
domingo, 6 de outubro de 2019
Deus é Deus, você não! (Homilia Dominical.473: 27.º Domingo do Tempo Comum)
Canal do Youtube: Padre
Paulo Ricardo
Publicado em 5 de out de 2019
“Sereis como deuses”:
contra a soberba rebeldia que desde Adão e Eva acomete a humanidade, Nosso
Senhor fala neste domingo de duas virtudes fundamentais para a vida espiritual
— a fé e a humildade. Afinal, quem decide o que é bom e o que é mau senão Deus,
que tudo criou e que tudo governa com sabedoria? O que resta a nós, criaturas,
senão dobrarmos a nossa dura cerviz e aceitarmos, com a obediência da fé, tudo
o que Deus em seu amor nos revela para a nossa salvação?
Fonte:
https://youtu.be/__TsxoK0Zxg
HOMILIA DIÁRIA - (CANÇÃO NOVA) - Lc 17,5-10 – 06/10/2019

O Senhor aumenta a nossa fé
“Os apóstolos disseram ao Senhor: ‘Aumenta a
nossa fé!’. O Senhor respondeu: ‘Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um
grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: Arranca-te daqui e planta-te
no mar, e ela vos obedeceria’” (Lucas 17,5-6).
O clamor dos apóstolos é o clamor do
nosso coração: ‘Aumenta a nossa fé’, porque precisamos de fé, e não é uma fé
qualquer, é uma fé verdadeira e autêntica, de confiança e entrega, é uma fé na
qual depositamos em Deus o nosso coração e toda a nossa vida.
Nos tempos em que vivemos, onde a
nossa fé é, muitas vezes, atacada e esvaziada, temos verdadeiras crises, um
vazio na fé. Cremos em Deus, mas a nossa confiança n’Ele fica vazia, são
decepções, situações mal resolvidas, sobretudo, porque vivemos num tempo de ansiedade,
em que queremos respostas prontas, imediatas e rápidas para todas as coisas.
No tempo em que se aceleram as buscas
e as respostas, não se encontra serenidade para a reflexão, para a meditação e
para, de fato, viver a sobriedade do Espírito. E sem a sobriedade do Espírito
não mergulhamos, não nos aprofundamos na nossa fé, não a vivemos de forma
intensa em Deus.
A fé necessita de oração, de silêncio
e busca. A fé é um dom que nos é dado por Deus. Por isso, o apóstolo estava
pedindo: “Aumenta a nossa fé”.
Senhor, aumenta a
nossa fé, porque precisamos dela, e não é uma fé qualquer, mas verdadeira e
autêntica
Nós até desejamos e ansiamos ter fé,
mas vivemos em meio a um turbilhão de ataques, de preocupações, tensões,
situações e complicações, que mal alimentamos a nossa fé. A fé mal alimentada
enfraquece, adoece, muitas vezes, esvazia e morre.
Se tivéssemos fé pequena como um grão
de mostarda, poderíamos dizer, em nome da fé, a tantas montanhas que estão a
nossa frente – uma hora é a montanha do desânimo, das preocupações e dos
problemas –: “Saia da frente, permita-me enxergar a presença de Jesus na minha
vida”. E essas montanhas todas sairiam da nossa frente. Os turbilhões dos
problemas, das aflições, as dificuldades, os temores, os receios de todas as
coisas sairiam da nossa frente.
Se, no entanto, não priorizarmos a
fé, preciso dizer que seremos tomados e rendidos por todo esse clima de
ansiedade e inquietação dos tempos em que vivemos.
Senhor, aumenta a nossa fé. Permita,
Senhor, que possamos em Vós, no silêncio, na busca sincera e verdadeira, nos
jogarmos nos seus braços para vivermos na fé e reconduzidos por ela.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e
colaborador do Portal Canção Nova.

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 06/10/2019
ANO C

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ano C – Verde
“Aumenta a nossa fé!” Lc
17,5
Lc 17,5-10
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O Senhor aqui
nos reúne. É ele que nos chama. Mais uma vez, somos convidados a tomar parte na
Ceia do Senhor. Buscando nosso aperfeiçoamento, somos chamados a encontrar, no
Pão da vida eterna, força e alimento para nossa vida de fé. Na escuta da
Palavra de Deus, confiamos a Ele nossas aflições e dificuldades, na certeza de
sua presença junto de nós. Estamos iniciando o mês de outubro, mês missionário
e dedicado a Nossa Senhora e à recitação do Rosário. O testemunho de fé de
Maria, junto à cruz, nos mostra o real valor da fé para aquele que crê. Sua
esperança nos mostra o verdadeiro significado da espera e da confiança daquele
que nos chama à vida em plenitude.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE
DEUS: Irmãos
e irmãs, nesta Ceia participamos do Mistério de Cristo e assumimos a sua páscoa
como nossa páscoa. Iniciando o mês Missionário Extraordinário, como discípulos
e servidores, animados pela vitória do Senhor sobre o pecado e a morte,
queremos que esta Eucaristia nos devolva para nossas casas e para o mundo, com
uma renovada fé e um grande desejo de anunciar tudo aquilo que aqui vamos
experimentar.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O evangelho de
hoje nos oferece um ensinamento sobre a fé, provocado por uma súplica dos
discípulos. Eles compreenderam bem que só se tivessem fé, se estivessem
convencidos de que vale a pena deixar tudo para seguir o Mestre, é que poderão
guardar distância das riquezas e se decidir pelo Reino. Jesus aprova essa
convicção e declara implicitamente como tal decisão só pode ser fruto da fé.
