
Vaticano, 16 Nov. 12 / 03:39
pm (ACI).- MENSAGEM
Para a XXVIII Jornada Mundial da Juventude
no Rio de Janeiro, em julho de 2013
16 de novembro de 2012
«Ide e fazei discípulos entre as nações!» (cf. Mt
28,19)
Queridos jovens,
Desejo fazer chegar a todos vós minha saudação
cheia de alegria e afeto. Tenho a certeza que muitos de vós regressastes a casa
da Jornada Mundial da Juventude em Madrid mais «enraizados e edificados em
Cristo, firmes na fé» (cf. Col 2,7). Este ano, inspirados pelo tema:
«Alegrai-vos sempre no Senhor» (Fil 4,4) celebramos a alegria de ser cristãos
nas várias Dioceses. E agora estamo-nos preparando para a próxima Jornada
Mundial, que será celebrada no Rio de Janeiro, Brasil, em julho de 2013.
Desejo, em primeiro lugar, renovar a vós o convite
para participardes nesse importante evento. A conhecida estátua do Cristo
Redentor, que se eleva sobre àquela bela cidade brasileira, será o símbolo
eloquente deste convite: seus braços abertos são o sinal da acolhida que o
Senhor reservará a todos quantos vierem até Ele, e o seu coração retrata o
imenso amor que Ele tem por cada um e cada uma de vós. Deixai-vos atrair por
Ele! Vivei essa experiência de encontro com Cristo, junto com tantos outros
jovens que se reunirão no Rio para o próximo encontro mundial! Deixai-vos amar
por Ele e sereis as testemunhas de que o mundo precisa.
Convido a vos preparardes para a Jornada Mundial
do Rio de Janeiro, meditando desde já sobre o tema do encontro: «Ide e fazei
discípulos entre as nações» (cf. Mt 28,19). Trata-se da grande exortação
missionária que Cristo deixou para toda a Igreja e
que permanece atual ainda hoje, dois mil anos depois. Agora este mandato deve
ressoar fortemente em vosso coração. O ano de preparação para o encontro do Rio
coincide com o Ano da fé, no início do qual o Sínodo dos Bispos dedicou
os seus trabalhos à «nova evangelização para a transmissão da fé cristã». Por
isso me alegro que também vós, queridos jovens, sejais envolvidos neste impulso
missionário de toda a Igreja: fazer conhecer Cristo é o dom mais precioso que
podeis fazer aos outros.
1. Uma chamada urgente
A história mostra-nos muitos jovens que, através
do dom generoso de si mesmos, contribuíram grandemente para o Reino de Deus e
para o desenvolvimento deste mundo, anunciando o Evangelho. Com grande
entusiasmo, levaram a Boa Nova do Amor de Deus manifestado em Cristo, com meios
e possibilidades muito inferiores àqueles de que dispomos hoje em dia. Penso,
por exemplo, no Beato José de Anchieta, jovem jesuíta espanhol do século XVI,
que partiu em missão para o Brasil quando tinha menos de vinte anos e se tornou
um grande apóstolo do Novo Mundo. Mas penso também em tantos de vós que se
dedicam generosamente à missão da Igreja: disto mesmo tive um testemunho
surpreendente na Jornada Mundial de Madri, em particular na reunião com os
voluntários.
Hoje, não poucos jovens duvidam profundamente que
a vida seja um bem, e não veem com clareza o próprio
caminho. De um modo geral, diante das dificuldades do mundo contemporâneo,
muitos se perguntam: E eu, que posso fazer? A luz da fé ilumina esta escuridão,
nos fazendo compreender que toda existência tem um valor inestimável, porque é
fruto do amor de Deus. Ele ama mesmo quem se distanciou ou esqueceu d’Ele: tem
paciência e espera; mais que isso, deu o seu Filho, morto e ressuscitado, para nos
libertar radicalmente do mal. E Cristo enviou os seus discípulos para levar a
todos os povos este alegre anúncio de salvação e de vida nova.
