ANO C

Jo 18,1–19,42
Comentário
Nosso olhar no olhar de Jesus
Já o dissemos acerca do Domingo de Ramos e da
paixão do Senhor e, aqui, reiteramos com veemência: as palavras devem ceder
lugar à contemplação silenciosa. Foi por nós, para a nossa salvação, que o
Senhor sofreu a paixão e aceitou ser pregado na cruz. É preciso permitir que o
nosso olhar seja encontrado pelo olhar do Senhor, que por amor à nossa
humanidade sofre a paixão e morre pendurado na madeira. Que esse encontro
profundo nos transforme. Diante do Cristo crucificado, perguntemo-nos:
“O que fiz? O que faço? O que farei por Cristo?” (Santo Inácio de Loyola).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, confirma minha condição de discípulo do
Reino instaurado por Jesus na história humana, fazendo-me acreditar sempre mais
na força da justiça e do amor.
Fonte: Paulinas em 29/03/2013
Vivendo a Palavra
Jesus de Nazaré – humano como nós – depois de
passar a vida fazendo o bem, sofre condenação injusta, é duramente martirizado,
morre crucificado e nos convida a segui-lo em seu caminho de Filhos muito
amados do seu Pai. Assim, com Ele, ressuscitaremos para a glória do Reino do
Céu.
Fonte: Arquidiocese BH em 29/03/2013
Reflexão
Conhecer Jesus significa conhecer também o
mistério da cruz e a grande mensagem que esse mistério nos traz: Deus amou
tanto o mundo que lhe enviou seu Filho Unigênito, não para condenar o mundo,
mas para que o mundo fosse salvo por ele, e ele derramou o seu próprio sangue
derramado na cruz, fazendo-se oferenda perfeita para expiação dos nossos
pecados. Conhecer Jesus através do mistério da cruz significa tornar-se capaz
de fazer-se também oferenda a Deus, amando até o fim, tornar-se uma perfeita
oblação a Deus pela salvação da humanidade e, hoje, tornar-se oblação é antes
de tudo tornar-se um missionário da vitória do Cristo sobre o pecado e a morte.
Fonte: CNBB em 29/03/2013
Reflexão
O Evangelho desta Sexta-feira Santa é o longo relatório sobre o processo de julgamento, condenação e morte de Jesus segundo a narrativa de João, a qual não é mero relato do que aconteceu, visto que está repleta de simbologia. O sofrimento e a morte de Jesus são apresentados como ato pessoal e soberano de Cristo. O autor faz coincidir a morte de Jesus com o momento em que, no templo, eram sacrificados os cordeiros para a ceia pascal. Cristo, portanto, é o autêntico cordeiro pascal. Com sua morte na cruz, ele ressignificou o sofrimento humano, superando-o. O sofrimento é um mistério para todos, especialmente o sofrimento dos inocentes. Sem a fé, o sofrimento pode se tornar um absurdo. Deus não deseja o sofrimento a ninguém; ao contrário, é sempre solidário ao sofredor, até mesmo quando, aos olhos humanos, essa realidade não esteja nada evidente. A morte violenta de Jesus nos traz a lembrança de tantos inocentes que morrem em nossos dias, em consequência da violência que assola também o nosso país. “Por meio da cruz de Cristo, o maligno é vencido, a morte é derrotada, a vida nos é dada e a esperança nos é restituída” (papa Francisco).
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
https://www.paulus.com.br/portal/liturgia-diaria/dia-19-sexta-feira-11#.XLewYuhKiUk
Meditando o evangelho
O LADO ABERTO DE JESUS
A cena dramática da Paixão de Jesus alcança seu ápice quando um soldado,
com uma lança, perfura o peito do Mestre, de onde jorra água e sangue. É
possível ter-se tratado de um fenômeno físico, levando-se em consideração as
condições em que ele se encontrava. Entretanto, a fé cristã sempre o considerou
como um fato repleto de simbolismo.