Temos também um ensinamento sobre a humildade, pois o cristão não deve jamais
orgulhar-se de ter cumprido o seu dever.
MÊS MISSIONÁRIO EXTRAORDINÁRIO
[...] A promoção do “mês missionário extraordinário”, em outubro de
2019, combina bem com o caminhar do nosso sínodo e vai contribuir, certamente,
para alcançarmos de maneira mais eficaz o objetivo do sínodo. Convoco,
portanto, todas as paróquias e suas comunidades, com suas organizações
eclesiais e pastorais, a realizarem o “mês missionário extraordinário”, como
parte das ações do sínodo arquidiocesano em 2019.
Muitas ações podem ser promovidas, como resposta aos desafios, lacunas e
urgências na evangelização, já constatadas pela pesquisa de campo, de 2018,
sobre a situação religiosa e pastoral. Há muito desejo de receber visitas
missionárias; há carência de verdadeira acolhida e escuta das pessoas, de
oração com elas e de lhes falar de Deus, da Igreja e de suas ações. Há carência
de maior atenção aos doentes nos hospitais e nas casas, aos idosos que vivem
sós, às pessoas angustiadas e necessitadas de uma palavra boa nas situações de
dor, luto e aflição. São urgentes os gestos concretos de humanidade e de
misericórdia em relação às pessoas 17 “descartadas” da sociedade e do sistema
econômico. É preciso ir ao encontro dos pobres em todas as suas necessidades,
tomando iniciativas concretas para socorrê-los.
Cada paróquia e comunidade, atendendo ao apelo do Papa Francisco,
torne-se cada vez mais uma “Igreja em saída”, indo ao encontro daqueles que
vivem distantes da prática da fé, convidando-os a participarem da vida da
Igreja; é necessário falar do Batismo dos filhos, da catequese em todas as
fases da vida, sobretudo das crianças e adolescentes. É urgente falar do
casamento cristão, revalorizando o sacramento do Matrimônio. É necessário
voltar a falar da assistência religiosa aos doentes e moribundos, do funeral
cristão, da esperança cristã... Talvez a paróquia necessite mesmo fazer um
“mutirão missionário”, para ir ao encontro do povo e ajudar as pessoas a
reencontrarem o caminho que leva ao encontro com Deus e a Igreja...
E não se devem esquecer a missão universal da Igreja e os missionários
que partem para longe, para o meio de povos ainda não evangelizados. Durante o
mês missionário extraordinário, vamos promover intensa oração pelas missões e
pelos missionários, preparar bem o Dia Mundial das Missões (20/10) e incentivar
a Coleta para as Missões a ser feita no mesmo dia; pode-se fazer uma vigília
missionária, com adoração ao Santíssimo Sacramento; convidar algum missionário,
pertencente a um Instituto ou Congregação missionária, para que fale ao povo
sobre a urgência missionária da Igreja; nas paróquias, podem ser promovidas
exposições missionária com imagens, fotos e dados numéricos sobre a “Igreja
missionária”; e também pode ser feito um festival missionário com cantos,
poesias, testemunhos missionários, envolvendo crianças, adolescentes e jovens.
Em outubro de 2019 também será celebrada em Roma a assembleia especial,
para a Amazônia, do Sínodo dos Bispos. A evangelização da Amazônia, nossa união
espiritual e a solidariedade efetiva com a Igreja que está naquela Região são
desafios que nos envolvem também e não nos devem desinteressar. Portanto, o
acompanhamento do “sínodo da Amazônia” também será parte das ações do “mês
missionário extraordinário”.
Como fruto do mês missionário extraordinário, deveria ficar organizado
um serviço de “missão permanente” em cada paróquia. A missão, de fato, não se
encerra com uma campanha, feita de vez em quando. A Igreja é missionária de
maneira permanente e em tudo o que ela faz; ela existe para a missão e essa
Igreja somos nós! Por isso, precisamos desenvolver uma nova cultura missionária
em cada comunidade, em cada organização eclesial. Não devemos contentar-nos em
ser bons cristãos, apenas de maneira privada e individual. Somos membros da
Igreja missionária, que recebeu de Cristo a “alegria do Evangelho” para ser
testemunhado e compartilhado com todas as pessoas e em todas as circunstâncias.
E isso depende de todos os batizados e membros da Igreja!
Lugar importante de exercer a missão e o espírito missionário é a
família e o círculo familiar ampliado. Constatamos, com preocupação, que
aumentam os católicos que já não batizam mais os filhos e não os apresentam a
Deus e à Comunidade da Igreja, nem lhes ensinam as primeiras orações; não os
encaminham para a catequese, nem os introduzem na vida da Igreja. E, assim, é
quase certo que depois eles não se casarão na Igreja, nem formarão um novo lar
cristão.
O resultado quase inevitável disso é o abandono total da fé e a perda da
vinculação com a Igreja. Essas situações requerem a capacidade missionária da
família para transmitir a fé católica aos filhos. A família, sobretudo os pais,
tem um papel insubstituível na evangelização e na transmissão da fé aos filhos.
O “outubro missionário” pode ajudar a muitos pais a recuperarem essa dimensão
importante da sua missão. Que fazer, portanto, para que o “mês missionário
extraordinário” seja vivido como um verdadeiro “mutirão missionário” em cada
paróquia e comunidade da nossa Arquidiocese?
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
(CARTA PASTORAL sobre o Sínodo Arquidiocesano de São Paulo, 2018 - 2020,
p. 15-18).
