ANO A
Lc 6,36-38
Comentário
do Evangelho
Deus
é misericordioso.
Nosso texto é parte do
que no evangelho segundo Lucas denomina-se “sermão da planície” (6,17-49); é a
sequência do chamado dos Doze sobre a montanha, onde Jesus passou a noite
inteira em oração (6,12-16). A nossa perícope é parte do trecho tematicamente dominado
pelo imperativo do amor aos inimigos (vv. 27-35). A primeira parte do v. 36
equivale ao que no evangelho segundo Mateus é o imperativo à perfeição (Mt
5,48). Em primeiro lugar, é preciso compreender que o imperativo se baseia no
que Deus é: misericordioso. Sua misericórdia se manifesta na sua bondade para
com todos, ingratos e maus (cf. v. 35). A misericórdia de Deus se exprime na
acolhida dada por Jesus aos pecadores (cf. Lc 5,29-32; 7,36-50; 15,1ss;
19,1-10). Cada um, independentemente de sua situação, pôde ou pode experimentar
a misericórdia de Deus em relação a si mesmo. É com essa mesma misericórdia que
se exige tratar os outros. O amor aos inimigos não é uma ideia; ele se
concretiza na renúncia a julgar, isto é, condenar alguém (v. 37a-37b), na disposição
permanente e renovada de perdoar (v. 37c) e de entregar-se a si mesmo (v. 38a),
como o Senhor se entregou para a salvação de toda a humanidade.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai,
dispõe meu coração para o perdão, pois este é o caminho pelo qual estabeleço
minha comunhão contigo.
Vivendo a Palavra
Ouçamos a Promessa do Pai e ofereçamos tudo o que temos e somos. E Ele
nos retribuirá com generosidade uma ‘medida boa, calcada, sacudida e
transbordante’ de Graça – que é a sua própria Presença Misericordiosa em nós,
desde já, nesta caminhada pela terra abençoada que Ele nos empresta para
cuidado e partilha.
Reflexão
A justiça de Deus é
muito diferente da justiça dos homens. A justiça dos homens parte de dois
pressupostos: o primeiro diz que a cada um deve ser dado o que lhe pertence, e
o segundo afirma que cada pessoa deve receber os méritos pelo bem que promovem
e os castigos pelos males que causa. A justiça divina é aquela que distribui
gratuitamente todos os bens e dá todas as condições para que o homem possa ser
feliz e ter uma vida digna e é por isso que Deus criou todas as coisas e as deu
gratuitamente para os homens que não viveram a gratuidade e se apossaram do
mundo segundo seus interesses. A justiça divina é aquela que não nos trata
segundo as nossas faltas, mas age com misericórdia e nos convida a fazer o
mesmo.
Recadinho
O Evangelho para o dia
de hoje é breve, mas se estende ao infinito! Misericórdia! Compaixão,
solidariedade, ternura, perdão, bondade, acolhida! Qual destas palavras mais
lhe toca o coração no momento? - Lembro-me do testemunho do bom samaritano? A
misericórdia não tem fronteiras! - No caminho de Emaús, à beira do lago da
Galileia, Jesus toma o pão, abençoa-o e o reparte. Tenho condições de partilhar
meus bens espirituais? E os materiais? - Os discípulos reconheceram Jesus. Eu o
reconheço em meus irmãos? - Meus irmãos o reconhecem em mim? - Como as pessoas
que cruzam meu caminho reconhecem que vivo uma vida cristã?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
PERDOAR E SER
PERDOADO
A reconciliação foi um tema fundamental do
ministério de Jesus. Tudo quanto fazia visava restaurar os laços de amizade dos
seres humanos entre si e com Deus. Ele foi, por excelência, um construtor de
reconciliação. Portanto, um bem-aventurado!
No seu
ensinamento, o Mestre mostrou a transcendência do perdão que rompe os limites
do puro relacionamento humano para levar ao relacionamento das pessoas com
Deus. No ato de perdoar, o discípulo do Reino decide seu destino eterno.
A
ordem de Jesus – "Perdoai, e sereis perdoados!" – não expressa a
reciprocidade do perdão no nível puramente humano, como se ele dissesse: na
medida em quem vocês perdoarem o próximo, serão perdoados por ele. Pelo
contrário, o perdão oferecido ao próximo tem, como contrapartida, o perdão recebido
de Deus. Quem abre o coração e oferece o perdão a seu semelhante,
restabelecendo o relacionamento fraterno encontrará no Pai um coração aberto
para perdoá-lo e acolhê-lo.
