Mateus 7,6.12-14
Comentário do Evangelho
Compromisso
concreto e total com o próximo
No evangelho de hoje temos mais três sentenças
avulsas que integram a coletânea do Sermão da Montanha.
A primeira sentença, com o "santo" e as
"pérolas", em oposição aos "cães" e aos "porcos",
é tão estranha aqui no Sermão da Montanha quanto discriminatória. Embora
imprópria, há quem a interprete como uma advertência para se evitar a
insistência do anúncio evangélico a quem demonstre má vontade.
A sentença que se segue é conhecida pela
formulação: "Fazei aos outros tudo o que quereis que eles vos façam".
Esta é uma máxima antiga que faz parte da cultura universal. Jesus resume a Lei
e os Profetas na prática desta máxima. A expressão "fazei... tudo..."
indica o compromisso concreto e total com o próximo.
A última sentença apresenta as duas
"portas" e os dois "caminhos". Trata-se da porta de uma
cidade, aonde se chega após caminhar pela estrada. As estradas e portas largas
eram as grandes obras do império romano, construídas para melhor explorar os
dominados. As estradas e as portas estreitas são as que levam aos excluídos em
suas humildes vilas. O discípulo deve rejeitar as estradas do império e seguir
o caminho ao encontro dos excluídos.
José Raimundo Oliva
Vivendo a Palavra
Jesus reduz a Lei e os Profetas à sua
expressão mais simples: Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês,
façam vocês também a eles. E apela para a imagem mais adequada: o amor do Pai
do Céu é como o nosso amor de pais e mães para com nossos filhos, levado à
perfeição.
Reflexão
Hoje em dia, fala-se muito da questão da inculturação. É inculturação do
anúncio, da liturgia e assim por diante. De fato, a inculturação é necessária
para que todos possam viver os valores do Reino de Deus. Mas o Evangelho de
hoje nos faz uma grave advertência: não atireis vossas pérolas aos porcos. É
claro que devemos valorizar todas as formas e expressões de uma cultura e
reconhecer os grandes valores que estão presentes na cultura e que expressam os
valores evangélicos, mas inculturar o Evangelho não significa submete-lo aos
valores culturais, pois a cultura tende a ver o Evangelho de uma forma
ideológica e a usar as suas palavras sem os critérios do Reino, pisando nelas e
voltando-se contra nós.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “A Caridade nos abre para as Coisas Santas...”
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Caro Discípulo Anônimo, parece que neste evangelho há frases meio soltas como, por exemplo, a afirmativa inicial de “Não se dar pérolas aos porcos”. De repente o ensinamento vai na direção da nossa relação com as pessoas e fecha falando sobre a tal de porta estreita e a larga. Será que há um Fio condutor nesses assuntos abordados por Jesus?
Do Discípulo Anônimo ao Aprendiz
Caríssimo, a disponibilidade para a prática da virtude da caridade para com o nosso próximo, garante em nosso coração e em nossa Vida Cristã o acolhimento das “Coisas Sagradas” que nada mais são do que os ensinamentos da Santa Palavra.
O Amor e a caridade, por si mesma, sempre busca o aprimoramento que vem da Palavra de Deus. Se o ouvinte não pratica essa virtude da Caridade, o seu coração jamais estará aberto á Santa Palavra e nesse caso, anunciar a Boa Nova é um verdadeiro desperdício da Coisa Sagrada.
Autoestima e amor próprio são coisas também importantes, afinal, nosso corpo não é coisa impura e má, como se pensou e se pregou no passado, mas sim há nele a dignidade de ser templo do Deus Vivo. Portanto, a caridade verdadeira consiste em dispensarmos ao próximo essa mesma dedicação que temos por nós próprios.
Daí decorre a consciência da nossa fraqueza e a nossa total dependência da Graça de Deus, é a tal porta estreita, porque o mundo nos educa á sermos prepotentes, buscadores insaciáveis dos prazeres que o mundo oferece e a pós modernidade quer distância da cruz e do sofrimento, preferindo a largueza do prazer saciado.