Comentário do Evangelho
O que importa, aqui, não é o tamanho da fé, mas em
que ela nos faz apoiar nossa vida e nossa vocação.
Talvez, muitos leitores do evangelho de hoje se
sintam confusos pelo que aí é dito; outros tantos se deixarão levar pelo
imediatamente percebido na leitura, sem aprofundar o sentido do texto. Tentemos
ajudar o leitor a conhecer a mensagem que o autor quis transmitir com o seu
texto.
“Aumenta a nossa fé!” (v. 5). Esta é a súplica
dos apóstolos, os enviados. A fé é fundamentalmente adesão à pessoa de Jesus
Cristo e, em razão dessa adesão, ela se transforma em testemunho. Tendo já sido
enviados em missão (9,1-6), os apóstolos experimentaram a necessidade de uma
comunhão estreita com Jesus. Sem esta relação estreita, o “sucesso” da missão
fica comprometido. A fé oferece a possibilidade de fazer tudo em Deus, sem se
deixar seduzir pelo prestígio, nem desanimar pelo fracasso. A fé está ligada à
missão. Diante da súplica dos Doze, que também é a nossa, Jesus responde: “Se
tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta
amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria” (v. 6).
A fé, dizemos nós, remove montanhas! É preciso bem compreender, pois o que
importa, aqui, não é o tamanho da fé, mesmo porque ela não é mensurável, mas em
que ela nos faz apoiar nossa vida e nossa vocação. É a confiança no poder de
Deus, na palavra de Cristo, que pode transformar a realidade tanto pessoal como
social. É Deus quem age, não importa qual seja a nossa fé ou o nosso grau de
confiança nele. Quando a ação do discípulo no desempenho de sua missão é feita
em nome do evangelho, não há nada que seja impossível. “Para Deus tudo é
possível”, dirá o Anjo Gabriel a Maria (1,37). Para o discípulo apoiado na
palavra de Jesus Cristo, não há nada que possa desencorajá-lo.
“Somos simples servos…” (v. 10). Muitas vezes nós
traduzimos esta frase deste modo: “Somos servos inúteis!”. Se o fôssemos,
porque Deus nos chamaria ao seu serviço? A questão é outra. Em primeiro lugar,
o apóstolo é servidor de Deus e dos homens. Antes de se assentar à mesa, no
banquete do Reino de Deus, há um trabalho a ser feito, o anúncio do Reino, o
testemunho de Jesus Cristo (cf. At 1,8). Em segundo lugar, a expressão “simples
servos, pois fizemos o que devíamos ter feito” diz respeito à gratuidade do
serviço. A recompensa do apóstolo é Deus mesmo, seu verdadeiro salário é ser
admitido como operário na vinha do Senhor. Quem é enviado não tem nenhum
direito sobre Deus, nem sobre seus semelhantes. A gratuidade exige não só
deixar de buscar recompensa, mas renunciar ao prestígio pessoal e à segurança
pessoal. Deus é a sua força e proteção.
Fonte: Paulinas em 06/10/2013
Vivendo a Palavra
Como os Apóstolos, também nós devemos pedir ao
Pai que aumente a nossa fé. Paulo lembra a Timóteo que ‘Deus não nos deu um
espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sabedoria’. Portanto,
sejamos agradecidos e cultivemos com zelo e carinho a semente de fé depositada
em nós.
Fonte: Arquidiocese BH em 06/10/2013
Vivendo a PalavrA
Como os Apóstolos, também nós queremos pedir ao
Pai que aumente a nossa fé. Paulo lembra a Timóteo que ‘Deus não nos deu um
espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sabedoria’. Portanto,
sejamos agradecidos e cultivemos com zelo e carinho a semente de Fé depositada
em nós.
Reflexão
A FORÇA DA FÉ
Diante das ações e ensinamentos do Mestre, os
apóstolos reconhecem os próprios limites. Pedem, por isso, que Jesus lhes
aumente a fé. Querem de presente uma fé maior, que os torne capazes de perdoar
mais facilmente e fazer coisas maiores.
A resposta de Jesus vem com uma comparação. A fé
é como um grão de mostarda. Um grão que é dom de Deus, mas precisa ser semeado
para frutificar. A fé, dom de Deus, tem em si o poder de se transformar e
transformar as realidades, mas os frutos da fé dependem de cada um de nós.
Se o destino natural da semente é se transformar
e frutificar, qual seria o nosso destino? Vem então a outra comparação feita
por Jesus, que fala de um servidor ocupado simplesmente em servir. Trata-se da
atitude fundamental diante de Deus: reconhecermo-nos devedores àquele de quem
tudo recebemos e de quem somos simples servos. Serviço que se aprende, afinal,
do próprio Mestre, o exemplo de servidor.
O que os apóstolos queriam era muito bom:
continuar, com uma “fé maior”, os sinais de vida da missão de Jesus, suas ações
e ensinamentos. Mas fé não é questão de tamanho. Se tivermos fé, será como um
grão de mostarda, que tem o poder de transformar e gerar vida. Se não
frutificar, pode ser outra coisa, mas não fé.
E os frutos da fé só podem vir pelo serviço
desinteressado a Deus. Mas como a Deus só podemos servir servindo o próximo,
então talvez nosso melhor pedido a Deus seja: que perseveremos em nossa missão
de servir o projeto de Deus mudando o mundo para melhor, pois nisso está o
poder de nossa fé.
