ANO A

Mt 21,28-32
Comentário do Evangelho
Duas atitudes diante do chamado de Deus.
Como está o
nosso sim ou a nossa adesão a Deus? A teologia da retribuição faz parte de uma
mentalidade que perpassa quase todo o Antigo Testamento. O trecho do livro do
profeta Ezequiel nos põe às portas da primeira deportação dos judeus para a
Babilônia, em 597 a.C. A deportação mais importante foi a do ano 587 a.C., e a
terceira foi em 582 a.C. Ante a iminência do exílio, o povo de Deus blasfema
pondo em Deus a culpa de seu fracasso. Mas Deus não se cala; nem sempre Deus
silencia. É Ele quem revela as faltas do seu povo. O exílio é o fruto podre das
alianças políticas equivocadas e consequência do abandono, por parte do povo,
do Deus que os havia libertado da casa da servidão. A injustiça que eles
cometeram foi abandonar os mandamentos do Senhor para seguir suas próprias
inclinações más. É preciso compreender que Deus não nos trata segundo as nossas
faltas, nem é Ele que está na origem de nossos males. Deus provoca a conversão
e acolhe todo pecador que se converte. Nesse sentido, o texto de hoje do profeta
Ezequiel é um apelo à conversão.
A parábola dos
dois filhos representa duas atitudes diante do chamado de Deus. Essa parábola é
a sequência do diálogo com os sumos sacerdotes e anciãos em que eles perguntam
a Jesus, perplexos pela sua atitude de expulsar do Templo os cambistas e os
comerciantes (Mt 21,12-16), quanto à origem de sua autoridade: “quem te
concedeu essa autoridade?” (v. 23). A pergunta deles revela a resistência em
reconhecer a origem divina de Jesus. Desejam desmascarar Jesus, mas diante de Jesus
é a máscara deles que cai por terra. O filho que diz não ao seu pai e, depois,
acaba indo trabalhar na vinha, vale mais do que aquele que diz sim, mas não
obedece. Um homem de verdade é reconhecido por seus atos, não por suas
intenções. Imaginemos um banquete em que os lugares eram distribuídos em função
da dignidade das pessoas. O anúncio de Jesus significa que os publicanos e as
prostitutas, cujas vidas, num primeiro momento, representavam um não a Deus,
ocupam, no Reino dos Céus, o lugar reservado aos sumos sacerdotes e aos
anciãos. Por quê? Por que eles ouviram a pregação de João Batista e se
converteram. Os sumos sacerdotes e os anciãos, ao contrário, resistiram em crer
em João, como resistem em crer em Jesus, apesar de terem visto as boas obras, e
não se converteram.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, quero ser para ti um filho que escuta a tua Palavra e se
esforça para cumpri-la com sinceridade. Que a minha resposta a teu apelo não seja pura formalidade.
Vivendo a Palavra
Jesus anuncia o Amor eficaz, que podemos definir
assim: ‘o Amor é o que o Amor faz e não o que o Amor diz’. Não são cristãos –
seguidores do Cristo – aqueles que dizem ‘Senhor, Senhor!’, mas quem ouve e
cumpre a vontade do Pai que está no céu. Tenhamos em nossos corações o desejo
de servir ao irmão, para a glória do seu e do nosso Criador.
Recadinho

O que dizer da
chamada “parábola do arrependimento?” - Não deve ser esta uma de nossas
primeiras atitudes, o saber arrepender-se? - Adianta dizer que é de formação
católica se não pratica? - Procuramos coerência entre nossas palavras e atos? -
Pede as luzes do Espírito para conseguir trilhar o caminho do arrependimento?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
Jesus, tendo
sido questionado pelos chefes religiosos, membros do Sinédrio (cf. 15 dez),
passa à ofensiva e lhes propõe uma parábola simples, sem grandes detalhes.
Na parábola, um
dos filhos, de início, rejeitou o pedido do pai para ir trabalhar na vinha, porém
depois fez conforme o pai pedira. O outro filho
concordou logo, mas, efetivamente, não o fez. Agora é Jesus quem pergunta aos
chefes judeus: "Qual dos dois fez a vontade do pai?".
Diante da
resposta dos chefes, reconhecendo que foi o primeiro filho quem fez a vontade
do pai, Jesus volta a colocar em evidência o testemunho de João Batista: os
chefes religiosos judeus não fizeram a vontade do Pai ao rejeitarem o caminho
da justiça anunciado por João. Porém os excluídos, publicanos e prostitutas,
que eram considerados pecadores, fizeram a vontade do Pai quando creram e
aderiram a João.
O próprio João
Batista, dirigindo-se a estes chefes, proclamara: "Raça de víboras, quem
vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi, então frutos de
arrependimento e não penseis que basta dizer: ´Temos por pai a Abraão´"...
(Mt 3,7b-9). É contundente e profundamente subversiva a sentença final de
Jesus: "Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos
precedem no Reino de Deus". Porque os publicanos e as prostitutas
acreditaram em João, mas os chefes de Israel, não.
Os marginais
acolhem Jesus e as elites o rejeitam. É a expressão de uma sociedade fundada em
valores e estruturas equivocados. Suas elites se afirmam em torno do poder e do
dinheiro e humilham, exploram e excluem os humildes, fracos, pequenos e pobres.
Estes se unem em torno de Jesus que se fez igual a eles (segunda leitura).
Para Deus o
essencial é a prática atual da justiça e do amor, independentemente do passado.
Oração
Ó Deus, que mostrais vosso poder sobretudo no perdão e na
misericórdia, derramai sempre em nós a vossa graça, para que, caminhando ao
encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que reservais. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
A religião nem sempre conduz a fazer a vontade de Deus
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de
Jesus Cristo segundo Mateus 21,28-32, que corresponde ao 25º Domingo do Tempo Comum,
ciclo A do Ano Litúrgico. Confira o comentário de José Antonio Pagola, teólogo
espanhol.
O perigo da religião
Jesus leva uns
dias em Jerusalém movendo-se à volta do templo. Não encontra pelas ruas o
acolhimento amistoso das aldeias da Galileia. Os dirigentes religiosos que se
cruzam no Seu caminho procuram desautorizá-lo diante das pessoas simples da
capital. Não descansarão até enviá-Lo para a cruz.