Entrar pela porta estreita é aceitar fazer essa desafiadora peregrinação pelas estradas dessa Vida, se fazendo pequeno no serviço aos irmãos e irmãs que caminham conosco pois quem vive inchado de orgulho e prepotência, e não está acostumado a servir mas só a ser servido, não vai conseguir passar pela porta estreita.
2. Compromisso concreto e total com o próximo
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
VIDE ACIMA
Oração
Espírito de sacrifício, dá-me força para abraçar as propostas do Reino, embora tenha de pagar um preço elevado por esta minha opção.
3. DUAS PORTAS - DOIS CAMINHOS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês)
As metáforas evangélicas confrontam o discípulo com a decisão que deve tomar entre duas formas opostas de existência. Não é qualquer modo de viver que pode conduzir o ser humano à salvação. Existem opções enganosas, cuja falsidade só será perceptível no final do percurso. Existem também critérios inconvenientes. Optar pelo mais cômodo, fácil e menos exigente é arriscado. Portanto, que caminho trilhar, e por que porta entrar, quando se quer ter acesso à vida eterna?
Os escribas e fariseus optaram pela observância meticulosa da Lei, esperando com isto obter a salvação. Jesus criticou tal opção, porque facilmente levava ao exibicionismo e à hipocrisia, e criava a expectativa de receber o reconhecimento dos outros. Isto sem falar da tentação de manipular a Lei em benefício próprio.
Os discípulos foram orientados a optar pela justiça do Reino, tal como o Mestre ensinara ao longo do Sermão da Montanha. Aqui não se apresenta a perspectiva de recompensa humana, mas de perseguições, por ser um caminho que comporta oposição às injustiças do mundo, e uma porta aberta somente para o amor e a misericórdia. A porta e o caminho estreitos correspondem à proposta do Reino apresentada por Jesus. Quem fizer a opção por ela, deverá aguentar as consequências. Mas, somente assim é que se alcança a salvação.
Oração
Espírito de sacrifício, dá-me força para abraçar as propostas do Reino, embora tenha de pagar um preço elevado por esta minha opção.
Jesus, único caminho para o céu
Postado por: homilia
junho 26th, 2012
Estamos próximos da conclusão do Sermão da Montanha sobre a vida no Reino de Deus. Jesus chama seus ouvintes para fazer uma escolha e depois lhes dá a “regra de ouro” do agir: “Fazei aos outros o que quereis que vos façam”.
Essa norma de comportamento faz parte da cultura universal e supre a complexidade de toda a Lei e dos profetas. A alusão às portas e aos caminhos, largos ou estreitos, aponta para o Império Romano. Na ânsia de exploração e dominação, construíram largas estradas para as grandes cidades dominadas, com suas amplas portas, centros de produção e comércio, favorecendo a expropriação.
O acesso às pequenas aldeias do povo humilde e pobre era feito por estreitas vias. Para isto, Ele conta três metáforas — uma sobre duas portas, outra sobre duas árvores e uma terceira sobre dois alicerces.
Um local conhecido, hoje em dia, na cidade de Belém, é a Basílica da Natividade, construída onde se acredita que Jesus tenha nascido. A imensa igreja tem apenas uma pequena entrada. Para passar por essa pequena porta, a pessoa tem de se curvar, praticamente agachar. E a não há a possibilidade de entrar levando consigo alguma bagagem. O significado é claro: há apenas uma porta por onde se pode entrar no Reino de Deus e essa porta é estreita. Jesus deixa claro que Ele é a única porta para as ovelhas — Ele é o único caminho para o céu e para o dom da vida eterna (João 10,7-9; João 3,16; João 14,6).
O discípulo devem rejeitar as largas estradas do império e seguir o humilde caminho dos pequenos e excluídos.
