15
de Junho de 2014
ANO A
Jo 3,16-18
Comentário
do Evangelho
Deus
se mostra como um Deus próximo de nós.
A festa da Santíssima
Trindade é, depois do ciclo Quaresma-Páscoa, a primeira festa na retomada do
Tempo Comum. O termo “trindade” não aparece no Novo Testamento; é fruto da
abstração típica da teologia que busca compreender o conteúdo próprio da fé
cristã. O que Deus é, ele nos deu a conhecer ao longo de toda a história vivida
como o lugar da manifestação da salvação de Deus. O conhecimento de Deus só
possível através da revelação, só é possível se Deus se mostra. Para a tradição
bíblica, o que Deus é só pode ser dito narrativamente, isto é, na longa
história de sua revelação ao seu povo até chegar à plenitude dos tempos em que
Deus enviou ao mundo o seu Filho único, nascido de uma mulher (Gl 4,4). Em toda
a história, Deus se revelou como um Deus próximo, que caminha, orienta e conduz
o seu povo. Na plenitude dos tempos, Deus armou a sua tenda no meio de nós (Jo
1,14). Essa peregrinação de Deus na história da humanidade foi revelando pouco
a pouco o seu rosto. Mas na plenitude dos tempos, pela encarnação do Verbo
eterno de Deus em Jesus de Nazaré, pudemos conhecer Deus sem sombra, sem véu
(Mc 15,38), pois Jesus Cristo é a imagem do Deus invisível (Cl 1,15); estando
diante dele, estamos diante de Deus mesmo (Jo 14,9-10). O que Deus é desde toda
a eternidade, só pôde ser conhecido a partir da ressurreição de Jesus Cristo e
com a graça do Espírito Santo. O que era desde toda a eternidade nós só
chegamos a compreender depois: o último na ordem da compreensão é o primeiro na
ordem do ser. Deus é amor (1Jo 4,8). A criação, a encarnação do Verbo de Deus,
a redenção, tudo é fruto do amor de Deus pela humanidade. Um amor que não
condena nem exclui quem quer que seja, mas que a todos, indistintamente,
oferece a sua salvação. Cada um dos evangelhos, cada qual a seu modo, apresenta
a dificuldade dos discípulos de entrarem no mistério de Deus revelado em Jesus
Cristo. Essa dificuldade continua a ser nossa contemporânea. O que Deus é não
se pode conhecer simplesmente por um esforço racional. A experiência própria da
fé é que permite entrar nos umbrais do mistério de Deus. O Espírito Santo, Deus
em nós, continua a missão de Jesus e, por isso, é ele nosso apoio e guia no
conhecimento de Deus.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai,
louvo-te e agradeço-te por nos teres amado tanto, a ponto de oferecer-nos a
salvação, por meio de teu Filho, ao qual somos atraídos pela força do teu Espírito.
Você pede que Deus lhe
aumente a fé? - Você sabe distinguir o que é essencial e o que é secundário nas
coisas da fé? - Dê um exemplo de obra que manifesta muita fé. - Mencione um bem
que sua comunidade faz em favor do próximo. - Que lugar ocupa a cruz de Cristo
em sua casa?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
SOMOS AMADOS POR DEUS
A contemplação da
Santíssima Trindade abre o nosso coração para o Deus amoroso, revelado por
Jesus Cristo. Consciente de ser Filho, Jesus nos falou do Pai e prometeu o dom
do Espírito Santo a quem tivesse fé. Revelou que tinha vindo do Pai e para o
Pai voltaria, confiando ao Espírito Santo a missão de dinamizar a caminhada da
comunidade de fé. Sempre que falava de Deus, referia-se à Trindade.
O envio do Filho, por
parte do Pai, foi uma prova de amor imenso ao ser humano corrompido pelo
pecado. Visando libertar da morte a humanidade, Jesus veio, na qualidade de
portador de vida eterna. Entretanto, a perfeita salvação – o dom da vida eterna
– depende de como se acolhe Jesus, e se adere à sua pessoa. Deste modo, vive-se
como verdadeiros filhos e filhas de Deus, regenerados pelo Espírito.
Engana-se quem atribui
a Jesus a missão primordial de julgar e condenar o mundo. A condenação depende
da incredulidade em relação ao Filho enviado pelo Pai. Rejeitar o Filho
significa, por extensão, rejeitar o Pai que o enviou. Por sua vez, recusar a
este comporta a rejeição da vida eterna, que só ele pode oferecer. Esta
insensatez, em última análise, resulta do fechamento ao dom do Espírito Santo,
o único que tem o poder de atrair o ser humano para Deus. Portanto, embora o
desígnio primeiro da Trindade seja o de salvar a humanidade, resta sempre a
possibilidade de o ser humano servir-se de sua liberdade para fazer-se
prisioneiro de seu egoísmo.
