ANO A

Mc 6,45-52
Comentário do
Evangelho
Quais
são os ventos contrários?
Nossa perícope é a sequência do episódio dos pães (cf. Mc 6,45)
e a ele se relaciona (cf. Mc 6,52). O mar da Galileia é, na verdade, um grande
lago. O fenômeno de ventos que agitam as águas do lago, provocando como que
ondas, é comum. Para o imaginário do homem bíblico, o mar é símbolo do mal e da
morte. Recolhido em sua oração, Jesus vê a dificuldade da travessia em razão do
vento contrário. Para a surpresa dos discípulos, Jesus vai ao encontro deles,
caminhando sobre as águas. O Senhor não é alheio às dificuldades da vida
humana. O novo Pastor de Israel é aquele que, como Deus, tem o poder sobre o
mal e a morte [cf. Sl 89(88)]. Diante dele o mal não triunfa e a agitação e o
medo são vencidos por uma Palavra e uma presença que transforma: “Coragem, sou
eu!”. A sua presença e a sua palavra dão a verdadeira visão. A dureza do
coração, no entanto, impede de reconhecer no episódio dos pães a força e o
sustento para viver com fé o tempo da adversidade e da ameaça do mal, pondo a
confiança somente naquele que venceu o mal e a morte.
Carlos Alberto
Contieri, sj
ORAÇÃ O
Pai, afasta de mim o medo e a insegurança
que me impedem de testemunhar o Reino, onde se faz necessário e onde são
maiores os desafios. E dá-me forças para continuar.
Vivendo a Palavra
Os ventos continuam a soprar sobre nós e sobre o
mundo: desde as grandes tragédias que abalam as nações até os pequenos dramas
que entristecem as famílias... Mas o Evangelho nos faz lembrar que, andando
sobre as águas revoltas, Jesus está chegando e diz: «Coragem! Sou eu, não
tenham medo!»
Reflexão
Jesus, ao caminhar sobre as águas,
revela aos seus discípulos que é Deus, isso porque, segundo as Escrituras,
somente Deus pode caminhar sobre o mar. Podemos ver isso no livro de Jó:
"Sozinho ele estende os céus e caminha sobre as alturas dos mares"
(Jó 9, 8) e no livro dos Salmos: "No mar abriste o teu caminho, tua
passagem nas águas profundas, e ninguém conseguiu conhecer os teus
rastros" (Sl 76, 20). A revelação da divindade de Jesus continua na mesma
passagem quando ele fala aos discípulos: "Coragem, sou eu! Não tenhais
medo!", atribuindo para si o mesmo nome que Deus atribuiu a si na passagem
da sarça ardente, quando revela o seu nome a Moisés.
Recadinho

O que me deixa
assustado(a)? - Procuro me munir de coragem e de prudência? - Qual é minha
posição no “repartir o pão?” - Meu coração corre o risco de se endurecer demais
às vezes? - Falando em saciar a fome, há desperdício de alimentos em meu
contexto familiar e social?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
COMPANHEIRO DE LUTA
A vida humana é toda feita de luta. As circunstâncias podem variar, sendo mais leves ou mais pesadas. Nossa capacidade de enfrentar os problemas pode ser maior ou menor, dependendo do momento. As dimensões da luta também podem ser diferentes. Uma coisa, porém, é certa: não é possível eliminar as crises, as dificuldades e as provações.
Os discípulos remando penosamente, no meio do mar encapelado, são a imagem viva da realidade humana. Não há quem não experimente medo e insegurança, numa situação assim. O fim parece aproximar-se veloz. Parece impossível não sucumbir.
Existe, entretanto, uma dimensão da realidade humana que se revela pouco a pouco. Para além da tempestade, está Jesus orando e velando pela sorte de seus discípulos. Ele não é insensível à sorte de seus amigos, nem se compraz em assistir, impassível, a seu sofrimento, muito menos contemplá-los na iminência da morte. Nos momentos de provação, Jesus vai ao encontro deles, uma vez que é o dominador das forças que os atormentam.
A gravidade dos problemas enfrentados pelos cristãos leva-os, não raro, a se esquecerem da presença de Jesus junto de si. Só ele pode oferecer segurança, nos momentos de dificuldade, quando tudo parece ruir. Entretanto, é preciso cuidado para não nos agarrarmos a falsas imagens de Jesus, e sim, discernir bem, para descobrir o verdadeiro companheiro de luta.