Conclui-se
da ordem de Jesus que, quem não perdoa, não receberá o perdão do Pai, pois a
falta de comunhão com o semelhante é indício de ruptura com o Pai. Assim, o
discípulo do Reino busca construir um relacionamento sólido com o Pai, por meio
da comunhão com o seu semelhante. É ilusório querer trilhar um caminho
diferente.
Oração
Pai, dispõe meu coração
para o perdão, pois este é o caminho pelo qual estabeleço minha comunhão
contigo.
O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado
neste Portal a cada mês)
Oração
Deus, que para remédio e
salvação nossa nos ordenais a prática da mortificação, concedei que possamos
evitar todo pecado e cumprir de coração os mandamentos do vosso amor. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
REFLEXÕES DE HOJE
17 DE
MARÇO – SEGUNDA
HOMILIA
OS GESTOS DA
MISERICORDIA
No imenso tesouro do Evangelho, são
os gestos da misericórdia. Eles são como uma gema preciosa: sólida e delicada
ao mesmo tempo; verdadeira e transparente na sua simplicidade; brilhante pela
vida e alegria que difunde. Compaixão, compreensão, solidariedade, ternura e
perdão são como seus ângulos de polimento, por onde se reflete – em raios
coloridos e acessíveis – o amor regenerador de Deus.
Para mim neste tempo da Quaresma, a
misericórdia de Deus se traduz em resgate, cura, abrigo, libertação, sustento,
proteção, acolhida, generosidade e salvação – tão marcantes na caminhada do
Povo de Deus. No decorrer dos séculos, a comunidade cristã tem atualizado esta
experiência em novos contextos, lugares e relacionamentos. A liturgia a
celebra; a prece a invoca; a pregação a proclama; os místicos a enfatizam; o
magistério a propõe; as obras a cumprem.
Antiga e sempre nova, a misericórdia
de Deus se pode entender em outras palavras sob três pontos:
bem-aventurança, profecia e terapia. Como bem-aventurança, a misericórdia
aproxima o Reino de Deus das pessoas, e as pessoas do Reino de Deus. É prática
que dignifica o ser humano: tanto quem a dá, quanto quem a recebe. Está repleta
de gratuidade e alegria, como disse Jesus: “Felizes os misericordiosos, pois
alcançarão misericórdia” (Mt 5,7). As obras de misericórdia são também
profecias da justiça do Reino, que supera toda fronteira de raça, credo ou
ideologia: diante da humanidade ferida e carente, somos servidores da vida e da
esperança, dentro e fora da Igreja, para crentes e não-crentes, afim de que
“todos tenham vida e vida em plenitude” (Jo 10,10).
Jesus nos indicou o exemplo do bom
samaritano para mostrar a todos que a misericórdia não aceita fronteiras!
Enfim, a misericórdia é também terapia: compaixão que restaura, toque que
regenera e cuidado que aquece. As obras de misericórdia têm eficácia curadora:
socorrem nossa humanidade ferida pelo pecado e pelo desamor, restaurando em nós
a imagem do Cristo glorioso, para que suas feições resplandeçam na nossa face,
na face da Igreja, na face de toda a humanidade redimida.
Se a compaixão é um sentir que nos
comove na direção do próximo, a misericórdia se caracteriza como gesto que
realiza este sentir solidário. Na compaixão temos um sentimento que mobiliza;
na misericórdia temos o exercício deste sentimento. Daí os verbos: cumprir,
mostrar, fazer e agir – que expressam a eficácia do amor misericordioso humano
e, sobretudo, divino (cf. Êx 20,6; Sl 85,8; Lc 1,72 e 10,37). A misericórdia
tem caráter operativo: é amor em exercício de salvação. Se o amor é a qualidade
essencial de Deus; a misericórdia é este mesmo amor exercitado para com a
criatura humana, revelando a qualidade ativa de Deus. Assim, a misericórdia se
mostra muito mais na experiência do dia a dia, do que na conceituação
teológica, catequética ou espiritual. E ainda que tal experiência se revista de
beleza, o lar da misericórdia não é o discurso e nem explicações. Porque as
crianças abandonadas, os andarilhos e os excluídos da sociedade não comem
explicações. O lar da misericórdia é a solidariedade. Seu órgão vital é o coração
e as mãos: erguem o caído, curam o ferido, abraçam o peregrino, alimentam o
faminto.
