ANO B

Jo 17,20-26
Comentário do Evangelho
A súplica
por aqueles que abraçarão a fé
Este trecho da oração sacerdotal de Jesus ganha
tom universal: a súplica é não somente pelos que creem, mas por aqueles que
abraçarão a fé, não importa em que tempo da história. Há uma unidade, inspirada
na união entre o Pai e o Filho, que permanece para além de um tempo determinado
da história. A unidade deve ser sempre a característica e o desafio da comunidade cristã. A unidade é dom do Cristo
ressuscitado e parte essencial do testemunho. É ela o testemunho pelo qual
gerações chegarão à fé. A fé é, fundamentalmente, testemunho. Assim sendo,
somos uns responsáveis pela fé dos outros e das gerações futuras, pois a adesão
dos outros à pessoa de Jesus Cristo depende, em boa parte, de nosso testemunho
e da qualidade de nossa vida cristã. A comunhão entre os discípulos, imagem da
comunhão entre o Pai e o Filho, oferece às gerações futuras a possibilidade de
conhecer que Jesus é o enviado do Pai. Se o mundo não conheceu Deus, é em razão
do seu fechamento, da resistência e do medo da luz. Na plenitude dos tempos
Deus se revelou no seu Filho que, antes da criação do mundo, estava voltado
para ele (cf. Jo 1,1). Em Jesus é que resplandece a imagem do Deus único e
verdadeiro (cf. Jo 14,9). Pelo Filho, o Pai se tornou conhecido dos discípulos e eles puderam fazer a experiência de
que Deus é amor.
Pe. Carlos Alberto Contieri
Oração
Espírito de
comunhão, não permitas que se rompam os laços que me ligam a todos os meus
irmãos e irmãs, e faça-me compreender o valor da unidade proclamada por Jesus.
Vivendo a Palavra
Mesmo diante da dolorosa perspectiva do martírio
próximo, o Mestre se lembra de nós, que somos “aqueles que vão acreditar em
Mim” por causa das palavras dos que estavam ali e O escutavam. E pede ao Pai,
mais uma vez, que todos os seus seguidores sejamos Um, assim como Ele, o Filho,
é Um com o Pai Misericordioso. Esta é a grande missão da Igreja!
Reflexão
Jesus nos pede para viver a unidade de tal modo
que possamos testemunhar a unidade da Trindade. Esta vivência da unidade não
significa uma uniformidade, mas que todos vivamos de acordo com as nossas
condições e de diferentes formas os mesmos valores. Assim, encontramos na
Igreja diferentes formas de espiritualidade e de ação evangelizadora totalmente
diferentes entre si, mas essas diferenças não ferem a unidade dos cristãos
porque são formas diferentes e não essências, são formas diferentes de viver a
mesma fé e participar no mesmo projeto anunciado por Jesus.
Meditando
o Evangelho
PERFEITOS
NA UNIDADE
A unidade foi o tema polarizador da pregação de
Jesus, na etapa final do seu ministério. Esta preocupação é facilmente
compreensível. Ele conhecia bem o coração humano, e sua tendência para a
divisão, os conflitos, e a visão distorcida da realidade. Sintoma do pecado, a
ausência de comunhão coloca-se no extremo oposto do ideal de Jesus. Foi este o
alvo de sua ação redentora: arrancar o ser humano do egoísmo, que perverte o
coração e o afasta de Deus e do próximo, levando a converter-se à unidade.
O modelo de unidade vislumbrado por Jesus é a
comunhão trinitária. Portanto, ao apelar para a unidade, sua intenção foi levar
os seres humanos a viver de modo semelhante, como vivem o Pai, o Filho e o
Espírito Santo. É o mesmo projeto, fundado na comunhão, que Jesus propõe para a
humanidade, a começar pelo grupo restrito dos discípulos.
Para Jesus, a comunhão dos discípulos
reforçaria a credibilidade de sua condição de enviado. Se implantou uma forma
de amor-comunhão, diferente das até então conhecidas, é porque ele, de alguma
forma, a tinha previamente experimentado na comunhão com o Pai e o Espírito
Santo. Esta experiência prévia, no seio da Trindade, possibilitou a Jesus
mostrar aos seres humanos o que seria melhor para eles. Sem amor-comunhão, só
existe frustração. Não existe salvação possível.
É próprio do discípulo cultivar o ideal de ser
perfeito na unidade.
Oração
Espírito
de comunhão não permitas que se rompam os laços que me ligam a todos os meus
irmãos e irmãs, e faça-me compreender o valor da unidade proclamada por Jesus.
Oração Final
Pai Santo,
abre os nossos corações e nos ensina o Amor, para acolhermos o Cristo que nos
enviaste, feito carne em Jesus de Nazaré e, com ele, todos os irmãos na
humanidade libertados por Ele. Assim, vivendo a fraternidade, possamos
agradecer-Te e glorificar-Te pelos séculos sem fim. Pelo mesmo Cristo Jesus,
teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.

Nenhum comentário:
Postar um comentário