Jesus não perde
a paz. Com paciência incansável continua a chamá-los para a conversão.
Conta-lhes um episódio simples que lhe ocorre ao vê-lo: a conversa de um pai
que pede aos seus dois filhos que vão trabalhar na vinha da família.
O primeiro
rejeita o pai com uma negativa categórica: “Não quero”. Não lhe dá explicação
alguma. Simplesmente não lhe apetece. No entanto, mais tarde reflete e dá-se
conta que está a rejeitar o seu pai e, arrependido, dirige-se para a vinha.
O segundo atende
amavelmente a petição do seu pai: “Vou, senhor”. Parece desposto a cumprir os
seus desejos, mas rapidamente se esquece do que disse. Não volta a pensar no
seu pai. Tudo fica em palavras. Não se dirige para a vinha.
Para o caso de
não terem entendido a Sua mensagem, Jesus dirigindo-se aos “sumo sacerdotes e
aos anciãos da terra”, aplica-lhes de forma direta e provocativa a parábola:
“Asseguro-vos que os publicanos e as prostitutas estão à vossa frente no
caminho do reino de Deus”. Quer que reconheçam a sua resistência para entrar no
projeto do Pai.
Eles são os
“profissionais” da religião: os que disseram um grande “sim” ao Deus do templo,
os especialistas do culto, os guardiões da lei. Não sentem necessidade de
converter-se. Por isso, quando veio o profeta João a preparar os caminhos de
Deus, disseram-lhe “não”; quando chegou Jesus convidando-os a entrar em Seu
reino, continuaram a dizer “não”.
Pelo contrário,
os publicanos e as prostitutas são os “profissionais do pecado”: os que
disseram um grande “não” ao Deus da religião, os que se colocaram fora da lei e
do santo culto. No entanto, o seu coração manteve-se aberto à conversão. Quando
veio João acreditaram nele; ao chegar Jesus acolheram-no.
A religião nem
sempre conduz a fazer a vontade do Pai. Podemo-nos sentir seguros no
cumprimento dos nossos deveres religiosos e habituar-nos a pensar que nós não
necessitamos de nos converter nem mudar. São os afastados da religião os que o
hão de fazer. Por isso é tão perigoso substituir o escutar o Evangelho pela
piedade religiosa. Diz Jesus: “Nem todos os que me digam ‘Senhor’, ‘Senhor’
entrarão no reino de Deus, mas os que façam a vontade do Meu Pai do céu”.
http://www.domtotal.com/noticias/detalhes.php?notId=369921
REFLEXÕES
DE HOJE

DIA 28 DE SETEMBRO-DOMINGO
28 de setembro – 26º DOMINGO COMUM
Por Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
I. INTRODUÇÃO GERAL
Os textos de hoje nos mostram que o Reino de Deus entra em
diálogo com o ser humano, para que este possa distinguir entre o modo como se
dá a ação divina e a maneira humana de proceder. O ser humano é uma tarefa, ele
nunca vai estar terminado; sua existência no mundo é um constante fazer-se e
refazer-se, baseado nas decisões tomadas com livre-arbítrio.
Quem é bom pode deixar o
caminho do bem, e quem é perverso pode abandonar a vereda do mal. Por isso,
Deus está constantemente chamando o ser humano para que deixe os caminhos
tortuosos e diga um “sim” consciente e maduro, que seja realmente “sim”. Para
isso, Deus envia mediadores, na tentativa de chegar ao coração humano.
Contudo, as pessoas
podem recusar o chamado de Deus, fazer pouco caso de sua proposta ou até mesmo
ser hostis com os mediadores que ele envia. É sobretudo por orgulho que opõem
obstáculos à própria salvação. Por isso, exorta-nos o apóstolo: “Tende em vós
os mesmos sentimentos de Cristo”.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS
BÍBLICOS
1. Evangelho (Mt 21,28-32): João ensinou o caminho da justiça e
não acreditaram nele
Jesus, para nos instruir
sobre nossas próprias escolhas, conta-nos a parábola dos dois filhos que mudaram
de atitude. Deus nos fez livres. A salvação que ele nos oferece é puro dom.
Cabe-nos responder “sim” ou “não” a esse convite. O livre-arbítrio possibilita
ao ser humano acolher em sua vida o bom ou o mau caminho. Há sempre a
possibilidade de mudar de rumo. É isso o que nos mostra o texto. Ambos os
irmãos mudaram de rumo. Um fez a vontade do pai e o outro não.
Estar no rumo certo não
é sinônimo de segurança, pois podemos ser facilmente levados para outro
caminho, se não nos mantivermos atentos ao chamado constante de Deus. Por isso
a necessidade constante de conversão, porque não estamos prontos. E os que se
acham “santos” são muito facilmente propensos ao erro, mais do que os que têm
firme consciência das próprias limitações. Os “santos” acabam afogando-se na
sua soberba e se fecham à graça divina. Ao contrário, os pecadores são mais
abertos para acolher a graça, pois confiam apenas na misericórdia de Deus.
Fazer a vontade de Deus
é muito mais acolhê-lo na vida diária do que proclamar discursos vazios, destituídos
de testemunho de vida. Deus nos chama constantemente a viver seu amor na doação
total de nossa vida ao irmão. Deve-se viver esse chamado nos atos cotidianos,
nas relações interpessoais, nas próprias escolhas. Fazendo assim, caminha-se na
justiça e no testemunho fidedigno do Reino de Deus.
2. I leitura (Ez 18,25-28): Deus ensina o caminho aos pecadores
O texto começa com uma
estranheza: “O caminho do Senhor não é direito” (v. 25). Pensava-se dessa forma
porque Deus não fazia o que se esperava, a saber: recompensar o “justo” e
castigar os “injustos”. Esse modo diferente de Deus proceder irritava as
pessoas tidas como santas naquela época.
Por meio do profeta,
Deus toma a palavra e põe as intenções humanas às claras: os caminhos humanos é
que são tortuosos, mas, apesar disso, Deus continua chamando, respeitando o
livre-arbítrio e perdoando a cada um de seus filhos.