Oração
Pai,
louvo-te e agradeço-te por nos teres amado tanto, a ponto de oferecer-nos a
salvação, por meio de teu Filho, ao qual somos atraídos pela força do teu
Espírito.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado
neste Portal a cada mês)
Oração
Ó
Deus, nosso Pai, enviando ao mundo a Palavra da Verdade e o Espírito
santificador, revelastes o vosso inefável mistério. Fazei que, professando a
verdadeira fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a Unidade
onipotente. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
REFLEXÕES
DE HOJE
DIA 15 DE
JUNHO – DOMINGO
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VEJA AQUI
MAIS HOMILIAS PARA O PRÓXIMO DOMINGO
http://homiliadominical2.blogspot.com.br/
15
de junho – SANTÍSSIMA TRINDADE
Por Pe. Johan Konings, sj
I. INTRODUÇÃO GERAL
O tempo pascal pôs-nos diante dos olhos a unidade da obra do Pai, do
Filho e do Espírito Santo. Cristo veio cumprir a obra do Pai e nos deu seu
Espírito, para que ficássemos nele e mantivéssemos o que ele fundou,
renovando-o constantemente, nesse mesmo Espírito. Assim, a festa de hoje vem
completar o tempo pascal, como uma espécie de síntese. Síntese não intelectual
(isso seria como a história, atribuída a santo Agostinho, da criança que queria
colocar o mar num pequeno poço na areia), mas “misterial”, isto é, celebrando a
nossa participação na obra das pessoas divinas. Se a oração do dia, hoje,
implora pela perseverança na verdadeira fé, não visa à fé meramente dogmática,
mas à adesão ao mistério que se apresenta no Pai, no Filho e no Espírito Santo.
O cristão se caracteriza por não conhecer outro Deus exceto aquele que é o Pai
de Jesus Cristo e doador do Espírito que animou Jesus e os seus, presente e
atuante nas três “pessoas” que constituem sua realidade divina, o “acontecer de
Deus” em nossa vida, na história e no universo.
Para compreender bem o espírito desta liturgia, convém aproximar a
primeira leitura do evangelho, como faremos a seguir.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (Ex 34,4b-6.8-9)
A primeira leitura é uma das páginas mais impressionantes e,
literalmente, “reveladoras” da Bíblia. Depois do episódio do bezerro de ouro e
da idolatria de Israel, Moisés pediu a Deus que se mostrasse, para que ele,
Moisés, pudesse continuar seu caminho contando com sua presença (Gn 33,12-23).
Então, ao passar diante de Moisés, Deus revela seu íntimo, apresentando-se como
Deus misericordioso e fiel (34,1-7). Deus é compassivo e misericordioso, lento
para a cólera, rico em bondade e fidelidade (v. 6). Diante desse Deus, sentimos
o peso do pecado, mas também o desejo de ser seus (v. 9). Assim, o “Deus do
Antigo Testamento” não é um Deus castigador, como muitas vezes se diz. Sua
bondade ultrapassa de longe sua “vingança” (cf. 34,7, infelizmente suprimido no
texto litúrgico). O “castigo” de Deus – o próprio mal que se vinga por suas
consequências – tem fim, sua misericórdia não. Não há oposição entre o Deus do
Antigo Testamento e o do Novo. É verdade que o Antigo Testamento não oferecia
uma visão completa sobre Deus; Moisés só pôde ver Deus de costas (Ex 33,23), de
modo que João tem razão quando diz que ninguém jamais viu Deus, mas o Filho
unigênito o deu a conhecer (Jo 1,18), pois quem vê Jesus, vê Deus mesmo (Jo
14,9). Mas o Deus do Antigo Testamento é o mesmo Deus do Novo. Deus é um só: o
Deus de amor (1Jo 4,8.16). Nós é que temos, às vezes, uma visão muito parcial
dele. Em Cristo, ele se deu a conhecer como aquele que ama o mundo até entregar
por ele seu próprio Filho (cf. o evangelho).
2. Evangelho (Jo 3,16-18)
O evangelho alude ao sacrifício de Isaac. Abraão estava disposto a
sacrificar seu “filho unigênito” – sua única chance de ter um herdeiro. Assim,
Deus deu ao mundo seu Filho unigênito. A obra de Cristo é o plano do amor do
Pai para com o mundo. Quem o aceita na fé está salvo. O Deus que em Jesus
Cristo se manifesta (cf. Jo 1,18) é o Deus da “graça e verdade” (cf. Jo
1,14.16-17), o que se pode traduzir também, conforme a índole da língua
hebraica, por “amor e fidelidade”, as qualidades de Deus conforme a primeira
leitura. Se na primeira leitura se falou da autorrevelação do Deus
misericordioso e fiel diante de Moisés, o evangelho evoca que o amor de Deus se
revela no dom de seu Filho único. O amor une Pai e Filho na mesma obra
salvadora (Jo 3,16). Jesus conhece o interior de Deus (Jo 3,11) e o mostra (Jo
14,9). Deus se dá ao Filho e, diante disso, o mundo pode encontrar a salvação,
a superação de suas contradições e a soltura das cadeias em que se encontra –
em última análise, as cadeias do egoísmo. Assim, o ser humano é chamado a
aproximar-se da luz, mas há quem se agarre às suas próprias obras, que não
aguentam a luz do dia (Jo 3,19-21).
O mistério que nos envolve, hoje, é o da unidade do Pai e do Filho, no
seu amor para o mundo (compare Jo 3,16 com 1Jo 3,16). Essa unidade no amor para
dentro e para fora, Agostinho a identificou com o Espírito Santo, o Espírito de
amor e de unidade que, faz oito dias, celebramos em Pentecostes.
3. II leitura (2Cor 13,11-13)
A segunda leitura concentra a atenção sobre aquilo que a Trindade opera
nos fiéis: a graça do Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo –
tal como se repete numa das fórmulas de saudação no início da celebração
eucarística. O mistério de Cristo na Igreja só se entende considerando a
atuação das três pessoas divinas: o amor de Deus, que se manifesta na graça (no
dom) de Jesus Cristo e opera na comunhão do Espírito, o qual anima a Igreja
desde a ressurreição. O resultado é: alegria. Nesse final da segunda carta aos
Coríntios, Paulo condensa toda a sua teologia. O mistério da Santíssima
Trindade não está longe. Estamos envolvidos nele.