Todos procuram uma vida melhor e mais segura, por isto se fadigam e correm. Numa tarefa assim tão importante, é conveniente que não andemos atrás dos outros, mas que verifiquemos, com cuidado e sabedoria, em quais mãos colocamos o nosso futuro, a nossa eternidade. Não nos esqueçamos que o Guia seguro que devemos buscar é Jesus Cristo.
A porta é estreita, mas quando se passa por ela, os campos são verdes, a água cristalina, a proteção é completa. Há fartura, alegria e paz do outro lado, o lado da vida plena em Cristo Jesus.
“Pai, faz-me capaz de reconhecer quem está predisposto a acolher a Tua mensagem, de forma que eu semeie a Palavra a todo coração necessitado de Tua graça. Amém!”
Padre Bantu Mendonça
Leitura Orante
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando, com os que navegam pela internet:
Espírito de verdade,
a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto:
Mt 7,6.12-14,
e observo as recomendações de Jesus.
Jesus usa uma expressão um tanto dura: "Não deem para os cachorros o que é sagrado, pois eles se virarão contra vocês e os atacarão; não joguem as suas pérolas para os porcos, pois eles as pisarão". Ele quis dizer que para pessoas que estão distantes da fé cristã, devemos, como também diz São Paulo, tratá-las segundo sua capacidade. Podem não compreender e até não dar muito valor àquilo que é fundamental na fé.
A vida cristã não é possível para pessoas acomodadas e medíocres. É exigente.
Jesus nos fala da porta estreita como caminho para a vida. Não fala de uma grande avenida. Ele próprio é o Caminho. Não mudemos de Caminho para não corrermos o risco de perder o endereço e assim, nos perdermos.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Fala-me Jesus de atitudes cristãs que deve assumir qualquer pessoa que é batizada, entre elas, eu. Diz inclusive que não devemos fazer aos outros, o que não queremos que nos façam. Por exemplo: não gosto que me julguem, não gosto que me agridam com palavras, não gosto que me ignorem, que me discriminem, que me façam mal. Nada disso vou fazer a qualquer outra pessoa. Jesus fala de caminho fácil e de caminho difícil.
Os bispos, na V Conferência disseram:
"Hoje se considera escolher entre caminhos que conduzem à vida ou caminhos que conduzem à morte (cf. Dt 30.15). Caminhos de morte são os que levam a dilapidar os bens que recebemos de Deus através daqueles que nos precederam na fé. São caminhos que traçam uma cultura sem Deus e sem seus mandamentos ou inclusive contra Deus, animada pelos ídolos do poder, da riqueza e do prazer efêmero, a qual termina sendo uma cultura contra o ser humano e contra o bem dos povos latino-americanos. Os caminhos de vida verdadeira e plena para todos, caminhos de vida eterna, são aqueles abertos pela fé que conduzem à "plenitude de vida que Cristo nos trouxe: com esta vida divina, também se desenvolve em plenitude a existência humana, em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural". Essa é a vida que Deus nos participa por seu amor gratuito, porque "é o amor que dá a vida". Estes caminhos frutificam nos dons de verdade e de amor que nos foram dados em Cristo, na comunhão dos discípulos e missionários do Senhor." (DAp 13)
3. Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, a Oração da Paz
Senhor,
Fazei-me um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado,
Pois é dando que recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
4. Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é orientado pelo que disseram os bispos na Conferência de Aparecida:
"Neste momento, com incertezas no coração, perguntamo-nos com Tomé: "Como vamos saber o caminho?" (Jo 14,5). Jesus nos responde com uma proposta provocadora: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14,6). Ele é o verdadeiro caminho para o Pai, que tanto amou ao mundo que deu a seu Filho único, para que todo aquele que nele creia tenha a vida eterna (cf. Jo 3,16). (DAp, 101.)
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo,
ensina-nos a confiança absoluta em teu Amor. Dá-nos os dons do reconhecimento e
da gratidão. E que, seguros de tua Presença em nossa vida, nós partilhemos essa
alegria com os companheiros do caminho. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso
Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.

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