A misericórdia que Deus exige de ti e
de mim não é outra senão a evangélica, que consiste em 14 obras: 7 corporais:
dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, acolher o
forasteiro, vestir quem está nu, visitar os doentes e assistir aos prisioneiros
e sepultar dignamente os mortos. Sete obras, centradas na exortação “cada vez
que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes”
(25,40). E 7 espirituais: dar bom conselho a quem necessita, ensinar os
ignorantes, corrigir os que erram, consolar os aflitos, perdoar as ofensas,
suportar com paciência as fraquezas do próximo, rogar a Deus pelos vivos e
mortos.
Obras de misericórdia corporais: dar
de comer ao faminto, dar de beber ao sedento, vestir os maltrapilhos, abrigar
os peregrinos, cuidar dos enfermos, visitar os encarcerados.
Meu irmão, minha irmã, em Emaús e à
beira do lago da Galiléia, Jesus toma o pão, abençoa e reparte: os discípulos o
reconhecem, por causa de seu tato característico (Lc 24,30; Jo 21,12-13). Que
gestos tens feito para que as pessoas te reconheçam como discípulo de Jesus?
Saiba que os gestos alimentam, curam e restauram! Eles são toques da
misericórdia de Deus.
Pai, dispõe meu coração para a
prática da misericórdia a partir dos pequenos gestos, pois este é o caminho
pelo qual estabeleço minha comunhão contigo.
Fonte Homilia Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA DIÁRIA
Quem somos nós para condenar alguém?
Quem é atingido pela misericórdia de Deus não julga ninguém. Ama,
analisa e tenta ajudar, mas não julga ninguém e, acima de tudo, não condena! Quem
somos nós para condenar alguém?
”Porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também
sereis medidos.” (Lucas 6,38)
Quem foi atingido pelo amor misericordioso de Deus é
transformado por esse amor misericordioso, pois esse amor de Deus vai até o
fundo da nossa alma, atinge todas as nossas membranas, todas as nossas células
são tocadas por este amor maravilhoso. Este amor nos cura e nos liberta. Só
quem é atingido pela misericórdia de Deus é capaz de se tornar misericórdia
para com o seu próximo, para com o seu irmão.
Este
é o convite que Deus faz a nós neste tempo de graça: que nos deixemos ser
moldados pela Sua misericórdia. Que nos permitamos ser atingidos até o profundo
do nosso ser por Sua infinita misericórdia e esta graça [misericórdia] irá
produzir muitos frutos em nossa vida. Primeiro: seremos misericordiosos uns com
os outros, saberemos ter paciência com os limites, com as dificuldades e com o
passo que cada um tem. E não é assim que Deus age conosco? Não é Deus que
tem paciência conosco? Não é Deus que compreende os nossos limites? Não é Deus
que compreende sempre as nossas fragilidades? Por que é que nós não podemos
compreender, ter paciência e suportar os defeitos, os limites e as condições
que cada um tem?
Quem
é atingido pela misericórdia de Deus não julga ninguém; ama, analisa, tenta
ajudar, mas não julga ninguém e, acima de tudo, não condena! Quem somos nós para
condenar alguém?Quem
somos nós para emitir sentença a respeito do outro? Para dizer que ninguém vale
nada, para dizer que alguém está perdido? Quem somos nós para excluirmos alguém
do coração de Deus ou do Reino de Deus?
Por
mais que vejamos os erros que as pessoas cometem, o máximo que devemos fazer é
pedir ao Senhor: ”Senhor, guarda o meu coração, previna-me da queda! Senhor,
ajuda-me a enxergar os meus próprios erros e os meus próprios limites”. Porque,
quem enxerga demais os defeitos e os problemas dos outros, não é capaz de
enxergar os seus próprios defeitos e limites! Não se esqueça do que nos ensina
a Palavra: é da maneira como nós julgamos, medimos ou respeitamos o próximo que
nós também seremos julgados, medidos e respeitados!