Sangue e água representam dois sacramentos importantes para a Igreja: o
Batismo e a Eucaristia. Como no batismo, a água que jorrou do Crucificado nos
purifica de todas máculas contraídas pelo pecado, reconciliando-nos
definitivamente, com o Pai. É a água que realmente sacia a nossa sede, pois, em
Jesus, está a fonte da vida.
O sangue identifica Jesus como o Cordeiro imolado para a celebração da
Páscoa definitiva. Na Eucaristia, ele é o alimento da comunidade em marcha
pelas estradas do mundo, como o antigo Israel, na caminhada pelo deserto. Quem
dele se alimenta, não desfalece no caminho para o Pai e, de antemão, tem
garantido o alimento divino.
O discípulo de Jesus jamais sentirá fome ou sede, se for capaz de
depositar toda a sua fé no Messias crucificado. Foi dele que jorrou o sangue e
a água que nos salvam. A tragicidade da cruz revela, assim, sua verdadeira
dimensão. Do lado aberto do Messias, nasceu a Igreja, comunidade dos redimidos.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe.
Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE –
e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de salvação, purifica-me e sacia-me com a água e o sangue que
jorraram do lado de Cristo, de modo que sua paixão produza seus frutos em mim.
PAIXÃO DO SENHOR - DIA DE JEJUM
E ABSTINÊNCIA
COMENTÁRIOS
DO EVANGELHO
1. A Semente plantada em
um jardim, tornará realidade o Sonho de Deus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim
– SP)
Além de ótimo Teólogo, São João Evangelista era
também poeta, aliás, o amigo Alex, professor de Teologia Moral sempre diz que
Poesia e Teologia tem tudo a ver, com certeza porque ambas falam ao coração.
Neste evangelho da Paixão do Senhor, João remonta ao Jardim do Eden onde
começou o desígnio de Deus a respeito do homem, Deus plantou a humilde semente
chamada Adão, como na parábola dos vinhateiros cuidou dela com todo amor e
carinho, colocou em seu redor a melhor terra, protegeu-a com muros, fez uma
torre de Vigia, preparou um lagar onde essa uva de primeira qualidade se
tornaria o vinho inebriante e inigualável das Bodas de Caná, mas a uva ali
produzida, em vez de doce tornou-se amarga... Como um lavrador sábio e paciente
Deus se recolheu a seu canto, aparentemente abandonando a plantação que foi
invadida e pisoteada pelos animais. Entretanto Deus esperou o tempo oportuno para
de novo plantar a semente e esse tempo da plenitude chegou, com a encarnação do
seu próprio Filho Jesus Cristo.
O evangelho de hoje, contrapõe tristeza e
alegria, derrota e gloria , tragédia pleno êxito, João conta os
fatos as avessas,olhando precisamente com os olhos de Deus. podemos ilustrar a
reflexão dizendo que João se comporta como aquela mãe, que sentada em sua
cadeira preferida faz paciente o seu bordado á mão, nós homens somos como a
criança que olha por baixo e vendo o bordado as avessas não entende como a mãe
se dedica a um trabalho que não tem nada de bonito.
Que pode haver de belo nessa narrativa da paixão
do Senhor, em uma ceia marcada por momentos de tensão, a traição de Judas, o
anuncio da negação de Pedro, a prisão de Jesus no Horto das Oliveiras, as
falsas testemunhas diante do Sumo Sacerdote, e finalmente a sua caminhada até
Pilatos de onde saiu açoitado, massacrado, com a cruz aos ombros até o alto do
morro onde iria ser pregado no madeiro, e padecer um a morte horrível, vergonhosa
e humilhante?????
A Cristologia de João é alta e ele vê assim, de
cima para baixo, e enxerga a beleza do amor de Deus manifestado plenamente em
Jesus Cristo, que refaz em si Adão e nós todos, iniciando a nova criação, não
mais subordinada ao Mal mas livre para tomar decisão, contrária as forças
do mal...
