20 de Outubro de 2013
Ano C

Lc 18,1-8
Comentário do
Evangelho
Deus
socorre e defende os que sofrem injustiças.
Que o Cristo virá, isto é
uma certeza. Aliás, glorioso, ele vem continuamente ao nosso encontro e se
oferece para o nosso reconhecimento e acolhida: “Eis que estou à porta e bato;
se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com
ele, e ele comigo” (Ap 3,20). Se a vinda de Cristo é certa, é garantido que ele
encontrará fé sobre a face da terra? (cf. v. 8). A finalidade da parábola é
exortar os discípulos a perseverarem na oração (cf. v. 1). O capítulo
precedente (c. 17) oferece o quadro para poder compreender esta parábola: por
causa da perseguição em razão da fé, é preciso rezar sempre para “não cair no
poder da tentação”, nem desanimar. É preciso rezar sempre para manter vivo o
testemunho.
A parábola não é uma descrição fiel da realidade.
Ela visa, sem se preocupar com a lógica da descrição, transmitir uma mensagem.
A caracterização do juiz que “não temia a Deus, nem respeitava homem algum” (v.
2), isto é, que procede arbitrariamente não levando em consideração nem Deus
nem os homens, serve para enfatizar a importância da perseverança da súplica da
viúva e ressaltar o cuidado de Deus para com os seus escolhidos (cf. vv. 7-8a).
A finalidade da parábola é mostrar que Deus não abandona os que ele escolheu; é
ele quem os socorre e defende. A Comunidade que o Cristo reúne deve ser
perseverante na oração. A oração sustenta o testemunho de toda a Igreja e nutre
o dinamismo missionário da Comunidade eclesial (ver: At 2,42-47; 12,1-19). O
“atraso da parúsia” é um convite a viver a adesão da fé através da fidelidade
do testemunho pela palavra e pela ação que acompanha o anúncio cristão.
Moisés, sobre a montanha, com as mãos levantadas,
garantia a vitória de Israel sobre os amalecitas (Ex 17,8-13); enquanto Pedro
está na prisão, em razão de sua fé, “a Igreja fazia ardentemente oração a Deus
em favor dele” (At 12,5). No contexto da paixão, no monte das Oliveiras, Jesus
adverte os seus discípulos: “Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai, para
não cairdes no poder da tentação” (Lc 22,46). A fé, nutrida pela oração, é a
acolhida da salvação na qual se põe o destino de todo homem. É na fé, que
sustenta a missão da Igreja, que, peregrinos neste mundo, vivemos em comunhão
com Deus. A vivência da fé passa e passará por provações e perseguições, por
isso é preciso rezar sem jamais desanimar (cf. v. 1).
Carlos Alberto Contieri,sj
ORAÇÃO
Pai, faze-me pobre e
simples diante de ti, de modo que minhas súplicas sejam atendidas, pois jamais
deixas de atender a quem se volta para ti na humildade de coração.
Vivendo a Palavra
Muito mais do que fazia aquela viúva, que apelava
para o juiz injusto, Jesus nos ensina a entregar nas mãos misericordiosas do
Pai do Céu a nossa vida, os nossos sonhos e a nossa disposição de viver
fraternalmente na Comunhão dos Santos - a sua Igreja –, sendo nela sinal do
Reino de Amor.
Meditação

Você se dirige a Deus com persistência e também paciência? - Reza com fé
e com conhecimento de que o importante é estar com a vida voltada para o Reino
de Deus? - Procura colocar tudo nas mãos de Deus? - Notemos: o importante é não
desanimar e não ter medo. Deus é Pai e nos ama com amor infinito.
Padre Geraldo
Rodrigues, C.Ss.R.
REFLEXÕES DE HOJE
DOMINGO
****************************
VEJA MAIS HOMILIAS
AQUI
Liturgia comentada
Bem depressa... (Lc 18, 1-8)
Nos dois pólos da parábola, uma pobre
viúva injustiçada e um juiz iníquo. Nada mais atual! Pobres espoliados de seus
direitos e magistrados corrompidos...
E o tempo que passa. Dia após dia.
Semana após semana. Ano após ano. Da parte do juiz, a mesma iniquidade. Do lado
da viúva, a invencível perseverança...
Gosto de imaginar que aquela pobre
mulher tinha alugado uma terrinha, ou um imóvel, parte da herança deixada pelo
finado marido, e o inquilino ganancioso se recusava a pagar os aluguéis. Por
isso, ia ao juiz e não desanimava de reivindicar os seus direitos. Até que o
homem mau se cansa. É sempre assim. O bem é incansável. O mal tem fôlego curto.