A Igreja, para continuar esta missão de
evangelização, conta também convosco. Queridos jovens, vós sois os primeiros
missionários no meio dos jovens da vossa idade! No final do Concílio Ecumênico
Vaticano II, cujo cinquentenário celebramos neste ano, o Servo de Deus Paulo VI
entregou aos jovens e às jovens do mundo inteiro uma Mensagem que começava com
estas palavras: «É a vós, rapazes e moças de todo o mundo, que o Concílio quer
dirigir a sua última mensagem, pois sereis vós a recolher o facho das mãos dos
vossos antepassados e a viver no mundo no momento das mais gigantescas
transformações da sua história, sois vós quem, recolhendo o melhor do exemplo e
do ensinamento dos vossos pais e mestres, ides constituir a sociedade de
amanhã: salvar-vos-eis ou perecereis com ela». E concluía com um apelo:
«Construí com entusiasmo um mundo melhor que o dos vossos antepassados!»
(Mensagem aos jovens, 8 de dezembro de 1965).
Queridos amigos, este convite é extremamente
atual. Estamos passando por um período histórico muito particular: o progresso
técnico nos deu oportunidades inéditas de interação entre os homens e entre os
povos, mas a globalização destas relações só será positiva e fará crescer o
mundo em humanidade se estiver fundada não sobre o materialismo mas sobre o
amor, a única realidade capaz de encher o coração de cada um e unir as pessoas.
Deus é amor. O homem que esquece Deus fica sem esperança e se torna incapaz de
amar seu semelhante. Por isso é urgente testemunhar a presença de Deus para que
todos possam experimentá-la: está em jogo a salvação da humanidade, a salvação
de cada um de nós. Qualquer pessoa que entenda essa necessidade, não poderá
deixar de exclamar com São Paulo: «Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho» (1
Cor 9,16).
2. Tornai-vos discípulos de Cristo
Esta chamada missionária vos é dirigida também por
outro motivo: é necessário para o nosso caminho de fé pessoal. O Beato João Paulo IIescrevia: «É dando
a fé que ela se fortalece» (Encíclica Redemptoris missio, 2). Ao anunciar o
Evangelho, vós mesmos cresceis em um enraizamento cada vez mais profundo em
Cristo, vos tornais cristãos maduros. O compromisso missionário é uma dimensão
essencial da fé: não se crê verdadeiramente, se não se evangeliza. E o anúncio
do Evangelho não pode ser senão consequência da alegria de ter encontrado Cristo
e ter descoberto n’Ele a rocha sobre a qual construir a própria existência.
Comprometendo-vos no serviço aos demais e no anúncio do Evangelho, a vossa
vida, muitas vezes fragmentada entre tantas atividades diversas, encontrará no
Senhor a sua unidade; construir-vos-eis também a vós mesmos; crescereis e
amadurecereis em humanidade.
Mas, que significa ser missionário? Significa
acima de tudo ser discípulo de Cristo e ouvir sem cessar o convite a segui-Lo,
o convite a fixar o olhar n’Ele: «Aprendei de mim, porque sou manso e humilde
de coração» (Mt 11,29). O discípulo, de fato, é uma pessoa que se põe à escuta
da Palavra de Jesus (cf. Lc 10,39), a quem reconhece como o Mestre que nos amou
até o dom de sua vida. Trata-se, portanto, de cada um de vós deixar-se plasmar
diariamente pela Palavra de Deus: ela vos transformará em amigos do Senhor
Jesus, capazes de fazer outros jovens entrar nesta mesma amizade com Ele.
Aconselho-vos a guardar na memória os dons
recebidos de Deus, para poder transmiti-los ao vosso redor. Aprendei a reler a
vossa história pessoal, tomai consciência também do maravilhoso legado recebido
das gerações que vos precederam: tantos cristãos nos transmitiram a fé com
coragem, enfrentando obstáculos e incompreensões. Não o esqueçamos jamais! Fazemos
parte de uma longa cadeia de homens e mulheres que nos transmitiram a verdade
da fé e contam conosco para que outros a recebam. Ser missionário pressupõe o
conhecimento deste patrimônio recebido que é a fé da Igreja: é necessário
conhecer aquilo em que se crê, para podê-lo anunciar. Como escrevi na
introdução do YouCat, o Catecismo para
jovens que vos entreguei no Encontro Mundial de Madri, «tendes de conhecer a
vossa fé como um especialista em informática domina o sistema operacional de um
computador. Tendes de compreendê-la como um bom músico entende uma partitura.
