O amor de Deus é glorificado na “luz” das maravilhas da criação (cf. Gn 1,1—2,2). Aprisionados nas trevas da opressão egípcia, os filhos de Israel se alegram ao verem a “luz” da libertação que os conduz à glória da liberdade (cf. Ex 14,15—15,1). Por meio do profeta Isaías, o Senhor reacende as esperanças de Seu povo, oferecendo-lhe, gratuitamente, a vida em prosperidade e, deste modo, a “luz” da salvação (cf. Is 55,1-11).
É o símbolo mais destacado do Tempo Pascal. A palavra “círio” vem do latim ”cereus”, de cera. O produto das abelhas que com Cristo toma uma nova dimensão. Uma vez acesso, significa, ante os olhos do mundo, a glória de Cristo Ressuscitado. Por isso, grava-se, em primeiro lugar, a cruz no círio. A cruz de Cristo devolve à cada coisa seu sentido. Por isso, o Cânon Romano diz: “Por Ele segue criando todos os bens, os santificas, os enche de vida, os abençoas e repartes entre nós”.
Ao gravar na cruz as letras gregas “Alfa e Ômega” e as cifras do ano em curso, o celebrante proclama: “Cristo ontem e hoje, Princípio e Fim, Alfa e Ômega. D’Ele é o tempo e a eternidade. A Ele a glória e o poder. Pelos séculos dos séculos. Amém”. Ele expressa, com gestos e palavras, toda a doutrina do império de Cristo sobre o cosmos exposta em São Paulo. Nada escapa da Redenção do Senhor. Homens, coisas e tempo estão sob Sua potestade.
O Círio é decorado com grãos de incenso, o qual segundo uma tradição muito antiga, passaram a significar simbolicamente as cinco chagas de Cristo: “Por tuas chagas santas e gloriosas nos proteja e nos guarde Jesus Cristo, nosso Senhor”.
O celebrante termina acendendo o fogo novo, dizendo: “A luz de Cristo, que ressuscita glorioso, dissipe as trevas do coração e do espírito”.
Após acender o Círio que representa Cristo, a coluna de fogo e de luz que nos guia pelas trevas e nos indica o caminho à terra prometida, avança a procissão dos ministros. Enquanto a comunidade acende as suas velas no Círio recém aceso, escuta-se cantar três vezes: “Luz de Cristo”.
Essas experiências devem ser vividas com uma alma de criança, singela, mas vibrante, para estar em condições de entrar na mentalidade da Igreja neste momento de júbilo. O mundo conhece demasiado bem as trevas que envolvem a sua terra em desgraça e tormento. Porém, nesta hora, pode-se dizer que sua desventura atraiu a misericórdia e que o Senhor quer invadir a toda realidade com torrentes de sua luz.
Já os profetas haviam prometido a luz: “O Povo que caminha em meio às trevas viu uma grande luz”, escreve Isaías (Is 9,1; 42,7; 49,9). Esta luz que amanhecerá sobre a Nova Jerusalém (Is 60,1ss.) será o próprio Deus vivo, que iluminará aos seus e seu Servo será a luz das nações (Is 42,6; 49,6).
O catecúmeno que participa desta celebração da luz sabe por experiência própria que, desde seu nascimento, está em meio às trevas; mas tem o conhecimento de que Deus o chamou para sair das trevas e a entrar em sua luz maravilhosa (1 Pd 2,9). Dentro de uns momentos, na pia batismal, “Cristo será sua luz” (Ef 5,14). Passará das trevas à “luz no Senhor” (Ef 5,8).
Em seguida, é proclamada a grande ação de graças. Este hino de louvor, em primeiro lugar, anuncia a todos a alegria da Páscoa, alegria do céu, da terra, da Igreja, da assembleia dos cristãos. Esta alegria procede da vitória de Cristo sobre as trevas.
Seu tema é a história da salvação resumida pelo poema. Uma terceira parte consiste em uma oração pela paz, pela Igreja, por suas autoridades e seus fiéis, pelos governantes das nações, para que todos cheguem à pátria celestial.
Nesta noite, a comunidade cristã se detém mais do que o normal na proclamação da Palavra. Tanto o Antigo como o Novo Testamento falam de Cristo e iluminam a História da Salvação e o sentido dos sacramentos pascais. Há um diálogo entre Deus que se dirige ao seu povo e o povo que Lhe responde pelos salmos e preces.
As leituras da Vigília têm uma coerência e um ritmo entre elas. A melhor chave é a que nos deu o próprio Cristo: “… e começando por Moisés e por todos os profetas em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito” (Lc 24, 27).
A celebração Eucarística é o ápice da Noite Pascal. É a Eucaristia central de todo o ano. Cristo, o Senhor Ressuscitado, nos faz participar do seu Corpo e do seu Sangue, como memorial da Sua Páscoa.
O apóstolo Paulo nos apresenta o batismo como um sinal real da nossa participação na morte e ressurreição de Cristo Jesus. Pelo batismo morremos para o pecado e ressurgimos para a vida. É a “luz” da vida nova em Cristo ressuscitado que brilha nas trevas do pecado (cf. Rm 6,3-11).