E o juiz, que sabe muito bem de sua maldade – “Não temo a Deus nem respeito os
homens!” (cf. v. 4) -, começa a temer por uma reação mais forte da pobre viúva
e, quando menos se esperava, dá-lhe uma sentença favorável. Faz-se, enfim, a
justiça.
A situação da parábola é, agora,
utilizada por Jesus para uma lição magistral: se um homem tão ruim acabou
fazendo justiça, diante da insistência da velhinha, quanto mais nos fará
justiça o Pai do céu, que é bom e justo? Logo, da parte de Deus nada temos a
temer. Mas...
Sim, o problema está do nosso lado:
somos capazes de perseverar na oração até o tempo da resposta de Deus? Ora,
ninguém persevera se não tem a fé. Daí a dúvida de Jesus (a única dúvida do
Mestre em todos os Evangelhos!): “Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso
ainda achará fé sobre a terra?”
Em todo caso, Jesus nos anima com a
garantia: Deus nos atenderá “bem depressa”. Mesmo que não possamos avaliar
exatamente o que seja “bem depressa” para um Deus que vive imerso na eternidade
(onde não há relógios nem minutos), podemos estar certos de que seremos
atendidos “nesta vida”.
Mergulhados na História até o pescoço,
temos nosso olhar voltado para o eterno. Peregrinamos na terra, mas somos
cidadãos do céu. Não devemos achar caro, como preço da eternidade com Deus, o
tempo de espera (e esperança) que gastamos cá em baixo.
Como diz o Senhor no Apocalipse: “Sim,
eu venho em breve.” A este anúncio, nós respondemos: “Amém. Vem, Senhor Jesus!”
(Ap 22, 20.)
Orai sem cessar: “Antes mesmo que
clamem, eu lhes responderei; quando ainda estiverem falando, eu os terei
ouvido! (Is 65, 24)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br
20 de outubro – 29º DOMINGO DO TEMPO COMUM
ORAÇÃO, FÉ E ESCRITURAS
I. INTRODUÇÃO GERAL
A liturgia de hoje sugere dois temas importantes: a força da
oração (1ª leitura e evangelho) e a importância da S. Escritura (2ª leitura),
mas ambos têm o mesmo pano de fundo: a esperança da salvação em Jesus. Para a
reflexão (e a homilia) vamos insistir mais no segundo tema, por ele ter uma
atualidade especial no momento atual da América Latina. Nosso continente,
de fato, está conhecendo desde alguns anos um verdadeiro movimento de
redescoberta (católica e ecumênica) da Bíblia e, neste particular, se sabe
incentivado pelo Concílio Vaticano II, retomado na
Exortação Verbum Domini do Papa Bento XVI.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (Ex 17,8-13)
Na batalha contra os amalecitas, quem decide da vitória não
é Josué, o general, mas Moisés, o homem de Deus, que reza de braços estendidos
desde a manhã até a noite. Como toda boa catequese, também a de Israel gostava
de histórias que falassem à imaginação. Assim é esta história, que conta como
Moisés conseguiu a vitória de seu general Josué sobre os amalecitas, os
eternos inimigos de Israel. Enquanto Moisés, segurando o bastão de força
divina, ergue as mãos por cima dos combatentes, Israel ganha. Quando ele baixa
os braços, Israel perde. Então, escoram a Moisés com uma pedra
e sustentam-lhe os braços erguidos, até o pôr do sol, quando a
batalha é decidida em favor de Israel. A história não diz se o gesto de Moisés
significava oração, bênção sobre Israel ou esconjuro do inimigo, mas, sendo
Moisés o enviado de Deus, é evidente que se tratava de uma maneira de tornar a
força do Senhor presente no combate. O gesto pode bem significar que Deus mesmo
é o general do combate. O próprio gesto de levantar as mãos indica o relacionamento
com o Altíssimo. Levantar as mãos a Deus sem cansar, eis a lição da 1ª leitura.
O salmo responsorial comenta, nesse sentido,
o levantar os olhos (Sl 121[120]).
2. Evangelho (Lc 18,1-8)
No mesmo sentido, o evangelho narra uma dessas parábolas provocantes
bem ao gosto de Lucas. É a história da oração insistente da viúva. Uma viúva
pleiteia seu direito junto a um juiz pouco interessado, provavelmente
comprometido com o outro partido. Porém, no fim lhe faz justiça, não por
virtude e amor à justiça, mas por estar cansado da insistência da viúva.