Daí ser bem adequada a saudação final, pela qual Paulo deseja aos fiéis
o Deus da paz e pede que se saúdem com o “beijo santo” (o nosso “abraço da
paz”) no nome das três pessoas divinas, caracterizadas por ele como segue: o
Filho, graça; o Pai, amor; o Espírito, comunhão.
III. DICAS PARA REFLEXÃO: Amor e fidelidade
Uma pista para a atualização desta mensagem: nosso povo simples é muito
comunicativo; partilha a tal ponto seus bens, pensamentos e sentimentos, que,
às vezes, não faz diferença falar com fulano ou com sicrano – falando com um,
fala-se com o outro. Falar com o filho da casa é a mesma coisa que falar com o
pai: duas pessoas distintas, mas a “causa” (“o negócio”) é a mesma. Assim
acontece também com as três pessoas divinas; que seja o Pai, o Filho ou o
Espírito, a “causa” comum delas é sempre o que elas são, seu próprio ser: amor
e fidelidade.
Para muitas pessoas, também as cristãs, a Santíssima Trindade não passa
de um problema de matemática: como pode haver três pessoas divinas em um só
Deus? Parece que esse mistério nada tem a ver com a vida delas. Se a Trindade
fosse um problema matemático, deveríamos procurar uma “solução”. Na realidade,
não se trata de uma fórmula matemática, mas de um resumo de duas certezas de
nossa fé: 1) Deus é um só; 2) o Pai, o Filho e o Espírito Santo são Deus. Isso
nos convida à “contemplação” do mistério de Deus. Pois um mistério não é para o
colocarmos dentro da cabeça, mas para colocar a cabeça (e a pessoa toda) nele…
Moisés (primeira leitura) invoca o nome de Deus: “SENHOR, Deus
misericordioso e clemente, lento para a ira, rico em amor e fidelidade…”. São
essas as primeiras qualidades de Deus. Deus é um Deus que ama. Jesus (evangelho)
revela em que consiste a manifestação maior do amor de Deus para com o mundo:
ele deu o seu Filho único, que quis morrer por amor a nós. O Pai e o Filho
estão unidos num mesmo amor por nós. Em sua carta, João retoma o mesmo
ensinamento: “Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou
o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos a vida por ele” (1Jo 4,9).
Assim, tanto no Antigo Testamento como no Novo, Deus é conhecido como
“amor e fidelidade”. Essas são as qualidades que se manifestam com toda a
clareza em Cristo (a “graça e verdade” de que fala Jo 1,14). Em Jesus, Deus se
manifesta como comunhão de amor: o Pai, Jesus e o Espírito que age no mundo,
esses três estão unidos no mesmo amor por nós. Um solitário não ama. Deus não é
um ancião solitário. Deus é
amor (1Jo
4,8), pois ele é comunidade em si
mesmo, amor que transborda até nós.
Se Deus é comunidade de amor, também nós devemos sê-lo, nele. Se tanto
ele nos amou, a ponto de enviar seu Filho, que deu sua vida por nós, também nós
devemos dar a vida pelos irmãos, amando-os com ações e de verdade (cf. 1Jo
3,16-18). No amor que nos une, realizamos a “imagem e semelhança de Deus”, a
vocação de nossa criação (Gn 1,26).
O conceito clássico do ser humano é ser individualista. Mas isso não é
cristão… Se Deus é comunidade, e nós também devemos sê-lo, não realizamos nossa
vocação vivendo só para nosso sucesso individual, propriedade privada e
liberdade particular. A Trindade serve de modelo para o homem novo, que é
comunhão. Devemos cultivar os traços pelos quais o povo se assemelha ao Deus
Trindade: bondade, fidelidade, comunicação, espírito comunitário etc.
Como pode haver três pessoas em um só Deus? Pelo mistério do amor, que
faz de diversas pessoas um só ser. Deus é comunidade, e nós também devemos
sê-lo.
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde
1972. É doutor em Teologia e mestre em Filosofia e em Filologia Bíblica pela
Universidade Católica de Lovaina. Atualmente é professor de Exegese Bíblica na
Faje, em Belo Horizonte. Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos:
Bíblia – Antigo e Novo Testamento (tradução), evangelhos (especialmente o de
João) e hermenêutica bíblica. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia
a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de
Cristo e formação dos fiéis – anos A-B-C; Ser cristão; Evangelho segundo João:
amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje; Sinopse dos Evangelhos de
Mateus, Marcos e Lucas e da “Fonte Q”.
15 de junho: Santíssima Trindade
COMUNIDADE DE AMOR
Um é nosso Deus, em três pessoas que amam plenamente e formam a
comunidade perfeita. É este o mistério que adoramos e celebramos na solenidade
da Santíssima Trindade.
São João Damasceno comparou a Santíssima Trindade com uma brincadeira
de roda de crianças. Nesta brincadeira ou dança (em grego se diz “pericorese”),
uma criança fica no meio, enquanto as outras giram. A certo momento, a criança
que está no meio sai e entra outra. Assim com Deus: as três pessoas estão
sempre em relação, uma não existe sem a outra, apesar de uma delas estar sempre
em evidência. Nesta “brincadeira de roda”, Deus olha para a humanidade e
transborda de amor por ela.
Contemplar e adorar a Deus nos leva ao agradecimento e ao compromisso.