Nós,
às vezes, somos exigentes demais com as pessoas, cobramos demais delas e
esperamos demais delas. E com essa medida dura, muitas vezes, impiedosa,
com que nós lidamos com o outro é que nós também seremos medidos!
Que
Deus nos ensine a medida da Sua misericórdia, para que, com essa mesma medida,
possamos usar nas relações uns com os outros.
Que
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.Facebook Twitter
LEITURA ORANTE

Sejam
misericordiosos como o Pai
Preparo-me para a Leitura da Palavra
orando, com todos os internautas:
Em nome do Pai, e do Filho e do
Espírito Santo. Amém.
Divino Espírito Santo, amor eterno do
Pai e do Filho, eu te adoro, louvo e amo.
Peço-te perdão por todas as vezes que
te ofendi em mim e no meu próximo.
Espírito de verdade, consagro-te a
minha
inteligência, imaginação e memória,
ilumina-me.
Dá-me conhecer Jesus Cristo Mestre.
Revela-me o sentido profundo do
seu Evangelho e tudo o que ensina a Santa Igreja.
1. Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz?
Leio atentamente o texto de hoje: Lc 6,36-38.
Tenham misericórdia
dos outros, assim como o Pai de vocês tem misericórdia de vocês.
- Não julguem os
outros, e Deus não julgará vocês. Não condenem os outros, e Deus não condenará
vocês. Perdoem os outros, e Deus perdoará vocês. Dêem aos outros, e Deus dará a
vocês. Ele será generoso, e as bênçãos que ele lhes dará serão tantas, que vocês
não poderão segurá-las nas suas mãos. A mesma medida que vocês usarem para
medir os outros Deus usará para medir vocês.
Jesus me recomenda a ser
misericordioso como o Pai é comigo.
E explica o que é ser misericordioso: é ser como
o Pai, ou seja, não julgar, não condenar, perdoar, numa palavra: ser bom.
2. Meditação(Caminho)
- O que a Palavra diz para mim?
Olho para o mundo de hoje. Parece que
este mundo morre por falta de misericórdia. Os crimes estão globalizados. Por
outro lado, a misericórdia de Deus, que é infinita, também está por toda parte.
Basta aceita-la. Mas, muitos a rejeitam, ou a desconsideram. João Paulo II
dizia: “Ajudem o homem
moderno a experimentar o amor misericordioso de Deus! Lá onde dominam o ódio, a
sede de vingança, lá onde a guerra semeia a dor e a morte de inocentes, a graça
da misericórdia é necessária para apaziguar os espíritos e os corações e fazer
jorrar a paz. Lá onde falta respeito à vida e à dignidade do homem, o amor
misericordioso de Deus é necessário. A misericórdia é necessária para fazer com
que cada injustiça do mundo encontre seu fim no esplendor da verdade”.
São Paulo nos lembra: "Deus,
que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos
mortos pelos nossos pecados, deu-nos a vida por Cristo. ( Ef 2,4-5).
3. Oração (Vida)
- O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Rezo com toda Igreja a
Oração da Campanha da Fraternidade de 2014
Ó Deus, sempre ouvis o clamor do vosso povo
e vos compadeceis dos oprimidos e escravizados.
Fazei que experimentem a libertação da cruz
e a ressurreição de Jesus.
Nós vos pedimos pelos que sofrem
o flagelo do tráfico humano.
Convertei-nos pela força do vosso Espírito,
e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos irmãos.
Comprometidos na superação deste mal,
vivamos como vossos filhos e filhas,
na liberdade e na paz.
Por Cristo nosso Senhor.
Amém!
4.
Contemplação(Vida/ Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
A cada pessoa que eu encontrar, no meu trabalho,
estudo, em casa, na rua, no metrô, no ônibus, na rua, vou ter um olhar de
misericórdia e dizer-lhes ainda que em silêncio o que Paulo sugere: “Quando for
ter com vocês levarei muitas bênçãos de Cristo”
(Rm 15,29).
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde.
Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, dá-nos um
coração puro e compassivo. Que em relação ao nosso próximo, nós sejamos
incapazes de julgamentos e condenações, mas estejamos sempre prontos para o
perdão e a fraternidade. Queremos seguir o Cristo Jesus, teu Filho que se fez
nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.