Quanto a nós, embora saibamos que Deus gosta de nos atender (não é como o
juiz!), Jesus nos encoraja a cansar Deus com nossas orações! Mas, para isso,
precisa fé. Ora, acrescenta Lc: será que o Filho do Homem encontrará ainda
fé, na terra, quando ele vier…?
Jesus ensinou a rezar pela vinda do Reino; mas quando esta vinda
se completar, na parusia do Filho do Homem, encontrar-se-á ainda fé
na terra? (Lc 18,9; cf. 2Tm 4,1). Por isso, até lá, é tempo de oração. Devemos
reconhecer a carência em que vivemos e assumi-la na oração insistente. Se não
clamarmos a Deus para fazer justiça, sua vinda nos encontrará sem fé.
Lucas escreve no último quartel do século I. A fé está
enfraquecendo. A demora da Parusia, as perseguições, as tentações da
“civilização” do império romano eram tantos fatores que colaboravam para
enfraquecer a fé. Os cristãos, vivendo num mundo inimigo, esperavam
a Parusia como o momento em que Deus faria justiça em favor dos
pequenos e oprimidos. Seria o Dia do Senhor. Mas estava demorando! Rezavam:
“Venha teu Reino!” (Lc 11,2). Por outro lado, sabiam também que é
difícil aguentar a pressão: “Não nos deixes cair em tentação” (11,4).
Por isso, Lucas pergunta: se continuar assim, não terão todos caído quando o
Filho do Homem vier? (Lc 18,8). Talvez isso seja uma advertência
pedagógica, para insistir na necessidade de guardar a fé até que venha o Filho
do Homem. 1Pd 3,9 está às voltas com o mesmo problema, mas oferece outra
interpretação: Deus demora porque está dando chances para a gente se converter.
3. II leitura (2Tm 3,14-4,2)
A mensagem da 2ª leitura completa a das duas outras. Não
apenas nossa oração deve ser insistente, não apenas devemos guardar a fé;
devemos insistir também na pregação da palavra do Evangelho, oportuna ou
inoportunamente!
A fé é uma graça de Deus, mas também algo que a gente aprende,
tanto o conteúdo quanto a atitude. Isso vale, sobretudo, para quem tem
responsabilidade na comunidade. Sua fé deve crescer pela leitura da S.
Escritura (2Tm 3,14-16), pela experiência vital e pela desinteresseira
transmissão da Palavra, traduzida novamente para cada geração. A palavra de
Deus atinge as pessoas através dos seus semelhantes. Só o convicto consegue
convencer. Daí a solene admoestação dirigida a Timóteo (2Tm 4,1-2): “Eu te peço
com insistência: proclama a palavra, insiste oportuna ou inoportunamente…”.
Alguns anos atrás, na crise da secularização, procurava-se não
incomodar o homem “urbano moderno” com a expressão franca da identidade cristã.
Se alguém, prudentemente, expressasse uma exigência cristã, o interlocutor
respondia, com um sorriso de compaixão: “Eu achava que o senhor fosse
esclarecido!”. Por isso tornou-se comum esconder a visão cristã. Contudo,
sobretudo agora, diante do sumiço da visão cristã, é melhor não ficar dando
voltas, mas insistir, mesmo inoportunamente, naquilo que o evangelho diz ao
mundo. O tempo é breve. Se julgamos dever respeitar o homem moderno por ser
secularizado, devemos também lembrar que ele é, sobretudo, objetivo e não gosta
de rodeios, mas quer logo saber qual é o assunto! Por isso, sejamos claros. Não
se trata de fanatismo (que é disfarce da insegurança), mas de clareza e sadia
insistência. Paulo aconselha exteriorizarmos nossa convicção (2Tm 4,2),
sobretudo porque o evangelho que ele propõe é o da “graça e benignidade de
Deus, nosso Salvador” (Tt 3,4; cf. 2,11).
Para isso, é necessário que o evangelizador “curta”,
pessoalmente, toda a riqueza da Palavra e a sua expressão nas Sagradas
Escrituras – inclusive do Antigo Testamento, que fornece a linguagem em que
Jesus moldou seu evangelho. Tudo isso é obra do Espírito de Deus (2Tm 3,16).