Nosso Deus é o Deus que se relaciona e ama. Ama sua criação e,
sobretudo, o ser humano que criou à sua imagem e semelhança. Nunca nos
abandonou nem nos abandonará. Pelo contrário: por amor, o Pai entregou o
próprio Filho, para nos mostrar o caminho e se fazer ele mesmo o caminho
verdadeiro para a vida sem fim. Na força animadora de seu Espírito, por graça
divina, podemos crer num Deus que se revela amor amando concretamente, perdoando,
trazendo de volta à dignidade de filhos. Ele não é o Deus que condena. É o Deus
que ama, pois quem ama não condena, mas vai ao encontro para abraçar e acolher.
Nosso Deus, portanto, não é uma ideia vaga. É comunhão de amor que se
revela concretamente. Contemplar e adorar esse mistério é algo exigente, pois a
experiência pessoal de Deus nos leva necessariamente ao outro, ao compromisso
com a construção de comunidades de irmãos e irmãs que se amam como nosso Deus
ama. Se não fosse assim, nossa religião seria apenas uma espiritualidade vazia
e estéril.
A Trindade nos convida a participar de seu amor. Construindo e vivendo
relações fraternas, entramos, de algum modo, na grande “dança do amor” de Deus.
Pe. Paulo Bazaglia,
SSP
5º
Domingo da Páscoa - 18 de maio de 2014
‘’EU SOU O CAMINHO A
VERDADE E A VIDA.
NINGUÉM
VAI AO PAI SENÃO POR MIM’’.
Leituras: Atos 6,1-7;
Salmo 32(33), 1-2. 4-5.18-19 (R.22);
1 Pedro 2,4-9;
João 14,1-12.
Situando-nos brevemente
O Ressuscitado hoje se revela como o Caminho, a Verdade e a
Vida. Perante as inseguranças do seguimento e das incertezas da estrada, Ele
nos alenta em nossa caminhada com sua presença confortadora. Ele nos mostra o
Pai por meio de suas palavras, seus gestos, ou seja, a pessoa de Jesus revela o
Pai.
Sejamos seguidores e seguidoras do Senhor Ressuscitado. Como
povo da aliança selada em Jesus, que fez do novo povo um ‘’reino de sacerdotes
para seu Deus e Pai’’ (Ap. 1,6; cf. 5,9-10), ofereçamos oblações espirituais e
anunciemos os louvores daquele que das trevas nos chamou à sua admirável luz
(cf. 1 Pd 2,4-10). Todos nós, discípulos de Cristo, perseverando na oração e
louvando a Deus (cf. At 2,42-47), ofereçamos a nós mesmos como hóstias vivas,
santas, agradáveis a Deus (cf. Rm 12,1), demos testemunho de Cristo em toda
parte (cf. LG 10). Como Igreja que caminha na estrada de Jesus, empenhemo-nos a
assumir nosso Batismo.
Recordando a Palavra
A leitura
do evangelho de João está situada
no contexto da despedida de Jesus da comunidade dos discípulos e discípulas. A
morte de Cristo na cruz havia abalado a fé de seus seguidores. Eles, porém,
iluminados pela Páscoa, compreendem as palavras de Jesus. O sentido de sua
entrega total faz renascer a esperança e impele os discípulos a seguir o
caminho pascal, no serviço e no amor incondicional aos irmãos.
As palavras de Jesus fortalecem a fé e a confiança dos
discípulos: ’’Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em
mim (14,1). A partida de Jesus abre o caminho para a vida plena em Deus: ‘’Na
casa de meu Pai há muitas moradas. (...) Vou preparar um lugar para vós’’
(14,2). A vida de Jesus, doada totalmente pelo bem da humanidade, prepara um
lugar digno para todos viverem como filhos amados do Pai. A adesão à palavra,
manifestada no amor fraterno, proporciona formar uma comunidade de irmãos,
conduzidas pelo Espírito do Ressuscitado. Essa experiência de amor em Cristo
conduz à comunhão com o Pai, na história e na eternidade.
Os discípulos, que haviam compartilhado a vida com o Mestre,
precisam agora acreditar em Jesus ressuscitado como o caminho para chegar ao
Pai. Tomé expressa o anseio da comunidade para conhecer, de maneira
experiencial, o caminho e a mensagem de Jesus: ‘’Como podemos conhecer o
caminho?’’ (14,4). A resposta de Jesus é reveladora: ‘’Eu sou o caminho, a
verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai se não por mim’’ (14,6). Jesus é o caminho
que conduz ao Pai, pois ele é a verdade que liberta testemunhada no amor e na
fidelidade até o fim (cf. 1,14; 8,31-32; 18,37-38). Assim, ele é o caminho da
salvação que oferece a vida plena (cf. 1,4; 5,26; 10,10. 28; 11,25-26). Quem
segue os passos de Jesus encontra o caminho, a verdade e a vida em sua Pessoa,
que proporciona a experiência de Deus como Pai.
A vida plena está unida ao conhecimento do Pai, como único
Deus verdadeiro e a Cristo, como seu Enviado (cf.17,3). A pergunta de Filipe:
‘’Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta’’ (14,8) manifesta a necessidade do
encontro profundo com o Pai através de Cristo. A resposta de Jesus: ‘’Há tanto
tempo estou convosco, e não me conheces? Quem me viu, tem visto o Pai’’ (14,9)
mostra a comunhão perfeita de amor que há entre ele e o Pai. Jesus revela o
rosto do Pai através de sua vida, palavras e ações salvíficas: Quem me vê, vê
aquele que me enviou’’ (12,45). O ver, o acreditar em Jesus, o Filho,
proporcionam a vida eterna (cf. 6,40). Jesus ‘’veio morar entre nós’’ (1,14),
para manifestar o amor predileto pelos excluídos expressam a bondade e a
compaixão do Pai pelo ser humano. Mediante sua doação total por amor e o dom de
seu Espírito, Jesus ensina a viver na comunhão filial com o Pai e no serviço
generoso aos irmãos.
