



Domingo é o dia do Senhor
Por: Padre Kleber F. Danelon
Coordenador da Assessoria Litúrgica da Diocese de Piracicaba
Na Carta Apostólica "Mane nobiscum
Domine", o saudoso papa João Paulo 2° pedia que os cristãos católicos,
como fruto do Ano da Eucaristia, fossem estimulados a dar novo valor ao
domingo, Dia do Senhor, especialmente à participação na missa dominical (cf. n°
23).
E, na carta "Novo Millennio Ineunte", elencou a santificação do
domingo e a participação na missa dominical como parte essencial do programa
pastoral que a Igreja devia realizar no novo milênio (cf. n° 35-36). Segundo o
Concílio Vaticano II, o domingo é o "dia primordial" da semana (cf.
SC 106).
É o dia que o Ressuscitado fez para nós (SI 118/117,24)! Domingo ("dies
dominica", isto é, "dia do Senhor") é o dia que o Ressuscitado
aparece aos apóstolos e discípulos reunidos e envia o Espírito Santo. É o dia
em que as comunidades, reunidas em assembléia em nome de Cristo, para perpetuar
a sua memória, fazem a experiência pascal da alegre esperança da sua nova
vinda: "Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa
ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!".
Para são Jerônimo (+ 419), grande tradutor das Sagradas Escrituras, "o
domingo é o dia da ressurreição, o dia dos cristãos, nosso dia". Assim,
para ele, era impossível ser cristão sem participar da reunião dominical da
comunidade para fazer memória de Jesus, o Cristo Ressuscitado. A missa
dominical é o momento eclesial máximo, no qual a Igreja espiritual se torna
visível e concreta, como em nenhum outro momento.
É por isso que o povo simples diz: "Domingo sem missa é semana sem
graça!" A participação na missa dominical alimenta e desenvolve o senso da
comunhão eclesial, de
pertença e de identificação com a Igreja. Quem nunca vai à missa terá
certamente dificuldades para se sentir concretamente identificado com a Igreja
e de acompanhar seus passos.
A Igreja mantém até hoje o preceito da missa dominical, como no passado, mas o
acento não deve ser colocado na obrigatoriedade, mas na importância e na beleza
dessa ação de vida eclesial. Ninguém afirmará que somos obrigados a amar, a nos
alimentar, a cultivar bons hábitos de saúde... tudo isso, mais que obrigatório,
é condição para viver.
Da mesma forma, a missa dominical é condição para viver como discípulos e
discípulas de Jesus Cristo e membros da Igreja. Sem isso, é difícil e até
impossível manter a fé e cultivar a vinculação com a Igreja. A comunidade de fé
reunida em torno da mesa eucarística "anuncia a morte de Jesus e proclama
sua ressurreição, na esperança de sua vinda na glória, quando reunirá os seus
no banquete da vida eterna".
Contudo, segundo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), mais de
75% das comunidades cristãs ainda estão privadas da legítima participação na
eucaristia dominical, pois faltam padres. É uma situação de emergência, por
isso faz-se preciso, de nossa parte, rezar para que surjam sempre mais vocações
e, sobretudo, do outro lado, por parte do magistério eclesiástico, faz-se
necessário também ajudar a Igreja a encontrar novas formas do exercício do
ministério da presidência litúrgica das eucaristias dominicais para que nenhum
fiel fique privado de seu direito de participar da missa aos domingos.

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