Oração
Senhor Jesus, és meu companheiro nos momentos difíceis da vida; que eu te sinta sempre bem perto de mim.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Ó Deus, luz de todas as nações, concedei aos povos da terra viver em perene paz e fazei resplandecer em nossos corações aquela luz admirável que vimos despontar no povo da antiga aliança. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
REFLEXÕES DE HOJE
08 de JANEIRO – QUARTA
Liturgia comentada
O vento era contrário... (Mc 6,45-52)
Neste Evangelho, os discípulos se
encontram na barca, no breu da noite escura. Vem a tempestade e sopra o vento
forte. São dominados pelo medo - acentuado pela visão de Jesus que caminha
sobre as águas e é tomado por um fantasma - e chegam ao terror.
Somam-se a inutilidade do simples
esforço humano e a falta de fé. Tudo aponta para o desastre, não fosse a súbita
Presença que amaina a tempestade e faz calar a ventania... Nem parece que eles
haviam acabado de presenciar o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes,
quando o Mestre demonstrara de forma inegável o seu poder sobre a matéria!
Este quadro parece bem uma metáfora da
situação atual de muitos grupos cristãos, revestidos da máscara de fracassados.
Para eles (e para todos nós!), cabem as palavras do Papa Francisco na Exortação
apostólica “A Alegria do Evangelho”:
“Uma das tentações mais sérias que
sufoca o fervor e a ousadia é a sensação de derrota que nos transforma em
pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre. Ninguém pode
empreender uma luta, se de antemão não está plenamente confiado no triunfo.
Quem começa sem confiança, perdeu de antemão metade da batalha e enterra os
seus talentos. Embora com a dolorosa consciência das próprias fraquezas, há que
seguir em frente, sem se dar por vencido, e recordar o que disse o Senhor a São
Paulo: ‘Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza.’”
(2Cor 12,9) Prossegue Francisco: “O triunfo cristão é sempre uma cruz, mas cruz
que é, simultaneamente, estandarte de vitória, que se empunha com ternura
batalhadora contra as investidas do mal. O mau espírito da derrota é irmão da
tentação de separar prematuramente o trigo do joio, resultado de uma
desconfiança ansiosa e egocêntrica”. (EG, 85)
E se morrêssemos afogados? E se o mar
da vida nos engolisse? E se a sociedade neopagã nos levasse de volta às origens
da Igreja, isto é, às arenas e aos carrascos?
Ora, os primeiros cristãos caminhavam
para a arena do martírio cantando salmos de alegria. A alegria que nasce da
oportunidade de demonstrar um grande amor.
Ou já não amamos?
Orai sem cessar: “Tu acalmas as ondas
quando elas se elevam!” (Sl 89,10)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br
HOMILIA
O PODER DA ORAÇÃO DE JESUS
Estava se aproximando a noite. E Jesus se encontrava à beira do lago de Genesaré, Jesus manda os discípulos que vão para o outro lado do mar. A multiplicação dos pães poderia ter suscitado esperanças triunfalistas, a respeito do Reino de Deus. Jesus afasta os discípulos deste equívoco, despede às multidões e sobe à montanha para orar a sós. A fé no Senhor ressuscitado ajuda a Igreja a enfrentar as dificuldades existentes nas comunidades cristãs siro-fenícias do século I e o cenário não pára por ai. Continua nos nossos dias.
Este episódio da travessia do mar agitado, com Jesus caminhando sobre as águas, é narrado por Marcos e por João. Mateus acrescenta-lhe o episódio de Pedro que ousa ir ao encontro de Jesus sobre as águas, estabelecendo-se um diálogo entre ambos. Pedro pede a Jesus para ir ao seu encontro. Tem o consentimento e se põe a andar sobre as águas agitadas. Vacilando, sente medo e começa a “afundar”. Na nossa missão evangelizadora, ao atravessarmos um “mar” de adversidades sentimos o medo que nos inclina a recuar. Mas Jesus está presente, segura-nos com a mão e estimula nossa fé: “Coragem, sou eu… Por que duvidas-te!”