No Jardim da torrente de Cedron tem início a
tragédia e o inicio de uma Vitória definitiva, ao mesmo tempo, quando Judas vem
até o Mestre acompanhado de seus inimigos para prendê-lo. Olhando por
baixo do bordado, podemos dizer que o sonho do novo Reino começa ali a se
desfazer, porém, nosso irmão João Evangelista não pensa assim, podem reparar na
postura de Jesus...
"Consciente de tudo o que iria acontecer,
saiu ao encontro deles.... A quem procurais?" Jesus poderia ter pedido
ajuda aos discípulos, se esconder para dentro da mata, fazer uma oração forte
ao Pai para acabar com os seus perseguidores. Mas não! Livremente vai ao
encontro do seu destino, ninguém o prende, Ele se entrega. "Recuaram e caíram
por terra..." A liberdade, a decisão e a firmeza que eles vêem em Jesus os
surpreende fazendo-os cair por terra. É Jesus quem novamente toma a iniciativa,
é ele quem está no controle "A quem procurais?" e eles
responderam "A Jesus de Nazaré!"
Aqui nota-se como é grande o amor de Jesus pelos
seus, não porque intercedeu por eles, para que os soldados o deixassem ir em
paz, mas porque deu a cada um deles a liberdade de decidir, de que lado queriam
ficar... Pedro queria ficar com Ele, mas do seu modo, armado de uma espada e
tentando resolver a situação pela violência. É o pensamento humano da
pós-modernidade que Pedro ali representa. Que solução a maioria das pessoas
propõe, para resolver o problema da violência nas grandes metrópoles?
Exatamente com mais violência, quando a sociedade depara nos noticiários
sensacionalistas da TV muitos corpos de marginais mortos na invasão do morro,
ou quando há algum massacre em um grande presídio, a população vibra e sente-se
de certa forma "vingada". Somos todos da mesma opinião de
Pedro, de que a violência combate a violência. Para nossa decepção Deus não
pensa assim pois a atitude de Jesus mandando o velho Pedro guardar a espada,
manifesta isso claramente.
O episódio dramático e trágico tem o seu desfecho
em um outro Jardim onde Jesus, pelo gesto piedoso de José de Arimatéia, irá ser
sepultado. Agora a mãe terra receberá a semente definitiva do Novo Reino. Os
que mataram Jesus pensavam que o estavam esmagando e que tinham acabado com ele
de vez, nem imaginavam que apenas colaboravam na semeadura de um Reino que iria
superar todos os Reinos do Mundo. José de Arimatéia e Nicodemos é o cristão
paciente que ainda crê, apesar da grande tragédia que se abateu sobre eles, e
porque creem se dispõe a "plantar a semente" esmagada, triturada, no
seio da terra, alimentando no coração a esperança de que algo de novo vai
acontecer, a história há de ter um final feliz.
Que destino aguarda a humanidade? De tragédia em
tragédia, e por conta de uma violenta crise de valores e decadência moral, o
homem se arrasta para o caos das trevas sem nenhuma luz. Será que Deus
abandonou a humanidade? Uma grande maioria, inclusive de cristãos, perderam a
esperança e fazem da religião do Cristianismo apenas um consolo para as dores e
decepções desta vida, fechando-se em suas comunidades ou grupos, sentindo-se
protegidos do terrível mal que aflige a humanidade....José de Arimatéia pensa
diferente, ele entra no Palácio de Pilatos porque tem algo a dizer "Vai
plantar a semente na profundeza da terra, Pilatos autoriza o sepultamento de
Jesus, que mal pode fazer um cadáver ? Tudo o que Jesus representava de ameaça
e perigo, contra a Religião Oficial e o Império Romano, agora não mais existia,
sobrou de Jesus um corpo rígido, um cadáver cheio de marcas da violência, era
preciso mesmo enterrá-lo para tirá-lo dos pensamentos, do coração e da
consciência. Morto e enterrado!