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
A Sagrada Escritura: a reflexão pode aprofundar o
tema da 2ª leitura, que reforça o que o evangelho diz sobre a oração: a
assiduidade na leitura da Escritura (2Tm 3,14-16). Antigamente, os protestantes
se distinguiam dos católicos porque, como se dizia, eles “liam a Bíblia”. De
uns tempos para cá, isso mudou. Agora, a Bíblia faz parte também do lar
católico, e isso não só para ficar exposta sobre um belo suporte de madeira
entalhada… O Concílio Vaticano II nos exorta a ler a Sagrada Escritura, usando
as mesmas palavras de Paulo na 2ª leitura de hoje: a Escritura “comunica a
sabedoria que conduz à salvação”, “é inspirada por Deus e pode servir para
denunciar, corrigir, orientar”. E a recente Exortação
apostólica Verbum Domini do Papa Bento XVI diz que a leitura
das Escrituras deve ser a alma de toda a pastoral.
Ora, essa recomendação de Paulo e do Concílio deve ser
interpretada como convém. Não significa que cada palavrinha isolada da Sagrada
Escritura seja um dogma. A Escritura é um conjunto de diversos livros e textos
que devem ser interpretados à luz daquilo que é mais central e decisivo, a
saber: o exemplo de vida e o ensinamento de Jesus – aquilo que faz Cristo
crescer em nós e em nossa comunidade.
O centro e o ponto de referência de toda a Sagrada Escritura são
os quatro evangelhos. Em segundo lugar vêm os outros escritos do Novo
Testamento (as Cartas e os Atos dos Apóstolos), que nos mostram a fé e a vida
que os discípulos de Jesus quiseram transmitir. A partir daí podemos
compreender como deve ser interpretada a Bíblia toda, com inclusão do Antigo
Testamento, para que nos manifeste, mediante a fé em Jesus Cristo, a “sabedoria
que conduz à salvação” (2Tm 3,15). A recomendação de Paulo a Timóteo para que
leia as Escrituras refere-se ao Antigo Testamento, as Escrituras de Israel
(pois o Novo ainda não tinha sido posto por escrito); à luz de
Cristo, essa leitura se torna caminho de salvação. Quanto a nós, o Novo
Testamento nos fala de Jesus, e o Antigo se torna
leitura salvífica em Jesus, que, como verdadeiro “filho de Israel”,
mostrou a plenitude do Antigo e o levou à perfeição. Jesus usou as palavras do
Antigo Testamento para rezar e para anunciar a Boa-nova do Reino. Sem
conhecer o Antigo Testamento, não entendemos a mensagem de Jesus conservada no
Novo. “Quem não conhece as Escrituras, não conhece Cristo” (S. Jerônimo).
Jesus é a chave de leitura da Bíblia. Isso é muito importante
para não fazermos de qualquer frase do Antigo (e nem do Novo) Testamento um
dogma definitivo! A lei do sábado, por exemplo, deve ser interpretada com esse
profundo senso de humanidade que tem Jesus: o sábado é para o homem,
não o homem para o sábado. As ideias de vingança, no Antigo
Testamento, à luz de Jesus aparecem como atitudes provisórias e a serem
superadas. Todos os trechos da Bíblia, por exemplo as parábolas de Jesus, devem
ser entendidos dentro do seu contexto e conforme seu gênero e intenção. Não
devem ser tomados cegamente ao pé da letra. Muitas vezes apresentam imagens que
querem exemplificar um só aspecto, mas não devem ser imitados em tudo (cf. o
administrador esperto, no 25º domingo do tempo comum).
Por outro lado, importa ler a Sagrada Escritura no horizonte do
momento presente, interpretá-la à luz daquilo que estamos vivendo hoje. Sem
explicação e interpretação, a Bíblia é como faca em mão de criança, ou como
remédio vendido sem a bula: pode até matar! Ora, a interpretação deve se
relacionar com a vida do povo. Por isso, o próprio povo deve ser o
sujeito dessa interpretação, mediante círculos bíblicos e outros
meios adequados.
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e licenciado em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Leuven (Lovaina). Atualmente, é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A - B - C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje.
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e licenciado em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Leuven (Lovaina). Atualmente, é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A - B - C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje.
E-mail: konings@faculdadejesuita.edu.br.
20 de outubro: 29º
domingo comum
INSTINTO DE ORAÇÃO
Palavra de Jesus: “É necessário rezar sempre, sem nunca desistir”. Mas
será que o mundo de hoje ainda sabe rezar? Pesquisas realizadas anos atrás
constatam um fato surpreendente: reza-se mais do que se poderia esperar.
São muitos os que rezam como Jesus manda. Mas ninguém esperaria que até
muitos ateus rezassem. Naturalmente, eles não acreditam em Deus, mas, como um
deles disse, “se existe, Deus vai me atender”. Quer dizer que muitos nem sabem
a quem dirigir sua oração, porém a assumem como valor positivo.