Sem Jesus, a barca de Pedro que representa a Igreja, enfrenta ventos contrários. Nas últimas horas da noite, vendo Jesus vir até eles, andando sobre o mar, os discípulos gritam de medo, pensando que é um fantasma. “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” A fé no Senhor ressuscitado deverá afastar o medo das comunidades cristãs.
Pedro pede um sinal, que confirme a presença do Senhor: “Se és Tu, manda-me ir ao teu encontro”. “Vem!” E Pedro caminha sobre as águas, confiando na Palavra de Jesus. Mas, sentindo a violência do vento, fica com medo e começa a afundar. “Senhor, salva-me! Jesus estende a mão a Pedro, a mim e a ti dizendo: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?”
Quando Jesus sobe no barco, o vento cessa e todos, prostrados, reconhecem: “Verdadeiramente, Tu és o Filho de Deus!” Esta profissão de fé, agora purificada pela experiência da noite escura, vinha sendo preparada desde o episódio da multiplicação dos pães.
Nos momentos de desolação, confio na presença do Senhor, mesmo na sua aparente ausência? Na noite escura, o que peço ao Senhor: um milagre ou uma fé maior? Nas tempestades da vida não estamos sós. Deus não me abandona, mesmo quando eu não sinta sua presença.
Senhor Jesus: nas horas de entusiasmo não me deixes esquecer que Tu és a fonte de minha alegria. E, nas horas de tristeza, que eu não perca a fé na tua presença. Eu creio, Senhor, mas aumenta a minha fé. Eu quero arriscar minha vida pelo Reino. Dai-me a força e o Teu puder para que possa vencer nas lutas do dia-a-dia.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA DIÁRIA
O medo nos afasta de Deus e nos torna doentes
O medo nos torna pessoas desesperadas e, onde está o desespero, Deus não se faz presente!
”Com efeito, todos o tinham visto e ficaram assustados. Mas Jesus logo falou: ‘Coragem, sou eu! Não tenhais medo!’.” (Mc 6, 50)
Olhe
o drama que os discípulos do Senhor vivem no dia de hoje, acostumados a ter a
presença do Mestre em todas as situações da vida, Jesus os quer ver caminhando
sozinhos, por isso, enquanto Ele fica no monte rezando, os discípulos seguem
mar adentro, no barco, no mar da Galileia.
Enquanto
eles vão remando, lá pelas três da madrugada, chegam ventos contrários e o medo
começa a tomar conta deles, no primeiro vento que vem. Deixe-me dizer, sabendo
da fraqueza deles, o Senhor vai ao encontro deles caminhando sobre as águas; aí
é que eles se apavoram realmente e começam a ver, em Jesus, um fantasma, e
começam a gritar sem parar. Aqueles homens barbudos, que andavam com Jesus para
lá e para cá, estão apavorados e tremendo de medo.
O
medo é uma coisa terrível, o medo é o pior dos fantasmas que assombra a
humanidade e que assombra a nossa alma e o nosso coração. Porque, na verdade,
fantasmas não existem, mas o nosso medo cria muitos fantasmas e muitas
fantasias; o nosso medo é capaz de transformar até Deus, até Jesus Nosso
Senhor, em um fantasma! Porque, quando o medo se apodera de nós, perdemos toda
a confiança e a segurança que nós temos. O medo nos torna pessoas desesperadas
e, onde está o desespero, Deus não se faz presente! Porque o desespero afugenta
a presença de Deus, o desespero é a falta de confiança no Senhor, o desespero é
a falta de fé.
Quem
mandou os discípulos irem de barco, à frente, foi o Senhor, e eles não
confiaram! Quando o mar se agitou, quando as coisas começaram a balançar o medo
falou mais alto, eles gritaram e se apavoraram, e não foram capazes nem de
reconhecer o Senhor presente no meio deles vindo sobre as águas.
O medo cria muitas fantasias dentro de nós, o medo cria doenças,
cria fantasmas. O medo que se apodera de nós tira a nossa fé e a nossa
confiança no Deus único e verdadeiro; o medo faz de nós pessoas fracas e
doentes. E é por isso que o
Mestre Jesus, ao olhar para os Seus discípulos, olha para nós também e diz:
”Coragem, sou eu! Não tenhais medo!”