Hoje os poderosos que também manipulam, enganam,
mentem, massacram e oprimem, fizeram a sua opção por um Cristo morto, preso nas
igrejas, e que não incomoda a ninguém, um Cristo impotente para influenciar o
homem em suas decisões pelo Bem, uma lembrança de alguém que tornou-se célebre
para toda humanidade, mas que já passou....
A postura firme de Jesus diante dos seus
inquisidores, a sua determinação em levar adiante a missão que o Pai lhe
confiou, a sua firmeza diante dos poderosos desse mundo, e o seu despojamento
para Servir a todos, resgatando todos os homens das garras do mal, deve servir
nessa sexta feira como um grito de incentivo e alerta para nossas comunidades.
Em meio a tanto desânimo e falta de esperança, entre tantos corações que
perderam a capacidade de sonhar, precisamos nos arriscar como José de Arimatéia
e transformar tantos enterros em semeaduras, confiantes de que a Vida é mais
forte que a morte, e de que em cada tragédia a Vida se refaz e o Reino sem
torna mais forte e indestrutível, os homens não conseguirão impedir que o Sonho
de Deus se torne realidade, esta é a grande lição dessa Sexta Feira Santa, para
todos nós.
2. O REI ULTRAJADO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe.
Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e
disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A paixão revelou a dignidade real de Jesus,
embora, tenha havido uma radical contradição entre a interpretação de Jesus e a
dos seus inimigos e algozes.
Ao ser interrogado por Pilatos, Jesus respondeu:
"Eu sou rei", depois de fazer a autoridade romana concluir, por si
mesma: "Tu o dizes!"
A soldadesca insana ultrajou Jesus, servindo-se
de mímicas burlescas próprias de uma investidura real: colocaram-lhe uma coroa
de espinhos na cabeça, vestiram-no com um manto de púrpura. A seguir,
prostraram-se, ironicamente, diante dele, saudando-o como rei dos judeus.
Por ordem de Pilatos, foi preparada uma
inscrição, em três línguas, para ser afixada sobre a cabeça de Jesus, indicando
a causa da condenação: "Jesus nazareno, rei dos judeus". Alertado a
mudar o teor da inscrição, Pilatos apelou para a sua autoridade: "O que
escrevi, está escrito". O evangelista observa que muitos judeus leram a
inscrição, por ter sido Jesus crucificado perto da cidade.
O Mestre, porém, tinha consciência de que seu
Reino não era deste mundo, e estava estruturado de maneira diferente.
Fundava-se na fraternidade, na justiça, na partilha, no perdão reconciliador.
Os reinos deste mundo não serviam de modelo para Jesus fazer os discípulos
entenderem o que se passava com o seu Reino. Por conseguinte, nem Pilatos nem
os judeus tinham condições de compreender em que sentido Jesus era rei.
Oração
Pai, confirma minha condição de discípulo do
Reino instaurado por Jesus na história humana, fazendo-me acreditar sempre mais
na força da justiça e do amor.
Fonte: NPD Brasil em 29/03/2013
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Ser Filho de Deus, a grande Blasfêmia
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz -
Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Todas as ações de Jesus a favor do bem das pessoas, incomodava os
Judeus, afinal ele brilhava mais do que os Doutores da LEI, Escribas e
Fariseus, porque ensinava com autoridade então, qualquer ação de Jesus era
motivo para tentar condená-lo. A preocupação constante das lideranças
religiosas era realmente fazer Jesus calar a boca, entretanto, havia algo que
fazia toda aquela fúria dobrar-se... era quando Jesus se fazia Deus assumindo
diante deles a sua Filiação Divina.
Naquelas cabeças duras e corações insensíveis, a ideia de um Deus feito
homem, de um Deus entranhado na carne humana, era algo inconcebível, uma grande
blasfêmia! Hoje, pelo modo com que o Ser humano é tratado, despojado de sua
dignidade, violentado em seus direitos, massacrado e humilhado em sua dor e
sofrimento, podemos dizer que, o homem não acredita que o seu irmão é Filho de
Deus, não consegue crer em uma dignidade tão grande.
