segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Qual a Influência da Fé na Política?




O dia da Pátria e as próximas eleições nos estimulam a responder a interrogações que tem tudo a ver com a nossa vida cristã. A pergunta do título deste artigo foi feita ao Cardeal emérito de Milão, o grande biblista Carlo Maria Martini

O Cardeal respondeu: “Como cristãos, olhamos para Jesus. Ele é o fundamento de algo totalmente novo: a Igreja. Jesus realiza a missão de Deus ao criar um segundo instrumento para a paz, ao lado do povo escolhido primeiramente, o povo de Israel. Com isto Jesus se coloca na linha de frente. Jesus enfrentou todas as autoridades políticas: Herodes, Pilatos, o Sinédrio, os partidos dos fariseus e dos saduceus. Ele lutou apaixonadamente pela justiça e queria mudar o mundo. A Igreja de Jesus Cristo deve trabalhar para que o mundo se torne mais justo e mais pacífico.


Segundo a Bíblia, a justiça está acima do direito e da misericórdia: é um atributo fundamental de Deus. Justiça significa comprometer-se com os desprotegidos. Justiça significa intervir de forma ativa e ofensiva por uma convivência onde todos vivam em paz. Justiça deve vigiar para que o direito, tal como está formulado nas leis, possibilite uma vida digna para todos. Jesus deu sua vida pela justiça. Procurou o diálogo com os poderosos... e eles se sentiram incomodados por Ele.Jesus se pôs do lado dos pobres, dos sofredores, dos pecadores, dos pagãos, dos estrangeiros, dos oprimidos, dos famintos, dos presos, dos humilhados, das crianças e das mulheres. Quem se põe do lado das pessoas sem pastor, quem se reúne e as conscientiza, se torna perigoso para os detentores do poder. Sempre que cristãos assumem a opção pelos pobres feita por Jesus, devem ainda hoje contar com perseguições” (Diálogos Noturnos em Jerusalém, pg 149-450, Paulus).

O princípio de que “a fé sem obras é morta” permanece como grande desafio do testemunho pessoal e social dos cristãos, e exige um efetivo compromisso na transformação das estruturas injustas que oprimem e matam a vida dos indefesos. Os bispos do Brasil, ao celebrar os 500 anos de Evangelho, escreveram: “Desejamos, confiantes, renovar a nossa fé”.

“Proclamamos que Jesus Cristo é a nossa esperança. Sua presença no meio de nós é a garantia de que a semente do Evangelho jamais será sufocada ou destruída pelas forças do mal. Ela é destinada a tornar-se a espiga que dará muitos grãos e a árvore que oferecerá abrigo a muitas aves” (Doc. CNBB 65, nº 63)

A fé cristã une estreitamente o amor a Deus ao amor aos irmãos. Um não pode ser autêntico sem o outro. “Se alguém disser: amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê” (Jo 4,20). Em outras palavras: “ O Evangelho do amor de Deus pelo homem, o Evangelho da dignidade da pessoa, e o Evangelho da vida são um único e indivisível Evangelho” (Doc. CNBB, nº 65). Por isso, a fé tem tudo a ver com a política, que tem como primeira e mais importante missão a busca do bem comum de todos e a luta pela justiça social. Sem a fé nos tornamos ditadores dos outros e de nós mesmos.

Dom Bernardino Marchió



Bispo Diocesano de Caruaru


FONTE: Mensagem recebida no FACEBOOK do meu amigo:

Miguel Angelo, que  compartilhou a foto de Jornal Coração Eucarístico

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