Sim, tendes de estar enraizados na fé ainda mais profundamente que a geração
dos vossos pais, para enfrentar os desafios e as tentações deste tempo com
força e determinação» (Prefácio).
3. Ide!
Jesus enviou os seus discípulos em missão com este
mandato: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem
crer e for batizado será salvo» (Mc 16,15-16). Evangelizar significa levar aos
outros a Boa Nova da salvação, e esta Boa Nova é uma pessoa: Jesus Cristo.
Quando O encontro, quando descubro até que ponto sou amado por Deus e salvo por
Ele, nasce em mim não apenas o desejo, mas a necessidade de fazê-lo conhecido
pelos demais. No início do Evangelho de João, vemos como André, depois de ter
encontrado Jesus, se apressa em conduzir a Ele seu irmão Simão (cf. 1,40-42). A
evangelização sempre parte do encontro com o Senhor Jesus: quem se aproximou
d’Ele e experimentou o seu amor, quer logo partilhar a beleza desse encontro e
a alegria que nasce dessa amizade. Quanto mais conhecemos a Cristo, tanto mais
queremos anunciá-lo. Quanto mais falamos com Ele, tanto mais queremos falar
d’Ele. Quanto mais somos conquistados por Ele, tanto mais desejamos levar
outras pessoas para Ele.
Pelo Batismo, que nos gera para
a vida nova, o Espírito Santo vem habitar em nós e inflama a nossa mente e o
nosso coração: é Ele que nos guia para conhecer a Deus e entrar em uma amizade
sempre mais profunda com Cristo. É o Espírito que nos impulsiona a fazer o bem,
servindo os outros com o dom de nós mesmos. Depois, através do sacramento da
Confirmação, somos fortalecidos pelos seus dons, para testemunhar de modo
sempre mais maduro o Evangelho. Assim, o Espírito de amor é a alma da missão:
Ele nos impele a sair de nós mesmos para «ir» e evangelizar. Queridos jovens,
deixai-vos conduzir pela força do amor de Deus, deixai que este amor vença a
tendência de fechar-se no próprio mundo, nos próprios problemas, nos próprios
hábitos; tende a coragem de «sair» de vós mesmos para «ir» ao encontro dos
outros e guiá-los ao encontro de Deus.
4. Alcançai todos os povos
Cristo ressuscitado enviou os seus discípulos para
dar testemunho de sua presença salvífica a todos os povos, porque Deus, no seu
amor superabundante, quer que todos sejam salvos e ninguém se perca. Com o
sacrifício de amor na Cruz, Jesus abriu o caminho para que todo homem e toda
mulher possa conhecer a Deus e entrar em comunhão de amor com Ele. E constituiu
uma comunidade de discípulos para levar o anúncio salvífico do Evangelho até os
confins da terra, a fim de alcançar os homens e as mulheres de todos os lugares
e de todos os tempos. Façamos nosso esse desejo de Deus!
Queridos amigos, estendei o olhar e vede ao vosso
redor: tantos jovens perderam o sentido da sua existência. Ide! Cristo precisa
de também de vós. Deixai-vos envolver pelo seu amor, sede instrumentos desse
amor imenso, para que alcance a todos, especialmente aos «afastados». Alguns
encontram-se geograficamente distantes, enquanto outros estão longe porque a
sua cultura não dá espaço para Deus; alguns ainda não acolheram o Evangelho
pessoalmente, enquanto outros, apesar de o terem recebido, vivem como se Deus
não existisse. A todos abramos a porta do nosso coração; procuremos entrar em
diálogo com simplicidade e respeito: este diálogo, se vivido com uma amizade
verdadeira, dará seus frutos. Os «povos», aos quais somos enviados, não são
apenas os outros Países do mundo, mas também os diversos âmbitos de vida: as
famílias, os bairros, os ambientes de estudo ou de trabalho, os grupos de
amigos e os locais de lazer. O jubiloso anúncio do Evangelho se destina a todos
os âmbitos da nossa vida, sem exceção.
