar à mudança de vida. Num segundo momento, o Evangelho narra a parábola da figueira que não produz frutos. Aceitando a proposta do agricultor, o dono lhe oferece mais tempo para que a figueira produza frutos. É tempo de conversão, é tempo de produzir frutos que enobreçam a vida. As duas partes falam da mesma realidade: a necessidade e a urgência de conversão. O grande risco é uma vida estéril, sem perspectivas, sem aspirações e sem avanços. Não podemos transformar o projeto de Jesus num “cristianismo estéril”.
(Dia a Dia com o Evangelho 2025 - PAULUS)

Reflexão

«Se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo»

Cardenal Jorge MEJÍA Arquivista e Bibliotecário de la S.R.I.
(Città del Vaticano, Vaticano)

Hoje, terceiro domingo de Quaresma, a leitura evangélica contem uma chamada à penitência e à conversão. Ou, mais bem, uma exigência de mudar de vida.
“Converter-se” significa, na linguagem do Evangelho, mudar de atitude interior, e também de estilo externo. É uma das palavras mais utilizada no Evangelho. Lembremos que, antes da vinda do Senhor Jesus, São Batista resumia sua predicação com a mesma expressão: «Pregando um batismo de conversão» (Mc 1,4). E, logo depois, a predicação de Jesus se resume com estas palavras: «Convertei-vos e crede na Boa Nova» (Mc 1,15).
Esta leitura de hoje tem, contudo, características próprias, que pedem atenção fiel e resposta consequente. Pode-se dizer que a primeira parte, com ambas as referências históricas (o sangue derramado por Pilatos e a torre derribada), contem uma ameaça. Impossível chamá-la de outro jeito!: lamentamos as duas desgraças –então sentidas e choradas- mas Jesus Cristo, com muita seriedade, nos diz a todos: «Se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo» (Lc 13,5).
Isto mostra-nos duas coisas. Primeiro, a absoluta seriedade do compromisso cristão. E segundo: de não respeitá-lo como Deus quer, a possibilidade de uma morte, não neste mundo, mas muito pior, no outro: a eterna perdição. As duas mortes do nosso texto não são mais que figuras de outra morte, sem comparação com a primeira.
Cada qual, saberá como esta exigência de mudança se lhe apresenta. Ninguém fica excluído. Se isto causa-nos inquietação, a segunda parte nos consola. O “vinhateiro”, que é Jesus, pede ao dono da vinha, seu Pai, que espere um ano ainda. E, entretanto, Ele fará todo o possível (e o impossível, morrendo por nós) para que a vinha dê fruto. Que dizer, mudemos de vida! Esta é a mensagem da Quaresma. Levemo-lo, então a sério. Os santos –São Inácio, por exemplo, embora tarde em sua vida- por graça de Deus mudam e nos animam a mudar.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

- «Um segredo. —Um segredo em voz alta: estas crises mundiais são crises de santos» (São Josemaria)

- «É preciso reconhecer que o próprio desenvolvimento econômico tem sido atormentado por desvios e problemas dramáticos. Tudo isso nos coloca sem extensão diante de decisões que afetam cada vez mais o próprio destino do homem, que, aliás, não pode prescindir de sua natureza» (Bento XVI)

- «A inversão dos meios e dos fins, que chega a dar valor de fim último ao que não passa de meio para alcançá-lo, ou a considerar as pessoas como puros meios com vista a um fim, gera estruturas injustas (…). É necessário apelar para as capacidades espirituais e morais da pessoa e para a exigência permanente da sua conversação interior, para realizar mudanças sociais que estejam realmente ao seu serviço» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1887-1.888)

Reflexão

O santo temor de Deus

REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI)
(Città del Vaticano, Vaticano)