Em primeiro lugar, Deus
se dirige aos tidos por justos. O que se pode dizer de uma pessoa realmente
justa? Como pode ser qualificada uma pessoa convertida? Aquele que
aparentemente é santo e irrepreensível, e comete atos que fazem transparecer
grande maldade no coração, pode ser considerado justo ou convertido? Segundo o
texto que foi proclamado, a pessoa que se qualifica assim não é verdadeiramente
justa, e Deus, que tudo vê, considera os atos de iniquidade dela, não sua
suposta justiça externa.
Outros são tidos por
pecadores, hereges, infiéis, gentinha de má conduta. A estes Deus convida à
conversão e, caso tenham abertura para acolher o perdão divino, é-lhes
assegurado que não serão considerados os atos praticados numa vida desregrada,
muitas vezes afetada por condicionamentos sociais, religiosos e psicológicos.
Enfim, o texto bíblico
exorta todos à conversão, e a todos está destinado o perdão de Deus.
3. II leitura (Fl 2,1-11): O esvaziamento de Cristo nos ensina o
caminho para Deus
O apóstolo Paulo pede
aos filipenses que tenham os mesmos sentimentos de Cristo (v. 5). Com isso, ele
espera resolver o problema daquela comunidade: egoísmo e arrogância (v. 3) e
dissensões internas que ameaçavam o amor, a unidade e o companheirismo. Mas quais
seriam os sentimentos de Cristo que o apóstolo deseja inculcar nos filipenses?
Para definir bem de que
se trata, Paulo usa o termo “esvaziamento” ou “abaixamento”, que significa
privar-se de poder ou abdicar de um direito que se possui. Cristo não se apegou
à sua condição divina nem usou dos privilégios dela em favor de si mesmo, mas
assumiu a existência humana como servo. O abaixamento de Cristo não é apenas
tornar-se humano, mas, além disso, tornar-se servo.
Isso caracteriza a
totalidade da vida de Jesus, que assumiu as limitações humanas e esteve à mercê
de nosso egoísmo e violência, responsáveis pela sua morte terrível na cruz.
Porque, acima de tudo, ele quis atender ao bem-estar e aos interesses dos
outros, em vez de ter interesses egocêntricos.
Esse modo de viver de
Jesus nos ensina o caminho para Deus. É descendo a escada da humildade que
ascendemos ao reino definitivo. Esses critérios são diferentes dos critérios
humanos, mas são o único e legítimo caminho para a verdadeira humanização e
para Deus.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
O momento atual é marcado por uma religiosidade intimista e
subjetiva, de relacionamento vertical: o indivíduo e Deus. Isso traz como
consequência a ideologia da prosperidade: “Eu não cometo pecados escandalosos
e, em troca, Deus me abençoa com o que quero”. Esse tipo de religiosidade
suscita a ideia de um Deus castigador, que está contra os “maus” e recompensa
os “bons”. As leituras de hoje mostram que tal pensamento é tortuoso e não
representa os critérios de Deus. Por isso é bom destacar na homilia a
gratuidade, o cuidado com os mais fracos, a tolerância e o diálogo que
constroem comunidade.
Hoje é o dia da Bíblia,
palavra de Deus, “luz para os passos, lâmpada para o caminho” (Sl 119,105). Tal
data não deve passar sem algum destaque na comunidade. Há um clamor uníssono
para que a palavra de Deus seja o centro da vida e da missão da Igreja. Este
dia é ótima oportunidade para que sejam iniciados (ou melhorados) eventos que
destaquem a centralidade da palavra de Deus em toda a Igreja, começando pelas
comunidades mais simples e pequenas, até atingir o mundo inteiro.
Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em
Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje – BH), onde também
cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos.
Atualmente, leciona na Faculdade Católica de Fortaleza. É autora do livro Eis
que faço novas todas as coisas – teologia apocalíptica (Paulinas).
E-mail:
aylanj@gmail.com
http://vidapastoral.com.br/roteiros/28-de-setembro-26o-domingo-comum/
28 de setembro: 26º
Domingo do Tempo Comum
TRABALHADORES NA VINHA DO SENHOR
Os dois filhos da parábola negam sua palavra:
um diz sim e não faz; outro diz não e faz. O que é mais grave: dizer sim e não
fazer ou dizer não e fazer? Os dois filhos se arrependem da própria palavra
dada.
Diante de Deus, o que vale não é tanto a
palavra, o falar, mas o fazer. Para cumprir sua vontade, não basta dizer
“Senhor, Senhor” e enfileirar promessas; o que importa é a prática de vida. Por
traz da palavra podem estar escondidas falsidades e mentiras. Como disse
alguém, fazer é a melhor maneira de mostrar que é possível transformar a
sociedade.
Todos somos chamados a trabalhar na vinha do
Senhor. Palavras passam depressa; o que tem valor realmente é arregaçar as
mangas e se dispor ao projeto de Jesus. Ele necessita de pessoas generosas que
se dediquem a dar continuidade ao seu reino: a construção de uma sociedade
justa e fraterna, que se preocupe principalmente com a inclusão dos excluídos.
O que nos causa mais surpresa é a segunda
parte do evangelho: os pecadores e as prostitutas nos precederão no reino dos
céus – embora todos nos incluamos no grupo dos pecadores e sejamos, portanto,
“merecedores” do “prêmio” prometido por Jesus. Os que se pretendem perfeitos,
bons observadores das leis e frequentadores da Igreja podem ser precedidos no
reino pelos que, não obstante sejam julgados e condenados como violadores das
leis e pecadores públicos, trilham o caminho da justiça, o caminho de Deus, do
seu projeto e de sua vontade.
Muitos abandonados pela sociedade e sem lugar
nas igrejas podem estar no coração de Deus. Quando os evitamos ou desprezamos,
Deus se aproxima deles e os acolhe.
Uma religião que se restringe ao cumprimento
de rituais e práticas religiosas e se descuida da vivência fraterna, da ternura
e da compaixão não é do agrado de Deus e é de pouca valia. Nossos encontros com
Deus nos fins de semana, com a comunidade reunida, sinalizam nosso desejo de
contar com ele ao longo da semana, vivendo a caridade e a justiça.