O coração humano nunca vai se conformar com o vazio, com o “nada eterno”
ou com o céu despovoado, nem fica satisfeito em fazer da ora-ção um diálogo
consigo mesmo, mas almeja uma relação de abertura e diálogo com o infinito.
Sai em busca do outro, de alguém mais forte – não disposto a possuí-lo e
explorá-lo –, para com ele estipular uma espécie de nova aliança, a fim de
enfrentar as ameaças do hoje atribulado e do amanhã repleto de mistérios.
Percebe-se desse modo que nem o ateísmo nem o materialismo e o
consumismo conseguiram destruir o desejo de rezar. E jamais conseguirão, pois o
instinto de oração está tão enraizado em nós quanto o instinto de
sobrevivência.
Contudo o recado de Jesus – rezar sem nunca desistir – tem para os
cristãos um sentido extraordinariamente elevado. Ele nos sugere que nossa
oração não pode ser só verbalizada, isto é, feita de palavras, mas deve ser
existencial. Em outros termos, nossa existência e nossa maneira de ser e agir é
que precisam transformar-se em oração agradável a Deus.
Então, podem mudar governos, partidos políticos e cultura. Nós, porém,
ficaremos firmes na fé e em nossa atitude de oração, mantendo os braços
levantados, assim como Moisés, até o fim do dia. Até o fim dos tempos.
Pe. Virgílio, ssp

XXIX DOMINGO COMUM - Lc
18,1-8
O meu socorro vem do Senhor
Pode acontecer que na nossa vida nos questionemos: será que a oração funciona mesmo? Será que Deus escuta mesmo quem reza? Estas perguntas aparecem quando Deus parece não reagir diante da nossa súplica ou quando não nos damos conta de sua acção, como por exemplo, quando fazemos uma oração fervorosa, e depois de obtida a graça, não a consideramos como fruto da oração. E isto nos leva a pensar que se a oração for realmente inútil, para que perdermos tanto tempo com ela?
Justamente por causa dessas dúvidas, é que a liturgia dominical insiste tanto em tratar o tema da oração. O Evangelho quer mostrar o quanto a oração é essencial na vida do cristão, através de relatos onde o próprio Jesus reza ou quando ele nos orienta na prática da oração. Ele diz para que nossa oração seja eficaz, nós devemos: amar os nossos inimigos e rezar pelos que nos perseguem, rezar ao Pai “no segredo”, perdoar do fundo do nosso coração a quem nos ofendeu, rezar com audácia na certeza do obter e com plena adesão à vontade de Deus.
Na I leitura de hoje, vemos o esforço de Moisés em manter as mãos levantadsa para vencer a batalha; no Evangelho, com a parábola da viúva importuna, Jesus nos exorta à paciência da fé, necessária quando nossa oração parece não ouvida e inútil.
No tempo de Jesus, a mulher viúva ficava numa situação muito difícil, sem meios para viver e sem protecção. A viúva do relato de Jesus tem necessidade de ser defendida e por isso, se dirige ao juiz. Mas, o juiz da sua cidade não tem interesse algum em ouvi-la. Pois, ele sabe que aquela pobre mulher não pode pagar-lhe um preço alto e ele não quer perder seu tempo por uma causa que não dê muito lucro. Ele não se importa de maneira alguma com a situação da viúva, é totalmente indiferente, e recusa ouvi-la.
A viúva, porém, não perde a esperança: todos os dias, volta a apresentar-se ao juiz, repetindo sempre a mesma coisa: “faz-me justiça contra o meu adversário!”. Os dias passam e o juiz já não aguenta mais aquela viúva importuna. Por um tempo, ele até faz de conta não se incomodar, mas um dia ele cansa-se de ouvir aquele aborrecimento e pensa: “mesmo não temendo a Deus, nem respeitando ninguém, não suporto mais esta viúva acabando com a minha paciência, e por isso, vou fazer-lhe justiça para que ela me deixe em paz”.
Muitas vezes nos comportamos exactamente como esse juiz, e por isso, entendemos bem a parábola: a quem nos pede um favor que não queremos fazer, damos um sim pra ficarmos livres, que no final das contas, fazemos pensando em nós mesmos. Um comportamento destes não é próprio do coração de Deus.