As obras que Jesus realizava eram incontestáveis, seu posicionamento a
favor da vida, dos mais pequenos e dos miseráveis, dos impuros e excluídos, o
fazia desprezível diante das lideranças religiosas que tinham no coração e na
mente um outro Deus, uma outra verdade. e não queriam, trocar isso por nada
desse mundo.
A religião do comodismo continua ainda hoje a ser uma grande tentação,
quando nos deparamos com algum profeta corajoso e ousado que questiona a
religião e o sentido de se viver na Fé, mexendo com as nossas estruturas
espirituais e eclesiais, trememos na base e damos um jeitinho de fazê-lo calar
a boca. A pregação de Jesus questionava e os fazia pensar e eles queriam uma
pregação que anunciasse um missionário glorioso e vencedor. Eles bem que
tentaram acabar com Jesus ali mesmo mais uma vez mais Jesus se retira imune
para o deserto onde tudo havia começado com o Batismo e a pregação de João.
Nesta quaresma devemos também buscar o deserto onde Deus nos fala ao
coração apontando-nos a missão e o caminho a ser seguido. Que nada desvie a
nossa atenção e que não tenhamos medo de mudanças, mesmo que estas sejam bem no
íntimo de nós...
2. Que é a verdade?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva,
‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Jesus é rei, mesmo crucificado. Assim o vê o evangelista São João ao
descrever sua paixão. Ele entrega a sua vida para tomá-la de novo. “Ninguém a
tira de mim, mas eu a dou livremente. Tenho poder de entregá-la e poder de
retomá-la: esse é o mandamento que recebi do meu Pai”. Os soldados caem por
terra diante de Jesus, quando lhes diz: “Sou eu”. No Jardim, não pede ao Pai
que o livre daquela hora. Diz que Pilatos não tem nenhuma autoridade sobre ele.
Ele mesmo carrega sua cruz. Entrega sua Mãe ao Discípulo e o Discípulo à sua
Mãe, deixando após ele uma família de discípulos missionários. Não se sente
abandonado pelo Pai e entrega seu espírito quando quer. Primeiro abaixa a
cabeça, depois morre. Nicodemos organiza o enterro e envolve o corpo com
especiarias, como se faz com um rei.
HOMÍLIA DIÁRIA
Postado por: homilia
março 29th, 2013
Irmãos e irmãs, a cada ano somos convidados a
acompanhar Jesus na Sua entrada em Jerusalém, quando se entrega inteiramente a
nós. Ele deu tudo, até o inimaginável, como podemos deduzir das palavras de
Santo Agostinho: «Quem pode duvidar que Ele dará a vida aos Seus fiéis, quando
já lhes deu até a Sua morte?» De fato, este é Jesus Cristo: doação em
totalidade, ou seja, como Deus-Homem, entregou-se por amor ao Pai e a nós, no
Espírito Santo!
Assim, a Igreja nos convida a seguir os passos de
Jesus e entrarmos com Ele no Mistério do Amor Pascal. Com Ele também
“entraremos” no Palácio de Pilatos, onde Cristo revelará uma verdade que
precisa encontrar, a cada ano, uma resposta cada vez mais profunda, seja no
âmbito pessoal, familiar, comunitário e social: «Todo aquele que é da verdade
escuta a minha voz» (Jo 18,37).
E diante da resposta de Pilatos: «O que é a
verdade?» (v. 38), lembro-me do filme “A Paixão de Cristo” (dirigido por Mel
Gibson), recomendadíssimo para este tempo também, o qual parece estar separado
o seu roteiro ou argumento em duas partes: uma antes e outra a seguir à
referida pergunta de Pilatos. Sendo que a segunda parte todo o filme tenta
responder o que Jesus revelou como Verdade, a qual somente pode ser vinculada
ao Amor. Ao meu ver, isso conseguiu estar em conformidade com a teologia
joanina.