Pe. Nilo Luza, SSP
http://www.paulus.com.br/portal/o-domingo/28-de-setembro-26o-domingo-do-tempo-comum#.VCerhmfwnfI
Dia 28 – 26°
DOMINGO COMUM
REZAR SEMPRE PARA
FAZER A VANTADE DE DEUS
No tempo de Jesus,
os publicanos ou cobradores de impostos eram um grupo odiado por muitos. Eram
considerados traidores de seu povo, pois trabalhavam para os romanos, que, em
nome da paz e da segurança, tratavam as pessoas com violência e cobravam taxas
dos povos dominados. As prostitutas também eram odiadas e tratadas com desprezo,
por causa da vida que levavam. Mesmo assim, Jesus diz aos chefes religiosos de
sua época que aquele tipo de gente iria entrar no reino de Deus antes deles.
Não parece estranho? Como é que pessoas que vivem mais em contato com a
religião podem ser deixadas para trás no caminho do reino de Deus, enquanto
entram na frente outros que tiveram vida notória de pecado?
Certamente Jesus
não quer incentivar ninguém a viver da exploração do povo, como também não quer
justificar a prostituição, que ainda em nossos dias transforma mulheres e
homens em mercadoria de prazer. Mas Jesus também não concorda com o tipo de
religião praticada por aqueles líderes religiosos, que falavam muito de Deus,
mas não se convertiam. Conheciam as Escrituras de cor, mas não praticavam a
justiça. Jesus nos ensina que, mais do que nossas palavras, o que nos salva são
nossas atitudes.
Entretanto, não
pensemos que ele esteja dizendo que a oração, as práticas de piedade e as
pregações são coisas sem importância. Pelo contrário, é pela oração constante e
perseverante que conhecemos a vontade de Deus. As prostitutas e os publicanos
se converteram à justiça do reino de Deus porque tiveram fé, acreditaram na
Palavra anunciada por João Batista. Não deixemos, portanto, de pedir a Deus que
tenhamos uma vida equilibrada de oração e ação, para que nossos gestos sejam
coerentes com aquilo que dizem nossos lábios.
Pe. Claudiano Avelino dos Santos, ssp
Reflexão:
Pistas para a
reflexão:
I leitura: Não podemos
culpar a Deus pela nossa infelicidade.
II leitura: Somos
convidados a imitar Cristo na humildade e no desprendimento.
Evangelho: Não basta
apenas dizer sim; é necessário trilhar o caminho da prática da
justiça.
DOMINGO, 28 DE SETEMBRO DE 2014
Homilia do 26º
Domingo do Tempo Comum, por Pe. Paulo Ricardo
O arrependimento
Jesus está em Jerusalém, sabendo que os
mesmos que O aclamaram à entrada da cidade O condenarão à morte na Cruz. Então,
em uma última tentativa de converter o coração dos judeus - principalmente, o
dos sacerdotes e dos anciãos do povo -, ele conta a parábola dos dois filhos.
Convidados por seu pai a trabalhar na vinha, o primeiro peca em um primeiro
momento e diz não, mas, depois, se arrepende e vai; o segundo, a princípio, responde
que sim, mas desobedece e não vai.
A pedagogia usada por Nosso Senhor
nessa passagem é a mesma usada pelo profeta Natã para censurar o rei Davi, por
ele ter matado Urias e tomado para si a sua esposa, Betsabeia. Na ocasião, Natã
também se serve de uma parábola para se dirigir a Davi. Ele conta a história de
um rico que tinha muitos bois e ovelhas e de um pobre que possuía apenas uma
pequena ovelha, que “era para ele como uma filha”. Em um ato de grande
injustiça, o rico, para dar de comer a um hóspede, ao invés de matar um de seus
animais, mata o cordeiro do pobre e prepara-o para o visitante. Davi fica
revoltado com a atitude do rico, ao que Natã o repreende: “Este homem és tu!”
[1].
Com a sua parábola, Jesus quer que os
judeus caiam em si e, condenando a atitude do segundo filho, ajam como o
primeiro e se arrependam.
Ao se referir à atitude do primeiro
filho, a palavra grega que, na versão litúrgica brasileira, é traduzida por
“mudou de opinião”, é “μεταμεληθεὶς” (lê-se: metamelitheís), a mesma usada
no versículo 32 para dizer que os sacerdotes e anciãos não se arrependeram (“οὐδὲ μετεμελήθητε”) para
crer em São João Batista. De fato, o arrependimento é muito mais que uma
simples “mudança de opinião”: inclui também um pungimento e uma comoção interior.
No entanto, só isso não é suficiente. É
preciso, sobretudo, uma determinação firme de fazer a vontade de Deus. Por
isso, Jesus questiona os sacerdotes e anciãos: “Qual dos dois fez a vontade do
pai?” O coração do ensinamento de Jesus nesta parábola é justamente este:
“fazer a vontade do Pai”.
Santo Tomás de Aquino, ao responder se
a penitência é uma virtude, explica:
“Fazer penitência é doer-se de algo
cometido anteriormente. Já se viu também que a dor ou a tristeza pode ser
considerada de duas maneiras. Primeira, enquanto é uma paixão do apetite
sensitivo e, sob este aspecto, a penitência não é uma virtude, mas uma paixão.
Segunda, enquanto é um ato da vontade e, nesse caso, ela implica certa escolha.
E se esta é feita de maneira reta, pressupõe que seja um ato de virtude. Diz
Aristóteles que a virtude é ‘um hábito de escolher conforme a reta razão’.
Pertence, porém, à reta razão que alguém se doa daquilo de que se deve doer. E
isso acontece na penitência, de que agora se trata. Pois, o penitente assume
uma dor moderada dos pecados passados, com a intenção de afastá-los. Daí se
segue que é claro ser a penitência, de que agora falamos, uma virtude ou ato de
virtude.” [2]
Para arrepender-se de verdade, não
basta “sentir-se mal”; é preciso que a “paixão do apetite sensitivo” se
transforme em um ato da vontade. O arrependimento virtuoso deve terminar em uma
escolha determinada, pois é nela que está o amor.