Diante de Deus somos simples servidores: devemos
tudo a ele e nada podemos exigir. Que possamos seguir nosso destino natural,
com a fé que permite ir além, como uma semente que morre para trazer vida.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 06/10/2013
Reflexão
Provavelmente a comunidade de Lucas está passando por dificuldades no
seguimento ao Mestre. A viagem a Jerusalém reflete um pouco essa caminhada das
comunidades: os altos e baixos de cada uma. A falta de fé esmorece a comunidade
no assumir o compromisso do Reino. Os apóstolos reconhecem sua falta de fé, por
isso o pedido: aumenta nossa fé. Jesus mostra-lhes a importância da fé, mesmo
pequena. Não se trata tanto de quantidade, mas de qualidade. A fé do cristão
não está tanto em aderir a um conjunto de verdades, mas em assumir uma escolha
concreta: a de seguir o Mestre. Segundo o texto, o poder da fé é muito grande:
consegue coisas humanamente impossíveis. A pequena parábola da segunda parte do
evangelho pode chocar os corações mais puros. Ela dá a impressão de justificar
a escravidão. Jesus não aprova escravidão nenhuma, mas aproveita de uma
realidade presente no seu tempo: muitos escravos. O sistema escravocrata não
faz parte do projeto do Reino que Jesus veio anunciar. A parábola mostra
simplesmente que os servidores do evangelho não devem esperar aplausos e
elogios. Ela quer desfazer o conceito de um “deus capitalista” que recompensa o
bem que fazemos. Sim, com certeza, Deus nunca esquecerá o bem que fizermos, mas
ele deve ser feito desinteressadamente. A exemplo dos discípulos, peçamos ao
Senhor que aumente nossa fé.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
Diante das dificuldades da vida, o que lhe dá
forças? - Você reza pedindo que Deus fortaleça sua fé? - Que lugar ocupam em
sua vida a humildade e a arrogância? - Você serve com alegria? - Sabe ser
disponível socorrendo os pobres e os simples?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 06/10/2013
Meditando o evangelho
A FORÇA DA FÉ
Quando os discípulos pediram a Jesus para aumentar-lhes a fé, queriam
que ela se tornasse mais autêntica e existencial. Quando isto acontecesse, eles
estariam aptos para testemunhá-la com a vida, de acordo com o que acreditavam.
Não é questão de aumento quantitativo da fé. Mesmo que seja mínima, mas
autêntica, ela tem o formidável poder de fazer coisas impossíveis.
Esta é a mensagem da parábola da árvore transplantada para o mar. Uma fé
minúscula seria suficiente para ordenar a uma árvore arrancar-se e plantar-se
no mar. Essa ordem será imediatamente executada, quando resultar da confiança
inabalável em Deus.
A profundidade da fé manifesta-se na maior ou menor capacidade de
realizar as obras dela decorrentes. E as obras decorrentes da fé são as do
amor. Quanto mais temos fé, mais somos misericordiosos com o próximo,
cultivamos uma disposição contínua para perdoar, buscamos, em tudo, ser
fraternos e solidários com os outros, empenhamo-nos pela causa da justiça.
As obras da fé são, em última análise, o dever fundamental da comunidade
cristã. Realizá-las é obrigação. Quem as pratica, sabe que faz o que Deus quer.
Portanto, tem consciência de ser um simples servo inútil, cuja única grandeza
consiste em fazer o que é seu dever.
(O comentário do Evangelho abaixo é
feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica,
Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Espírito de fé operosa, robustece minha fé pequena, capacitando-me para
realizar as obras do amor e da misericórdia.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O que é a Fé?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito
pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata –
Votorantim – SP)
Eis um evangelho onde, se o leitor não prestar muita atenção,
irá pensar que são dois assuntos diferentes que Jesus está tratando. Os
apóstolos lhe fazem um pedido que nós todos sempre fazemos: Para que Deus
aumente a nossa Fé! Jesus acolhe o pedido, mas vai lhes dizer que “Se a Fé que
eles tinham fosse tão pequenina como o de um grão de mostarda, conseguiriam até
arrancar uma amoreira e fazê-la sozinha plantar-se ao mar”, ou seja, com um
pouco se faz muito além do que se pode.
Arrancar qualquer árvore adulta, usando as próprias mãos, já
requer um grande esforço, uma amoreira mais ainda, pois sua raiz é grande e
muito entrelaçada, exatamente como suas ramagens se apresentam. Arrancá-la
dando uma simples ordem verbal, sem por as mãos, e ainda fazê-la plantar-se ao
mar, ora, a amoreira teria que afundar, atingir o solo do fundo do mar e penetrar
na terra. Mesmo estando em um contexto longe da narrativa do evangelho, do
Jesus Histórico e seus seguidores, a gente conclui que essa seria uma ação
impossível humanamente falando.
Se a reflexão parasse por aqui a conclusão seria essa: Os
apóstolos não tinham nenhuma Fé, pois se tivessem, poderiam fazer grandes
proezas, como aquela que Jesus lhes propôs como exemplo. Se a Fé fosse isso,
seria tão bom para todos nós. Faríamos grandes proezas e não passaríamos mais
nenhuma necessidade. Essa é a Fé Mágica que muitos querem ter pois sempre
diante de algo difícil de se conseguir, não falta quem diga “Você precisa ter
mais Fé”
Mas a reflexão tem sequência quando Jesus lhes fala da relação
entre servo e seu Senhor. Mudou o assunto? Não. Jesus agora irá aprofundar o
ensinamento. Os apóstolos, embora seguidores de Jesus, ainda não tinham
conseguido mudar a mentalidade sobre o Messias e no fundo pensavam como a
Comunidade Judaica, principalmente os Fariseus e Doutores da Lei, para os
quais, Deus estava á sua inteira disposição, desde que cumprissem toda Lei de
Moisés, atendendo rigorosamente a todas as prescrições e determinações. Com uma
conduta e procedimento de um Justo, Deus era obrigado a atendê-los concedendo
todas as bênçãos e promessas feitas a Abraão e sua descendência, pois
tornavam-se merecedores.