Jesus forma uma unidade perfeita com o Pai, na vida e na
missão: ‘’Eu estou no Pai e o Pai está em mim’’ (14,10. 11; cf. 10,38). Ele
cumpriu plenamente a obra confiada pelo Pai. Como o Mestre Jesus, os discípulos
revelem o Pai através de uma vida centrada no amor misericordioso. Quem
permanece com Jesus está em comunhão com o Pai e realiza suas obras de amor. O
envio do Espírito Santo, sua ação nos discípulos e discípulas assegura obras
maiores (cf.14,12), ou seja, a expansão da obra salvadora de Jesus. Como
continuadores da missão, os seguidores de Cristo testemunham a unidade entre o
Pai e o Filho.
Na primeira
leitura dos Atos Apóstolos, o aumento do número dos discípulos suscita o
surgimento de novas lideranças, para superar os desafios e aprimorar a atuação
missionária das comunidades primitivas. Os cristãos judeus de língua grega
(helenistas), com gentios convertidos e prosélitos, que haviam aderido à
comunidade cristã, unem-se aos cristãos judeus de língua aramaica, convertidos
pela pregação de Jesus ou dos apóstolos. A eleição dos sete diáconos helenistas
contribui para abertura e a unidade da comunidade cristã. A dedicação ‘’a
oração e ao serviço da palavra’’ (6,4) assegura a formação de novas
comunidades, a eficácia apostólica e a transformação social.
O serviço às mesas, a ‘’diaconia’’, é confiado a pessoas
indicadas pela comunidade. Os primeiros sete diáconos, ‘’repletos do Espírito
Santo e de sabedoria’’, tornam-se colaboradores dos apóstolos na evangelização.
Seu comprometimento assegura a assistência às viúvas desamparadas,
representantes dos pobres e excluídos. Os diáconos se dedicavam também ao
anúncio do evangelho e à administração do sacramento do Batismo (cf.At 8,4ss).
Os apóstolos ‘’oraram e impuseram as mãos sobre eles’’ (At 6,6), demonstrando que
o serviço do amor ao próximo deve ser exercido de forma comunitária e ordenado.
O dinamismo do Espírito, a força da oração e da palavra de Deus proporciona o
crescimento das comunidades, multiplica o número dos discípulos que aderem à fé
em Cristo (cf. 6,7).
O salmo 32 (33) convida a louvar o Senhor ao som de
instrumentos musicais, a cantar um cântico novo de alegria e júbilo. O Senhor
manifesta sua bondade e sua fidelidade na criação do universo e na caminhada de
libertação do povo. Sua palavra realiza a verdade, o direito, a justiça. Seu
olhar pousa sobre os que confiam e esperam em seu amor. Jesus Cristo, a Palavra
criadora e eterna do Pai, veio morar entre nós para cumprir plenamente o plano
de salvação.
Na segunda
leitura da primeira carta de Pedro, a comunidade eclesial,
templo de pedras vivas, é sustentada por Jesus Cristo, ‘’a pedra que os
construtores rejeitaram (e que) tornou-se a pedra angular’’ (2,7; cf. Sl 117
{118}, 22). Os cristãos, unidos a Jesus Cristo, pelo Batismo, participam de sua
vida, morte salvífica e ressurreição e tornam-se pedras vivas na construção de
um mundo melhor. A missão batismal é ressaltada por meio das expressões: ‘’a
gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele adquiriu’’
(2,9). Essas imagens remetem à comunidade da aliança (cf. Ex 19,5-6), ao
compromisso de Israel, o povo escolhido e formado por Deus para anunciar o
louvor (cf. Is 43,20-21).
Os cristãos, como pedras vivas da comunidade solidificada em
Cristo e no alicerce dos apóstolos (cf. Ef 2,19-22), formam um povo sacerdotal,
chamado a exercer a missão santificadora no mundo. Como comunidade da nova
aliança, eles não precisam oferecer sacrifícios de animais, para expressar a
comunhão com Deus, pois foram libertados pela entrega total de Cristo por amor.
Unidos a Jesus ressuscitado, ‘’oferecem sacrifícios espirituais agradáveis a
Deus’’, através de uma vida entregue a serviço dos irmãos. O exemplo de Cristo,
que se tornou a pedra angular por sua fidelidade ao plano salvífico, fortalece
seus seguidores no testemunho da fé, em meio às rejeições e adversidades.
Atualizando a Palavra
Jesus se manifesta como o Caminho, a Verdade e a Vida,
através de sua entrega por amor, que culminou na morte salvífica e
ressurreição. Nas comunidades primitivas, os cristãos eram identificados como o
‘’caminho’’ (cf. At 9,2; 18,25; 24,22), pois seguiam a Cristo de forma radical,
na vida e na missão. Iluminado pela fé dos primeiros cristãos é chamado a seguir
Cristo como o caminho, para construirmos um mundo mais justo e solidário. Ao
levar a termo o amor e a fidelidade, ou seja, ‘’a graça e a verdade’’ (cf Jo
1,14), características da ação de Deus (cf Ex 34,6), Cristo nos ensina a amar
os que sofrem e são esquecidos. Seguindo o Cristo vivo, encontramos o caminho
da verdade e da vida em plenitude.
Padre Tiago Alberione, fundador da Família Paulina, nos
ensina a colocar a esperança de vida e salvação em Jesus Mestre, Caminho,
Verdade e Vida, através de uma prece confiante: ’’Eu vos adoro e vos dou
graças, ó Mestre Divino, que vos declarastes o Caminho, a Verdade, a Vida. Eu
vos reconheço como Caminho que devo percorrer Verdade que devo crer Vida que
devo ardentemente desejar. Vós sois meu tudo; e eu quero estar todo em vós:
mente vontade e coração’’.