Um excelente comentário a essa lição é
o episódio da pecadora que, “quando soube que Jesus estava à mesa na casa do
fariseu [Simão], trouxe um frasco de alabastro, cheio de perfume, postou-se
atrás, aos pés de Jesus e, chorando, lavou-os com suas lágrimas. Em seguida,
enxugou-os com os seus cabelos, beijou-os e os ungiu com perfume” [3]. Na
ocasião, o fariseu, preocupado com as aparências, achou inconveniente o
comportamento daquela mulher. Ela, ao contrário, desprezando completamente o
que os outros pensavam dela, queria tão somente amar Nosso Senhor. Embora
exista uma carga emocional em seus atos, o que é determinante é a escolha que
ela fez de um novo caminho para a sua vida.
No comentário a essa página do
Evangelho de São Lucas, São Gregório Magno mostra como aquela mulher que tinha
usado todo o seu ser para o pecado, voltou-o totalmente para Jesus:
“Com os olhos, desejara as coisas da
terra; com os mesmos, agora, chorava, em sinal de penitência. Com os cabelos
que serviam de enfeite para o seu rosto, agora, ela enxugava as suas lágrimas
(...). Os lábios com que ela dissera palavras soberbas, agora, osculando os pés
do Senhor, ela pregava aos passos de seu Redentor (...). O óleo que ela usara
para perfumar o seu corpo de modo torpe agora ela oferecia a Deus de modo
louvável (...). Enfim, tudo o que tinha para o próprio prazer, ela oferece em
holocausto. Converteu em número de virtudes o número de seus crimes, a fim de
consagrar-se inteiramente a Deus por meio da penitência, tanto quanto se tinha
separado d’Ele por meio da culpa.” [4]
O amor daquela mulher é o que faz toda
a diferença. “Os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, pois ela
mostrou muito amor” [5].
Muitas vezes, as pessoas, depois que
cometem um pecado, entram em um beco sem saída, pois ficam remoendo
constantemente o sentimento de culpa em seu coração. Não entendem que devem
determinar-se, a fim de usar tudo o que são e têm para amar e servir a Deus, ao
invés de ficarem alimentando inutilmente o que não é virtude, senão paixão.
Nesse caminho, é muito importante não
se preocupar com as aparências, com o que os outros vão pensar de nós. A grande
dificuldade dos sacerdotes e anciãos do povo, bem como de Simão, o fariseu, era
a sua preocupação com o exterior. Por isso as figuras de São João Batista e de
Jesus foram motivo de confusão para eles. Enquanto o primeiro pouco comia e
bebia - e era repreendido pelos judeus -, o segundo comia e bebia - e era
chamado de “comilão e beberrão, amigo de publicanos e de pecadores” [6]. Não
aprenderam que a verdadeira religião não tem a ver com as aparências, mas com o
coração.
Assim, no Evangelho, o primeiro filho
aparentemente desobedece, mas, depois, faz a vontade do pai; e o segundo
aparentemente obedece, mas, no fim, manifesta-se como um rebelde. Que o Senhor
nos ajude a amá-Lo com verdadeiro amor e determinação e não nos deixe cair na
tentação de viver segundo as aparências. T
Referências:
Cf. 2 Sm 12, 1-15.
Suma Teológica, III, q. 85, a. 1.
Lc 7, 37-38.
Apud Santo Tomás de Aquino, Catena
Aurea in Lucam, 7, 6.
Lc 7, 47.
Mt 11, 19.
O arrependimento
Jesus está em Jerusalém, sabendo que os
mesmos que O aclamaram à entrada da cidade O condenarão à morte na Cruz. Então,
em uma última tentativa de converter o coração dos judeus - principalmente, o
dos sacerdotes e dos anciãos do povo -, ele conta a parábola dos dois filhos.
Convidados por seu pai a trabalhar na vinha, o primeiro peca em um primeiro
momento e diz não, mas, depois, se arrepende e vai; o segundo, a princípio, responde
que sim, mas desobedece e não vai.
A pedagogia usada por Nosso Senhor
nessa passagem é a mesma usada pelo profeta Natã para censurar o rei Davi, por
ele ter matado Urias e tomado para si a sua esposa, Betsabeia. Na ocasião, Natã
também se serve de uma parábola para se dirigir a Davi. Ele conta a história de
um rico que tinha muitos bois e ovelhas e de um pobre que possuía apenas uma
pequena ovelha, que “era para ele como uma filha”. Em um ato de grande
injustiça, o rico, para dar de comer a um hóspede, ao invés de matar um de seus
animais, mata o cordeiro do pobre e prepara-o para o visitante. Davi fica
revoltado com a atitude do rico, ao que Natã o repreende: “Este homem és tu!”
[1].
Com a sua parábola, Jesus quer que os
judeus caiam em si e, condenando a atitude do segundo filho, ajam como o
primeiro e se arrependam.
Ao se referir à atitude do primeiro
filho, a palavra grega que, na versão litúrgica brasileira, é traduzida por
“mudou de opinião”, é “μεταμεληθεὶς” (lê-se: metamelitheís), a mesma usada
no versículo 32 para dizer que os sacerdotes e anciãos não se arrependeram (“οὐδὲ μετεμελήθητε”) para
crer em São João Batista. De fato, o arrependimento é muito mais que uma
simples “mudança de opinião”: inclui também um pungimento e uma comoção interior.
No entanto, só isso não é suficiente. É
preciso, sobretudo, uma determinação firme de fazer a vontade de Deus. Por
isso, Jesus questiona os sacerdotes e anciãos: “Qual dos dois fez a vontade do
pai?” O coração do ensinamento de Jesus nesta parábola é justamente este:
“fazer a vontade do Pai”.
Santo Tomás de Aquino, ao responder se
a penitência é uma virtude, explica:
“Fazer penitência é doer-se de algo
cometido anteriormente. Já se viu também que a dor ou a tristeza pode ser
considerada de duas maneiras. Primeira, enquanto é uma paixão do apetite
sensitivo e, sob este aspecto, a penitência não é uma virtude, mas uma paixão.