Entre nós, quando alguém recebe algum benefício, ou acontece
algo de bom que vai lhe trazer vantagens, principalmente financeiras e
materiais, os mais próximos o saúdam e o cumprimentam, dizendo “Olha, você merece!”.
Essa mentalidade Farisaica perpassa o tempo e o espaço, e ainda contamina nosso
coração diante de Deus, pois, quando peco mereço o castigo, quando me confesso
e procuro viver bem, na Graça de Deus, então sou merecedor das bênçãos e do
Céu, que um dia Deus me dará, porque sou realmente muito bom, como Cristão.
Fé consistente, não é aquela que faz coisas prodigiosas, sem
explicação, mas sim aquela que consegue transformar a nossa mentalidade
religiosa, e consequentemente a nossa relação com Deus! Algo tão difícil como
arrancar uma amoreira com raiz e tudo e fazê-la plantar ao mar... Os Dons
maravilhosos que o Senhor nos concede, são todos imerecidos.
Um coração contaminado pelo orgulho, vaidade e prepotência, nem
sempre aceita o que é de graça, porque isso seria reconhecer a superioridade de
quem nos concede, por isso os pobres e pequenos sempre foram os preferidos de
Deus.
De igual forma os que se julgam pecadores e estão afastados da
comunidade, em geral estão sempre abertos para essa experiência impar com a
gratuidade do grandioso Amor Divino, que na sua Graça nos transforma por
inteiro, arrancando de nosso coração as raízes entrelaçadas de pensamentos
egoístas, que nos impedem de nos abrir á Deus.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim
– SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
2. Simples servos
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por
Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e
disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Segundo o Evangelho de Lucas, estamos no fim da quarta etapa da
subida de Jesus com seus discípulos para Jerusalém. Os apóstolos pedem ao
Senhor: “Aumenta a nossa fé!”. Um pedido humilde de quem não é autossuficiente.
A resposta se abre em várias direções. “Vocês não têm fé. Se tivessem um
mínimo, do tamanho de um grão de mostarda, fariam maravilhas.” O homem de fé é
como o senhor que dá ordens a seu servo e ele obedece. Quem tem fé dá ordem a
uma amoreira e ela vai se plantar no mar.
Coisas impossíveis podem acontecer. O homem de fé é também
aquele que obedece e faz mais do que é sua obrigação. “Sou um servo inútil”,
diz ele. “Fiz o que devia fazer.” Por que inútil? Porque poderia ter feito
mais. Ficou no limite, sem avançar, sem arriscar.
Jesus disse a um jovem rico, que observava todos os mandamentos,
que se quisesse ser perfeito deveria dar um passo adiante.
Vender tudo o que tinha, dar aos pobres e seguir Jesus. Ele não
o fez. O profeta Habacuc tem consciência de que, para sobreviver num mundo
conturbado como o nosso, é preciso ser gente de fé. “O justo viverá por sua
fé.” O que vê Habacuc na sociedade em que vive? Violência, crueldade,
perversidade, opressão, demandas, processos. Que o profeta não se desespere!
Tudo tem um tempo determinado. Continua, porém, a ressoar o grito profético:
“Até quando, Senhor?”. Com fé é possível ver o que agora é invisível, ver que
“vai se acabar quem não é reto”. Quem tem fé, tem uma visão mais completa da
realidade da vida, porque a vida não é só o que se vê com os olhos do corpo,
nem mesmo com os olhos da inteligência. A fé vê e interpreta os sinais dos
tempos, os mistérios da vida, a presença de Deus.
Escrevendo a Timóteo sua última carta, Paulo o exorta a tomar
como norma o que ele ouviu em matéria de fé e de amor em Cristo Jesus. Que ele
enfrente as dificuldades com fé e amor. Deus não nos deu um espírito de
covardia ou timidez. Ele nos deu um espírito de fortaleza, de amor e de
equilíbrio. Timóteo andava sem motivação. Tarefas temos todos e problemas
também. O que nem sempre temos é motivação para seguir adiante. Timóteo não
deve se envergonhar de ser seguidor de Jesus, nem se envergonhar de Paulo que
está preso.
Que ele saiba sofrer pelo Evangelho, sustentado pelo poder de
Deus. E guarde tudo o que recebeu, ajudado pelo Espírito Santo. Habacuc,
Timóteo, os apóstolos, estamos todos sempre precisando do estímulo da fé para
não desanimar e superar o que as circunstâncias nos trazem de desagradável.
“Aumenta a nossa fé”, um pedido a ser repetido muitas vezes. Aumenta a nossa
visão da realidade e a percepção de que há em nós uma força capaz de
transformar essa mesma realidade. Aumenta a alegria e a coragem no trabalho
pela causa de Cristo e de seu Evangelho.