Os seguidores e seguidoras de Cristo encontram, na oração e
na adesão à Palavra, os meios essenciais para assegurar a eficácia da
evangelização, o serviço solidário aos irmãos necessitados. A ação do Espírito,
o testemunho e o anúncio da Boa-Nova de Jesus proporcionam o surgimento de
pessoas comprometidas com os pobres e excluídos. O exemplo de Jesus, Caminho,
Verdade e Vida, que se entregou totalmente por amor, leva à formação de
comunidades servidoras da Palavra e da caridade.
Pelo Batismo, participamos da vida nova em Cristo e nos tornamos gente
escolhida, sacerdócio régio, nação santa e povo de sua particular propriedade,
para anunciar as maravilhas da salvação. A palavra do Senhor faz renascer a
confiança e leva a reconhecermos que somos o seu povo: ‘’Vós sois aqueles que
antes não eram povo, agora, porém, são povo de Deus’’ (1Pd 2,10). Guiados pela
luz de Cristo, nos tornamos povo sacerdotal, com a missão de transformar a
sociedade e santificar o mundo, através do amor e da solidariedade. Com a força
de Cristo ressuscitado, a ‘’pedra angular’’, trilhamos o caminho a serviço da
vida em meios aos desafios.
Ligando a Palavra com a ação eucarística
Nós, comunidade de fé, pedras vivas, raça escolhida,
sacerdócio do Reino, nação santa, povo conquistado, nos reunimos para proclamar
as obras admiráveis daquele que nos chamou das trevas para a luz.
Participamos ativamente da celebração do Ministério de
Cristo, uma vez que ‘’as ações litúrgicas não são ações privadas, mas
celebrações da Igreja, que é ‘sacramento de unidade’, isto é, Povo santo
reunido e ordenado sob a direção dos Bispos’’ (Sacrosanctum Concilium, n. 26).
Renovamos nossa fé n’Ele, que é o caminho, a Verdade e nos conduz à verdadeira
Vida, construindo desde já uma morada de paz e solidariedade.
Como povo sacerdotal, ofereçamos com Ele ao Pai o culto
espiritual, a oferta agradável de nosso louvor e de nossa vida. Que nossos
corações não se perturbem, pois Ele está no meio de nós e se dá como alimento
verdadeiro.
Que o Ressuscitado nos transforme em servidores autênticos e capazes de
colaborar na transformação pascal de nossa realidade.
Sugestões para a celebração
• Cuidar do espaço para que seja expressão da Páscoa do
Senhor, destacando o círio pascal, a fonte batismal, a mesa da Palavra e a mesa
eucarística.
• Na homilia, algumas pessoas, servidoras da comunidade,
podem dar testemunho do próprio ministério.
• Fazer a bênção final própria para o Tempo Pascal.
• Os cantos sejam preparados com antecedência, prevendo ensaios.
O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As melodias estão gravadas
no CD Liturgia XVI – Páscoa –Ano A.
Canal do Youtube:
A Voz do Pastor -
Santíssima Trindade -- Domingo 15/06/2014
Reflexão
Solenidade da
Santíssima Trindade
Hoje, de um modo especial, celebramos
Deus. Mas quem é Deus? Como explicá-lo? Como defini-lo? Como conhecê-lo?
Nenhuma pergunta sobre Deus pode ser
respondida por nós humanos. Deus nos supera!
Temos noção de quem Ele é, mas não
conseguimos defini-lo. É impossível! Ele é a eterna surpresa. Nosso Deus não é
o Deus dos filósofos, mas é o Pai de Jesus Cristo, é o próprio Cristo, é o
Espírito de Amor.
Para conhecê-lo deveremos abrir a
Sagrada Escritura, principalmente o Novo Testamento, e ver o que Jesus, o Verbo
Encarnado, nos diz.
O Evangelho de hoje, tirado de São
João, nos fala que Deus é o Amigo do Homem, não apenas o seu Criador, mas o seu
Redentor, aquele que o protege e que foi capaz de sofrer e morrer para que o
Homem tivesse a plena felicidade.
Já São Paulo em sua Carta aos
Coríntios nos orienta sobre a resposta a ser dada ao Deus Amigo. O homem deverá
deixar-se transfigurar através dos dons, das qualidades divinas, especialmente
pelo amor, pelo perdão e pelo serviço.
Falar com Jesus é falar com Deus. Sua
bondade foi tanta que Ele se revelou a nós na pessoa de Jesus.
Filipe, quem me vê, vê o Pai.
Dirijamo-nos ao Deus de Amor, a esse Deus que, por amor, rasgou seu coração, e
sintamos a plenitude de seu querer bem a nós. Se o mandamento se resume em amar
a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo, do mesmo modo como Ele nos amou,
saibamos que antes de tudo o Senhor não só nos criou, mas, por amor a nós, se
entregou até a morte.
O Espírito é escuta e
disponibilidade.
Fonte Pe. César Augusto dos Santos SJ – Vaticano
Comentário Evangelho João 3,16-18
HOMILIA
Evangelho do
Domingo da Santíssima Trindade – (Jo 3,16-18)
Amados irmãos e irmãs em Cristo!
A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo,
o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco!