Segunda, enquanto é um ato da vontade e, nesse caso, ela implica certa escolha.
E se esta é feita de maneira reta, pressupõe que seja um ato de virtude. Diz
Aristóteles que a virtude é ‘um hábito de escolher conforme a reta razão’.
Pertence, porém, à reta razão que alguém se doa daquilo de que se deve doer. E
isso acontece na penitência, de que agora se trata. Pois, o penitente assume
uma dor moderada dos pecados passados, com a intenção de afastá-los. Daí se
segue que é claro ser a penitência, de que agora falamos, uma virtude ou ato de
virtude.” [2]
Para arrepender-se de verdade, não
basta “sentir-se mal”; é preciso que a “paixão do apetite sensitivo” se
transforme em um ato da vontade. O arrependimento virtuoso deve terminar em uma
escolha determinada, pois é nela que está o amor.
Um excelente comentário a essa lição é
o episódio da pecadora que, “quando soube que Jesus estava à mesa na casa do
fariseu [Simão], trouxe um frasco de alabastro, cheio de perfume, postou-se
atrás, aos pés de Jesus e, chorando, lavou-os com suas lágrimas. Em seguida,
enxugou-os com os seus cabelos, beijou-os e os ungiu com perfume” [3]. Na
ocasião, o fariseu, preocupado com as aparências, achou inconveniente o
comportamento daquela mulher. Ela, ao contrário, desprezando completamente o
que os outros pensavam dela, queria tão somente amar Nosso Senhor. Embora
exista uma carga emocional em seus atos, o que é determinante é a escolha que
ela fez de um novo caminho para a sua vida.
No comentário a essa página do
Evangelho de São Lucas, São Gregório Magno mostra como aquela mulher que tinha
usado todo o seu ser para o pecado, voltou-o totalmente para Jesus:
“Com os olhos, desejara as coisas da
terra; com os mesmos, agora, chorava, em sinal de penitência. Com os cabelos
que serviam de enfeite para o seu rosto, agora, ela enxugava as suas lágrimas
(...). Os lábios com que ela dissera palavras soberbas, agora, osculando os pés
do Senhor, ela pregava aos passos de seu Redentor (...). O óleo que ela usara
para perfumar o seu corpo de modo torpe agora ela oferecia a Deus de modo
louvável (...). Enfim, tudo o que tinha para o próprio prazer, ela oferece em
holocausto. Converteu em número de virtudes o número de seus crimes, a fim de
consagrar-se inteiramente a Deus por meio da penitência, tanto quanto se tinha
separado d’Ele por meio da culpa.” [4]
O amor daquela mulher é o que faz toda
a diferença. “Os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, pois ela
mostrou muito amor” [5].
Muitas vezes, as pessoas, depois que
cometem um pecado, entram em um beco sem saída, pois ficam remoendo
constantemente o sentimento de culpa em seu coração. Não entendem que devem
determinar-se, a fim de usar tudo o que são e têm para amar e servir a Deus, ao
invés de ficarem alimentando inutilmente o que não é virtude, senão paixão.
Nesse caminho, é muito importante não
se preocupar com as aparências, com o que os outros vão pensar de nós. A grande
dificuldade dos sacerdotes e anciãos do povo, bem como de Simão, o fariseu, era
a sua preocupação com o exterior. Por isso as figuras de São João Batista e de
Jesus foram motivo de confusão para eles. Enquanto o primeiro pouco comia e
bebia - e era repreendido pelos judeus -, o segundo comia e bebia - e era
chamado de “comilão e beberrão, amigo de publicanos e de pecadores” [6]. Não
aprenderam que a verdadeira religião não tem a ver com as aparências, mas com o
coração.
Assim, no Evangelho, o primeiro filho
aparentemente desobedece, mas, depois, faz a vontade do pai; e o segundo
aparentemente obedece, mas, no fim, manifesta-se como um rebelde. Que o Senhor
nos ajude a amá-Lo com verdadeiro amor e determinação e não nos deixe cair na
tentação de viver segundo as aparências. T
Referências:
Cf. 2 Sm 12, 1-15.
Suma Teológica, III, q. 85, a. 1.
Lc 7, 37-38.
Apud Santo Tomás de Aquino, Catena
Aurea in Lucam, 7, 6.
Lc 7, 47.
Mt 11, 19.
A Voz do Pastor - 26º Domingo Comum - Domingo 28/09/2014
Canal do Youtube
arqrio
Mateus 21,28-32
Canal do Youtube
Arrependeu-se e foi. Os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar antes de vós no Reino do céu.
HOMILIA
OS DOIS FILHOS
Mt 21,28-32
Os cobradores de impostos e as prostitutas vos
precedem no reino dos céus, disse Jesus às autoridades judaicas que o escutavam
no Templo. Podemos imaginar o escândalo que estas palavras causaram aos ouvidos
dos “justos” de Israel! Ser precedido nos céus por uma prostituta ou um
cobrador de impostos?! No tempo de Jesus, os cobradores de impostos eram
totalmente desonestos. Não poderia se ouvir ofensa maior. Ser colocado para
trás logo por quem? Por pessoas de má fama?
Mas, por que Jesus reprova tanto estes
sacerdotes e anciãos? Onde foi que eles erraram? Exatamente na incoerência
entre o “falar” e o “fazer”. E Jesus mostra isso claramente com a parábola dos
dois filhos. Nela, para ambos os filhos, o pai pede cordialmente que trabalhem
na vinha. O primeiro se prontifica imediatamente: “Sim, Senhor!”, mas não move
uma palha. O segundo está decidido: “Não quero!”, mas pensa melhor e aparece lá
para trabalhar.
No primeiro filho, as palavras são boas e
gentis, mas falta a sua realização. No segundo, as palavras até parecem brutas,
mas a ação é boa. As palavras por si só não salvam, é preciso praticá-las. O
próprio Jesus já havia alertado: “Não quem me diz: Senhor, Senhor, entrará no
reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus” (Mt
7,21). Já o exemplo do segundo filho é autêntico: ele cumpre a vontade do pai
não com palavras, mas com ações.