O discípulo fiel vê o Mestre e vibra por ele e pela causa que
ele defende. Ao desenvolver qualquer atividade em favor da causa do Mestre,
sabe que não está fazendo mais do que sua obrigação, e faz com gosto, com o
espírito reavivado. É fiel aquele discípulo que nunca abandona o seu mestre, e
é fiel o discípulo que crê no seu mestre. É neste sentido que o discípulo é
fiel. Ele tem fé e crê em seu mestre. A fidelidade ao mestre será uma
consequência da sua fé. No próximo domingo entraremos na quinta etapa da subida
para Jerusalém.
Liturgia comentada
Somos servos inúteis... (Lc 17,5-10)
Em nossa vida, tudo é graça. Tudo é dom. Mesmo o
bem que fazemos, só o fazemos porque o amor de Deus agiu em nós. Um santo
dizia: “Se eu pequei, Deus me perdoou; se eu não pequei, Deus me sustentou.” De
fato, se o Senhor nos entregar a nós mesmos, às nossas más inclinações,
afastando-se de nós, boa coisa não sairá...
Hoje, mesmo na Igreja, cresce outra vez a heresia
pelagiana. Segundo esta concepção do homem, nós seríamos capazes de fazer o bem
e chegar à salvação apenas contando com nosso esforço e boa vontade. Leia-se:
sem a graça de Deus. Tal mistura de voluntarismo e esforço heroico (derivada de
uma ilusão otimista acerca de nossa natureza!) acaba por dispensar a Deus e por
nos colocar em seu pedestal.
Entretanto, este acesso de loucura existencial é
diretamente contradito pelo ensinamento de Jesus: “Sem mim, nada podeis fazer.”
(Jo 15,5.) Em tudo, dependemos do Senhor. Sem o Espírito Santo, nos desviamos
da verdade. Contando apenas conosco, decaímos em terríveis degradações morais.
Ora, no Evangelho de hoje, somos interpelados por
esta frase dura de engolir: “Somos servos inúteis...” Alguns pretendem atenuar
a tradução: “Somos uns servos quaisquer... Somos uns pobres servidores...” Mas
é bater de frente contra a tradução direta (e literal) da expressão original de
São Lucas!
Creio que Jesus sabia o que dizia aos nos
qualificar assim. Por um lado, ao chamar apóstolos e discípulos, é claro que
Jesus contava com nossa cooperação na construção do Reino. Quis precisar de
nossa... inutilidade. Por outro lado, o Mestre devia saber do risco que
corremos quando cumprimos nossa obrigação e nos julgamos credores de Deus, com
direito a regalias e retribuições especiais. Ele sabe como a vaidade modula
nossa voz e orienta nossos gestos. Assim, dá-nos o rótulo de “inúteis” como
antídoto contra a soberba. Que bom!
Após uma de minhas primeiras pregações, fui
cumprimentado por uma freira bem velhinha (já em fase terminal, devido a um
câncer, sem que eu o soubesse). Minha resposta foi pedir-lhe que rezasse por
mim, para que eu não ficasse vaidoso. A baixinha cresceu à minha frente, cheia
de santa fúria, e botou o indicador em meu nariz: “Vaidoso?! Deus sabe que
você, sozinho, não vale nada!” Deus lhe pague, Irmã Margarida!
Orai sem cessar: “Ó Deus, conheces a minha tolice!” (Sl
69,6)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Fonte: NS Rainha em 06/10/2013
Comentário
A SOBERANIA DE DEUS E NOSSA FIDELIDADE
I. INTRODUÇÃO GERAL
O mote da liturgia de hoje é: fé e fidelidade. O
termo bíblico – emuná em hebraico, pistis em
grego, fides em latim – tem esses dois sentidos. Ora, a base de nossa
fidelidade está na firmeza inabalável e soberana de Deus. Se dizemos que nossa
fé nos salva, isso não é por causa da nossa qualidade, mas porque nossa fé nos
une a Deus, que nos salva. Fé é adesão firme a Deus, que é fiel. É a total
entrega ao seu desígnio, que muitas vezes supera nossa compreensão imediata,
mas, em última instância, nos confirma na salvação. No Antigo Testamento, por
exemplo, na 1ª leitura de hoje, a fé é a adesão em autenticidade e
lealdade a Deus; no Novo Testamento, trata-se da adesão a Jesus Cristo, que nos
une a Deus.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS
BÍBLICOS
1. II leitura (Hab 1,2-3; 2,2-4)
Habacuc 1,2-2,4 é um diálogo entre Deus e o
profeta. Diante da desordem que reina em Judá, nos últimos anos antes do
exílio, Habacuc grita a Deus com impaciência, quase com desespero.
Deus, porém, anuncia que tratará o mal da infidelidade com um remédio mais
tremendo ainda: os babilônios. Quando Habacuc reclama contra essa
solução – na leitura deste domingo –, Deus responde: “Eu sei o que faço; não
preciso prestar contas; mas os justos se salvarão por sua fidelidade” (2,2-4).
O profeta se queixa, porque a impiedade está vencendo, porque o direito e o
próprio justo são pisados ao pé. Deus, porém, não precisa prestar contas para o
ser humano. Este é que lhe deve obediência, também nas horas difíceis: é a
“fé/fidelidade” que faz viver o justo (2,4).
2. Evangelho (Lc 17,5-10)
O evangelho começa com a prece dos apóstolos: “Senhor, aumenta
nossa fé”. Às vezes precisa-se de muita fé para acolher a palavra de Jesus,
pois o evangelho não é tão evidentemente gratificante. Daí os
discípulos dizerem: “Dá-nos mais fé”.