Hoje, Jesus é interpelado sobre alguns factos dolorosos. Diante da fácil conclusão de considerar o mal como efeito da punição divina, Jesus restitui a verdadeira imagem de Deus, que é bom e não pode desejar o mal.
Jesus convida a fazer uma leitura diversa daqueles factos, colocando-os na perspectiva da conversão: as desventuras, os acontecimentos dolorosos, não devem suscitar em nós curiosidade ou busca de presumíveis culpados, mas devem representar ocasiões para refletir, para vencer a ilusão de poder viver sem Deus, e para fortalecer, com a ajuda do Senhor, o compromisso de mudar de vida.
—A possibilidade de conversão exige que aprendamos a ler os acontecimentos da vida na perspectiva da fé, isto é, animados pelo santo temor de Deus. Na presença de sofrimentos e lutos, verdadeira sabedoria é deixar-se interpelar pela precariedade da existência e ler a história humana com o olhar de Deus.

Comentário sobre o Evangelho

Parábolas de Jesus: A figueira estéril


Hoje estamos como escutando o tele diário do tempo de Jesus. Também ocorriam acidentes! Os judeus costumavam pensar que se lhe ocorre um acidente é porque Deus te castiga por teus pecados.
—Deus não age assim: Ele não é um policial, senão um Pai Amoroso. “Amoroso” significa que Ele espera algo de nós: Conversão!

HOMILIA

A PALAVRA: DOS OUVIDOS AO CORAÇÃO!

Deus se revela o Único que existe, é o “Eu Sou”. Ídolos nada são, nada fazem. E é o Único para o Povo: “Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó” (Êx 3,6). Assim, não se conforma com seu Povo massacrado no Egito: “Eu vi a aflição do meu povo que está no Egito e ouvi o seu clamor por causa da dureza de seus opressores... Desci para libertá-los das mãos dos egípcios, e fazê-los sair daquele país para uma terra boa e espaçosa... onde corre leite e mel”. “Este é o meu nome para sempre, e assim serei lembrado de geração em geração” (Êx 3,7-8a).
Salva-nos também do “Egito” que nós mesmos criamos por nossas infidelidades a Ele: “Ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão” (Sl 102). Uma só coisa exige de nós, e a exige com todas as letras: é a conversão. Deixemos, pois, o “Egito” que nos criaram, ou que nós mesmos nos fabricamos, e aceitemos sua proposta de “terra boa e espaçosa” do “leite e mel” abundantes.
Paulo nos resgata essa histórica exigência divina. Recordando nossos antepassados, alerta que “todos” estiveram debaixo da nuvem, passaram pelo mar, comeram do mesmo alimento espiritual, “no entanto, a maior parte deles desagradou a Deus, pois morreram e ficaram no deserto. Esses fatos aconteceram para serem exemplos para nós, a fim de que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto” (1Cor 10,5-6).
Também Jesus não deixa por menos. Seus concidadãos julgavam que os galileus mortos por Pilatos, ou os dezoito sobre os quais caíra a torre de Siloé, eram mais pecadores do que seus contemporâneos. Jesus discorda, e a eles e a nós, sua única palavra é o alerta: “Se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo” (Lc 13,3.5).
E se explica com uma parábola. Deus plantara uma figueira em sua vinha. Por três anos busca frutos. Não os encontrando, resolve cortá-la: “Por que está ela inutilizando a terra?” (Lc 13,7). Não frutificar, não fazer o bem, é mal insuportável ao Pai!
Mas seu incansável amor nos dá sempre nova chance. Cava em volta e coloca adubo: “Pode ser que venha a dar fruto” (Lc 13,9). Se não, então, seremos cortados! O que unicamente anseia é nossa conversão, recuperar-nos para junto de si e sua vida. Não ocorrerá seu desejo se recusarmos sua proposta: não tem como a Fonte conviver com a secura, que a rejeita definitivamente.
Pe. Domingos Sávio, C.Ss.R.

Oração
— OREMOS: Ó DEUS, autor de toda misericórdia e bondade, que indicastes o jejum, a oração e a esmola como remédio contra o pecado, acolhei benigno esta confissão da nossa humildade, para que, reconhecendo as nossas faltas, sejamos sempre regenerados pela vossa misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.

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