Os chefes judaicos até que estavam de acordo
que a vontade do Pai só pudesse ser cumprida com ações, mas não estavam de
acordo de jeito nenhum com a aplicação que Jesus fizera desta parábola. Assim,
percebemos que tipo de distância abismal havia entre o dizer e o fazer na
religiosidade farisaica e que é tão viva ainda hoje. A reprovação de Jesus é
dirigida a quem dá mais valor às aparências do que à essência, mais às palavras
que à prática, mas ao exterior que ao interior. Se formos fazer um exame de
consciência bem feito, vamos perceber imediatamente como somos fariseus, como o
primeiro filho pronto a dizer “sim” com os lábios, mas a não fazer quase nada
quando o assunto é cumprir a vontade de Deus.
A exortação de Jesus se torna ainda mais
provocante, como já dissemos acima, porque contrapõe aos seus interlocutores os
publicanos e as prostitutas. Para os chefes dos judeus, o fato de serem
mencionados juntamente com pessoas dessa classe era muito ofensivo. Eles
desprezavam e excluíam totalmente estas pessoas. Jesus, pelo contrário, vê
nelas o segundo filho. Num primeiro momento, deram um não, mas depois se
arrependeram e fizeram a vontade do Pai. Jesus não aprova o modo de vida delas,
mas reconhece a acolhida que elas deram à mensagem de conversão de João Batista
e a julga como o cumprimento da vontade de Deus.
Jesus afirma que só aquele que reconhece o seu
pecado pode se arrepender; aquele que se acha justo, um auto-suficiente, seguro
de sua justiça, nunca vai reconhecer que erra. De fato, foi isto o que
aconteceu pela pregação de João Batista: os fariseus o rejeitaram, enquanto os
pecadores se arrependeram e se converteram. Aqueles, de fato, não se agradaram
em ouvi-lo, estavam fechados ao Evangelho e só quem se deixa tocar pelo
Evangelho, se afasta de si mesmo (já que, no fundo, a religiosidade farisaica é
o agradar a si mesmo, pelo próprio comportamento, pelas próprias ações) e se
abandona à vontade de Deus.
Até que os fariseus faziam boas e muitas ações,
pois observavam a lei de Moisés, mas esqueciam a parte fundamental: reconhecer
os sinais da presença de Deus, primeiramente em João Batista, depois em Jesus.
Descobrimos assim que a manifestação concreta da vontade de Deus não coincide
nunca com aquilo que nós desejamos e que já pré-estabelecemos como o nosso bem,
mas tem sempre a ver com a fé, uma fé que envolve todo o nosso ser e se
concretiza numa pequena, simples, mas dificílima ação. O importante não é,
portanto, fazer alguma coisa, mas fazer aquilo que Deus quer que nós façamos
pela obediência da fé.
Pai, quero ser para ti um filho que escuta a
tua Palavra e se esforça para cumpri-la com sinceridade. Que a minha resposta
ao teu apelo não seja pura formalidade.
Fonte Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA
A Palavra de Deus semeada em nós provoca
mudanças de atitudes
Deus não olha para o tamanho do pecado de cada
um de nós. Ele olha, na verdade, para a nossa abertura e para a nossa conversão
de vida.
“Em verdade vos digo que os cobradores de
impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus” (Mateus 21, 31).
A Palavra de Deus hoje
anunciada é um forte chamado ao nosso coração para que façamos realmente uma
verdadeira experiência de conversão e de mudança de vida. Veja bem, não adianta
eu dizer que sou cristão, que sou católico, me orgulhar porque vou à Missa, porque
rezo em casa, conheço a Bíblia, mas me comportar com indiferença diante das
palavras de Jesus, que me chamam à conversão e à transformação de vida. Porque
é deste modo que se comportaram muitos na época de Jesus. Eles ouviram o que o
Senhor dizia, mas como achavam que já conheciam a vontade de Deus,
comportaram-se com uma total indiferença.
Na
história do Evangelho de hoje, o primeiro filho diz: “Pai, eu vou fazer a sua
vontade”. Mas, quando o pai apresenta qual é a sua vontade ao filho, este
simplesmente não a coloca em prática. O segundo filho, num primeiro momento,
põe dificuldade, até diz ”não”, mas depois reflete melhor e deixa-se tocar pelo
pedido do pai e dá a sua resposta positiva.
Quando
Jesus diz que as prostitutas, os cobradores de impostos e os pecadores nos
precedem no Reino de Deus porque, muitas vezes, nos sentimos justos,
justificados, bons diante de Deus e não nos deixamos converter diariamente e
verdadeiramente pela Palavra de Deus. Ao contrário de muitos de nós, muitos
destes acolhem a Palavra, por maiores que sejam os vícios vividos ou a vida
errada que já levaram, e se convertem de verdade!
Por isso, Deus não olha
para o tamanho do pecado de cada um de nós. Ele olha, na verdade, para a nossa
abertura e para a nossa conversão de vida. Porque, o que importa não é o
tamanho do pecado, mas a grandeza da misericórdia de Deus, que tudo lava, que
tudo purifica e que tudo renova, quando eu e você estamos verdadeiramente
arrependidos.
Nós
não devemos nos comportar, na casa de Deus, como meros espectadores! Não
devemos ser alguém que ouve, que acha bonito o que se fala, mas não se deixa
tocar, não se deixa converter, não permite realmente o seu coração ser mudado e
transformado pela Palavra de Deus.
Que
essa Palavra, hoje, semeada em nosso coração, provoque em nós mudanças de
atitudes, de hábitos, de gestos, de coração, de mentalidade, para que não
sejamos como o primeiro filho do Evangelho, aquele filho que diz “sim”, mas no
fundo não coloca em prática a vontade do pai. Podemos ser até, no primeiro
momento, duros, mas o importante é vencer a dureza e deixar a Palavra de Deus
nos transformar a cada dia.
Deus
abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. https://www.facebook.com/rogeraraujo.cn
http://homilia.cancaonova.com/homilia/a-palavra-de-deus-semeada-em-nos-provoca-mudancas-de-atitudes/
Preparo-me para a Leitura
Orante,
fazendo uma rede de comunicação e comunhão
em torno da Palavra com todas as pessoas que se neste ambiente
fazendo uma rede de comunicação e comunhão
em torno da Palavra com todas as pessoas que se neste ambiente
virtual. Rezo em sintonia com a
Santíssima Trindade.