A resposta de Jesus é uma admoestação para que
tenham fé que transporta montanhas! Jesus fala aqui no estilo hiperbólico,
exagerado, dos orientais, mas não deixa de ser verdade que quem se entrega em
confiança a Deus em Jesus Cristo faz coisas que outros não fazem e que o
próprio crente não se julga capaz de fazer.
Somos como peões de fazenda, que, depois de
terem executado seu longo e cansativo serviço, não podem reclamar, pois
apenas cumpriram seu dever (cf. 1Cor 9,16). Assim como, em Habacuc, Deus
não presta contas ao profeta, o “dono” na parábola do evangelho não precisa
prestar contas a seus servos. Depois da longa jornada dos servos no campo, ele
pede que lhe preparem a comida e a sirvam, sem reclamar. Fizeram somente seu
dever. Claro que Jesus não está justificando esse modo de agir do dono; apenas
usa uma cena cotidiana de seu tempo para expressar que Deus não precisa prestar
contas: quando o servimos, fazemos apenas o que devemos fazer.
Nossa mentalidade atual não aceita isso
facilmente. Em nossa sociedade, a mínima prestação de serviço exige uma
gratificação específica. Ainda que, muitas vezes, a gratificação não valha o
serviço, essa mentalidade exclui todo o espírito do “simples serviço”. Até as
prefeituras e governos estaduais fazem propaganda com as obras que nada mais
são que a execução de seu dever! Ora, no Reino de Deus, o que conta é o
espírito de participação. Faz-se o que o Reino exige, sem cobrar nada extra. A
recompensa existe no participar, como Paulo diz a
respeito de anunciar o evangelho gratuitamente (1Cor 9,16). Ao
interpretar a parábola de Jesus, devemos pôr entre parênteses os traços
paternalistas da cena que ele evoca. O que ele quer mostrar é que participamos
no projeto de Deus, não em função de uma compensação extra, mas porque é a obra
de Deus. O próprio Deus é nossa recompensa, e a realização de seu amor supera
qualquer recompensa extra que poderíamos imaginar.
3. II leitura (2Tm 1,6-8.13-14)
A 2ª leitura é tomada do início da Segunda Carta
a Timóteo. Esta carta impressiona-nos por seu estilo vivo – uma
fotografia em alta definição do Apóstolo no fim de seus dias. É seu
testamento espiritual. No trecho de hoje, Paulo exorta seu amigo Timóteo a
manter a plena fidelidade ao Senhor. Pois também o ministro da fé deve
firmar-se na fidelidade, para poder confirmar os seus irmãos na fé.
Em Romanos 1,16, Paulo escreveu que não se
envergonhava por causa do Evangelho. A Segunda Carta a Timóteo repete a mesma
afirmação, para exortar os pastores que o sucedem, a fim de que se lembrem de
estarem servindo ao Cristo aniquilado. Nas cidades do “mundo civilizado” de
então, o cristianismo era ridicularizado e perseguido. Por isso, Paulo exorta
seu discípulo a não se envergonhar e a guardar a doutrina sadia que dele
recebeu (contra as fantasias gnósticas e outras que se introduziram no
cristianismo primitivo). Exorta-o a guardar o “bom depósito”, ou seja, o bem
nele depositado, a ele confiado (1,14). Esse “bom depósito” é a plena
verdade do Evangelho. Repleto dela, o discípulo poderá distribuí-la aos outros,
pois o cristão é responsável não só por sua própria fé, mas também pela fé e
fidelidade do seu irmão. Ora, nas circunstâncias daquele tempo e de todos os
tempos, isso só é possível com a força do Espírito Santo.
Recebemos hoje, portanto, uma mensagem para
valorizar a fé, inclusive, como base da oração. Mas nossa fé não é uma espécie
de fundo de garantia para que Deus nos atenda. Assim como ele não precisa
prestar contas, também não é forçado por nossa fé. Nossa fé é necessária para
nós mesmos, para ficarmos firmes na adesão a Deus em Jesus Cristo. Deus mesmo, porém,
é soberano, e soberanamente nos dá mais do que ousamos pedir, como diz a oração
deste domingo.
III. PISTAS PARA
REFLEXÃO
Somos simples servos: quem não gosta de
um elogio? Não estão nossas igrejas tradicionais cheias de inscrições elogiando
os generosos doadores dos bancos e dos vitrais? Ora, o evangelho de hoje nos
propõe uma atitude que parece inaceitável a uma pessoa esclarecida: o empregado
não deve reclamar quando, depois de todo o serviço no campo, em vez de ganhar
elogio, ele ainda deve servir a janta. Ele é um empregado sem importância
especial; tem de fazer seu serviço, sem discutir…
Essa parábola não é para ensinar a forma de
tratar os empregados, Jesus nos quer ensinar a estar a serviço do Reino,
sem atribuirmos importância a nós mesmos. Ele mesmo dará o exemplo disso,
apresentando-se, na Última Ceia, como aquele que serve (Lc 22,27). Isto
não rima com a mentalidade calculista e materialista da nossa sociedade, que
procura compensação para tudo o que se faz – aliás, compensação superior ao
valor daquilo que se fez…
Ora, se levamos a sério a parábola de Jesus, como
ensinamos os empregados e os operários a reivindicar sempre mais (porque, se
não reivindicam, são explorados)? Certamente, Jesus não quer condenar os
movimentos de reivindicação, mas seu foco é outro. Ele quer apontar a dedicação
integral no servir. Interesse próprio, lucro, reconhecimento, fama, poder… não
são do nível do Reino, mas apenas da sobrevivência na sociedade que está aí. A
parábola não quer desvalorizar as reivindicações da justiça social, mas
insistir na gratuidade do serviço do Reino.