Jesus termina de contar a parábola e pergunta aos discípulos: “vocês ouviram o que diz este juiz injusto? Pois bem, se até mesmo um juiz desonesto decide atender uma viúva para não ser mais incomodado por ela, como pensam que se comportará Deus que é Pai com relação aos filhos que imploram a ele? Eu lhes digo que Deus fará justiça bem depressa”.
Se não rezarmos, estamos dizendo a Deus que ele é impotente. É necessário que rezemos pacientemente, incessantemente. Entretanto, nós temos de ser conscientes de que não podemos prescrever quando e como ele nos atenderá. Uma coisa sabemos: Ele nos fará justiça. Deus pode nos provar por um longo tempo, mas também pode intervir de modo rápido e inesperado.
Temos que ser pacientes no esperar. Esperar não é opção. Todos vamos ter que esperar e não sabemos por quanto tempo. É como nós esperamos que fazemos a diferença. Muitas vezes, ficamos esperando em Deus, quando na realidade é Deus quem está esperando por nós. Deus não vai mudar de ideia nunca com a nossa teimosia. Há um tempo para tudo, Deus faz as coisas conforme o pensamento dele, nunca conforme o nosso. Somos viciados na satisfação imediata. Hoje em dia não queremos esperar por nada.
Por isso, Jesus faz a pergunta: “mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” com esta pergunta, Jesus quer dizer que Deus é sempre fiel, menos segura é a capacidade que nós seres humanos temos de mantermos a fé em Deus em todas as provas. Se não formos pacientes no esperar, então não poderemos ser alcançados pelo socorro do Senhor. A pergunta de Jesus é um convite a ficarmos unidos a Deus por meio da oração confiante.
FONTE: Postado no Google+
Pe. ulrish pais - Sacerdote de Lisboa
Pode acontecer que na nossa vida nos questionemos: será que a oração funciona mesmo? Será que Deus escuta mesmo quem reza? Estas perguntas aparecem quando Deus parece não reagir diante da nossa súplica ou quando não nos damos conta de sua acção, como por exemplo, quando fazemos uma oração fervorosa, e depois de obtida a graça, não a consideramos como fruto da oração. E isto nos leva a pensar que se a oração for realmente inútil, para que perdermos tanto tempo com ela?
Justamente por causa dessas dúvidas, é que a liturgia dominical insiste tanto em tratar o tema da oração. O Evangelho quer mostrar o quanto a oração é essencial na vida do cristão, através de relatos onde o próprio Jesus reza ou quando ele nos orienta na prática da oração. Ele diz para que nossa oração seja eficaz, nós devemos: amar os nossos inimigos e rezar pelos que nos perseguem, rezar ao Pai “no segredo”, perdoar do fundo do nosso coração a quem nos ofendeu, rezar com audácia na certeza do obter e com plena adesão à vontade de Deus.
Na I leitura de hoje, vemos o esforço de Moisés em manter as mãos levantadsa para vencer a batalha; no Evangelho, com a parábola da viúva importuna, Jesus nos exorta à paciência da fé, necessária quando nossa oração parece não ouvida e inútil.
No tempo de Jesus, a mulher viúva ficava numa situação muito difícil, sem meios para viver e sem protecção. A viúva do relato de Jesus tem necessidade de ser defendida e por isso, se dirige ao juiz. Mas, o juiz da sua cidade não tem interesse algum em ouvi-la. Pois, ele sabe que aquela pobre mulher não pode pagar-lhe um preço alto e ele não quer perder seu tempo por uma causa que não dê muito lucro. Ele não se importa de maneira alguma com a situação da viúva, é totalmente indiferente, e recusa ouvi-la.
A viúva, porém, não perde a esperança: todos os dias, volta a apresentar-se ao juiz, repetindo sempre a mesma coisa: “faz-me justiça contra o meu adversário!”. Os dias passam e o juiz já não aguenta mais aquela viúva importuna. Por um tempo, ele até faz de conta não se incomodar, mas um dia ele cansa-se de ouvir aquele aborrecimento e pensa: “mesmo não temendo a Deus, nem respeitando ninguém, não suporto mais esta viúva acabando com a minha paciência, e por isso, vou fazer-lhe justiça para que ela me deixe em paz”.
Muitas vezes nos comportamos exactamente como esse juiz, e por isso, entendemos bem a parábola: a quem nos pede um favor que não queremos fazer, damos um sim pra ficarmos livres, que no final das contas, fazemos pensando em nós mesmos. Um comportamento destes não é próprio do coração de Deus.