Retornando ao Manancial do Amor e da Verdade,
percebemos, na Bíblia, que o processo de escuta está intimamente ligado à fé e
ao ato de obediência. Aquela fé obediente que faltou a Pedro, o qual negou Jesus
por medo do sofrimento; faltou também a Judas Iscariótes, que agiu como um
descrente, ambicioso e desobediente, a ponto de trair o Senhor e sua vocação de
apóstolo de forma premeditada (cf. Lc 14,10-11), mudando o sentido real de um
beijo amigável: «Na frente, vinha um dos doze, chamado Judas, que se aproximou
de Jesus para beijá-lo. Jesus lhe disse: “Judas, com beijo tu entregas o Filho
do Homem?» (Lc 22, 47-48).
Assim, no mistério da Paixão do Senhor, os gestos
a favor ou contra adquirem uma nova densidade, na qual os gestos completam e
traduzem as palavras, sejam elas de vida ou de morte! Em nome de uma
comunicação que esteve a serviço da prisão, sofrimentos, catástrofes,
preconceitos, desequilíbrios, julgamento injusto, castigo cruel e morte do
Inocente enviado pelo Pai das Misericórdias, estiveram os nossos pecados. Pois
todo o mal de todos os tempos, lugares e povos recaíram sobre Ele, como já
havia profetizado Isaías, quando ao Servo Sofredor: «Era o mais desprezado e
abandonado de todos, homem do sofrimento, experimentado na dor, indivíduo de
quem a gente desvia o olhar, repelente, dele nem tomamos conhecimento. Eram, na
verdade, os nossos sofrimentos que ele carregava, eram as nossas dores que
levava às costas. E nós achávamos que ele era um castigado, alguém por Deus
ferido e massacrado. Mas estava sendo traspassado por causa de nossas
rebeldias, estava sendo esmagado por nossos pecados. O castigo que teríamos de
pagar caiu sobre Ele, com os Seus ferimentos veio a cura para nós» (cf. Is 53,
3-5).
De fato, o Bom Pastor, para ser o “Cordeiro que
tiraria o pecado do nosso mundo” (cf. Jo 1,29), sujeitou-se a fazer-se até
pecado, mas que nós livremente, por fé, esperança e amor, nos sujeitássemos à
vontade salvífica e libertadora do amor e da verdade que libertam e
transformam, como deu a entender o teólogo São Paulo: «Aquele que não cometeu pecado, Deus o
fez pecado por nós, para que nele nos tornemos justiça de Deus»(2Cor
5,21).
Assim, pelos Seus méritos, um dia poderemos
conhecer o cumprimento escatológico das promessas que, somente em Céus Novos e
uma Terra Nova, serão verdadeiramente captadas por quem aqui viveu a força do
amor de Deus: Mas como está escrito, “o que Deus preparou para os que o amam é
algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum
jamais pressentiu» (1Cor 2,9).
Por isso, neste tempo propício de graça e dentro
do Ano da Fé, podemos nos deixar abraçar pelo Amor de Cristo, o qual, segundo
uma antiga canção, no auge de Sua Revelação pouco precisou falar: “Foi no Calvário
que Ele, sem falar, mostrou ao mundo inteiro o que é amar…”.
O Papa emérito Bento XVI já havia apontado para
esta realidade, capaz de gerar cristãos discípulos e missionários do Amor e da
Verdade: «Na descoberta diária do seu amor, ganha força e vigor o compromisso
missionário dos crentes, que jamais pode faltar. Com efeito, a fé cresce quando
é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência
de graça e de alegria» (BENTO XVI, Porta Fidei, nº 7).
Santa Páscoa a todos! Feito de amor e verdade!
Padre Fernando Santamaria –
Comunidade Canção Nova
Fonte: Canção Nova em 29/03/2013
Oração Final
Pai Santo, que o teu Espírito nos faça
compreender que a morte é o caminho necessário para a Ressurreição. E que nós
vivamos cheios de esperança as dores inevitáveis desta vida, na certeza de elas
fazem parte do caminho que nos leva ao teu abraço paterno e definitivo. Por
Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 29/03/2013

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