Gostaria de destacar dois campos, nos quais deve
fazer-se ainda mais solícito o vosso empenho missionário. O primeiro é o das
comunicações sociais, em particular o mundo da internet. Como tive já
oportunidade de dizer-vos, queridos jovens, «senti-vos comprometidos a
introduzir na cultura deste novo ambiente comunicador e informativo os valores
sobre os quais assenta a vossa vida! [...] A vós, jovens, que vos encontrais
quase espontaneamente em sintonia com estes novos meios de comunicação, compete
de modo particular a tarefa da evangelização deste "continente
digital"» (Mensagem para o XLIII Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24
de maio de 2009). Aprendei, portanto, a usar com sabedoria este meio, levando
em conta também os perigos que ele traz consigo, particularmente o risco da dependência,
de confundir o mundo real com o virtual, de substituir o encontro e o diálogo
direto com as pessoas por contatos na rede.
O segundo campo é o da mobilidade. Hoje são sempre
mais numerosos os jovens que viajam, seja por motivos de estudo ou de trabalho,
seja por diversão. Mas penso também em todos os movimentos migratórios, que
levam milhões de pessoas, frequentemente jovens, a se transferir e mudar de
Região ou País, por razões econômicas ou sociais. Também estes fenômenos podem
se tornar ocasiões providenciais para a difusão do Evangelho. Queridos jovens,
não tenhais medo de testemunhar a vossa fé também nesses contextos: para
aqueles com quem vos deparareis, é um dom precioso a comunicação da alegria do
encontro com Cristo.
5. Fazei discípulos!
Penso que já várias vezes experimentastes a
dificuldade de envolver os jovens da vossa idade na experiência da fé.
Frequentemente tereis constatado que em muitos deles, especialmente em certas
fases do caminho da vida, existe o desejo de conhecer a Cristo e viver os
valores do Evangelho, mas tal desejo é acompanhado pela sensação de ser
inadequados e incapazes. Que fazer? Em primeiro lugar, a vossa solicitude e a
simplicidade do vosso testemunho serão um canal através do qual Deus poderá
tocar seu coração. O anúncio de Cristo não passa somente através das palavras,
mas deve envolver toda a vida e traduzir-se em gestos de amor. A ação de
evangelizar nasce do amor que Cristo infundiu em nós; por isso, o nosso amor
deve conformar-se sempre mais ao d’Ele. Como o bom Samaritano, devemos
manter-nos solidários com quem encontramos, sabendo escutar, compreender e
ajudar, para conduzir, quem procura a verdade e o sentido da vida, à casa de
Deus que é a Igreja, onde há esperança e salvação (cf. Lc 10,29-37). Queridos
amigos, nunca esqueçais que o primeiro ato de amor que podeis fazer ao próximo
é partilhar a fonte da nossa esperança: quem não dá Deus, dá muito pouco. Aos
seus apóstolos, Jesus ordena: «Fazei discípulos meus todos os povos,
batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a
observar tudo o que vos ordenei» (Mt 28,19-20). Os meios que temos para «fazer
discípulos» são principalmente o Batismo e a catequese. Isto significa que
devemos conduzir as pessoas que estamos evangelizando ao encontro com Cristo
vivo, particularmente na sua Palavra e nos Sacramentos: assim poderão
crer n’Ele, conhecerão a Deus e viverão da sua graça. Gostaria que cada um de
vós se perguntasse: Alguma vez tive a coragem de propor o Batismo a jovens que
ainda não o receberam? Convidei alguém a seguir um caminho de descoberta da fé
cristã? Queridos amigos, não tenhais medo de propor aos jovens da vossa idade o
encontro com Cristo. Invocai o Espírito Santo: Ele vos guiará para entrardes
sempre mais no conhecimento e no amor de Cristo, e vos tornará criativos na
transmissão do Evangelho.