Jesus termina de contar a parábola e pergunta aos discípulos: “vocês ouviram o que diz este juiz injusto? Pois bem, se até mesmo um juiz desonesto decide atender uma viúva para não ser mais incomodado por ela, como pensam que se comportará Deus que é Pai com relação aos filhos que imploram a ele? Eu lhes digo que Deus fará justiça bem depressa”.
Se não rezarmos, estamos dizendo a Deus que ele é impotente. É necessário que rezemos pacientemente, incessantemente. Entretanto, nós temos de ser conscientes de que não podemos prescrever quando e como ele nos atenderá. Uma coisa sabemos: Ele nos fará justiça. Deus pode nos provar por um longo tempo, mas também pode intervir de modo rápido e inesperado.
Temos que ser pacientes no esperar. Esperar não é opção. Todos vamos ter que esperar e não sabemos por quanto tempo. É como nós esperamos que fazemos a diferença. Muitas vezes, ficamos esperando em Deus, quando na realidade é Deus quem está esperando por nós. Deus não vai mudar de ideia nunca com a nossa teimosia. Há um tempo para tudo, Deus faz as coisas conforme o pensamento dele, nunca conforme o nosso. Somos viciados na satisfação imediata. Hoje em dia não queremos esperar por nada.
Por isso, Jesus faz a pergunta: “mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” com esta pergunta, Jesus quer dizer que Deus é sempre fiel, menos segura é a capacidade que nós seres humanos temos de mantermos a fé em Deus em todas as provas. Se não formos pacientes no esperar, então não poderemos ser alcançados pelo socorro do Senhor. A pergunta de Jesus é um convite a ficarmos unidos a Deus por meio da oração confiante.
FONTE: Postado no Google+
Pe. ulrish pais - Sacerdote de Lisboa
Desanimar jamais!
Se suas forças estiverem se esvaindo e se você
estiver cansado – peça a Deus que redobre suas forças e recobre suas energias.
Desanimar jamais!
“Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar
fé sobre a terra?” (Lc
18,8).
Meus queridos irmãos e irmãs, a Palavra do nosso Deus no dia de
hoje, nos chama a prestar atenção em duas coisas importantes. Primeiro, na
oração insistente, que é aquela com fé, e essa mesma fé nos chama à
perseverança. É por isso, que o questionamento de Jesus, é este: “Será que
quando ele voltar, será que quando ele vier julgar essa terra, ainda encontrará
fé sobre ela?”
Não existe outro modo de chegar até Deus a não ser pela fé. Só
pela fé nós podemos agradar a Deus, só pela fé nós podemos viver a vontade
d’Ele em nossa vida. E o que tira, diminui ou enfraquece a nossa fé? São tantas
situações e tantos ventos contrários que nos deixam, muitas vezes, desanimados
e sem alento para vivê-la de forma intensa.
Nós, muitas vezes, nos cansamos e nos decepcionamos com os fatos
e com as pessoas. Por vezes, parece que a fé não alcança aquilo que nós pedimos
de Deus, e isso nos deixa desanimados e cansados.
A Palavra de Deus, hoje, quer ser um alento para o nosso coração
e dizer, de forma bem incisiva, à nossa alma que a nossa oração deve ser
constante, insistente e persistente. E para isso, Jesus nos deu o exemplo dessa
pobre viúva, que importunava o juiz dia e noite. Este, para se ver livre da
mulher, fez justiça a ela. Se esse juiz, maldoso, atendeu essa pobre mulher;
imagine o nosso Deus se nós, dia e noite, insistirmos com Ele sem que jamais
desanimemos.
Se suas forças estiverem se esvaindo e se você estiver cansado –
peça a Deus que redobre suas forças e recobre suas energias. Desanimar jamais!
Não desista da oração, não desista de estar em pé diante do Senhor,
suplicando-Lhe dia e noite que a vontade d’Ele se faça na sua vida. Leve a
oração como a coisa mais importante e mais séria da sua vida de cristão; no seu
modo de se relacionar com Deus, com vontade ou sem vontade, animado ou
desanimado! Não importa a forma, o importante é insistir, persistir e continuar.
Precisamos “aborrecer” Deus com a força da oração!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
LEITURA ORANTE
ORAÇÃO
INICIAL
Preparo-me para a Leitura Orante,
fazendo uma rede de comunicação
e comunhão em torno da Palavra com todas as pessoas que se encontram neste
ambiente
virtual. Rezo em sintonia com a Santíssima Trindade.
Ó Espírito Santo
Ó Espírito Santo, amor do Pai e do Filho!