Com esta saudação trinitária gostaria
de saudar a todos na certeza do abraço amoroso de Deus trindade Santa que nos
envolve e nos guia em nossa missão neste mundo na construção do seu reino. De
fato, se tivermos um olhar bem atento aos fatos de nossa vida tudo o que
começamos tem o traço, a presença e a proteção da Trindade. Isto porque sempre
fazemos o sinal da cruz em todos os momentos de nossa vida, inclusive na
celebração eucarística e demais sacramentos ou ainda em qualquer ação
celebrativa, tudo inicia e termina com o sinal da cruz – Em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo!
O acesso ao mistério da Santíssima
Trindade não é algo que o façamos por meio da nossa racionalidade apenas, mas
deve ser resultado de uma experiência, de um encontro de uma acolhida amorosa e
afetiva. Aliás, muito se distanciou de nós – o mistério trinitário – quando,
envolvidos em tentativas de explicação filosófica e até teológica, buscamos
somente a meta de explicar nos esquecemos em experimentar.
As leituras propostas nos apresentam
qual deverá ser a nossa atitude diante desse mistério da nossa fé. Assim como
Moisés queremos mais uma vez renovar a Aliança de amor na presença de Deus e,
prostrados com a devida reverência reconhecemos e louvamos o Senhor que na sua
misericórdia, clemência, paciência, bondade e fidelidade, nos perdoa os pecados
e nos acolhe, mas acima de tudo Ele caminha conosco, em cada momento e nos
anima para construirmos o reino como realidade possível.
O reinado de Deus sempre foi o grande
objetivo e tarefa do Filho (Jesus) que obediente à vontade do Pai e
impulsionado na força do Espírito que o ungiu para a missão entrega para nós
esse trabalho. Tal empreitada exigirá de nós um sincero desejo de
aperfeiçoamento, encorajando-nos, cultivando entre nós a concórdia, vivendo o
amor e a paz como regra de nossas vidas (2 Cor 13,11-13).
Esta vida nova como fruto do que
celebramos no domingo passado (Pentecostes) se consolida na certeza de que Deus
sempre deseja se comunicar/revelar a nós e de maneira plena e muito especial o
fez por meio de Jesus, o Filho Amado, que nos mostrou de fato, em palavras e
obras quem é o Pai: “Deus é amor”!
O Pai envia seu único Filho como um
gesto de amor por cada um de nós e o faz não para nos condenar, porém para nos
salvar (Jo 3,16) e para que todos o que creiam tenham também parte nesta
comunhão divina, nesta vida nova e eterna. O acesso, portanto à vida trinitária
é a vivência do amor e da comunhão entre os diferentes estabelecida
fundamentalmente na comunhão – expressão de amor!
Na Eucaristia e demais dimensões da
nossa vida humana e eclesial somos, uma vez feitos à imagem e semelhança da
Trindade (a melhor comunidade) também convidados a manifestar esse amor
comunhão em tudo o que fazemos e nos mais variados lugares onde atuamos!
Transformados pelo amor da Trindade
busquemos, na conversão pessoal e pastoral de nossas comunidades viver esse
mistério de amor!
Em Jesus, o Bom Pastor e Maria, nossa
Mãe.
Fonte Pe. Fernando Antonio Carvalho Costa – Arquidiocese de Fortaleza
HOMILIA
Precisamos
manifestar o amor de Deus para as pessoas!
O amor só é pleno, verdadeiro e autêntico
quando é vivido na dimensão comunitária, o amor que se dá, que se recebe e que
circula.
“Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que
não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (João 3, 16).
Nós hoje celebramos a Solenidade da Santíssima Trindade. O que
nós estamos, na verdade, contemplando hoje é o mistério maravilhoso da presença
de Deus em nós.
Que Deus é este? Quem é
o Deus em quem nós cremos? Nós talvez encontremos no mundo pessoas que não
conheçam, não saibam, na verdade, quem é Deus e, então, nós precisamos dizer
quem é o Deus em quem cremos. Só existe um Deus e não há outro e esse mesmo
Deus se apresenta a nós em Sua face paterna na pessoa do Pai, Aquele que fez
todas as coisas e por amor nos criou. O Pai a quem nós adoramos, reverenciamos
e diante do qual nós nos prostramos diante da Sua presença. Deus e o Senhor de
todas as coisas!
Esse mesmo Pai, por amor
a nós, no princípio de todas as coisas criou o mundo com Seu Filho Jesus. É
óbvio que o Seu Filho não se chamava Jesus, desde toda a eternidade Ele foi
gerado com o Pai, mas Ele se encarnou e se fez um de nós na pessoa de Jesus.
Jesus é a mão de Deus que nos salva, que nos livra da condenação,
que nos conduz para o caminho da vida eterna! A manifestação amorosa de Deus no meio de nós acontece na pessoa
do Seu Filho. E o Pai, que não nos deu conhecer a Sua face, nos permitiu
conhecer a Sua manifestação amorosa na pessoa de Seu Filho Jesus, que assumiu
uma face humana, assumiu o nosso jeito de ser, assumiu a nossa aparência
humana. Jesus, o Filho de Deus, é nosso Salvador!
E para que não
ficássemos sós, para que fôssemos totalmente refeitos em nossa natureza humana,
decaída por causa do pecado, é que o Pai nos deu a Sua face restauradora, que
se chama “Espírito Santo”. O Espírito, que é criador, que é salvação, que é
santificador e que estava com o Filho e junto com o Pai desde a criação de
todas as coisas.
Nós hoje celebramos o
Deus de amor, nós hoje celebramos o Deus que é comunidade. Deus não é sozinho!