6. Firmes na fé
Diante das dificuldades na missão de evangelizar,
às vezes sereis tentados a dizer como o profeta Jeremias: «Ah! Senhor Deus, eu
não sei falar, sou muito novo». Mas, também a vós, Deus responde: «Não digas
que és muito novo; a todos a quem eu te enviar, irás» (Jr 1,6-7). Quando vos
sentirdes inadequados, incapazes e frágeis para anunciar e testemunhar a fé,
não tenhais medo. A evangelização não é uma iniciativa nossa nem depende
primariamente dos nossos talentos, mas é uma resposta confiante e obediente à
chamada de Deus, e portanto não se baseia sobre a nossa força, mas na d’Ele.
Isso mesmo experimentou o apóstolo Paulo: «Trazemos esse tesouro em vasos de
barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e
não de nós» (2 Cor 4,7).
Por isso convido-vos a enraizar-vos na oração e
nos sacramentos. A evangelização autêntica nasce sempre da oração e é
sustentada por esta: para poder falar de Deus, devemos primeiro falar com Deus.
E, na oração, confiamos ao Senhor as pessoas às quais somos enviados,
suplicando-Lhe que toque o seu coração; pedimos ao Espírito Santo que nos torne
seus instrumentos para a salvação dessas pessoas; pedimos a Cristo que coloque
as palavras nos nossos lábios e faça de nós sinais do seu amor. E, de modo mais
geral, rezamos pela missão de toda a Igreja, de acordo com a ordem explícita de
Jesus: «Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua
colheita!» (Mt 9,38). Sabei encontrar na Eucaristia a fonte da vossa vida de fé e do vosso testemunho
cristão, participando com fidelidade na Missaao domingo e sempre
que possível também durante a semana. Recorrei frequentemente ao sacramento da
Reconciliação: é um encontro precioso com a misericórdia de Deus que nos
acolhe, perdoa e renova os nossos corações na caridade. E, se ainda não o
recebestes, não hesiteis em receber o sacramento da Confirmação ou Crisma
preparando-vos com cuidado e solicitude. Junto com a Eucaristia, esse é o
sacramento da missão, porque nos dá a força e o amor do Espírito Santo para
professar sem medo a fé. Encorajo-vos ainda à prática da adoração eucarística:
permanecer à escuta e em diálogo com Jesus presente no Santíssimo Sacramento,
torna-se ponto de partida para um renovado impulso missionário.
Se seguirdes este caminho, o próprio Cristo vos
dará a capacidade de ser plenamente fiéis à sua Palavra e de testemunhá-Lo com
lealdade e coragem. Algumas vezes sereis chamados a dar provas de perseverança,
particularmente quando a Palavra de Deus suscitar reservas ou oposições. Em
certas regiões do mundo, alguns de vós sofrem por não poder testemunhar
publicamente a fé em Cristo, por falta de liberdade religiosa. E há quem já
tenha pagado com a vida o preço da própria pertença à Igreja. Encorajo-vos a permanecer
firmes na fé, certos de que Cristo está ao vosso lado em todas as provas. Ele
vos repete: «Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e,
mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e
exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus» (Mt 5,11-12).
7. Com toda a Igreja
Queridos jovens, para permanecer firmes na
confissão da fé cristã nos vários lugares onde sois enviados, precisais da
Igreja. Ninguém pode ser testemunha do Evangelho sozinho. Jesus enviou em
missão os seus discípulos juntos: o mandato «fazei discípulos» é formulado no
plural. Assim, é sempre como membros da comunidade cristã que prestamos o nosso
testemunho, e a nossa missão torna-se fecunda pela comunhão que vivemos na Igreja:
seremos reconhecidos como discípulos de Cristo pela unidade e o amor que
tivermos uns com os outros (cf. Jo 13,35). Agradeço ao Senhor pela preciosa
obra de evangelização que realizam as nossas comunidades cristãs, as nossas
paróquias, os nossos movimentos eclesiais. Os frutos desta evangelização
pertencem a toda a Igreja: «um é o que semeia e outro o que colhe», dizia Jesus
(Jo 4,37).