Em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo.
Espírito Santo,
tu que vieste do Pai,
e que permaneceste conosco, em Jesus,
tu que habitas, pela fé, nos nossos corações,
abre-nos à Palavra!
Seja a nossa inteligência e a nossa vontade,
terreno bom,
onde tu possas trabalhar com liberdade,
de modo que a nossa vida
seja sinal eloquente da tua caridade.
Amém.
Espírito Santo,
tu que vieste do Pai,
e que permaneceste conosco, em Jesus,
tu que habitas, pela fé, nos nossos corações,
abre-nos à Palavra!
Seja a nossa inteligência e a nossa vontade,
terreno bom,
onde tu possas trabalhar com liberdade,
de modo que a nossa vida
seja sinal eloquente da tua caridade.
Amém.
1. Leitura
(Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio
atentamente, na Bíblia, o texto: Mt 21,28-32.
Jesus continuou:
- E o que é que vocês acham disto? Certo homem tinha dois filhos. Ele foi falar com o mais velho e disse: "Filho, hoje você vai trabalhar na minha plantação de uvas."
- Ele respondeu: "Eu não quero ir." Mas depois mudou de idéia e foi.
- O pai foi e deu ao outro filho a mesma ordem. E este disse: "Sim, senhor." Mas depois não foi.
- Qual deles fez o que o pai queria? - perguntou Jesus.
E eles responderam:
- O filho mais velho.
Então Jesus disse a eles:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: os cobradores de impostos e as prostitutas estão entrando no Reino de Deus antes de vocês. Pois João Batista veio para mostrar a vocês o caminho certo, e vocês não creram nele; mas os cobradores de impostos e as prostitutas creram. Porém, mesmo tendo visto isso, vocês não se arrependeram e não creram nele.
- E o que é que vocês acham disto? Certo homem tinha dois filhos. Ele foi falar com o mais velho e disse: "Filho, hoje você vai trabalhar na minha plantação de uvas."
- Ele respondeu: "Eu não quero ir." Mas depois mudou de idéia e foi.
- O pai foi e deu ao outro filho a mesma ordem. E este disse: "Sim, senhor." Mas depois não foi.
- Qual deles fez o que o pai queria? - perguntou Jesus.
E eles responderam:
- O filho mais velho.
Então Jesus disse a eles:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: os cobradores de impostos e as prostitutas estão entrando no Reino de Deus antes de vocês. Pois João Batista veio para mostrar a vocês o caminho certo, e vocês não creram nele; mas os cobradores de impostos e as prostitutas creram. Porém, mesmo tendo visto isso, vocês não se arrependeram e não creram nele.
Esta parábola contada por Jesus pode
ser entendida como a coerência entre o dizer e o agir. O primeiro filho disse
que faria a vontade do pai e não fez. O segundo disse que não a faria e se
arrependeu e a fez. O contraste entre as duas atitudes é evidente. Jesus
falava a pessoas que se diziam fiéis à Lei e, no entanto, não o acolhiam.
Enquanto que outros, pecadores, gente do povo, pobres o acolhiam reconhecendo
nele o Filho de Deus, o Messias enviado pelo Pai.
2. Meditação
(Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Sou
mais semelhante a qual dos dois filhos da parábola?
Os bispos na Conferência de Aparecida lembraram: “Como discípulos de
Jesus reconhecemos que Ele é o primeiro e maior evangelizador enviado por Deus
(cf. Lc 4,44) e, ao mesmo tempo, o Evangelho de Deus (cf. Rm 1,3). Cremos e
anunciamos “a boa nova de Jesus, Messias, Filho de Deus” (Mc 1,1). Como filhos
obedientes à voz do Pai queremos escutar a Jesus (cf. Lc 9,35) porque Ele é o
único Mestre (cf. Mt 23,8). Como seus discípulos sabemos que suas palavras são
Espírito e Vida (cf. Jo 6,63.68). Com a alegria da fé somos missionários para
proclamar o Evangelho de Jesus Cristo e, n’Ele, a boa nova da dignidade humana,
da vida, da família, do trabalho, da ciência e da solidariedade com a criação.”(DAp 103).
E eu me interrogo:
E eu me interrogo:
É assim que acolho Jesus?
3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos e concluo com a oração do bem-aventurado Alberione:
Rezo, espontaneamente, com salmos e concluo com a oração do bem-aventurado Alberione:
Jesus, Mestre:
que eu pense com a tua inteligência,
com a tua sabedoria.
Que eu ame com o teu coração.
Que eu veja com os teus olhos.
Que eu fale com a tua língua.
Que eu ouça com os teus ouvidos.
Que as minhas mãos sejam as tuas.
Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas.
Que eu reze com as tuas orações.
Que eu celebre como tu te imolaste.
Que eu esteja em ti e tu em mim. Amém.
Que eu ame com o teu coração.
Que eu veja com os teus olhos.
Que eu fale com a tua língua.
Que eu ouça com os teus ouvidos.
Que as minhas mãos sejam as tuas.
Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas.
Que eu reze com as tuas orações.
Que eu celebre como tu te imolaste.
Que eu esteja em ti e tu em mim. Amém.
4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu olhar deste dia será iluminado pela presença
de Jesus Cristo e no cumprimento da vontade do Pai.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde.
Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se
compadeça de nós. Amém.
-Volte para nós o seu olhar e nos dê
a sua paz. Amém.
Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém
Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém
Ir. Patrícia Silva, fsp
patricia.silva@paulinas.com.br
http://leituraorantedapalavra.blogspot.com.br/
Oração
Final
Pai
Santo, dá-nos sabedoria e força para transformar em atitudes existenciais a tua
Presença em nós. Que nossas relações com os irmãos, com a natureza e o respeito
à vida sejam nosso testemunho de gratidão por sabermos que somos morada do teu
Amor. Pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na
unidade do Espírito Santo.

Nenhum comentário:
Postar um comentário