Deus é Pai, é Filho, é Espírito Santo! O amor não se completa só, o amor não se
realiza sozinho; ele só é pleno, verdadeiro e autêntico quando é vivido nessa
dimensão comunitária, o amor que é dado, recebido e que circula. O amor que vai
do Pai, do Pai para o Filho; do Filho para o Pai; do Pai e do Filho para o
Espírito Santo. E nesse círculo amoroso, a Trindade se derrama em nossos
corações. E assim nós precisamos ser manifestação do amor de Deus para as
pessoas, para quem está ao nosso lado, para quem vive conosco.
Não há realização plena
para o homem, para a mulher, para a natureza humana se não for na vivência do
amor e ninguém pode viver amando a si mesmo. Precisamos amar uns aos outros
para que o amor de Deus seja pleno em nós!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. Facebook Twitter
LEITURA ORANTE

Hoje, Solenidade da Santíssima
Trindade, preparo-me para a Leitura, colocando-me na presença de
Deus e, com todos os internautas, faço o sinal da cruz:
Em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo. Amém.
E rezamos o Te Deum
Deus infinito nós te louvamos
E nos submetemos ao teu poder
As criaturas no seu mistério mostram
A grandeza de quem lhes deu o ser
Todos os povos sonham
E vivem nesta esperança
De encontrar a paz
Suas histórias todas apontam
Para o mesmo rumo, onde Tu estás
Santo, santo, santo
Santo, santo, santoTodo poderoso
É o nosso Deus
Senhor Jesus Cristo, nós te louvamos
E te agradecemos teu imenso amor
Teu nascimento, teu sofrimento
Trouxe vida nova, onde existe a dor
Nós te adoramos e acreditamos
Que és o Filho Santo do nosso Criador
E professamos tua verdade
Que na humanidade plantou tamanho
amor
Deus infinito, teu Santo Espírito
Renova o mundo sem jamais cessar
Nossa esperança, nossos projetos
Só se realizam quando Ele falar
Todo poderoso, somos o teu povo
Que na esperança vive a caminhar
Dá que sejamos teu povo santo
Que fará do mundo teu trono e teu altar
Cd
Verdades que eu rezo e canto - Pe. Zezinho, scj (COMEP)
1. Leitura (Verdade)
O que diz o
texto do dia?
Leio atentamente
o texto: Jo 3,16-18, e observo as palavras de Jesus.
Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único
Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna.
Pois Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo.- Aquele
que crê no Filho não é julgado; mas quem não crê já está julgado porque
não crê no Filho único de Deus.
Este texto faz
parte da conversa de Jesus com Nicodemos, uma autoridade entre os judeus. O
nome Nicodemos vem do grego e significa "vitória do povo". O
Mestre lhe fala das coisas de Deus. Quando lhe fala que "Deus amou
tanto o mundo" não se refere à criação, mas ao "mundo" das
pessoas.
Revela que
Deus mandou ao mundo seu Filho não para condená-lo, mas para nos
salvar.
Jesus fala
também daqueles que preferem a escuridão à luz. Mas, os que vivem de acordo com
verdade, aproximam-se da luz. Apresentam claramente, sem subterfúgios o que
fazem segundo a vontade de Deus. O grande teólogo e doutor da Igreja, Santo Agostinho,tentou
compreender o mistério da Trindade. Certa vez, passeava ele
pela praia, completamente compenetrado, pediu a Deus luz para que
pudesse compreender. Encontrou uma criança brincando na
areia. Ela corria com um copo na mão até um pequeno buraco feito na areia,
e ali despejava a água do mar. Voltava, enchia o copo e o despejava
novamente. Agostinho perguntou à criança o que ela pretendia fazer. A
criança lhe disse que queria colocar toda a água do mar dentro daquele
buraquinho. Então, o Santo lhe explicou ser isso
impossível. A criança, então, lhe disse: “É muito mais fácil o
oceano todo ser transferido para este buraco, do que
se compreender o mistério da Santíssima Trindade”. A criança, que era
um anjo, desapareceu. Santo Agostinho concluiu que a mente humana é
extremante limitada para poder assimilar a infinita dimensão de Deus e, por
mais que se esforce, jamais poderá entender esta grandeza por suas próprias
forças ou por seu raciocínio. Só podemos aderir pela fé este mistério
descrito por Jesus no seu Evangelho.
2.
Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Posso fazer sempre minhas ações à
luz.
Sou transparente no que falo e faço?
Os bispos, em Aparecida, falaram da
Trindade como fonte da Igreja: "Os discípulos de Jesus são chamados a
viver em comunhão com o Pai (1 Jo 1,30 e com seu Filho morto e ressuscitado, na
“comunhão no Espírito Santo” (1 Cor 13,13). O mistério da Trindade é a fonte, o
modelo e a meta do mistério da Igreja: “um povo reunido pela unidade do Pai do
Filho e do Espírito”, chamado em Cristo “como sacramento ou sinal e instrumento
da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano”. A comunhão
dos fiéis e das Igrejas locais do Povo de Deus se sustenta na comunhão com a
Trindade." (DAp 155).
3.Oração
(Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou
outras orações e concluo:
Glória ao Pai e ao Filho e ao
Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e
sempre. Amém.
4.Contemplação
(Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar será
transparente, orientado pela comunhão com a Trindade.
Bênção
Pode-se cantar:
A bênção do Pai,
a bênção do Filho,
a bênção do Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia silva, fsp
Oração
Final
Pai
Santo, que nos criaste e nos dás a Vida; Cristo, que assumiste nossa humanidade
para revelar-nos o Mistério do Amor; Espírito Santo, que estás em nós guiando
nossos passos nos caminhos do Reino do Céu que já começa nesta terra – Deus
Trino e Uno – nós queremos crer. Aumenta a nossa fé!
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