A propósito, não posso deixar de dar graças pelo
grande dom dos missionários, que dedicam toda a sua vida ao anúncio do Evangelho
até os confins da terra. Do mesmo modo bendigo o Senhor pelos sacerdotes e os
consagrados, que ofertam inteiramente as suas vidas para que Jesus Cristo seja
anunciado e amado. Desejo aqui encorajar os jovens chamados por Deus a alguma
dessas vocações, para que se comprometam com entusiasmo: «Há mais alegria em
dar do que em receber!» (At 20,35). Àqueles que deixam tudo para segui-Lo,
Jesus prometeu o cêntuplo e a vida eterna (cf. Mt 19,29).
Dou graças também por todos os fiéis leigos que se
empenham por viver o seu dia-a-dia como missão, nos diversos lugares onde se
encontram, tanto emfamília como
no trabalho, para que Cristo seja amado e cresça o Reino de Deus. Penso
particularmente em quantos atuam no campo da educação, da saúde, do mundo
empresarial, da política e da economia, e em tantos outros âmbitos do
apostolado dos leigos. Cristo precisa do vosso empenho e do vosso testemunho.
Que nada – nem as dificuldades, nem as incompreensões – vos faça renunciar a
levar o Evangelho de Cristo aos lugares onde vos encontrais: cada um de vós é
precioso no grande mosaico da evangelização!
8. «Aqui estou, Senhor!»
Em suma, queridos jovens, queria vos convidar a
escutar no íntimo de vós mesmos a chamada de Jesus para anunciar o seu
Evangelho. Como mostra a grande estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro,
o seu coração está aberto para amar a todos sem distinção, e seus braços
estendidos para alcançar a cada um. Sede vós o coração e os braços de Jesus.
Ide testemunhar o seu amor, sede os novos missionários animados pelo seu amor e
acolhimento. Segui o exemplo dos grandes missionários da Igreja, como São
Francisco Xavier e muitos outros.
No final da Jornada Mundial da Juventude em
Madrid, dei a bênção a alguns jovens de diferentes continentes que partiam em
missão. Representavam a multidão de jovens que, fazendo eco às palavras do
profeta Isaías, diziam ao Senhor: «Aqui estou! Envia-me» (Is 6,8). A Igreja tem
confiança em vós e vos está profundamente grata pela alegria e o dinamismo que
trazeis: usai os vossos talentos generosamente ao serviço do anúncio do
Evangelho. Sabemos que o Espírito Santo se dá a quantos, com humildade de
coração, se tornam disponíveis para tal anúncio. E não tenhais medo! Jesus,
Salvador do mundo, está conosco todos os dias, até o fim dos tempos (cf. Mt
28,20).
Dirigido aos jovens de toda a terra, este apelo
assume uma importância particular para vós, queridos jovens da América Latina.
De fato, na V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em
Aparecida, no ano de 2007, os bispos lançaram uma «missão continental». E os
jovens, que constituem a maioria da população naquele continente, representam
uma força importante e preciosa para a Igreja e para a sociedade. Por isso sede
vós os primeiros missionários. Agora que a Jornada Mundial da Juventude retorna
à América Latina, exorto todos os jovens do continente: transmiti aos vossos
coetâneos do mundo inteiro o entusiasmo da vossa fé.
A Virgem Maria, Estrela da Nova
Evangelização, também invocada sob os títulos de Nossa Senhora Aparecida e
Nossa Senhora de Guadalupe, acompanhe cada um de vós em vossa missão de
testemunhas do amor de Deus. A todos, com especial carinho, concedo a minha
Bênção Apostólica.
Vaticano, 18 de outubro de 2012.
BENEDICTUS PP. XVI
http://www.acidigital.com/noticia.php?id=24471
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