Como
nós precisamos, hoje, do Mestre Jesus para curar tudo aquilo que o medo faz em
nós, tudo aquilo que o medo lançou em nós! Toda fraqueza que o medo gera dentro
de nós e não nos permite que, nas aflições, nas dificuldades e nos ventos
contrários que a vida manda ao nosso encontro, nós tenhamos reação, que nós
sejamos curados dos fantasmas e das fantasias que o medo gerou dentro de nós.
Deus
abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
LEITURA ORANTE

Saudação
- A todos nós, a paz de Deus, nosso
Pai,
a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
Preparo-me para a
Leitura, rezando:
Jesus Mestre,
Sois o Mestre e a Verdade:
iluminai-nos, para que melhor compreendamos
as Sagradas Escrituras.
Sois o Guia e o Caminho:
fazei-nos dóceis ao vosso seguimento.
Sois a Vida:
transformai nosso coração em terra boa,
onde a Palavra de Deus produza frutos
abundantes de santidade e missão.
(Bv. Alberione)
1. Leitura (Verdade)
O que
diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto na
Bíblia: Mc 6,45-52.
Logo depois, Jesus
ordenou aos discípulos que subissem no barco e fossem na frente para o povoado
de Betsaida, no lado leste do lago, enquanto ele mandava o povo embora. Depois
de se despedir dos discípulos, Jesus subiu um monte a fim de orar ali. Quando
chegou a noite, o barco estava no meio do lago, e Jesus estava em terra,
sozinho. Ele viu que os discípulos estavam remando com dificuldade porque o
vento soprava contra eles. Já de madrugada, entre as três e as seis horas,
Jesus foi até lá, andando em cima da água, e ia passar adiante deles.
Quando viram Jesus andando em cima da água, os discípulos pensaram que ele era
um fantasma e começaram a gritar. Todos ficaram apavorados com o que viram. Mas
logo Jesus falou com eles, dizendo:
- Coragem, sou eu! Não tenham medo!
Aí subiu no barco com eles, e o vento se acalmou. Os discípulos estavam
completamente apavorados. É que a mente deles estava fechada, e eles não tinham
entendido o milagre dos pães.
Tantos aspectos poderiam ser
considerados neste texto. Vamos nos deter na afirmação de Jesus:
"Sou eu!" Quem ainda não teve fé suficiente, vê Jesus como um
fantasma. Os discípulos não haviam entendido o milagre dos pães. O Evangelho
diz que a "mente deles estava fechada". Como aos discípulos
diariamente Jesus Cristo faz acontecer uma infinidade de milagres ao nosso
redor, mas a mente "fechada" não deixa reconhecer a ação de Deus.
O
que nos faz a mente fechada?
Um turbillhão de apelos e vozes no dia-a-dia, o
consumismo, a perda dos valores, e, sobretudo a perda da fé, da esperança e do
amor aos demais.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Qual palavra mais me toca o coração?
Entro em diálogo com o texto.
Reflito e atualizo.
O que o texto me diz no
momento?
Os bispos, em Aparecida, disseram: "Jesus saiu ao encontro de pessoas em
situações muito diferentes: homens e mulheres, pobres e ricos, judeus e
estrangeiros, justos e pecadores... convidando-os a segui-los. Hoje, segue
convidando a encontrar n'Ele o amor do Pai. Por isto mesmo, o discípulo missionário
há de ser um homem ou uma mulher que torna visível o amor misericordioso do
Pai, especialmente aos pobres e pecadores." (DAp 147)
3. Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo com todos na web:
Jesus Mestre,
faze-nos crescer no teu amor,
para que sejamos, como o apóstolo Paulo
testemunhas vivas do teu Evangelho.
Com Maria,
Mãe Mestra e Rainha dos Apóstolos,
guardaremos tua Palavra,
meditando-a no coração.
Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, tem piedade de nós.
4. Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de fé,
para encontrar
Jesus que vem a meu encontro.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, que o nosso amor
por Ti e pela humanidade seja forte bastante para impedir que o medo se
instale. Nos momentos de dificuldade por que passamos, envia-nos o teu Espírito
para que tenhamos coragem e sejamos testemunhas do teu Amor inefável que nos
deu o Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do
Espírito Santo.

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