Inspirai-me sempre aquilo que devo pensar,
aquilo que devo dizer,
como eu devo dizê-lo,
aquilo que devo calar,
aquilo que devo escrever,
como eu devo agir,
aquilo que devo fazer, para procurar
a vossa glória, o bem das almas e minha própria santificação.
Ó Jesus, toda a minha confiança está em Vós.
Ó Maria, templo do Espírito Santo,
ensinai-nos a sermos fiéis Aquele que habita em nosso coração.
(Cardeal Verdier)
Os bispos na Conferência de Aparecida lembraram: "Na história do amor
trinitário, Jesus de Nazaré, homem como nós e Deus conosco, morto e
ressuscitado, nos é dado como Caminho, Verdade e Vida. No encontro de fé com o
inaudito realismo de sua Encarnação, podemos ouvir, ver com nossos olhos,
contemplar e tocar com nossas mãos a Palavra de vida (cf. 1 Jo 1,1),
experimentamos que "o próprio Deus vai atrás da ovelha perdida, a
humanidade doente e extraviada. Quando em suas parábolas Jesus fala do pastor
que vai atrás da ovelha desgarrada, da mulher que procura a dracma, do pai que
sai ao encontro de seu filho pródigo e o abraça, não se trata só de meras
palavras, mas da explicação de seu próprio ser e agir"(DAp 242).
E eu me interrogo:
Deus para mim é este Juiz bondoso que vai ao encalço de quem
se perdeu?
A justiça de Deus é amor para todos. Sinto-me uma pessoa amada,
acolhida, ouvida por Deus?
1- LEITURA
(VERDADE)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na minha Bíblia, o texto: Lc 18,1-8:
A viúva de que Jesus fala no Evangelho, fazia parte de um grupo bastante
exposto a abusos legais, judiciais e jurídicos porque não podiam subornar nem
pagar. A viúva procurava o juiz pedindo justiça contra seu adversário. Mas, o
juiz era iníquo. Não temia a Deus e nem respeita as pessoas. Por isso não
atendia o caso do julgamento daquela mulher. Mas, sentindo-se incomodado por
tantos apelos da viúva, ele resolveu atendê-la. E Jesus comenta: se aquele juiz
iníquo, para não ser incomodado, atendeu àquela mulher, muito mais e sem
demora, Deus que é bom e justo, vai ajudar o seu povo. A fé e a confiança neste
Deus justo e bom deve animar os que creem.
2- MEDITAÇÃO
(CAMINHO)
Os bispos na Conferência de Aparecida
lembraram: "Na história do amor trinitário, Jesus de Nazaré, homem como
nós e Deus conosco, morto e ressuscitado, nos é dado como Caminho, Verdade e
Vida. No encontro de fé com o inaudito realismo de sua Encarnação, podemos ouvir,
ver com nossos olhos, contemplar e tocar com nossas mãos a Palavra de vida (cf.
1 Jo 1,1), experimentamos que "o próprio Deus vai atrás da ovelha perdida,
a humanidade doente e extraviada. Quando em suas parábolas Jesus fala do pastor
que vai atrás da ovelha desgarrada, da mulher que procura a dracma, do pai que
sai ao encontro de seu filho pródigo e o abraça, não se trata só de meras
palavras, mas da explicação de seu próprio ser e agir"(DAp 242).
E eu me interrogo: Deus para mim é este Juiz bondoso que vai ao encalço de quem
se perdeu? A justiça de Deus é amor para todos. Sinto-me uma pessoa amada,
acolhida, ouvida por Deus?
3- ORAÇÃO
(VIDA)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos e concluo com a oração:
Jesus, Mestre:
que eu pense com a tua inteligência,
com a tua sabedoria.
Que eu ame com o teu coração.
Que eu veja com os teus olhos.
Que eu fale com a tua língua.
Que eu ouça com os teus ouvidos.
Que as minhas mãos sejam as tuas.
Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas.
(Bem-aventurado Tiago Alberione).
4-
CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Qual meu novo olhar a partir da
Palavra? Sinto-me discípulo/a de Jesus.
Meu olhar deste dia será iluminado pela presença de Jesus Cristo, justo Juiz
que me ama e prepara o melhor para mim.
BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde.
Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Pai
Santo, dá-nos coragem e força para trabalharmos pela Justiça e para o bem dos
nossos irmãos, mas dá-nos também humildade para reconhecermos que tudo que
temos e somos é dom do Teu Amor infinito. Por Jesus, Teu Filho e nosso Irmão,
na unidade do Espírito Santo.

Nenhum comentário:
Postar um comentário