A verdade da ressurreição é a certeza da “luz” que brilha nas trevas e aponta a vida nova. Na escuridão, não vemos nada, mas quando se acende a “luz”, enxergamos a vida que é o fruto do amor. A vida gerada pelo amor só pode ser vista na “luz”. Neste sentido é que afirmamos que “o amor foi glorificado na luz”. De fato, a “Luz da Ressurreição” faz com que a vida gerada com a força do amor seja exaltada, glorificada, tornando-se esplêndida aos nossos olhos.
O amor presente nas mãos de Jesus, que lava os pés de Seus discípulos, e presente no pão que lhes é repartido, é o amor assumido na cruz, e hoje glorificado na Luz da Ressurreição.
Cristo ressuscitou como havia dito. Aleluia! Somos todos convidados a acolher esta “noite da luz eterna” para que, em meio às trevas do pecado e de tantos outros problemas e desafios, brilhe e se abra a porta de saída para a vida, para o amor e para a alegria do Cristo Ressuscitado.
Padre Bantu Mendonça
LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser.
Eu vos adoro, amo e agradeço.
1- LEITURA (VERDADE)
- O que a Palavra diz?
Leio atentamente o texto do Evangelho do Dia: Lc 24,1-12
Neste texto aparecem duas testemunhas da Páscoa e um sinal. O sinal é: “a pedra tinha sido tirada da entrada do túmulo”. Porém, este sinal por si só não testemunha a Ressurreição. Então, “apareceram diante delas dois homens vestidos com roupas muito brilhantes” e afirmam claramente: “ Por que é que vocês estão procurando entre os mortos quem está vivo? Ele não está aqui, mas foi ressuscitado. Lembrem que, quando estava na Galileia, ele disse a vocês: "O Filho do Homem precisa ser entregue aos pecadores, precisa ser crucificado e precisa ressuscitar no terceiro dia". Era preciso reavivar a memória das mulheres e também a nossa!
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
- O que a Palavra diz para mim?
Pergunto-me: o que procuro? O túmulo vazio, escuro? Ou pelo impulso do amor busco descobrir a vida nova, Jesus Cristo vivo na minha comunidade, na minha família?
Leio em voz alta para mim e para mais alguém que estiver comigo, o que disseram os bispos em Aparecida: “Jesus Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, com palavras e ações e com sua morte e ressurreição inaugura no meio de nós o Reino de vida do Pai,que alcançará sua plenitude num lugar onde não haverá mais “morte, nem luto, nem pranto, nem dor, porque tudo o que é antigo desaparecerá” (Ap 21,4). Durante sua vida e com sua morte na cruz, Jesus permanece fiel a seu Pai e a sua vontade (cf. Lc 22,42). Durante seu ministério, os discípulos não foram capazes de compreender que o sentido de sua vida selava o sentido de sua morte. Muito menos podiam compreender que, segundo o desígnio do Pai, a morte do Filho era fonte de vida fecunda para todos (cf. Jo 12,23-24). O mistério pascal de Jesus é o ato de obediência e amor ao Pai e de entrega por todos seus irmãos. Com esse ato, o Messias doa plenamente aquela vida que oferecia nos caminhos e aldeias da Palestina. Por seu sacrifício voluntário, o Cordeiro de Deus oferece sua vida nas mãos do Pai (cf. Lc 23,46), que o faz salvação “para nós” (1 Cor 1,30). Pelo mistério pascal, o Pai sela a nova aliança e gera um novo povo que tem por fundamento seu amor gratuito de Pai que salva.” (DAp 143).
3- ORAÇÃO (VIDA)
- O que a Palavra me leva a dizer a Deus? Rezo com Maria, a Mãe de Jesus, as alegrias da Ressurreição de seu Filho Jesus.
- Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia!
- Porque quem merecestes trazer em vosso puríssimo seio, aleluia!
- Ressuscitou como disse, aleluia!
- Rogai a Deus por nós, aleluia!
- Exultai e alegrai-vos, ó Virgem Maria, aleluia!
- Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia!
Ave, Maria...
- Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
- Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oração
Ó Deus, que alegrastes o mundo com a ressurreição de vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso, concedei-nos, vo-lo suplicamos, que por sua Mãe, a Virgem Maria, alcancemos as alegrias da vida eterna. Pelo mesmo Cristo, nosso Senhor. Amém.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou cultivar um olhar que descobre na comunidade a Vida, os sinais de Vida e a presença do Cristo Ressuscitado!
Que nesta Páscoa, a nossa luz, com a luz de todos os irmãos, forme uma só chama com o Cristo ressuscitado!
BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp
Oração Final
Pai Santo, damos graças pela encarnação de tua
Palavra Criadora. Que o teu Espírito nos faça compreender o dom inefável que
nos ofereces – teu Filho Unigênito feito humano como nós – e nos dê força para
segui-lo nesta vida em busca do teu abraço eterno. Pelo mesmo Jesus, na unidade
do Espírito Santo.