Diante disso, convém fazer um sério exame de
consciência acerca da retidão e da gratuidade de nossas intenções conscientes e
de nossas motivações inconscientes. Na Igreja, tradicional ou progressista,
quanta ambição de poder, quanto querer aparecer,
quantas compensaçõezinhas!
E mesmo com relação às estruturas da sociedade, a
parábola de Jesus, hoje, nos ensina a não focalizarmos única e exclusivamente
as reivindicações. Estas são importantes, no seu devido tempo e lugar, para
garantir a justiça e conseguir as transformações necessárias. Mais fundamental,
porém, na perspectiva de Deus, é criar o espírito de serviço e disponibilidade,
que nunca poderá ser pago. Quem vive no espírito de comunhão nunca achará que
está fazendo demais para os outros.
“Somos simples servos”. Antigamente se traduzia:
“Somos servos inúteis”. Tal tradução era psicológica e sociologicamente
nefasta, pois fomentava a acomodação; e também contraditória, pois servo inútil
não serve… Servindo com simplicidade, não em função de compensações egoístas,
mas em função da fidelidade e da objetividade, somos muito úteis para o projeto
de Deus.
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no
Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e licenciado em Filosofia
e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Leuven (Lovaina).
Atualmente, é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Entre
outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se
fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A
- B - C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas
suas origens e hoje.
E-mail:
konings@faculdadejesuita.edu.br.
Fonte: Vida Pastoral em 06/10/2013
REFLEXÕES DE HOJE
06 DE OUTUBRO-DOMINGO
VEJA AQUI MAIS HOMILIAS (Blog seguro)
HOMILIA
DIÁRIA
A fé é aquela virtude que nos mantêm de pé
A fé é aquela virtude que nos
mantêm de pé, e não nos permite desanimar mesmo que os desafios sejam os
maiores do mundo.
Naquele tempo, os apóstolos disseram ao
Senhor: “Aumenta a nossa fé!” O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé,
mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira:
‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria” (cf Lc 17,5-6).
Nosso Mestre Jesus está hoje nos ensinando o que
a fé pode fazer em nossa vida. Você muitas vezes já escutou – ou até falou – que
a fé move montanhas. E a fé, de fato, move montanhas. Quantas montanhas estão
em nosso coração, impedindo-nos de caminhar, de irmos para frente, de olharmos
o outro lado do horizonte? Como, meu Deus, vou vencer esse monte ou essa
montanha de problemas, de preocupações, de coisas que tem impedido a minha vida
de ser melhor?
Nós só podemos clamar, como hoje clamaram os
apóstolos: “Senhor, aumenta a nossa fé!”; e o Senhor que conhece a nossa
pobreza, a nossa fraqueza, vem em nosso socorro e faz crescer em nós a fé como
este dom sublime.
Vamos meditar uma questão: uma vez que estamos no
Ano da Fé, nós temos a fé como dom teologal, aquilo que é infuso por Deus em
nós. A fé como virtude teologal, nos permite chegar até Deus, acreditar e
depender d’Ele. A própria Palavra diz que “sem fé ninguém pode agradar a Deus”;
ninguém pode fazer a vontade d’Ele, sem fé não podemos contemplar a grandeza de
Deus no meio de nós.
A partir daí, vamos entender que “fé” e
“acreditar” não são a mesma coisa, ainda que para ter fé é preciso acreditar.
Mas nem todos que acreditam tem fé! Nós acreditamos naquilo que as pessoas nos
dizem, acreditamos nas placas e bulas de remédios, acreditamos no motorista que
vai nos levar para ali e aqui.
Mas a fé a qual nos referimos se trata de uma
relação pessoal entre nós e Deus. Fé é um modo próprio de se relacionar com
Ele; a fé que nos dá a convicção de que quando oramos, estamos conversando com
o Senhor. A fé que nos faz sentir a presença de Deus onde não tem nenhum
vestígio d’Ele ali.
A fé é aquela virtude que nos mantêm de pé, e não
nos permite desanimar mesmo que os desafios sejam os maiores do mundo. Fé é
aquilo que nos faz acreditar no impossível. Quando muitos dizem: “Não têm mais
jeito, eu não vou conseguir!” é a fé que nos leva adiante.
Que nós guardemos esse dom grandioso de Deus que
é a nossa fé. Que lutemos e alimentemos a nossa fé, porque é ela que vai nos
manter de pé, hoje e na eternidade na presença do Senhor.
Senhor eu creio, mas aumenta a minha fé!
Que Deus abençoe você!
Fonte: Canção Nova em 06/10/2013
Oração Final
Pai Santo, aumenta a nossa fé e nos ensina a
partilhá-la com os companheiros que colocaste ao nosso lado na caminhada. Que
sejamos para eles, Pai Amado, testemunhas do teu inefável Amor e de que tudo
nos deste, até o teu Filho Unigênito que se fez nosso Irmão e contigo reina na
unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 06/10/2013
Oração FinaL
Pai Santo, aumenta a nossa fé e nos ensina a
partilhá-la com os companheiros que colocaste ao nosso lado na caminhada. Que
sejamos para eles, amado Pai, testemunhas do teu Amor inefável e de tudo que
nos deste, até o Cristo, teu Filho Unigênito que se fez nosso Irmão em Jesus de
Nazaré, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
